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domingo, 6 de agosto de 2023

CRISE: OPORTUNIDADE DE MUDANÇA

As crises incomodam e causam desconforto e por essa razão lutamos bravamente para evitá-las. Com isso, acostumamos a ser desrespeitados para não contrariar, calamos para não entrar no embate, permitimos ser invadidos para parecer bonzinhos, minimizamos um problema para não o encarar.

Acontece que quanto mais calamos, mais somos invadidos; quanto mais minimizamos um problema, mais ele se intensifica; quanto mais cedemos, mais somos manipulados e explorados.

Facilmente o outro percebe que não suportamos encarar uma crise e com isso, ele as provoca para continuar obtendo vantagens para si próprio. Para tanto, utiliza de manipulações, chantagens, ameaças e até táticas de terrorismo familiar. Ele cria as crises e as administram para seu benefício.

Para encarar as crises é necessário tomarmos atitudes e nos posicionarmos e isso nos coloca diante de um dilema: Se estamos diante de uma crise, por que tomar atitudes sabendo que elas irão provocar novas crises? Acontece que vivenciamos as crises provocadas pelos comportamentos do outro e, portanto, ele a administra de acordo com o seu interesse, enquanto nós arcamos com as consequências.

A partir do momento em que nós tomamos atitudes em relação aos seus comportamentos, quem vai precisar se ajustar às nossas ações é ele. Porém, devemos ter ciência de que haverá reações. Acostumados com nossa postura de ceder, de permitir e facilitar, quando contrariado, certamente utilizará todas as armas possíveis para recuarmos e assim, continuar sendo beneficiado pela nossa boa fé.

Não é fácil reverter esse processo, mas é necessário encarar as crises e administrá-las com equilíbrio e tranquilidade. Com essa atitude retiramos o comando da nossa vida do outro e trazemos para o nosso domínio.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


sábado, 20 de maio de 2023

O PAPEL DE VÍTIMA NO JOGO DA CULPA

A culpa é um sentimento que provoca muita dor e sofrimento, tendo em vista que ela produz o ódio de si mesmo e, consequentemente, a autocondenação. Ela costuma estar relacionada a algo que já aconteceu e como é impossível modificarmos o que já passou, paralisamos.  

Não podemos ficar presos ao passado e isso exige de nós o abandono do jogo da culpa, acabando com culpas, desculpas e culpados. Decidir abandonar este perverso jogo nos coloca diante de dois pontos importantes a serem pensados, sendo que um deles proporciona alívio e o outro, desconforto.

Aceitar a ideia de que não somos os culpados pelos problemas do outro é como retirar uma carga pesada das costas. Esta atitude traz conforto, alivia nossas angústias, diminui as exageradas autocríticas que fazemos de nós mesmos e assim podemos soltar as correntes que nos prendem ao passado e projetar o futuro.

Por outro lado, abandonar este jogo cruel também pode nos causar certo incômodo, pois, não basta não nos sentir culpados, precisamos também parar de culpar os outros, cessar as buscas de justificativas fora de nós mesmos para tudo o que acontece conosco e à nossa volta. Precisamos abandonar o papel de vítima.

Para tanto, vamos precisar nos encarar, nos enxergar, reconhecer também as nossas falhas, nossos defeitos, sem arranjar desculpas para não assumirmos nossas responsabilidades e isso costuma incomodar. Muitas vezes não gostamos do que vemos em nós e preferimos culpar os outros.

Mas, não existe outro caminho para nos livrarmos deste sentimento. Só conseguimos parar de jogar este jogo quando trocamos a culpa pela responsabilidade. Pode ser difícil nos encarar, admitir nossos defeitos sem ter onde justificá-los, mas é o primeiro passo para a nossa libertação, rumo a uma vida nova, plena e consciente.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sábado, 4 de março de 2023

OS MEUS LIMITES SÃO MEUS E QUEM OS DEFINE SOU EU

Os nossos recursos são limitados e são nossos, no entanto, muitas vezes damos poderes para outras pessoas invadirem nossa vida, abusar da nossa boa vontade, sugar todos os nossos recursos e energias. Quem não respeita os próprios limites, certamente não respeitará os limites do outro.

