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sexta-feira, 7 de abril de 2023

PAIS E FILHOS: DE IGUAL PARA IGUAL

O quarto princípio básico do Programa Amor-Exigente cita uma grande verdade: pais e filhos não são iguais, ou seja, cada um desempenha funções diferentes na organização familiar, que precisam ser respeitadas. Refletindo sobre isso, podemos nos questionar se haverá algum momento em que pais e filhos poderão se relacionar de igual para igual.

E a resposta é sim, se pensarmos na vida como um todo, desde a concepção até o final. Lembrando uma fala do professor Neube José Brigagão, ele citava que um pai poderá se relacionar de igual para igual com os seus filhos quando eles forem capazes de assumir as responsabilidades pela condução da própria vida.

Isso reforma a ideia deste princípio. Para um filho atingir o nível de responsabilidade, de dono, de independência e condutor da própria vida ele vai precisar, durante sua formação, dos pais exercendo o papel de pais. A principal função dos pais é educar, para isso, precisam exercer sua autoridade, que é legítima, norteando as condutas dos filhos, e não se obtém sucesso neste desafio tratando-os de igual para igual, como se fossem seus amiguinhos.

Os pais precisam preparar os seus filhos para a vida e não conquistamos isso resolvendo, facilitando ou fazendo por eles aquilo que é dever deles. Não ajudamos nossos filhos tratando-os como coitadinhos, desvalorizando as suas capacidades. Não atingimos o objetivo com receio de contrariá-los, com medo de dizer "não" como resposta, quando necessário. Não logramos êxito atendendo todas as suas exigências de forma imediata, para não frustrá-los, e parecer "bonzinhos". 

Podemos, inclusive, nos deparar com um momento em que as funções se invertem e os filhos precisam cuidar dos pais, assumindo o papel de pais dos seus pais, em razão da idade avançada ou problemas de saúde e assumir esse cuidado é uma responsabilidade dos filhos, não dos amigos, portanto, que sejamos pais, para que nossos filhos possam ser nossos filhos, quando deles precisarmos.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP





domingo, 12 de junho de 2022

PAIS E FILHOS: O COMPORTAMENTO DE UM AFETA O OUTRO

O comportamento dos filhos afeta os pais e o comportamento dos pais afeta os filhos, no entanto, parece-nos que não afetam no mesmo compasso. Enquanto que para muitos pais é um desafio gigantesco exercer qualquer influência sobre os filhos, em se tratando do contrário, os comportamentos dos filhos costumam afetá-los com enorme facilidade e intensidade.

Não há como nos isentar totalmente de sermos afetados pelos comportamentos negativos dos filhos, mas não podemos permitir que isso seja tão intenso a ponto de nos desestruturar, de nos adoecer. Para tanto, devemos trabalhar, com apoio do grupo, o equilíbrio necessário para lidarmos com situações adversas, sem esquecermos de nós mesmos, do nosso autocuidado. 

Precisamos preservar uma mente sã, independentemente dos comportamentos do outro. Este é o primeiro passo para lidarmos com comportamentos desafiadores e inadequados, preservando nossa saúde física e mental. Cego guindo cego podem cair os dois no buraco. 

Não conseguimos avanços adotando o papel de vítimas, de coitadinhos. Nem sempre um filho está em condições de perceber o quanto os seus comportamentos fazem mal aos pais. E quanto mais debilitados, mais sofrem as consequências dos comportamentos deles.

É importante adotarmos posturas firmes, e nos posicionarmos diante das atitudes dos filhos. Enquanto continuarmos adotando o papel de coitadinhos, a desproporcionalidade do quanto um afeta o outro tende a se intensificar, Por outro lado, comportamentos assertivos e equilibrados ajudam a diminuir este descompasso.



Celso Garrefa

Assoc. AE. de Sertãozinho SP

 


domingo, 24 de outubro de 2021

PROMOVER A ESPIRITUALIDADE (10° Princ. Ético do Amor-Exigente)

A espiritualidade exerce um papel fundamental no contexto familiar e por isso devemos sempre promovê-la entre os nossos, plantando na base de formação dos nossos filhos, a essência do Ser Superior.

Não é responsável esperar que os filhos cresçam e façam suas próprias escolhas. Cabe a nós, como seus responsáveis, introduzi-los nos ensinamentos religiosos que acreditamos e que nos identificamos.

