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sábado, 20 de maio de 2023

O PAPEL DE VÍTIMA NO JOGO DA CULPA

A culpa é um sentimento que provoca muita dor e sofrimento, tendo em vista que ela produz o ódio de si mesmo e, consequentemente, a autocondenação. Ela costuma estar relacionada a algo que já aconteceu e como é impossível modificarmos o que já passou, paralisamos.  

Não podemos ficar presos ao passado e isso exige de nós o abandono do jogo da culpa, acabando com culpas, desculpas e culpados. Decidir abandonar este perverso jogo nos coloca diante de dois pontos importantes a serem pensados, sendo que um deles proporciona alívio e o outro, desconforto.

Aceitar a ideia de que não somos os culpados pelos problemas do outro é como retirar uma carga pesada das costas. Esta atitude traz conforto, alivia nossas angústias, diminui as exageradas autocríticas que fazemos de nós mesmos e assim podemos soltar as correntes que nos prendem ao passado e projetar o futuro.

Por outro lado, abandonar este jogo cruel também pode nos causar certo incômodo, pois, não basta não nos sentir culpados, precisamos também parar de culpar os outros, cessar as buscas de justificativas fora de nós mesmos para tudo o que acontece conosco e à nossa volta. Precisamos abandonar o papel de vítima.

Para tanto, vamos precisar nos encarar, nos enxergar, reconhecer também as nossas falhas, nossos defeitos, sem arranjar desculpas para não assumirmos nossas responsabilidades e isso costuma incomodar. Muitas vezes não gostamos do que vemos em nós e preferimos culpar os outros.

Mas, não existe outro caminho para nos livrarmos deste sentimento. Só conseguimos parar de jogar este jogo quando trocamos a culpa pela responsabilidade. Pode ser difícil nos encarar, admitir nossos defeitos sem ter onde justificá-los, mas é o primeiro passo para a nossa libertação, rumo a uma vida nova, plena e consciente.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sábado, 29 de outubro de 2022

INFLUÊNCIAS OU ESCOLHAS?

Diariamente nos confrontamos com situações que tanto podem ser bons como maus exemplos. Frequentemente pessoas tentam nos influenciar com suas opiniões e conceitos, no entanto, aquilo que nos tornamos não é resultado dessas influências, mas sim das nossas próprias escolhas. Possuímos o livre arbítrio para decidir.

Se formos bem sucedidos é gratificante bater no peito e assumir o crédito do sucesso, porém, se der errado é comum buscarmos justificativas para o fracasso. É mais cômodo encontrar um culpado para o nosso insucesso do que reconhecer a falha, porém, não é uma atitude que ajuda a corrigirmos os rumos, pois, ao justificarmos a falha fora de nós mesmos, não assumimos as nossas responsabilidades.

Não há como apagar aquilo que passou, mas um olhar sobre o passado pode ser uma atitude interessante porque nos permite enxergarmos onde falhamos, ajustar as arestas e corrigir o futuro. No entanto, é preciso muito cuidado para não nos mantermos amarrados ao que passou, vivendo de lamentações.

Mais do que lamentar as escolhas mal sucedidas, neste novo momento, podemos parar de buscar os culpados nos outros ou nas circunstâncias, e planejarmos novas escolhas a partir de nós mesmos e do momento presente. O bom da vida é isso: sempre podemos adotar novas atitudes, mas devemos ter a consciência de que se não mudarmos nossas escolhas, não corrigimos aquilo que não está bom. Se as escolhas são nossas, as consequências também. 


Celso Garrefa 

Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 31 de julho de 2022

SÓ SEI QUE NADA SEI

Em uma de nossas reuniões semanais chegou um pai pela primeira vez no grupo, relatando que foi aconselhado a frequentar um grupo de apoio para familiares em razão da internação do filho em uma comunidade terapêutica. Disse ele que procurou o grupo, mas que a psicóloga da comunidade havia conversado com ele e ele já sabia tudo. Ironicamente, pensei comigo: esse pai deve ser um gênio. Tenho mais de 25 anos atuando com familiares e dependentes químicos e ainda aprendo algo novo a cada reunião.

Nesse fato relatado ainda existe algo de positivo. Ele procurou o grupo e com um mínimo de abertura vai perceber rapidamente que a dependência química é uma doença multifatorial de alta complexidade. Vai compreender que não existem receitas prontas, nem soluções mágicas ou respostas imediatas.

