Júnior
acabou de fazer cinco anos e, apesar da pouca idade, é ele quem manda na casa.
A tevê só fica ligada no canal que ele deseja assistir, é ele que determina o
horário que os pais devem dormir e também é ele que escolhe o que a família come. Quando
não atendido prontamente em seus desejos, um choro, uma birra e os pais cedem e
assim a família passa a ser controlada pelo poder infantil.
Todo esse poder transferido aos pequenos caminha na
contramão de uma educação assertiva. São os pais que possuem as
atribuições de educadores, de orientadores dos filhos e devem exercer suas responsabilidades ativamente, caso contrário, assistimos a uma inversão de papeis.
Em um passado recente, as crianças não tinham vez, nem
voz. Na casa eram como pessoas invisíveis, sem direito a opinar, não eram
vistas, nem ouvidas. Nos dias de hoje os pequenos têm participação
ativa na família e precisam ser ouvidos, precisam ser respeitados e suas
opiniões levadas em consideração, mas, são os pais que devem assumir o comando.
Toda instituição, para um bom funcionamento, precisa de uma hierarquia
estabelecida, com definições claras dos papeis de cada um. A família também é uma organização social que precisa de um comando.
As crianças, como sujeitos em formação, precisam de um
guia, precisam de referências, precisam de responsáveis que norteiem suas condutas.
Elas precisam saber que são pessoas queridas, respeitadas e amadas, mas
precisam entender que elas não são as donas da casa, cujos desejos são todos atendidos imediatamente, conquistados através de
manhas, birras e escândalos. Precisam saber que a casa é de todos, mas existe
um comando e não são elas que possuem esse poder.
Celso Garrefa