Para tanto,  a nossa espiritualidade não deve ser vivida apenas no momento em que estamos no espaço religioso, mas uma tarefa de todos os dias. Vale pouco frequentar assiduamente a nossa igreja ou templo, mas fora dele sermos estúpidos ou arrogantes. Nada vale falar em espiritualidade, viver com a bíblia nas mãos, mas não ser capaz de respeitar aqueles que convivem conosco, ou o nosso próximo.

Não é nada produtivo frequentar a religião de nossa identificação, mas dentro de casa não adotarmos os princípios religiosos aprendidos. Espiritualidade é a prática do que aprendemos, é viver em função do bem, do respeito, da cordialidade. É ser gentil, colocar-se a disposição, saber perdoar, aprender o valor da palavra amar.  

Futuramente os filhos crescem, fazem suas próprias escolhas, mas uma base espiritual sólida pode fazer toda a diferença na sua formação como pessoa.  O que plantamos na infância pode valer por toda uma vida. Se a essência do Ser Superior foi plantada, mesmo que em algum momento alguns dos nossos desviem do caminho, essa base espiritual será determinante na retomada dos rumos.

Alguns podem até não seguir a religião que transmitimos ou optar por outra que ele melhor se identifique, trazendo para dentro de casa uma diversidade religiosa. Em relação a isso, podemos continuar promovendo a espiritualidade no lar, convivendo com as diferenças, respeitando a crença de cada um, conscientes de que respeitar a crença do outro é um dos maiores exemplos de espiritualidade elevada.


Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 24 de março de 2019

CONSTRUINDO UMA PROPOSTA DE VIDA FAMILIAR



“Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve“. Essa frase, citada por Lewis Carroll, no livro “Alice nos País das Maravilhas”, faz-nos refletir sobre a importância de estabelecermos uma proposta de vida para nossa família. 

O primeiro passo nessa construção começa conosco. Precisamos, em primeiro lugar, vivenciar a proposta de vida que estamos dispostos a transmitir no nosso meio familiar.  Quais são os nossos princípios de vida? Que valores vivenciamos em nosso dia-a-dia? Que condutas e atitudes adotamos visando um comportamento equilibrado e coerente? 

A proposta de vida que estamos dispostos a transmitir deve visar o bem comum, o respeito mútuo e o fortalecimento dos vínculos afetivos, que são a essência de uma família equilibrada e funcional. E como estamos falando em respeito, não dá para pensarmos uma proposta de vida familiar, sem ouvirmos e envolvemos os membros que a compõem.

Também é importante sermos fiéis, honestos e verdadeiros na vivência da nossa proposta de vida, transmitindo-a com clareza, e sem acomodação, trazendo à tona e cobrando a correção de quaisquer problemas que não condizem com nossa proposta de vida, sem camuflar a verdade e sem empurrar para debaixo do tapete questões que precisam ser debatidas.

Atitudes e comportamentos equilibrados, coerentes e responsáveis são essências na construção e transmissão da nossa proposta de vida, sem isso, não se organiza ou reorganiza uma família, e sem um norte, cada um dos seus membros vaga perdido, sem saber que rumo tomar. 

Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 17 de dezembro de 2017

AMOR-EXIGENTE: QUE AMOR É ESSE?

(Imagem da internet)
Amor-Exigente é um jeito inteligente de amar. É um amor que educa, que orienta, que prepara, que mostra caminhos e que age ativamente na educação ou reeducação dos filhos.

É uma jeito de amar que valoriza mais o ser que o ter, que se preocupa mais com a presença, que com os presentes. É um amor comprometido, que assume as responsabilidades que lhe cabem, e que permite que seus entes querido assumam as responsabilidades que são deles.

É um amor que elogia quando existem méritos, mas que sabe ser firme diante dos comportamentos inadequados, visando sua correção. Que não economiza no sim, quando isso é possível, mas que possui a coragem necessária de se posicionar com um "não" quando a ocasião exige.

É um amor que não adota atitudes violentas, nem grotescas, muito menos estúpidas ou inflexíveis. Não é autoritário, mas que atua com autoridade, com firmeza, coerência e equilíbrio. É um amor que respeita ao mesmo tempo que exige e impõe respeito. 