Pior são aqueles que não buscam ajuda. Estão diante de um desafio gigantesco e ainda acreditam que sozinhos vão conseguir resolvê-lo, sem perceber que, na maioria das vezes, estão mais adoecidos que o próprio dependente.

Como não buscam apoio, muitos acabam desabafando com pessoas, por vezes bem intencionadas, mas totalmente despreparadas em relação ao problema. Dependência química não é um jogo de futebol, mas está cheio de palpiteiros e especialistas de poltrona, que apresentam soluções simplistas para um desafio gigantesco, com isso apenas aumentam ainda mais o sentimento de culpa já fortemente enraizado na família.

É comum ouvirmos aquela famosa frase: - Ah, se fosse comigo! Mas não é contigo e até por isso não tem nem ideia do quão complexo é lidar com tudo isso.

O primeiro passo para lidar com o problema é reconhecer a sua complexidade, compreendendo que será preciso muito trabalho, muita busca de informações adequadas, muita persistência e perseverança. No final, a recompensa chega com os juros do crescimento próprio e da sabedoria. E como tenho repetido: a maioria das pessoas que considero “grandes” são aquelas que tiveram de enfrentar grandes desafios, que reconheceram o quão pouco sabiam, foram em busca e se tornaram gigantes.


Celso Garrefa

Assoc. Amor-Exigente de Sertãozinho SP

domingo, 9 de maio de 2021

O PASSADO JÁ PASSOU, LIBERTE-SE

Ao confrontarmos com um grande problema no presente, costumamos olhar para o passado, analisando nossos comportamentos na tentativa de descobrir onde erramos e essa atitude é o gatilho para o sentimento de culpa.

Esse olhar sobre o passado costuma vir carregado de lamentações e cobranças desmedidas, como se tivéssemos a obrigação de nunca falhar, de saber tudo, de conhecer tudo, de possuir o dom de prever as consequências futuras dos atos realizados naquele momento.

Somado a isso, colocamos nesse passado o nosso eu de hoje, num processo comparativo, porém devemos compreender que o eu de hoje não é o mesmo daquele eu do passado. Com o tempo ganhamos novas visões de mundo, novos conhecimentos, novas experiências, novos recursos. Essa é uma cobrança desmedida, injusta e cruel conosco.

Devemos nos conscientizar de que naquele momento o nosso eu fez aquilo que estava ao nosso alcance, aquilo que acreditávamos ser o correto, aquilo que nossos recursos possibilitaram e cientes disso, devemos abandonar as lamentações paralisantes e a carga pesada provocada pelo sentimento de culpa, para assumirmos responsabilidades a partir do nosso novo eu e do momento presente.

Não devemos fechar os olhos para o passado, pois dele tiramos lições importantes para nosso crescimento, mas não deve ser um olhar carregado de lamúrias que apenas causam sofrimentos profundos e nos mantém paralisados no tempo, mas sim visando assumirmos responsabilidades, para corrigirmos os rumos, acertarmos as arestas, desprovidos dos arrependimentos produtores de culpas.

Na vida tudo são aprendizados, e libertando-nos do peso provocado pelo sentimento de culpa soltamos as amarras do passado, valorizamos os aprendizados, assumimos novas responsabilidades e seguimos nossa jornada com leveza e paz. 

Celso Garrefa - Sertãozinho SP

sábado, 20 de maio de 2017

A CULPA É DA CAÇAMBA

Já perceberam como existem pessoas que vivem buscando justificativas para tudo que não sai de acordo com o esperado? Estes indivíduos possuem grande dificuldade para assumir suas falhas e vivem buscando desculpas ou procurando culpados para tentar explicar o seu infortuno.

            Todos nós enfrentamos nossos problemas, nossos desafios, mas vivemos em uma sociedade onde é preciso camuflá-los, mostrar que tudo está bem, transmitir a imagem do sucesso, onde mais do que ter, é preciso mostrar que temos. Ao acessarmos as redes sociais parece-nos que todos os problemas acabaram. Pessoas sorrindo, fazendo festas, tirando selfies, ou mostrando os problemas - dos outros. 