Diante dessa realidade, somos nós quem devemos estabelecer os limites do aceitável, em relação a outras pessoas, criando uma barreira protetora capaz de nos proteger daqueles que não possuem escrúpulo algum, que não têm controle sobre a própria vida e, se encontrarem espaço em nós, também vão nos arrastar para o mesmo abismo.

Para evitarmos tamanho prejuízo precisamos nos posicionar com firmeza, diante de pessoas tóxicas, e para isso, precisamos aprender o valor do “não”, essa palavra mágica capaz de frear manipuladores, chantagistas e sanguessugas de plantão.

Mas, esses “nãos” precisam ser ditos com convicção e clareza. Na dúvida, podemos pedir um tempo para pensar no assunto e, definida a resposta, ela deve ser transmitida sem rodeios. Devemos saber que o manipulador está sempre preparado para nossas desculpas, encontrando nelas o que precisa para continuar o ataque.

O Programa Amor-Exigente nos transmite uma grande verdade: não possuímos o poder sobre a vida do outro, porém, possuímos o poder sobre nossa própria vida e não devemos abrir mão disso. Portanto, se os meus limites são meus, quem os define sou eu.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 12 de junho de 2022

PAIS E FILHOS: O COMPORTAMENTO DE UM AFETA O OUTRO

O comportamento dos filhos afeta os pais e o comportamento dos pais afeta os filhos, no entanto, parece-nos que não afetam no mesmo compasso. Enquanto que para muitos pais é um desafio gigantesco exercer qualquer influência sobre os filhos, em se tratando do contrário, os comportamentos dos filhos costumam afetá-los com enorme facilidade e intensidade.

Não há como nos isentar totalmente de sermos afetados pelos comportamentos negativos dos filhos, mas não podemos permitir que isso seja tão intenso a ponto de nos desestruturar, de nos adoecer. Para tanto, devemos trabalhar, com apoio do grupo, o equilíbrio necessário para lidarmos com situações adversas, sem esquecermos de nós mesmos, do nosso autocuidado. 

Precisamos preservar uma mente sã, independentemente dos comportamentos do outro. Este é o primeiro passo para lidarmos com comportamentos desafiadores e inadequados, preservando nossa saúde física e mental. Cego guindo cego podem cair os dois no buraco. 

Não conseguimos avanços adotando o papel de vítimas, de coitadinhos. Nem sempre um filho está em condições de perceber o quanto os seus comportamentos fazem mal aos pais. E quanto mais debilitados, mais sofrem as consequências dos comportamentos deles.

É importante adotarmos posturas firmes, e nos posicionarmos diante das atitudes dos filhos. Enquanto continuarmos adotando o papel de coitadinhos, a desproporcionalidade do quanto um afeta o outro tende a se intensificar, Por outro lado, comportamentos assertivos e equilibrados ajudam a diminuir este descompasso.



Celso Garrefa

Assoc. AE. de Sertãozinho SP

 


sábado, 16 de abril de 2022

RESPEITE O SEU "EU", ELE É ÚNICO


Vivemos em uma sociedade que insiste em nos tratar como se fôssemos todos iguais, mas  como pessoas humanas somos únicos e exclusivos e devemos assumir a nossa identidade. Não precisamos fazer o que os outros fazem, não precisamos gostar daquilo que os outros gostam, nem precisamos atuar apenas para agradar a massa. 

Diariamente somos bombardeados e pressionados a adotar comportamentos que não condizem com nossa personalidade. As propagandas televisivas e de outras mídias ditam ordens e criam padrões o tempo todo: compre determinada marca, beba este produto, vista esta grife, etc.

Diante dessa pressão, muitos de nós cedemos e adotamos comportamentos padronizados. Compramos coisas que não precisamos, consumimos produtos que não gostamos, fazemos coisas que não desejamos. Vivemos mais preocupamos em agradar aos olhos dos outros, que a nós mesmos.