Não é egoísta,  porque ama os seus com intensidade, mas também não é tolo, porque ama o outro sem esquecer de si mesmo, cuidando-se, valorizando-se e se permitindo viver.  É um amor que cuida dos próprios comportamentos, fazendo deles um exemplo e modelo a serem seguidos. 

É um amor que não se acovarda ou acomoda e não utiliza esse sentimento como desculpa para a permissividade, nem como desculpa para aceitar comportamentos inadequados. O amor exigente não vive em função do outro, mas proporciona condições para que vivam todos, de forma plena. 

Suas atitudes não são originadas por raiva, mágoa ou vingança, mas com um objetivo claro de educar ou reeducar, levar ao crescimento. Amor-Exigente é um jeito inteligente de amar, que não carrega no colo aquele que sabe caminhar. Venha conhecer esse amor verdadeiro.




Texto de Celso Garrefa
Prog. Amor-Exigente
Sertãozinho SP

domingo, 19 de novembro de 2017

O FANTÁSTICO PODER DA MESA DE JANTAR


Todos os pais que almejam uma convivência familiar harmônica, com fortes vínculos afetivos, tão importantes para uma educação assertiva e preventiva, devem começar fazendo suas refeições com a família reunida no entorno da mesa de jantar.

Infelizmente, percebo que essa não é uma prática comum nos nossos lares. Cada um se alimenta a seu modo e em seu tempo. Um no sofá da sala, assistindo televisão, com o prato nas mãos, outro no seu quarto, outro come qualquer coisa na rua e os membros da família se isolam, até mesmo no momento em que deveriam estar juntos.

Vivemos em uma época onde o tempo parece-nos curto demais. Os pais saem cedo para o trabalho, muitas mães também trabalham fora ou possuem seus afazeres. Os filhos estudam, participam de atividades e cursos, com isso, o tempo que sobra para a convivência familiar é muito reduzido.

Mas, ainda há uma certeza. Todos precisam se alimentar e podemos aproveitar e fazer desse momento, um momento familiar, realizando as refeições sentados à mesa, com a família reunida. Mas é importante que seja, de fato, um momento da família, sem a interferência de tevês ligadas ou de celulares postos ao lado dos pratos.

É importante, dentro dessa regra, estabelecermos um tempo definido para a alimentação, aonde as pessoas, mais do que engolir correndo aquilo que é servido, possam agradecer e saborear a alimentação oferecida.

Não é hora de sermões, reclamações ou críticas, mas de abertura ao diálogo, de troca de contatos familiares. É uma grande oportunidade de plantarmos valores capazes de conduzir nossos filhos no caminho do bem, de marcarmos presença, deixarmos a nossa marca, introduzirmos valores e princípios familiares e assim, fortalecermos os vínculos afetivos, que é, sem dúvidas, um dos principais fatores de proteção na formação dos filhos.

Essa prática também nos permite enxergarmos, acompanharmos e observarmos nossos filhos. Somente quem os conhecem muito bem e possuem contato direto com eles são capazes de  perceber pequenas nuances de mudanças comportamentais e assim, orientar, ensinar e agir se necessário.

           O alimento servido na mesa de jantar, com a família reunida, além de alimentar o corpo físico, se bem aproveitado, possui o fantástico poder de fortalecer as relações, que é a base para a construção de uma família saudável. Enquanto a tevê da sala, os celulares carregados de recursos e as redes sociais distanciam as pessoas que vivem juntas, a mesa de jantar possui um fantástico poder de unir, de agregar. 

               


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 22 de outubro de 2017

EDUCANDO, SEM PERDER O EQUILÍBRIO

           
(Imagem da internet)
Um comportamento equilibrado é uma arma poderosa na educação dos filhos, no entanto, é uma atitude pouco explorada. Erroneamente muitos acreditam que é necessário gritar, bater, fazer um escândalo para educar as crianças, e assim, agem de forma histérica, numa demonstração clara de desequilíbrio comportamental.

 Agir com equilíbrio, mas com posicionamento claro e firme significa cobrar, exigir, direcionar, conduzir e nortear as condutas dos filhos, sem precisarmos assumir comportamentos grosseiros, rudes, estúpidos ou violentos. Como cita aquele velho ditado, a carroça, quanto mais vazia, mais barulho faz.

