Há poucos dias terminaram as paralimpíadas, desta vez
realizada na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, em território brasileiro.
Mais que medalhas e conquistas, quantas lições e exemplos de vida, capazes de
nos conduzir a reflexões, sejam em relação às superações, aos limites e as
deficiências.
Quem pode acompanhar as várias modalidades de competição,
pessoalmente ou mesmo através da tevê, surpreenderam-se ao assistir o quanto os
atletas superam as diversidades e deficiências, competindo em alto nível.
Pessoas que nasceram com alguma limitação ou sofreram lesões por acidentes ou
mesmo acometidas por doenças que deixaram sequelas, uma visão limitada ou nula,
a falta de um ou mais membros do corpo, etc., situação que poderiam levá-los a
acomodação.
Mas a vida é feita de escolhas e estes escolheram viver,
seguir em frente, desenvolver outras capacidades, competências e habilidades,
superar limites e servir de exemplo para muitos acomodados, resmungões e
folgados.
Num destes dias de competições, a
tevê da nossa sala estava ligada em num canal onde era apresentado um destes realitys
shows, muito comum e de grande audiência nos tempos atuais. O pouco que vi, não
por interesse, mas por me deparar com a tevê já ligada no programa, um jovem
nos seus precoces 26 anos aproximadamente, gabava-se da sua condição de
folgado. Sem trabalho e sem vontade de fazê-lo, sem estudar e ainda zombando da
sua condição de sustentado pelos pais, em uma vida resumida em acordar tarde, frequentar
baladas diárias até madrugada, bebedeiras, farras e só.
Rapidamente um clique no controle e
mudei o canal para acompanhar um pouco das competições paralímpicas e quanta
diferença. Os atletas eram pessoas portadoras de pequenas a severas necessidades
especiais, diferente do jovem do realit, mas quantas capacidades, quantas
autonomias. Isso automaticamente fez me perguntar a mim mesmo: Quem é o
deficiente? O rapaz do reality ou os atletas paralímpicos?
Fala-se muito desta atual geração
sobre um grupo de jovens conhecidos como nem-nem, ou seja, nem estudam, nem
trabalham, não por falta de condições, mas por falta de interesse e vontade.
Sugadores dos recursos familiares, eles utilizam-se do infantil discurso de que
não pediram para nascer para nada fazerem.
Limitam-se a uma vida pequena e não crescem, estagnam e
não avançam fases. Na vida há um tempo para cada etapa. Existe aquele período
em que somos bebê e chupamos chupeta, mas isso passa e a abandonamos. Existe
aquele momento em que somos crianças, amarramos um barbante em um carrinho e
corremos na rua, puxando-o, mas isso passa. Vêm a adolescência, momento de
algumas rebeldias, desafios e buscas, por vezes até algumas loucuras, mas isso
também tem seu tempo e precisamos avançar, tornar-se adulto e assumir a
condução de nossa vida.
No último Congresso do Amor-Exigente, realizado na cidade
de Curitiba, o palestrante Mário Sérgio Cortella, brilhantemente falou sobre o
segredo da vida. Segundo Cortella, a vaca não dá leite, é preciso tirá-lo.
Portanto, quem nesta vida deseja realizar alguma coisa, precisa mover-se,
correr atrás, preparar-se. Atingir objetivos exige empenho e dedicação. Há
muita força de vontade, muita dedicação e preparo por detrás de cada medalha
paralímpica conquistada e para nós que acompanhamos, mais do que medalhas, há
exemplos de vida em cada competição.
Texto de
Celso Garrefa
Amor-Exigente
de Sertãozinho SP