Não se trata de paralisarmos no tempo. O mundo e a vida mudam em alta velocidade e precisamos nos ajustar às novas realidades, mas é importante desenvolvermos em nós a habilidade do questionamento. Para que eu preciso disso? Por que devo adquirir esta marca? Que necessidade tenho de adotar determinado comportamento? 

Além de assumirmos nossa identidade também devemos enxergar os outros em suas diversidades e aceitá-los como são. A expansão das redes sociais trouxe à tona o quanto o ser humano é intolerante em relação aqueles que julga diferentes de si. É com tristeza que vemos ainda hoje a necessidade de campanhas para combater a intolerância, seja ela, racial, sexual, política, religiosa, etc.

A maravilha da vida está na diversidade e cada um de nós é uma versão única e exclusiva de nós mesmos. Aceitemo-nos como somos e respeitemos as diferenças e que cada um seja feliz a seu modo.


Celso Garrefa 
Amor-Exigente de Sertãozinho SP





domingo, 6 de fevereiro de 2022

SOMOS SOMENTE "GENTE", E ISSO É MUITO

(imagem extraída da internet)
Somos gente. Isso nos parece tão óbvio, porém, por vezes esquecemos essa verdade e desejamos atingir uma perfeição que não está ao nosso alcance. Ser gente é reconhecer que possuímos obrigações, mais também direitos. Direito de viver sem sermos massacrados pelos comportamentos desajustados do outro; direito de sermos respeitados; direito ao lazer, ao silêncio quando desejado; direito de cuidarmos também da nossa vida; direito de dizer não como resposta; direito de mudar de opinião e de comportamento.

Reconhecer-nos como "gente" é o primeiro passo para aceitarmos nossos limites. Não somos máquinas, nem bancos. Não damos conta de tudo, nem conseguimos viver a vida do outro. Não somos o todo poderoso, prontos para tudo, capazes de tudo. Somos tão somente humanos, carregados de sentimentos que não precisam ser camuflados.

Precisamos  abandonar o discurso de que vivemos em função do outro, pois quem vive em função do outro, não vive. Abandonar também o discurso de que para mim qualquer coisa serve, pois se assim o fizermos, assim seremos tratados: como algo sem valor e não como pessoa humana.

Por vezes esquecemos essas verdades e nos posicionamos como se fôssemos uma imponente rocha, capaz de absorver todo impacto, sem se desfazer, porém, ao transmitirmos essa ideia ao outro, não possibilitamos que nos enxerguem como gente, frágeis como somos e após cada pancada, vem outra. Se mesmo a rocha se despedaça quando golpeada, imaginem nós que somos humanos!

Ser gente também significa respeitar as nossas individualidades, mesmo diante de uma sociedade que insiste em nos tratar como números, como estatísticas, condicionando-nos a pensar como um todo e não em nossas peculiaridades.  

Reconhecer-nos como pessoas humanas significa acordar para nós mesmos, cobrar nossos direitos, valorizar nossas qualidades, respeitar nossas limitações e viver também em função do meu eu e não apenas para agradar a terceiros. 

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 9 de maio de 2021

O PASSADO JÁ PASSOU, LIBERTE-SE

Ao confrontarmos com um grande problema no presente, costumamos olhar para o passado, analisando nossos comportamentos na tentativa de descobrir onde erramos e essa atitude é o gatilho para o sentimento de culpa.

Esse olhar sobre o passado costuma vir carregado de lamentações e cobranças desmedidas, como se tivéssemos a obrigação de nunca falhar, de saber tudo, de conhecer tudo, de possuir o dom de prever as consequências futuras dos atos realizados naquele momento.

Somado a isso, colocamos nesse passado o nosso eu de hoje, num processo comparativo, porém devemos compreender que o eu de hoje não é o mesmo daquele eu do passado. Com o tempo ganhamos novas visões de mundo, novos conhecimentos, novas experiências, novos recursos. Essa é uma cobrança desmedida, injusta e cruel conosco.