            O equilíbrio permite lidarmos com os desafios de forma consciente. Isso nos ajuda a raciocinar sobre a melhor conduta a ser adotada diante daquilo que desaprovamos. O equilíbrio nos direciona a agir, enquanto a falta dele nos conduz a reação. Quando agimos com equilíbrio somos donos da razão e ganhamos em respeito.

            Só precisamos tomar cuidado para não confundirmos uma atitude equilibrada com a falta de atitude ou a passividade na educação dos filhos. Mesmo com atitude equilibrada, por vezes, precisamos falar mais alto, dar uma bronca, subir na mesa.

            Existem momentos na educação das crianças que elas precisam receber não como resposta. Sem um comportamento equilibrado, facilmente perdemos o controle, gritamos, fazemos barulhos, mas o próprio desequilíbrio emocional não nos permite suportarmos as pressões dos pequenos e cedemos. Não adianta gritar, depois permitir; não adianta bater, depois se arrepender e agradar com presentinhos.

            Por outro lado, quando falamos um não com atitude equilibrada, significa nos posicionarmos com clareza e firmeza sem, no entanto, cedermos para o jogo da pressão, das chantagens ou manipulações. Quando minha filha, ainda pequena, começava o jogo da insistência, eu me abaixava e dizia com muita clareza: - Pode insistir quanto quiser, a resposta é não e já está decidido, você não vai conseguir me convencer do contrário. Foi muito fácil fazê-la entender que suas birras não eram suficientes para me tirar do equilíbrio e me fazer mudar de atitude.

            Os filhos, sabendo que os pais perdem o equilíbrio com facilidade, utilizam isso para benefício próprio. Eles sabem, como ninguém, a agir para perdermos a paciência e cedermos. Insistem, imploram, fazem birras, até nos tirar do sério. Quando eles conseguem irritar os pais, estes costumam ceder e os pequenos sabem disso.

            O comportamento equilibrado nos permite tomarmos atitudes firmes, sem perdermos nosso controle emocional e ao mesmo tempo, transmitimos segurança e domínio sobre a situação, enquanto os comportamentos desequilibrados é uma demonstração clara de insegurança.

           


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 8 de julho de 2017

CUIDADO COM O BICHO PAPÃO


Júnior, apesar da forte inflamação de garganta, recusava tomar o medicamento. A mãe, como forma de convencê-lo, utilizou como argumento, uma pequena mentirinha. – “Toma filho, esse remédio é gostoso e docinho”. A criança, ao colocar o...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Luís Garrefa, com lançamento previsto para 03/02/2024. 


           






sábado, 20 de maio de 2017

A CULPA É DA CAÇAMBA

Já perceberam como existem pessoas que vivem buscando justificativas para tudo que não sai de acordo com o esperado? Estes indivíduos possuem grande dificuldade para assumir suas falhas e vivem buscando desculpas ou procurando culpados para tentar explicar o seu infortuno.

            Todos nós enfrentamos nossos problemas, nossos desafios, mas vivemos em uma sociedade onde é preciso camuflá-los, mostrar que tudo está bem, transmitir a imagem do sucesso, onde mais do que ter, é preciso mostrar que temos. Ao acessarmos as redes sociais parece-nos que todos os problemas acabaram. Pessoas sorrindo, fazendo festas, tirando selfies, ou mostrando os problemas - dos outros. 

            Esse mundo irreal transmite-nos a falsa sensação de que somente nós temos problemas e isso pode nos afetar. Sentimentos de tristeza, de frustração, de vergonha, de fracasso perturbam e assim,  como mecanismo de defesa muitos de nós prefere adotar as justificativas. Para tal, possuímos uma lista de opções para despejarmos as culpas: culpamos os governos, as leis, os professores, os políticos, os policiais, os amigos, os traficantes, a caçamba, culpamos o outro, ou seja, tudo, menos admitimos nossas falhas.

            Quando cito que devemos admitir nossas falhas não significa nos culparmos pelos problemas que enfrentamos. Falhar é humano. Acertamos e erramos diariamente e muitas de nossas falhas são cometidas com um único objetivo: acertar. O problema é que nem sempre acontece como imaginamos.

