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terça-feira, 21 de agosto de 2018

DEPENDÊNCIA - INTERNAÇÃO: QUANDO? ONDE?

(Imagem da internet)

A ansiedade em solucionar rapidamente o problema leva muitos familiares a buscarem uma internação para o dependente em clínicas ou comunidades terapêuticas, mas será essa a medida mais adequada? E que cuidados devemos tomar antes de optar pela internação?

Clínicas e Comunidades Terapêuticas se alastram pelo país, oferecendo tratamento para dependentes do álcool e de outras drogas e cresce, na mesma proporção, notícias de irregularidades e problemas relacionados a essas instituições. Que cuidados devem ser tomados antes de encaminhá-lo a esses locais?

Inicialmente, devemos compreender que não são todos os casos de dependência que necessitam de internação. Existem outras formas de intervenção que podem ser buscados como, por exemplo, os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), os grupos de apoio, os profissionais especializados em dependência química. A busca por uma internação deve ser tomada após contato com pessoas e profissionais experientes no assunto, e não pelo desespero ou por indicação de leigos.

Após o entendimento de que a internação é de fato necessária, devemos tomar os cuidados para escolher um local adequado, que ofereça boas condições de tratamento. Caso o dependente compartilhe com o mesmo desejo da família, as comunidades terapêuticas são uma boa opção. Nesse caso é importante procurar saber sobre os métodos utilizados no tratamento e também conversar com pessoas que se trataram na instituição com a finalidade de buscar referências. Também é fundamental verificar se ela possui registro na FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas).

Quando o dependente perde o domínio sobre si mesmo, mas não reconhece que precisa de ajuda, a família poderá optar pela internação involuntária, uma modalidade de tratamento realizado mesmo contra a vontade do adicto. Nesse caso as clínicas são as indicadas, tendo em vista que as comunidades terapêuticas não trabalham com esse perfil. Cuidados também são necessários. Conhecer o local, conversar com quem já se tratou na instituição e prestar atenção aos valores. O dependente deverá ser encaminhado para um tratamento, e não para clínicas que mais parecem hotéis cinco estrelas, onde ele apenas tira férias.

Seja qual for a medida a ser adotada é preciso cautela para não agir no impulso. Nada de sair no meio da noite procurando local para enfiar o dependente. As piores besteiras que fazemos na vida acontecem nos momentos de desespero, portanto é preciso calma, equilíbrio e busca de informações e orientações adequadas, pois uma internação realizada fora do contexto ou em locais inidôneos, além de não produzir resultados satisfatórios, podem acarretar outros danos.

Por fim, não podemos esquecer que a atenção aos familiares faz parte do tratamento. Instituições sérias sabem disso e também trabalham a família, cobrando, inclusive, a participação dela em grupos de apoio e orientação, como os oferecidos pelo Programa Amor-Exigente.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 26 de março de 2017

FAMÍLIA AJUDA O DEPENDENTE A RECAIR?

“Um dia destes vi um comentário citando que famílias podem trabalhar para a recaída do dependente. Gostaria de saber se isso realmente acontece”.
                        Pergunta enviada por PCSS de São Carlos - SP

           
            Por mais insano que isso parece, essa é uma situação que de fato pode acontecer. Em geral, as famílias que adotam essa atitude são aquelas que estão afetadas pela codependência em um estágio mais avançado.

            Não é uma ação consciente e, portanto, não devemos culpá-las. Não agem com essa intenção e não se dão conta que suas ações são colaboradoras das recaídas do adicto.

            Para entender melhor, imaginem um alcoólatra em níveis avançados, cuja doença já o impede de assumir as responsabilidades da casa. Não trabalha e, quando muito, cata reciclados para manter o uso da cachaça. Perdeu a autoridade sobre os filhos e é tratado por todos como um traste. O comando da casa é exercido pela esposa, que trabalha, cuida dos filhos, põe comida na mesa e ainda, tem de aguentar o “cachaceiro”.

            A ela, todos os méritos. Uma guerreira, forte, decidida. Como uma leoa, comanda o lar e ainda, não desiste do companheiro. Sua valentia rende-lhe intensos e constantes elogios, que inflam seu ego.

