segunda-feira, 7 de setembro de 2015

DROGAS: PRAZER OU PREJUÍZO?

                       
          As drogas proporcionam prazer e essa realidade é um dos fatores que dificulta a aceitação do tratamento por parte do dependente.

            No início do uso, quando ele atravessa as fases de experimentação ou uso esporádico, esse prazer ocupa muito espaço e os prejuízos são pequenos. A busca contínua pela manutenção dessa sensação faz com que ele prolongue o uso ao longo do tempo, podendo desenvolver tolerância à droga de consumo, ou seja, para obter o mesmo prazer, ele precisa consumir doses cada vez maiores, e como consequência, os prejuízos crescem na mesma proporção.

            A abertura e aceitação do tratamento ocorre quando o dependente começa a sentir que os prejuízos decorrentes do uso são maiores do que os prazeres proporcionados pelo consumo. Nesse momento a família, quando preparada para lidar com o seu desafio, pode fazer toda a diferença.

            Sem preparo ocorre o inverso, ou seja, a família movida por pena, medo ou insegurança agem na contramão, adotando toda atitude possível para evitar que o seu dependente confronte com os prejuízos resultantes do consumo abusivo ou da dependência.
           
            Toda vez que os familiares poupam o dependente dos prejuízos resultantes do seu consumo, pagando suas dívidas, sendo permissivos e tolerantes em relação às suas atitudes, assumindo suas responsabilidades, bancando-o em todas as suas exigências, proporcionam um amortecimento dos prejuízos que ele possa sofrer, ou seja, o adicto continua saboreando os prazeres do uso e a família é quem arca com os prejuízos e as consequências.

            Ninguém muda ninguém e é muito difícil convencer alguém a mudar quando o próprio não deseja mudanças, mas a família do dependente pode sim ser o diferencial capaz de levá-lo a assumir uma atitude de recuperação. Para tanto, é preciso coragem para tomar atitudes, firmeza para se posicionar e sabedoria para permitir que o adicto confronte com os prejuízos decorrentes da sua dependência. A verdadeira ajuda não é fazermos aquilo que o dependente deseja que façamos, mas sim, fazermos aquilo que precisa ser feito, mesmo contrariando aos seus interesses.

Permitir ou mesmo proporcionar situações onde o adicto sofra e perceba as consequências e prejuízos oriundos da sua dependência não significa fechar-lhe as portas e deixá-lo ao abandono, pelo contrário, deve ser uma ação consciente, com o objetivo de conduzi-lo a um tratamento, para tanto, devemos transmitir com muita clareza, que ele pode contar sempre com nossa ajuda e apoio para se tratar, mas que não estamos dispostos a arcar com os prejuízos causados pelo seu uso e nem possuímos condições de protegê-lo das consequências da sua dependência.




          Texto de Celso Garrefa 
Sertãozinho SP

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