Devemos nos conscientizar de que naquele momento o nosso eu fez aquilo que estava ao nosso alcance, aquilo que acreditávamos ser o correto, aquilo que nossos recursos possibilitaram e cientes disso, devemos abandonar as lamentações paralisantes e a carga pesada provocada pelo sentimento de culpa, para assumirmos responsabilidades a partir do nosso novo eu e do momento presente.

Não devemos fechar os olhos para o passado, pois dele tiramos lições importantes para nosso crescimento, mas não deve ser um olhar carregado de lamúrias que apenas causam sofrimentos profundos e nos mantém paralisados no tempo, mas sim visando assumirmos responsabilidades, para corrigirmos os rumos, acertarmos as arestas, desprovidos dos arrependimentos produtores de culpas.

Na vida tudo são aprendizados, e libertando-nos do peso provocado pelo sentimento de culpa soltamos as amarras do passado, valorizamos os aprendizados, assumimos novas responsabilidades e seguimos nossa jornada com leveza e paz. 

Celso Garrefa - Sertãozinho SP

domingo, 22 de março de 2020

AMOR-EXIGENTE E O CORONAVÍRUS (Doze princípios do Amor-Exigente adaptados para o enfrentamento do Covid-19)


1-    Raízes Culturais

Somos brasileiros e culturalmente gostamos do contato, de beijos no rosto, de abraços, de aconchegos e carinhos. Mas, nesse momento de enfrentamento da Covid-19 é necessário nos adequarmos a essa realidade, modificando temporariamente nossos hábitos, evitando o contato físico com quem convivem conosco ou com aqueles que nos relacionamos no nosso dia a dia.

2-    Também somos gente

Não somos super-heróis, nem super-humanos, somos tão somente gente e também corremos sérios riscos em relação à Covid-19. Adotar a ideia da imunidade não é medida capaz de nos proteger. Precisamos aceitar que isso também poderá acontecer conosco, e assim adotar todo o autocuidado necessário para a nossa proteção.

3- Os Recursos são limitados

Não podemos esperar o problema atingir níveis alarmantes para começarmos a agir. Precisamos nos antecipar, adotando atitudes de respeito aos limites, inclusive limitando ao máximo nosso contato com as pessoas. Sabemos que nosso sistema de saúde também é limitado e uma explosão de casos poderá levá-lo ao colapso. Nossas ações serão importantes para o achatamento da curva de contaminação.

 4-    Pais e filhos não são iguais
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Este é o momento de retribuirmos o que nossos pais ou avós fizeram por nós. As pessoas acima de 60 anos fazem parte dos grupos de risco. Devemos nos proteger para protegê-los. Por mais que eles desejam sair, precisamos segurá-los em casa e oferecer a eles toda a atenção possível. Somos diferentes: se corremos menos riscos, eles não.

5-    Culpa

Não é hora de procurar culpados, nem arranjarmos desculpas para descumprir as determinações das autoridades de saúde, mas assumir responsabilidades, sem esperar tudo do outro, do sistema, da saúde ou do governo. Cada um deve fazer a sua parte, sem transferir responsabilidades, lembrando que a culpa nos paralisa, enquanto a responsabilidade nos convida a ação.

6-    Comportamento

Mesmo diante desse momento complexo devemos buscar o nosso equilíbrio comportamental. Histeria, desespero, pânico em nada ajudam, pelo contrário, adoecem. É importante adotarmos as medidas recomentadas pelas autoridades de saúde, porém precisamos manter a calma, evitando, inclusive, o sofrimento por antecipação ou a dramatização do problema. 

7-    Tomada de atitude

Não precisamos esperar para ver o que acontece, mas entrar em ação. E a atitude neste momento é de recuo, de confinamento, de autocuidado, de cuidado com os outros. Devemos agir mesmo em confinamento para evitar o estresse e o tédio. Podemos ler um livro que nos tire por alguns momentos das notícias ruins, fazer um curso a distância, aprofundar nossos conhecimentos, etc.