            Imaginem que, de repente, seu companheiro toma a atitude de buscar por apoio e ajuda e que, após um período em tratamento, ele consegue manter-se em sobriedade. Todos aqueles elogios que eram direcionados para a esposa, agora vão para ele. Ele é o valente, o determinado, que conseguiu sair da lama do alcoolismo. Voltou a trabalhar, ajuda em casa e divide as atenções dos filhos.

            A esposa, acostumada a ser paparicada por todos, perdeu sua posição, e se vê esquecido por todos e isso a incomoda, assim, ela de forma inconsciente e involuntária começa a trabalhar para que o companheiro recaia, recuperando assim o posto de super-heroína. Ela sabe que o marido em recuperação não pode beber, mas ao fazer compras no supermercado, traz algumas garrafas de cerveja para ele, justificando que uma cervejinha não dá nada. Insisto em dizer que isso ocorre de forma inconsciente, pois estamos falando de um processo doentio.

            Não é diferente no caso de pais de dependentes químicos. Precisamos lembrar que, por vezes, um dependente em casa traz alguns benefícios para a família, quando o transformam no bode expiatório da casa. Dessa forma, todas os problemas pessoas enfrentados pelos pais, eles têm onde justificar. Se o casal vive brigando, justificam o problema no filho dependente. Se o pai perdeu o emprego, também justifica seu fracasso devido o comportamento do adicto.

            A partir do momento em que ele se propõe a um tratamento, seus familiares precisarão olhar para si mesmos, encarar seus defeitos e fracassos e isso pode incomoda e, mais uma vez, inconscientemente podem ajudá-lo a recair.

            Volta a frisar que essa etapa é a mais avançada num processo de codependência e não atinge a todos, mas não há como negar que, uma parcela de familiares é afetada por este nível e podem, sim, agir no sentido de facilitar a recaída do dependente.

            Por tudo isso, é de extrema importância tratar, não só o dependente, mas também seus familiares, pois a dependência do álcool ou de outras drogas adoece a todos.

              Texto de Celso Garrefa
              Sertãozinho SP

sábado, 11 de março de 2017

DEVEMOS PAGAR PELAS DROGAS QUE OS FILHOS CONSOMEM?

Os pais devem ou não pagar pelas dívidas que os filhos fazem para consumirem drogas? Esta é uma pergunta que nos chega com frequência e que provoca muitos questionamentos e dúvidas, colocando-nos diante de um dilema: paramos de pagá-las e corremos o risco de colocá-los em situação perigosa ou continuamos pagando e assim, financiamos a continuidade de sua dependência?

Pagarem pelas drogas que os filhos consomem é um ato comum em muitas famílias. Os pais, por medo, por falta de informações e como instinto de proteção, acreditam que, ao bancarem as dívidas dos filhos, estão protegendo-os de danos maiores. Acreditam que, caso não o façam, o filho poderá roubar, ser preso ou mesmo perder a vida.

Por outro lado, os filhos se acostumam com isso e, ao serem bancados pelos seus genitores, têm sua vida na ativa facilitada. A dependência química fala mais alto e sob o efeito das drogas perdem a compaixão e sugam o podem. Na recusa, uma chantagem emocional é suficiente para conseguirem o que buscam: - Vai dar o dinheiro ou preferem me ver morto? Essa tática, que não deixa de ser um ato de terrorismo contra os pais, é suficiente para colocá-los em pânico e eles cedem.

A dependência química é, sabidamente, uma doença progressiva, que pode conduzir o usuário a desenvolver a tolerância pela substância de uso, ou seja, cada vez mais ele precisará de maior quantidade na busca do efeito desejado. Na medida em que eles se prolongam no uso, os valores aumentam na mesma proporção.

Devemos compreender e aceitar que os pais possuem recursos limitados e, mesmo que eles desejem continuar custeando a dependência dos filhos, não vão conseguir. Conheço e juro que não estou aumentando, nem exagerando, dependentes químicos que chegam a gastar, em uma única noite, valores acima de dois mil reais. Qual é o pai capaz de bancar isso?

Pagando as contas oriundas das dívidas de drogas estamos financiando a dependência química dos filhos, facilitamos seu uso e com isso prolongamos o problema. Eles ficam com os prazeres que elas proporcionam e aos pais sobram os prejuízos. É preciso coragem, atitude e posicionamento diante das drogas, aprender a dizer não e transmitir, com clareza, que não aceitamos o uso e não podemos financiar aquilo que não concordamos.