Também não podemos nos enganar. Só somos responsáveis pelos nossos comportamentos e atitudes. As nossas falhas são nossas, as do outro são deles e não devemos abraçar responsabilidades que não são nossas. Não devemos nos culpar por aquilo que o outro faz de errado, mesmo que esse outro seja nosso filho.

Por fim, camuflar nossas falhas ou problemas é uma atitude que adoece. Melhor assumir nossa condição humana e reconhecer que não somos perfeitos, conscientes de que buscamos o acerto, mas por vezes falhamos e devemos assumir isso com tranquilidade e tenham certeza: essa atitude trará leveza a nossa existência. 

           

Texto de Celso Garrefa            
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 8 de abril de 2017

PREVENÇÃO: FAMÍLIA, ESCOLA E IGREJA

          “Eduquem os meninos e não será preciso castigar os homens”. Essa frase citada por Pitágoras, há aproximadamente 500 anos antes de Cristo, continua tão atual e verdadeira que parece dita ontem. Naquela época, Pitágoras já tinha razão. Se não investirmos, hoje, em nossas crianças, como podemos esperar que no futuro se tornem pessoas de bem?

 Não dá para falarmos em formação e educação dos pequeninos, sem abordarmos sobre três instituições que são os pilares nessa construção: a família, a escola e a igreja.

Dentre elas, a família é a primeira referência na vida das crianças. Os pais devem assumir suas responsabilidades enquanto pais, agindo ativamente na educação dos filhos, sem transferir responsabilidades. Infelizmente, o mundo moderno tem prejudicado os contatos familiares. Como já citei em outros textos, estamos assistindo, em nossos dias, uma formação familiar trágica, que chamamos de família de desconhecidos, isto é, pessoas que vivem na mesma casa e nada mais. Cada um em seu canto, assistindo a sua tevê, usando seu celular ou absorvidos pelas redes sociais. Não sobra tempo para as interações familiares.

Outras famílias são tão ausentes ou permissivas que transformam seus filhos em crianças órfãs de pais vivos, ou seja, não assumem as responsabilidades que são suas e deixam os pequenos a mercê de si mesmos. Não tomam atitude alguma diante dos comportamentos inadequados dos filhos, são permissivos, facilitadores e tentam compensar a sua passividade com presentes e brinquedos.

            O outro pilar e, não menos importante, são nossas unidades escolares. É óbvio que educar é missão dos pais, mas a escola não deve colocar-se a margem disso, limitando seu papel em ensinar seus alunos, pelo contrário, também é dever da escola atuar ativamente na construção do sujeito, complementando aquilo que é dever da família começar em casa. Sabemos que muitas de nossas crianças chegam nas salas de aula sem noção alguma de regras ou limites e a escola é a segunda chance de inserirmos essas princípios na vida dos pequenos.

            O terceiro pilar são as igrejas, independente de suas denominações. Cabe aos pais introduzir seus filhos nos ensinamentos religiosos e é missão das igrejas cativá-los com a essência do Ser Superior. Tenho contato com várias comunidades terapêuticas e já ouvi muito dependente químico confessar que seu maior problema não eram as drogas, mas a falta de Deus em sua existência. As drogas, uma consequência.

            A ausência ou a falha destas instituições na educação da criança poderá acarretar prejuízos a sua formação. Isso nos sinaliza sobre a importância que cada um delas exerce na construção do sujeito. Sem referências educativas, restam, aos meninos, a rua e sem um norte que os guiem, se tornam adultos e se falharem, não têm perdão: julgamos, condenamos e punimos.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 24 de setembro de 2016

PARALIMPÍADAS: MAIS QUE MEDALHAS, EXEMPLOS DE VIDA



Há poucos dias terminaram as paralimpíadas, desta vez realizada na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, em território brasileiro. Mais que medalhas e conquistas, quantas lições e exemplos de vida, capazes de nos conduzir a reflexões, sejam em relação às superações, aos limites e as deficiências.

Quem pode acompanhar as várias modalidades de competição, pessoalmente ou mesmo através da tevê, surpreenderam-se ao assistir o quanto os atletas superam as diversidades e deficiências, competindo em alto nível. Pessoas que nasceram com alguma limitação ou sofreram lesões por acidentes ou mesmo acometidas por doenças que deixaram sequelas, uma visão limitada ou nula, a falta de um ou mais membros do corpo, etc., situação que poderiam levá-los a acomodação.