8-    Crise

É evidente que a crise ora instalada mexe conosco, deixando-nos apreensivos, inseguros e com medo, sem saber ao certo o que vem pela frente. Mas essa crise também vai passar e dela também vamos tirar lições positivas, de aprendizado e superação. Após atravessarmos essa turbulência, sairemos mais fortes e certamente aprenderemos grandes lições.

9-    Grupo de apoio

Os grupos de apoio são fantásticos, mas o momento exige distanciamento. Podemos suspender as nossas reuniões de grupo e nem por isso deixarmos de manter contato. Vamos usar a tecnologia para nos manter conectados, trocando experiências, inclusive sobre essa ameaça. Agora é hora de usar nossas redes sociais para compartilhar boas mensagens. Isso vai passar e estaremos mais juntos que nunca.

10- Cooperação

Cada um de nós é único, mas parte de um todo. Não é o momento de sermos egoístas, pensando apenas em nós mesmos, mas de adotar o princípio da cooperação. Devemos evitar o esvaziamento de prateleiras de supermercados para fazer grandes estoques em casa, nem acabar com o álcool gel das farmácias. Nós precisamos, mas o outro também, que sejamos coerentes.

11- Exigência e Disciplina

Mas do que nunca precisamos nos disciplinar para enfrentarmos esse momento. Devemos seguir as regras estabelecidas, obedecendo as recomendações e também exigir disciplina daqueles que convivem conosco.  A situação exige novas posturas, novos hábitos, que devemos adotar e transformar em regras durante este período. A ausência da disciplina gera bagunça e diante da iminente ameaça que nos ronda é a receita certa para o caos.

12- Amor

Lembrando sempre o que diz o Amor-Exigente, amar é fazer aquilo que precisa ser feito, e é por esse amor verdadeiro, em relação aos nossos queridos que fazem parte do grupo de risco, que devemos, por vezes, contrariá-los. Por amor precisamos fechá-los, mantê-los confinados, evitando o contato físico, inclusive com os netinhos, mas ao mesmo tempo, sem desampará-los. Vamos atravessar esse momento e a melhor receita é o amor, mas um amor verdadeiro e exigente, para conosco, para nossos queridos e para com o próximo.

Adaptação de Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho

domingo, 19 de janeiro de 2020

QUEM EU SOU, ONDE ESTOU, PARA ONDE VOU?


“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve” (Lewis Carroll)

 Ao refletirmos sobre nossas raízes culturais devemos analisá-las sob dois aspectos. Um deles está relacionado ao passado, ou seja, o que somos hoje é o reflexo do que recebemos durante toda nossa vida, ou seja, nossas relações familiares, as interações com nossos grupos de amizades, as influências recebidas dos diversos tipos de mídias, e das nossas escolhas, em relação ao que nos foram apresentados.

Sob esse ponto de vista olhamos para o meu eu através das nossas raízes culturais herdadas ou adquiridas ao longo da vida para identificarmos o que nos fizeram ser aquilo que hoje somos. É um olhar sobre o passado.

Mas, se o que somos hoje é reflexo da maneira como recebemos, assimilamos e formamos os nossos juízos, valores e princípios, o que seremos amanhã será o reflexo das nossas interações e escolhas de hoje. Sob esse ponto de vista, raízes culturais nos remetem a ideia de futuro. O que queremos ser? Para onde desejamos caminhar? O que precisamos corrigir?

Raízes culturais são, portanto, um processo dinâmico, que interliga passado e futuro. Dos valores, princípios e comportamentos que herdamos do passado, o que vale a pena preservarmos? O que podemos resgatar? O que devemos descartar? E quais deles estamos dispostos a adquirir?

Antoine de Saint-Exupéry citou, certa vez, que “Aqueles que chegam até nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Se por um lado somos influenciados e fazemos nossas escolhas, de acordo com o juízo que fazemos diante do que nos é apresentado, por outro, também somos influenciadores, e isso nos alerta para nossa responsabilidade em relação as nossas condutas diárias.

