Certa vez, durante um programa de tevê para arrecadação de doações para a AACD, um casal compareceu para entrevista no palco acompanhando a filha de cinco anos de idade, em uma cadeira de rodas adequada para a sua faixa etária. Na entrevista os pais disseram que ajudam a filha de acordo com as suas necessidades, mas que ela não possui nenhum privilégio por utilizar-se da cadeira de rodas. Segundo eles, na medida do possível, eles permitem que ela faça tudo aquilo que ela possui condições de fazer, pois ela tem limitações, mas também possui muitos recursos que precisam ser valorizados e explorados.
Diferente do caso citado, muitos pais da nossa geração possuem enormes dificuldades em permitir que os filhos façam aquilo que eles possuem condições de fazer. Querem poupá-los de assumir quaisquer responsabilidades, preferindo fazer tudo por eles, como por exemplo, carregar sua mochila escolar ou guardar os objetos e brinquedos que eles espalham pela casa.
Podemos ajudar e auxiliar nossos filhos, mas não precisamos fazer tudo por eles. Podemos ajudá-los nas tarefas escolares, mas não devemos apresentar o resultado pronto. Não precisamos carregar no colo aquele que é capaz de caminhar com as próprias pernas. Tratar filhos como coitadinhos significa diminuir, desvalorizar e desprezar suas potencialidades. Esse comportamento fragiliza, não prepara para a vida e cria filhos folgados.
É óbvio que precisamos respeitar a capacidade dos nossos filhos, sem exigir deles algo que está além das suas condições, mas devemos também lançar um olhar sobre suas competências para buscarmos o equilíbrio entre o respeito ao limites, que significa proteção e ao mesmo tempo explorar e valorizar suas qualidades, permitindo que explorem suas competências com coragem e determinação.
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP
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