Mas a vida é feita de escolhas e estes escolheram viver, seguir em frente, desenvolver outras capacidades, competências e habilidades, superar limites e servir de exemplo para muitos acomodados, resmungões e folgados.

            Num destes dias de competições, a tevê da nossa sala estava ligada em num canal onde era apresentado um destes realitys shows, muito comum e de grande audiência nos tempos atuais. O pouco que vi, não por interesse, mas por me deparar com a tevê já ligada no programa, um jovem nos seus precoces 26 anos aproximadamente, gabava-se da sua condição de folgado. Sem trabalho e sem vontade de fazê-lo, sem estudar e ainda zombando da sua condição de sustentado pelos pais, em uma vida resumida em acordar tarde, frequentar baladas diárias até madrugada, bebedeiras, farras e só.

            Rapidamente um clique no controle e mudei o canal para acompanhar um pouco das competições paralímpicas e quanta diferença. Os atletas eram pessoas portadoras de pequenas a severas necessidades especiais, diferente do jovem do realit, mas quantas capacidades, quantas autonomias. Isso automaticamente fez me perguntar a mim mesmo: Quem é o deficiente? O rapaz do reality ou os atletas paralímpicos?

            Fala-se muito desta atual geração sobre um grupo de jovens conhecidos como nem-nem, ou seja, nem estudam, nem trabalham, não por falta de condições, mas por falta de interesse e vontade. Sugadores dos recursos familiares, eles utilizam-se do infantil discurso de que não pediram para nascer para nada fazerem.

Limitam-se a uma vida pequena e não crescem, estagnam e não avançam fases. Na vida há um tempo para cada etapa. Existe aquele período em que somos bebê e chupamos chupeta, mas isso passa e a abandonamos. Existe aquele momento em que somos crianças, amarramos um barbante em um carrinho e corremos na rua, puxando-o, mas isso passa. Vêm a adolescência, momento de algumas rebeldias, desafios e buscas, por vezes até algumas loucuras, mas isso também tem seu tempo e precisamos avançar, tornar-se adulto e assumir a condução de nossa vida.

No último Congresso do Amor-Exigente, realizado na cidade de Curitiba, o palestrante Mário Sérgio Cortella, brilhantemente falou sobre o segredo da vida. Segundo Cortella, a vaca não dá leite, é preciso tirá-lo. Portanto, quem nesta vida deseja realizar alguma coisa, precisa mover-se, correr atrás, preparar-se. Atingir objetivos exige empenho e dedicação. Há muita força de vontade, muita dedicação e preparo por detrás de cada medalha paralímpica conquistada e para nós que acompanhamos, mais do que medalhas, há exemplos de vida em cada competição.

            Texto de Celso Garrefa
            Amor-Exigente de Sertãozinho SP

terça-feira, 20 de outubro de 2015

COOPERAÇÃO: A ESSÊNCIA DA FAMÍLIA

    O Programa Amor-Exigente cita que a essência da família repousa na cooperação e não apenas na convivência. É através da cooperação que se constrói fortes vínculos afetivos. Mas para vivenciarmos a cooperação em sua plenitude devemos nos atentar para os personagens envolvidos nessa dinâmica - eu, você, nós - e respondermos a três questões: O que eu posso fazer por você? O que você pode fazer por mim? O que  podemos fazer juntos?

A primeira pergunta nos convida a um olhar sobre nós mesmos para identificarmos como podemos nos envolver, fazendo a nossa parte em nosso grupo familiar, colocando-nos a disposição para apoiar, auxiliar e agir visando o bem do outro. Essa atitude é uma demonstração do quanto nos preocupamos com aqueles que convivem conosco, sem isso, tornamo-nos pessoas egoístas e autoritárias, que ditam ordens, cobram, mas nada fazem.

Mas precisamos ter cuidado para não nos transformarmos em meros serviçais dos filhos. Existem coisas que não precisamos fazer, pois eles possuem plenas condições de realizar por si mesmos. Quando carregamos o material escolar que a eles pertence ou passamos o dia recolhendo tudo que espalham pela casa, enquanto eles vivem espichados no sofá, não estamos cooperando com eles, pelo contrário, estamos roubando-lhes a capacidade de crescimento e independência.