Talvez fosse mais cômodo seguir a receita da música cantada pelo Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar, vida leva eu”. Mas a vida é uma construção que depende das nossas ações. Para isso precisamos saber: Quem eu sou? Onde eu estou? Para onde eu vou? Pois, como uma fala citada no filme Alice no País das Maravilhas, se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 31 de março de 2019

PAIS E FILHOS NÃO SÃO IGUAIS


       
Em um passado recente, o autoritarismo era marcante na educação das crianças. Os filhos não eram vistos, nem ouvidos. Não tinham voz, nem vez. Esse tipo de comportamento não se encaixa mais na educação moderna, e precisava ser interrompido. No entanto, no ímpeto da mudança fomos de um extremo a outro. Passamos a nos relacionar com os filhos de igual para igual, tratando-os mais como amiguinhos e esquecemos que, antes de sermos seus amigos, somos pais e precisamos exercer o nosso papel de pais.

Sem isso, invertemos os papéis e quem passam a  mandar na casa, a ditar as regras são os filhos, enquanto os pais apenas obedecem e essa é a receita certa para o colapso familiar. Sem exercermos nossas responsabilidades de pais, na educação das crianças, permitimos que cresçam a mercê de si mesmos, entregues a própria sorte, como filhos órfãos, porém de pais vivos. 

Os pais são guias e orientadores. Devem exercer sua autoridade para nortear a conduta dos filhos, cientes de que esse exercício é facilitado quando, em se tratando da educação das crianças, pai e mãe possuem unidade e falam a mesma língua. 

Um fator essencial para o exercício da autoridade, e que a difere do autoritarismo, é o poder do exemplo. É complicado desejar que os filhos sejam equilibrados se vivemos em estado de loucura. É difícil aconselhá-los em relação ao abuso do álcool se eles assistem nosso consumo abusivo. É tarefa complicada colocar Deus na vida dos pequenos, se não vivemos uma espiritualidade. Sem sermos exemplos deixamos de exercer nossa autoridade, que é legítima, para adotarmos duas outras atitudes nada funcionais: ou nos tornamos autoritários ou caímos na passividade.

É importante, também, compreendermos que autoridade se conquista respeitando e exigindo respeito, com posicionamento firme e claro e não através do uso de agressões ou violências, barulhos ou gritos.

Por fim, e para não restar dúvidas, não há problema em sermos amigos dos nossos filhos, desde que, antes disso exercemos nosso papel de pais com autoridade, equilíbrio, coerência e responsabilidade.

(Celso Garrefa - Sertãozinho SP)

sábado, 13 de maio de 2017

CULPA, DESCULPA PARA NÃO FAZER NADA


Ao falarmos sobre o sentimento de culpa costumamos relacioná-lo a fatos ocorridos no passado, onde nos autocondenamos, julgando haver cometido alguma falha, mas a culpa também pode ser projetada para o futuro, ou seja, nos culpamos antes mesmo de agir, imaginando o que poderá dar errado.

          A culpa, quando relacionada a algo passado paralisa, pois não dá para modificarmos o que já passou e quando projetada para o futuro também é paralisante, porque projetamos todo nosso foco e preocupação sobre o que poderá dar errado, que preferimos não arriscar.

Isso se aplica a todas as áreas da nossa vida, nosso trabalho, nossos estudos, nossos relacionamentos, nossos projetos. Quantas ideias grandiosas, quantos sonhos se perdem por medo de arriscarmos? Quantas esposas suportam companheiros violentos por medo de agir? Quantos pais se acomodam diante de filhos dependentes de droga por receio em tomar atitudes? Sempre a mesma justificativa: E se der errado?

Já está dando errado. Muitas vezes a culpa é apenas uma grande desculpa para a acomodação e para justificar a ausência de atitudes. E se eu endurecer e ele fugir de casa? E se eu não pagar suas drogas e ele roubar? E se eu não permitir que ele use dentro de casa e ele for preso na rua? E se eu denunciar um marido violento e ele me abandonar?