Não vamos negar que dívidas de drogas geram cobranças que nem sempre são amigáveis, porém, o medo dos pais é muito maior que o perigo real, e por outro lado, os dependentes não são bobos e sabem muito bem até onde podem se arriscar. É preciso dar um basta no financiamento da dependência que não aceitamos e isso precisa acontecer o quanto antes possível.

Não ajudamos ou protegemos um dependente pagando suas dívidas, pelo contrário, colaboramos para que se afundem ainda mais no problema. O verdadeiro apoio é aquele que ajudará o dependente a sair do mundo obscuro das drogas e não aquele que financia seu vício.

Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

sábado, 26 de novembro de 2016

AMOR-EXIGENTE DÁ CERTO?



         
Esta semana, uma mãe me questionou se o Amor-Exigente dá certo. É óbvio que jamais minha resposta seria não, pois não faria nenhum sentido eu estar a tanto tempo envolvido neste trabalho voluntário se eu não acreditasse nele, mas por outro lado, uma simples resposta sim, soaria como parcial e, além disso, entre o sim e o não existem os “considerandos”.

            Acredito sim que o Programa Amor-Exigente dá certo, porém não funciona para todos. Não funciona para aqueles que buscam uma solução mágica, acreditando que apenas uma reunião de duas horas será suficiente para reverter uma dependência de anos. Não funciona para aqueles que estão em busca de uma resposta pronta, como em uma receita de bolo. Não funciona para aqueles que só desejam empurrar o problema para os outros e não estão dispostos a fazer a parte que lhes cabe. Também não funciona para aqueles que nada desejam, ou seja, não estão contentes com a situação, porém não estão dispostos e abertos a mudanças.

            Amor-Exigente também não funciona para os familiares que buscam as reuniões com o propósito único e exclusivo de pegar um comprovante de frequência para apresentar na comunidade terapêutica onde o filho está em tratamento. Estes, durante as reuniões apenas esquentam cadeiras, não se envolvem e nem aderem às propostas apresentadas.

            Por outro lado, o Programa Amor-Exigente funciona muito bem para quem compreende a dinâmica do programa e persevera. Funciona para aqueles que, orientados e apoiados pelo grupo, se apoderam dos princípios básicos e éticos, vivenciando-os em seu dia-a-dia. Funciona para aqueles que possuem objetivos e com o apoio do grupo traçam metas para atingi-los, abandonando a falação e adotando a ação.

            Funciona para aqueles que, apesar da ansiedade em solucionar o problema, conseguem perceber que a cada reunião ocorrem avanços significativos, mesmo que eles pareçam quase imperceptíveis. Como já citei em um dos nossos textos, costumo comparar os trabalhos de um grupo de apoio à fase de crescimento dos nossos filhos.          Quem possui filhos pequenos, em fase de crescimento e estão com eles todos os dias, não se dá conta do quanto crescem. Basta chegar alguém que não os vê a seis meses ou mais para ouvirmos: “nossa, como ele cresceu”! Assim é com os trabalhos dos grupos de apoio. Desde a primeira participação nas reuniões, inicia-se um processo de evolução, de crescimento e de avanços em direção a solução do problema, mas precisamos compreender que este é um processo em construção, que não acontece da noite para o dia. A busca pelo imediatismo faz com que muitos desistem, acreditando que o programa não funciona. Aos que perseveram, não demora muito para as mudanças positivas tornarem-se nítidas.

            Em conclusão, o Amor-Exigente funciona quando nos permitimos sermos beneficiados por este programa que a cada encontro semanal nos incentiva a ser e estar cada vez melhor. Como diz Mara Menezes: “Acredite que dá certo”.

                    Texto de Celso Garrefa
                    Amor-Exigente de Sertãozinho SP

sábado, 23 de julho de 2016

VOCÊ SABE O QUE É BINGE DRINKING

Sempre que falamos sobre os problemas relacionados ao consumo do álcool costumamos nos focar nos problemas gerados pelo alcoolismo, que afeta parte significativa da população, causando danos imensuráveis, porém existe outra forma de beber, conhecida como “binge drinking” ou “beber em binge” cujos danos à saúde e riscos pessoais ou a terceiros equiparam-se ou, por vezes, até superam os problemas relacionamos ao alcoolismo.