A segunda questão nos instiga a aceitarmos a ideia de sermos servidos pelo outro. Muitos de nós tratamos nossas crianças como reizinhos, abastecendo-os o tempo todo, não permitindo que eles nada façam em nosso favor. Queremos poupá-los de tudo desvalorizando suas capacidades e quanto mais os servimos, sem deles nada aceitar em troca, mais friamente estes se relacionam conosco.

A terceira pergunta, e talvez a mais importante desse processo, abrange tudo aquilo que podemos fazer juntos para o benefício de todos. Essa é a verdadeira essência da cooperação, no entanto, não basta fazermos juntos, precisamos aproveitar o momento para criarmos um ambiente favorável, fazendo das atividades, algo agradável, onde haja um contato sadio e de qualidade. Ao contrário do que muitos pensam, os filhos sentem prazer em nos ajudar, mas quando fazemos as tarefas juntos, porém de cara fechada, sem paciência, resmungando e reclamando o tempo todo, eles perdem o interesse e se afastam.

A falta de ação dos personagens envolvidos nesse processo transforma a família em um amontoado de pessoas, onde ninguém se preocupa com ninguém ou as preocupações partem apenas de um dos lados.

Os lares funcionais possuem, como uma das suas principais características, os fortes vínculos afetivos entre seus membros. A vivência da cooperação em sua plenitude é o combustível que mantém acessa essa chama. Com isso a convivência torna-se agradável, a harmonia reina, o respeito mútuo prevalece e todos se preocupam com o bem estar de todos. A isso chamamos verdadeiramente de família, ou seja, um grupo de pessoas que cooperam entre si.




Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

CRIANÇAS OU MINI ADULTOS?

Precisamos repensar o ser criança nos dias atuais, onde nossos pequenos são estimulados a viverem como mini adultos, com exposição excessiva, erotização precoce e atividades infinitas.

Apesar da pouca idade, muitas já possuem a agenda carregada de compromissos. Saem da escola e vão para o inglês, deixam o inglês direto para o judô, na sequência ainda participam da aula de música, de natação, de futebol, etc. Não sobra tempo para serem aquilo que são: apenas crianças.

Não negamos ou desprezamos a importância da participação da criança em atividades e projetos. O envolvimento dos pequenos em cursos e escolinhas é benéfico desde que haja limites e equilíbrio. Os excessos de obrigações, com a prática de várias atividades ao mesmo tempo, além de estressá-las, matam a fase mais bela da vida, que é a infância. Também é importante permitirmos que façam as atividades por prazer, sem pressões por alta performance ou exigências que estão aquém das suas capacidades.

            O ato de brincar da criança não é perda de tempo. As atividade lúdicas são fundamentais para seu desenvolvimento  e para a construção do seu eu, do seu mundo e é nossa responsabilidade, como adultos, proporcionar-lhes tempo, espaço e condições para que vivenciem esses momentos. 

Também precisamos preservar nossos pequenos da exposição precoce, como a erotização, a violência, a proximidade com substâncias inadequadas, preservando-as de materiais impróprios, programações fora de sua faixa etária e até mesmo, da convivência com pessoas cujos exemplos são lhes são favoráveis.

Sabemos, ainda, que a criança gosta de imitar o adulto. A menina adora experimentar os sapatos da mãe, lambuza-se com as maquiagens da irmã mais velha; o menino põe a gravata do pai, etc. Esses comportamentos são normais, entretanto, quando o adulto transforma esses hábitos em rotina, vestindo a criança como adulta ou levando a menina semanalmente aos salões de beleza, aceleram o processo natural de travessia da fase infantil.

Na construção do futuro da criança, os ritos de passagens são fundamentais para o seu desenvolvimento e nós, adultos, precisamos aprender a respeitar cada etapa da vida dos pequenos, permitindo que, enquanto crianças, elas possam viver como crianças, com tempo e espaço disponíveis para brincar, correr, sujar, viver o mundo das fantasias, divertir -se, e futuramente, quando adultas, que possam lembrar com alegria os momentos felizes dessa que é a melhor fase da vida.

            Texto de Celso Garrefa

            Amor-Exigente de Sertãozinho

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...