sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

PARENTALIDADE DISTRAÍDA

 

- "Saia um pouco deste celular, menino!", costumamos nos queixas com os filhos. Mas, olhando para nós mesmos, será que também não estamos gastando tempo excessivo com nossos aparelhos celulares? Muitos pais atualmente estão presentes fisicamente, mas ocupados demais com seus dispositivos eletrônicos. A isso chamamos parentalidade distraída.

Os vínculos afetivos são um dos principais fatores de prevenção e proteção na educação dos filhos e não se constroem vínculos com distanciamento, seja ele físico ou mesmo aquele em que os pais estão presentes fisicamente, porém absorvidos pelas telas não enxergam as pessoas que convivem no mesmo espaço.  Falta diálogo, falta atenção, falta comunicação, falta demonstração de afeto. 

Pais ocupamos excessivamente com suas redes sociais não encontram tempo para exercer o seu principal papel em relação aos filhos, que é prepará-los para o mundo em que vivem. Na ausência de uma referência familiar que norteiem sua vida eles buscam fora do núcleo parental as suas referências, que nem sempre são as mais adequadas.

Grandes desvios comportamentais não acontecem da noite para o dia. É um processo que se instala ao longo do tempo e precisamos de muita atenção para identificar e corrigir os pequenos  deslizes, caso contrário, as consequências poderão ser desastrosas, no entanto, só vamos perceber tais mudanças se não estivermos tão distraídos com as telas.

Outro problema do uso excessivo das redes são as comunicações interrompidas, conversas cortados pelos sons das mensagens dos celulares, como se aquilo que nos chega seja mais importante que o nosso diálogo. 

Precisamos tirar um pouco nossos filhos das telas e o primeiro passo começa por nós, fazendo uso equilibrado e consciente dessas tecnologias, caso contrário, são eles que poderão nos cobrar: - Pai, sai um pouco desse celular e me enxerga!



Celso Garrefa é pedagogo social, autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida".







domingo, 26 de janeiro de 2025

TEM LINGUIÇA COMENDO CACHORRO

Se apresentarmos uma linguiça para um cachorro, certamente ele a comerá. Essa é a logica, tendo em vista que o cão tem fome e precisa saciá-la. Na nossa vida não é muito diferente, mas como seres pensantes, diferente do animal, somos nós que definimos os objetivos pelos quais estamos dispostos a lutar e quais os caminhos a serem adotados visando sua concretização. 

Em uma visão ampla, se pensarmos institucionalmente, cada empresa, cada setor, cada organização também costuma definir seus objetivos, estampando-os em local visível, estabelecendo sua missão, sua visão e seu valor, para que todos tenham conhecimento e sejam membros cooperadores nessa empreitada.

Essas ferramentas ajudam a construir uma base sólida para o sucesso da organização, e havendo clareza nessas definições busca-se pessoas as mais qualificadas possíveis para tornar tudo isso uma realidade. 

Porém, entretanto, todavia, e por incrível que pareça, existem organizações, cujos envolvidos, por motivos incertos, duvidosos, por desconhecimento das funções daquele seguimento ou mesmo para atender a interesses escusos trabalham na contramão daquilo que se espera daquele setor.

E isto posto, quanto pior, melhor. E para dar "certo" é preciso utilizar de quem entra no jogo. Nesses casos, não se busca pelo melhor, pela capacidade, pelo conhecimento, mas por quem está disposto a rasgar a cartilha. 

Infelizmente, essa prática não é tão rara assim, e temos assistido essa realidade a nossa volta, no dia a dia, principalmente no meio político. Isso significa caminhar na contramão do esperado, sem medir as consequências e sem se importar com aqueles que serão prejudicados. É a velha inversão de papeis para agradar uma parcela privilegiada em detrimento dos reais interessados. É a linguiça comendo o cachorro e isso não é nada bom. 


Celso Garrefa

Pedagogo social

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

TEORIAS NÃO SUBSTITUEM ABRAÇOS

A grande maioria das pessoas que procura por um grupo do programa Amor-Exigente chega adoecida, trazendo na bagagem sofrimentos profundos em razão do desafio enfrentado. Muitos já experimentaram a força cruel do preconceito e foram vítimas de críticas, de julgamentos e de condenações, e o que podemos oferecer, em primeiro lugar, ao acolhê-las na reunião é o respeito.

Respeito em relação à sua história de vida, respeito à sua fragilidade, respeito ao seu momento, ao seu tempo, respeito a sua realidade, respeito às suas individualidades como pessoa humana. Trabalhar o respeito exige cuidado.

Cuidado com receitas simplistas para problemas complexos, cuidado para não comparar quem está chegando agora com o nosso momento atual, cuidado com cobranças excessivas, que estão aquém das capacidades alheias, cuidado para não bombardear com teorias quem, inicialmente, só precisa de um abraço.