"Beber em binge" é uma modalidade que se caracteriza pelo consumo esporádico de bebidas alcoólicas, porém em quantidade elevada de álcool em um curto espaço de tempo. Essa maneira de consumir bebidas alcoólicas é bastante comum entre os mais jovens e ocorre principalmente em finais de semana ou em baladas.

O alcoolismo define-se como o consumo excessivo, duradouro e compulsivo de bebidas alcoólicas. Considerado pelo OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença que se instala ao longo do tempo. O bebedor em "binge", em geral, ainda não é um alcoólatra. É um abusador do consumo do álcool.

Normalmente, ele critica o alcoólatra, julgando-o como um fraco para beber e não acredita que ele próprio caminha para o alcoolismo. Adora se vangloriar do consumo pesado do álcool, exibindo-se aos amigos. Faz piadas com aqueles que não bebem e adora postar o consumo excessivo em sua rede social. Acredita que precisa mostrar aos outros o quanto bebe, como se isso fosse um grande feito e julga-se como alguém que bebe socialmente.

Mesmo não sendo, ainda, um alcoólatra, o bebedor em “binge” frequentemente se envolve em problemas. Após consumir grande quantidade de álcool, muitos pegam a direção do carro colocando em risco a própria vida, de seus familiares e de terceiros. Também se envolvem frequentemente em conflitos familiares, violências domésticas, acidentes pessoais, afogamentos e até homicídios.

O “beber em binge”, apesar de muitas vezes passar despercebido, merece grande atenção, pois, além de todos os prejuízos já citados, é uma modalidade de consumo que arrasta o bebedor a passos largos rumo ao alcoolismo. Só há uma forma de barrar esse processo desastroso: “Conscientização”. Infelizmente, uma atitude que está distante do “bebedor em binge”, pois em geral, ele não acredita nas consequências e prefere pagar para ver, pena que o preço será caro demais.

            Texto de Celso Garrefa

            Amor-Exigente de Sertãozinho

domingo, 28 de dezembro de 2014

MACONHA: ENTRADA PARA OUTRAS DROGAS?

         
A maconha, por si só, não possui em sua composição, substâncias que despertam o desejo do usuário em migrar para outras drogas, como a cocaína ou o crack, no entanto, sabemos que uma grande parcela de fumantes da erva acabam enveredando para aquelas consideradas “mais pesadas”.

          Aqueles que fazem uso da maconha, certamente foram orientados que ela causa dependência e danos à saúde. Eles sabem que é uma droga ilícita e para consegui-la precisam da figura do traficante. Mesmo assim, menosprezaram os riscos e a ilegalidade e optaram pelo uso. A característica da transgressão, associada à minimização dos perigos, pode levá-los a mesma atitude em relação às outras drogas.

          A curiosidade também é um dos motivos que leva a pessoa a experimentar a maconha, mas o uso da erva não elimina esse comportamento que continua latente no sujeito e essa mesma curiosidade pode fazê-lo migrar para outras drogas de maior potencial de destruição.

          Outro comportamento que leva a pessoa ao uso da maconha é a busca por novas sensações e assim que se acomodam ao uso, ela deixa de ser uma novidade. É preciso buscar por outras experiências, conhecer outros baratos e essa busca pode levá-los a conhecer, por exemplo, a cocaína. 

Muitos jovens que fazem uso da maconha argumentam que ela faz menos mal que o cigarro. Seguindo esse mesmo pensamento, logo poderão cheirar a cocaína argumentando que ela faz menos mal que o crack.
          Outro fator da migração acontece pela proximidade do usuário da maconha em relação às outras drogas, seja através do contato com o seu grupo de uso, que incentiva, que desafia, que pressiona ou mesmo através dos pontos de tráfico, onde vez ou outra lhe é ofertado outro produto que, ao alcance das mãos e dos olhos, torna-se tentador.

         Por fim, o uso da maconha por si só não induz ao uso da cocaína, crack ou outras drogas, mas ainda assim ela pode servir como a porta de entrada para essas consideradas “mais pesadas” e o que proporciona isto, não está presente nela propriamente dito, mas nas características, comportamentos, atitudes e escolhas dos próprios usuários. 

            Grande abraço

            Celso Garrefa (Amor-Exigente Sertãozinho SP)

domingo, 21 de dezembro de 2014

COMO LIDAR COM A INCERTEZA DO SUCESSO NO TRATAMENTO?