Isso é culpa por antecipação. pensamos somente o que poderá dar errado, concluindo que se isso acontecer seremos culpados. Esse medo imobiliza. Precisamos enxergar que, ao tomarmos uma atitude, a possibilidade maior é de começar a dar certo.

A culpa quando projetada para o futuro vem carregada de medos. Medo da reação do outro, medo do agravamento do problema, medo do que poderá acontecer, medo de perder.

Esses medos são naturais diante dos grandes desafios, e em certa dose servem para medirmos os prós e os contras, mas quando ele se transforma em pânico, impede qualquer tipo de ação. Esses medos também podem ser divididos em dois modos, o medo real e o medo imaginário. Ao analisamos criteriosamente percebemos que os reais são poucos e devem ser pensados e levados em consideração, entretanto, precisamos nos libertar dos medos imaginários, que ocupa quase a totalidade dos nossos receios e nos engessam.

Somente conseguiremos avanços eliminando as amarras que nos imobilizam. O futuro é incerto e a Deus pertence e ao imaginarmos o que virá pela frente, também precisamos nos ocupar de otimismo e de pensamentos positivos e esse já é um grande começo.

Celso Garrefa
AE Sertãozinho SP

domingo, 23 de abril de 2017

PAIS OU AMIGOS DOS FILHOS

       
Em um passado recente a organização familiar era patriarcal. O pai mandava na casa a seu modo e ninguém ousava contrariá-lo. Era uma educação rígida, por vezes agressiva e autoritária. Um sistema bruto que não se encaixa mais na educação moderna e precisava ser modificado.

No entanto, a busca pela adequação aos novos tempos nos levou de um extremo a outro. Querendo parecer modernos demais passamos a nos relacionar com nossos filhos como se eles fossem nossos amiguinhos e esquecemos que, antes de sermos seus amigos, somos pais e precisamos exercer nosso papel de pais, de guia, de orientador, de norteador das condutas dos filhos.

Ao igualarmos essa relação muitos de nós fomos engolidos. Transformamos filhos e filhas como os reis e rainhas da casa, e assim, se no passado os filhos não tinham voz, nem vez, atualmente quem perdeu a voz e a vez foram os pais. Vivemos uma geração em que os filhos mandam e os pais obedecem, receita certa para a desordem e os caos familiar.
                                                             
Quando citamos que os pais não precisam se preocupar em ser amiguinhos dos filhos parece que causamos certo desconforto. Não vemos razões para isso, afinal, ser pais significa desempenharmos um papel muito superior ao de amigo. Amigos são descartáveis, pais e filhos não. Pais que querem ser apenas amiguinhos dos filhos diminui a importância do seu real papel de pais. Pais são capazes de dar a vida por um filho, amigos, raramente.  Pais são capazes de doar um dos seus rins para um filho, amigos, raramente.

Exercer o nosso papel de pais não significa sermos grossos, estúpidos, ranzinzas ou violentos, pelo contrário, significa que podemos ser agradáveis e abertos ao diálogo, que devemos criar uma relação de confiança e de fortes vínculos afetivos. Como pais podemos brincar com eles, divertir, curti-los, mas quando for preciso, que saibamos exercer nossa autoridade, com firmeza, cientes que nossos filhos são nossa responsabilidade e temos o dever de educá-los. Os filhos precisam saber quem está no comando e que não são eles.

Por fim, e para não restar dúvidas, aqueles que ainda desejam mostrar aos filhos que são seus amiguinhos, ainda poderão fazê-lo, desde que não deixem de exercer, em primeiro lugar, o seu papel de pais, assumindo as responsabilidades que lhe cabe, pois sem isso criamos tiranos prestes a nos engolir, sem pena, nem piedade.
   



Texto de Celso Garrefa             
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 11 de fevereiro de 2017

OS PROFESSORES TAMBÉM SÃO GENTE

Os professores também são gente, mas atualmente, eles possuem um desafio quase desumano, que é a tarefa de ensinar alunos que, nem sempre, estão interessados em aprender.

