quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AMOR E ÓDIO


Amor e ódio são sentimentos tão opostos, que parecem distantes, no entanto a convivência com um dependente químico é algo tão complexo onde esses sentimentos se misturam e se confundem.

O amor dos pais em relação aos filhos é um sentimento tão intenso, despertado antes mesmo do seu nascimento. Por amor, verdadeiros pais são capazes de dar a vida por um filho, mas apesar de toda essa dedicação, por razões diversas, muitos deles se desviam no caminhar da existência e acabam se envolvendo com o uso de substâncias entorpecentes.

As drogas afetam a família com tamanha intensidade suficiente para os pais não reconhecerem mais o filho. Toda a delicadeza e inocência da infância desaparecem cedendo lugar as mentiras, as grosserias, as ameaças. Eles não os ouvem mais e rejeitam a presença familiar. Surge o caos, as confusões, as loucuras.

Mesmo enfrentando todos os problemas possíveis, o amor dos pais ainda prevalece com muita intensidade, entretanto também surgem outros sentimentos como a decepção, a raiva e o ódio. Essa mistura mexe profundamente com os familiares que, ora se culpam por esses sentimentos negativos, ora se frustram por perceber que todo o amor dedicado ao filho não foi suficiente para preservá-lo das drogas. Como lidar com isso?

É importante compreendermos que um pouco de raiva e ódio são sentimentos naturais mediante as decepções vividas e não devemos nos culpar por isso, entretanto é necessário cuidarmos para não permitir que esses sentimentos se tornem dominantes a ponto de superar o amor. Para tanto, precisamos possuir o domínio das nossas atitudes e comportamentos, não permitindo que a raiva nos impulsione a cometermos loucuras. Somos humanos e é natural sentirmos raiva e ódio, o problema é o fazemos movidos por estes sentimentos.
 
Atitudes descontroladas em nada ajudam na busca da solução do problema, pelo contrário, comportamentos desequilibrados movidos pelo ódio, geram mais ódio e onde esse sentimento domina a tragédia torna-se um perigo iminente. 

No enfrentamento do desafio é importante que o amor prevaleça, mas não deve ser um amor gratuito. Amar um filho não significa aceitar ser mal tratado, ofendido ou magoado por eles, muito menos concordar com tudo aquilo que eles fazem de equivocado. Não podemos utilizar o amor como justificativa para aceitar todo e qualquer desequilíbrio dos filhos. 
      
    O ódio e a raiva corroem, enquanto o verdadeiro amor constrói e restaura. O verdadeiro amor é sábio e equilibrado e nos impulsiona a fazer aquilo que precisa ser feito. Ele corrige, educa e prepara. O verdadeiro amor também é aquele que não mata o amor próprio. 

Texto de Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho SP

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