Um dos comportamentos essenciais para trabalharmos o respeito chama-se empatia. Reconhecer que um dia também chegamos precisando de colo, de abraço. É fundamental que quem nos procura perceba que o grupo somos nós, de forma igualitária, sem diferenciação de qualquer natureza e que se sinta respeitado em sua integralidade. Empatia não significa apresentar uma receita pronta, como se fôssemos os donos da verdade, sabedor da solução, mas assumir o compromisso de caminhar juntos, estar do lado, fazer-se presente. Isso é o que cativa.



Celso Garrefa

Pedagogo Social 


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

"VOCÊ NÃO É TODO MUNDO

A atual estruturação da sociedade nos impõe padrões comportamentais que muitas vezes copiamos sem refletir, como por exemplo, consumir determinada marca para parecer modernos, usar aquela grife porque está na moda, beber aquele produto para nos sentir inseridos em um grupo, adotar certos comportamentos porque atualmente todos agem assim.

Somos diariamente pressionados a nos enquadrar em padrões pré-estabelecidos por essa sociedade marcadamente excludente, consumista e permissiva, que valoriza mais o ter que o ser, mais as coisas que as pessoas e que não possui nenhum pudor em descartar aqueles que não se encaixam em suas regras. Além disso, a explosão tecnológica dos últimos anos trouxe os chamados influenciadores digitais.

No entanto, aquilo que nos tornamos não é resultado dessas influências, mas sim das nossas próprias escolhas. Possuímos o livre-arbítrio para decidir, escolher e nos posicionar. Personalidade não é seguir e copiar cegamente o que os outros nos impõem, mas traçar o nosso caminho a partir de nós mesmos e de acordo com nossas crenças pessoais.

Como dizia minha mãe, quando eu era pequeno – você não é todo mundo. Diante destes valores superficiais precisamos nos posicionar e assim podemos viver o nosso eu, focados em nossos objetivos, balizados por valores éticos, morais e espirituais e não apenas viver em função dos outros, visando agradar a massa.

Celso Garrefa


 

domingo, 5 de janeiro de 2025

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajuda. Muitos deles, durante a permanência na comunidade terapêutica, cumprem o programa sem dificuldades, mas, assim que deixam a instituição não conseguem manter-se sóbrios. Isso nos faz pensar sobre o que pode ser feito para a manutenção da sobriedade ao longo do tempo.

Longe de querer apresentar uma receita pronta para um problema de alta complexidade, mas deixo algumas dicas para refletirmos e que podem ajudar na prevenção às recaídas:

1 - Compreenda que a internação em clinicas ou acolhimento em comunidades terapêuticas é apenas uma parte do processo de recuperação. A dependência química não tem cura e é necessário continuar o tratamento fora das instituições;

2 - Após o período de internação é fundamental aderir a grupos de auto e mútua ajuda, como o grupo de Sobriedade do Programa Amor-Exigente, os Alcoólicos Anônimos, os Narcóticos Anônimos, a Pastoral da Sobriedade etc.

3 - Fortaleça a espiritualidade, consciente de que para enfrentar tamanho desafio é necessário contar com a força que vem do alto. Seja um membro ativo na religião a qual se identifica.

4 - Modifique o estilo de vida. Aqueles que desejam deixar as drogas, mas não estão dispostos a modificar o jeito de viver dificilmente irão o êxito. Isso inclui evitar pessoas, lugares e hábitos que tenham alguma relação com o uso de substâncias;

5 - Retome os rumos da própria vida, volte a estudar, a trabalhar, a se responsabilizar pelos atos, a conduzir os rumos da sua nova história;

6 - Descubra outros prazeres que sejam saudáveis, ocupe ao máximo o tempo, evitando a ociosidade. Pratique um esporte, faça um curso, aprenda outra língua, descubra o prazer da leitura, faça uma dança etc.;

7 - Compreenda que além da dependência química existem outras comorbidades que também precisam ser tratadas e que, inclusive, pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença - transtornos mentais, como depressão, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia etc. Não despreze a ajuda profissional, seja particular ou através dos Caps-ad, ou Saúde Mental;

8 - Trabalhe a sobriedade comportamental e não apenas a abstinência, corrigindo continuamente os defeitos de caráter, visando ser a cada dia uma pessoa melhor para si mesmo, melhor para sua família e para a comunidade em que vive;

9 - E esta dica é para os familiares: compreendam que todos fazem parte do processo de recuperação e a família também precisa se tratar, cuidar da co-dependência e adquirir habilidades para lidar com um problema de alta complexidade, sem perder o equilíbrio e o controle emocional. Participem do Programa Amor-Exigente;

10 - Entenda que estamos diante de uma doença multifacetada, de alta complexidade e não existem soluções simples para problemas complexos. Quanto maior a determinação, quanto maiores os recursos buscados para lidar com o desafio, maiores as chances de sucesso. Vamos à luta, descobrir o quanto é valioso viver em sobriedade. 


Celso Garrefa

Pedagogo Social

GRATIDÃO, GRATIDÃO, GRATIDÃO

Ultrapassamos a marca de meio milhão de visualizações em nosso blog. Um número para comemorar e agradecer a todos que de alguma forma contri...