A família é a primeira referência na vida da criança e os pais são os responsáveis pela educação dos filhos. Aos professores cabe a missão de ensinar, porém, a omissão de muitas famílias na condução da educação dos filhos tem despejado em nossas escolas um número elevado de alunos mal educados, sem a mínima noção de regras e limites.

Enfrentar esse problema é um dos grandes desafios dos professores em sala de aula e por mais que eles aleguem que se formaram para ensinar e não para educar, as novas realidades colocam diante deles alunos de comportamentos os mais diversos e variados possíveis.

É quase desumano um professor encarar turmas com trinta, quarenta alunos, onde tudo acontece. Desde os engraçadinhos, que atrapalham todo o andamento da aula a alunos agressivos e violentos, que ameaçam e até agridem os seus mestres. Não bastasse, ainda precisam lidar com os comportamentos desajustados de muitos pais que, ao invés de corrigir o problema, preferem culpar e atacar nossos mestres.

Os professores também são gente e, assim como não existem pais perfeitos, também não existem professores perfeitos. A perfeição é divina e professores não são deuses. A busca pela perfeição, cujo objetivo não está ao seu alcance, geram frustrações. Como gente, os professores também possuem suas limitações, seus medos, suas emoções. Não são super-heróis, nem máquinas. 

Os professores também precisam reconhecer que são humanos, que possuem limitações e não vão conseguir dar aulas de manhã, tarde e noite, sem sofrer as consequências dessa sobrecarga. Como gente possuem sentimentos e emoções e precisam cobrar e exigir respeito. Como gente, não são super-heróis, que conseguem resolver tudo sozinhos. Como gente, não são autossuficientes e também precisam de apoio. 

Enquanto não enxergarmos nossos professores como gente, cada vez mais eles se afastam por ansiedade, estresse ou depressão. Cada vez mais, aumenta o desinteresse em lecionar e corremos o risco de faltar mestres em nossas escolas e sem mestres não há educação, nem formação e um povo que não respeita seus mestres, não respeita a si próprio.



          Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

domingo, 8 de janeiro de 2017

QUEM É VOCÊ?



Raízes culturais é primeiro princípio do Programa Amor-Exigente e não dá para falar sobre ele sem nos perguntarmos quem somos. Será que possuímos uma identidade ou vivemos apenas de personagens exigidos pelos outros, pela moda ou pela mídia?

Muitos pais vivem repetindo, de forma entusiasta, que vivem em função dos seus filhos, mas porque viver em função dos filhos se podemos viver todos? É óbvio que os filhos merecem toda nossa atenção, todo nosso carinho, todo nosso amor, mas não precisamos nos abandonar em função do amor que sentimos por eles. Aqueles que vivem apenas em função do outro, não têm vida.     

Sem uma identidade, não somos vistos, não somos respeitados, nem levados a sério. Tornamo-nos invisíveis. Sem personalidade, apenas ocupamos espaço e não adianta cobrarmos nada do outro se não fizermos a parte que nos cabe.

Se desejamos ser respeitados, precisamos, primeiro, nos conhecer, saber quem somos, quais são nossos gostos, nossos projetos, nossos sonhos. Precisamos aprender a pensar, a questionar, a refletir e assim podemos nos posicionar, caso contrário, serviremos apenas como objeto de manobra, condicionados a pensar em massa e agir como máquinas.

Quantas mães e pais nos queixam que gostariam de maior atenção dos filhos, porém, enquanto os abastecem com roupas e tênis da melhor qualidade, vivem remendando os próprios chinelinhos. Se desejamos ser notados, precisamos nos apresentar e chamar a atenção. Isso não se resume a relação entre pais e filhos, serve também para o casal e para a vida em sociedade. 

Já pensando no próximo princípio do Programa Amor-Exigente, devemos aceitar o óbvio: nós também somos gente e como gente merecemos respeito, mas o respeito, a atenção e o amor do outro só conquistaremos a partir do momento em que aprendermos a nos valorizar, a nos respeitar e a nos amar e assim podemos nos apresentar com coragem e cabeça erguida: nós sabemos quem somos, nós estamos aqui.

            Texto de Celso Garrefa
            Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...