Meu filho está em recuperação em uma comunidade. Ele está na metade do tratamento e mais alguns meses retorna para casa. Vivo uma grande ansiedade sobre a sua volta, me questionando: será que vai dar certo? E se ele voltar ao uso? Que faço para relaxar um pouco?
                                    Pergunta enviada por P.S.L. (Colombo - PR)



        Um dos grandes dilemas da família durante o processo de recuperação de um dependente é a incerteza e desconfiança no resultado do tratamento. Isso até certo ponto é natural, afinal foram tantas promessas não cumpridas, tantas frustrações, que nos custa, agora, acreditar que tudo será diferente.

              Não há muito como fugir totalmente dessa ansiedade, mas precisamos trabalhar para não permitir que ela tenha uma intensidade exagerada. Como sugestão segue algumas dicas.

           Procure não focar seu pensamento somente no negativo, imaginando o que pode dar errado. Isto significa sofrer por antecipação, por algo que ainda não aconteceu e que possui grande possibilidade de nem acontecer. Procure pensar também de forma positiva, acreditando que pode sim dar certo, pois trata-se de um outro momento. 

           Não se isole nesse momento, vivendo uma tristeza profunda. Procure relaxar, saia um pouco de casa, visite um amigo, faça um passeio, viva momentos de lazer. Não se iluda: sofrimento profundo não recupera filhos. 

          Evite contatos com pessoas negativas e dramáticas que só te colocam para baixo, que julgam sem conhecimento de causa e são preconceituosas, incluindo nessa relação, alguns familiares próximos. Quando em contato com tais pessoas, evite falar do seu desafio.  

          Mantenha sua espiritualidade alimentada. Aproxime-se ainda mais de Deus. A fé é a força necessária para lidarmos com um grande desafio, sem desespero. Em Mateus 7:7-8 podemos ler: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á”. 

          Procure por um grupo de apoio em sua cidade. Isso ajudará você a lidar com seu desafio e trabalhar sua ansiedade. São nos grupos que você encontrará pessoas preparadas para te ouvir e te elevar, sem julgamentos ou críticas e onde você terá contato com pessoas que vivenciaram situação semelhante e superaram.


          Não idealize um tratamento como tudo ou nada. Há sim riscos de recaídas, mas isso não significa o fim ou que tudo esteja acabado. Se por ventura, ocorrer alguma surpresa indesejável, não significa a volta para a estaca zero. Os aprendizados durante este período permanecem, ocorreram avanços e a luta continua até atingir o objetivo final. 

         
        Aprenda a viver o dia de hoje, pois o amanhã não nos pertence. Se tudo está bem hoje, viva bem hoje. Faça o seu melhor, hoje. Confie em Deus e seja feliz.

                                               Grande abraço
                                               Celso Garrefa (Amor-Exigente - Sertãozinho SP)       

domingo, 7 de dezembro de 2014

FAMÍLIA DE DEPENDENTE TAMBÉM PRECISA DE CUIDADOS

“Por que a família do dependente químico também precisa participar das reuniões, se é o filho quem está usando drogas?
            Pergunta enviada por M.L.P. (São Simão SP)  


A dependência química não atinge somente aqueles que fazem uso de substâncias entorpecentes, mas também afeta aqueles que convivem com ele. 

           É comum os familiares chegarem aos grupos mais
adoecidos que o próprio dependente. Chegam com o relato que desejam ajudar a pessoa com problemas, mas afetados pela  codependência carregam uma mistura de sentimentos e um sofrimento profundo. Sentimento de culpa, vergonha, frustração, medo, tristeza, desespero, etc. o fazem paralisar. Desejam ajudar o outro, mas estão tão fragilizados que não sabem nem por onde começar e as tentativas de ajuda sem orientação, em geral, agravam ainda mais o problema.

            São nos grupos de apoio que a família começa a tratar sua codependência, a se livrar da carga de sentimentos que travam seus passos. Nos grupos de apoio os familiares sentem-se acolhidos por pessoas preparadas para orientá-los, sem condenações, sem críticas, sem acusações. 

            Em um grupo de apoio as famílias são fortalecidas e quando fortes, deixam de ser um alvo de fácil manipulação ou chantagem. Aprendem a lidar com um problema de grande complexidade de forma assertiva e orientada, ampliam sua visão de mundo, potencializam sua capacidade de enfrentamento dos desafios, recuperam a esperança de retomar os rumos de sua vida e a resgatar os rumos daquele que deseja ajudar.