            Esse mundo irreal transmite-nos a falsa sensação de que somente nós temos problemas e isso pode nos afetar. Sentimentos de tristeza, de frustração, de vergonha, de fracasso perturbam e assim,  como mecanismo de defesa muitos de nós prefere adotar as justificativas. Para tal, possuímos uma lista de opções para despejarmos as culpas: culpamos os governos, as leis, os professores, os políticos, os policiais, os amigos, os traficantes, a caçamba, culpamos o outro, ou seja, tudo, menos admitimos nossas falhas.

            Quando cito que devemos admitir nossas falhas não significa nos culparmos pelos problemas que enfrentamos. Falhar é humano. Acertamos e erramos diariamente e muitas de nossas falhas são cometidas com um único objetivo: acertar. O problema é que nem sempre acontece como imaginamos.

Também não podemos nos enganar. Só somos responsáveis pelos nossos comportamentos e atitudes. As nossas falhas são nossas, as do outro são deles e não devemos abraçar responsabilidades que não são nossas. Não devemos nos culpar por aquilo que o outro faz de errado, mesmo que esse outro seja nosso filho.

Por fim, camuflar nossas falhas ou problemas é uma atitude que adoece. Melhor assumir nossa condição humana e reconhecer que não somos perfeitos, conscientes de que buscamos o acerto, mas por vezes falhamos e devemos assumir isso com tranquilidade e tenham certeza: essa atitude trará leveza a nossa existência. 

           

Texto de Celso Garrefa            
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

terça-feira, 10 de maio de 2016

FILHO, VOCÊ NÃO ESTÁ USANDO DROGAS NÃO, NÉ?

       
Postei, há alguns dias, um texto falando sobre o sentimento de culpa que afeta pais e mães de dependentes químicos e nele citei que ela surge tão logo os familiares atravessam a fase da negação e recebi de uma leitora um pedido para falar um pouco sobre essa fase.

            Cara leitora, aceitar o fato de que um filho está fazendo uso das drogas é um choque para os pais. É uma realidade tão dura e cruel que eles, inconscientemente, se recusam a aceitar, mesmo quando os sinais evidenciam que algo está acontecendo. Essa é a fase da negação. Ela inicia assim que o filho começa a apresentar mudanças comportamentais sinalizando que algo está acontecendo e dura até o momento em que o uso torna-se tão evidente e escancarado que não é mais possível negá-lo. 

            A negação do problema é uma atitude inconsciente e, de certa forma, serve como um mecanismo de defesa dos pais contra as dores e os sofrimentos resultantes do problema. O medo de aceitar e reconhecer a realidade é tão intenso que muitos pais, ao desconfiarem que algo está errado, questionam o filho sobre as drogas, porém já elaboram a pergunta induzindo-os para a resposta que desejam ouvir: - “Você não está usando drogas não, né? ” 

            Mesmo quando os pais encontram drogas na casa aceitam com facilidade o argumento de que não são deles, mas de amigos. Quando sinais visíveis aparecem, ainda assim buscam as mais variadas justificativas: Isso é coisa da idade. Esse povo fala demais. Ele só exagerou um pouquinho na bebida. Ele é tão carinhoso! Isso é perseguição. Ele jurou que não usa, etc.

            Chega um momento em que a situação atinge um nível tão crítico que não é mais possível negá-la. O filho assumiu a dependência. Ele foi pego no flagra. Foi detido pela polícia, etc. Esse é o momento mais difícil para os pais. É a hora de abandonar a negação, aceitar a realidade mesmo com todo o sofrimento e angústia que isso provoca. Por um lado, isso é terrível, pois terão que se confrontar com a triste realidade que relutavam aceitar, mas por outro, é um momento importante, pois é encarando a realidade que poderão começar a agir e tomar as devidas atitudes na tentativa de corrigir o problema.

            Por vezes, os pais retrocedem e voltam a negar o problema:  - "Será que ele está mesmo usando drogas”? Ou tentam se enganar, acreditando que após uma semana mais tranquila e cheia de promessas do dependente, o problema está solucionado. Quiçá fosse simples assim, mas não é.

            Para solucionar um problema de alta complexidade é preciso encará-lo, por mais doloroso que seja, sem se iludir ou se enganar. Encarar a realidade é difícil e causa muito sofrimento, mas os pais não precisam enfrentar isso sozinhos. Os grupos de apoio do Programa Amor-Exigente é o local certo para buscarem as forças necessárias para enfrentarem esse desafio. Vamos à luta. Com o Amor-Exigente você não estará sozinho.

                        Texto de Celso Garrefa
                         Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...