            Enfim, a família precisa participar de um grupo de apoio porque ela faz parte do processo de recuperação do dependente químico e, quando enfrentam o desafio juntos, estatisticamente, as possibilidades de sucesso do tratamento aumentam de forma extraordinária.
                                  
                                   Celso Garrefa
                                   Sertãozinho SP


                        

domingo, 30 de novembro de 2014

DEPENDÊNCIA QUÍMICA TEM CURA?

Quando me deparei com a dependência química do meu filho, ouvi pessoas relatando que ela é uma doença incurável e isso me assustou. Gostaria de saber se isso é verdade?
           Pergunta enviada por A.M.P.S. (Uberlândia MG)


A dependência química é de fato considerada como uma doença incurável, mas nem por isso devemos nos assustar ou nos desesperar, acreditando que não exista soluções. Mesmo incurável, ela é perfeitamente tratável e seu tratamento baseia-se no controle e domínio da sobriedade.

            O desenvolvimento da dependência química é um processo lento, onde o sujeito inicia o contato com a droga através da experimentação, passando depois ao uso esporádico e em seguida, ao uso frequente. O usuário busca no álcool ou outras drogas a manutenção do prazer inicial, podendo desenvolver a tolerância em relação a substância de referência, ou seja, necessita aumentar cada vez mais a quantidade de consumo para obter o mesmo prazer, podendo desencadear o desenvolvimento da doença.

            O tempo entre a experimentação e instalação da doença depende do tipo de droga de escolha, além de outras variáveis, como a resistência do sujeito ao uso, a frequência com que as utilizam, etc., mas não acontece da noite para o dia. A concretização da doença ocorre depois de um período de uso frequente e prolongado.

            Mesmo com a doença instalada, ele pode viver em sobriedade, mantendo-a adormecida pelo restante de sua vida. Isso exigirá que se mantenha afastado da substância causadora do seu problema, pois mesmo após muitos anos no controle, basta uma nova experimentação para despertá-la e trazê-la à tona e, diferentemente do que acontece no desenvolvimento da doença, o período entre uma nova experimentação e a perda do controle sobre a droga de uso é imediata.

            Reconhecer a dependência como uma doença incurável, porém controlável, é fundamental para que o dependente em recuperação conscientize-se que sua batalha contra o vício será pelo restante de sua existência. Como isso pode parecer tempo demais, é comum adotarem o famoso discurso do “só por hoje” e isso funciona.

            Também é importante para os familiares do dependente aceitar essa realidade sem desespero ou dramas. As pessoas que convivem com o doente, reconhecendo a incurabilidade da doença, podem adotar atitudes de apoio verdadeiro, não o expondo desnecessariamente à situações de risco e não o testando para ver se realmente ele está bem.

            Facilita muito, para a família do adicto em recuperação, também utilizar o discurso do “só por hoje”, ou seja, se hoje ele está bem, mantendo-se na sobriedade, não vamos ficar sofrendo por antecipação, imaginando o que pode dar errado amanhã, ou daqui uma semana, ou daqui um mês. Viva bem hoje.
                                               
                                               
                Texto de Celso Garrefa
                  (Sertãozinho SP)

sábado, 22 de novembro de 2014

MELHOR TRATAMENTO PARA A DEPENDÊNCIA QUÍMICA

                                   
Qual o tratamento mais adequado para a dependência química?
Pergunta enviada por J.P.A. (Ribeirão Preto SP)

     
      O tratamento para a dependência química possui um caráter subjetivo, portanto, é complexo apontar um determinado tipo de abordagem como sendo a mais adequada. O que funciona para uns, pode não funcionar para outros, além disso não podemos esquecer que dependência química não possui cura, apenas controle.

Há quem consegue bons resultados através do acompanhamento médico e/ou de outros profissionais como psicólogos, terapeutas. Há aqueles que através dos grupos de auto e mútua ajuda conseguem manter-se na sobriedade. Há também os adictos que se entregam a fé e se agarram a uma religião, conseguindo sucesso no seu objetivo. Existem os que necessitam de um afastamento temporário do convívio em sociedade e conseguem livrar-se do vício depois de um tratamento em Comunidade Terapêutica. Têm aqueles que se adaptam melhor as clínicas especializadas.  Alguns chegam ao extremo, perdendo o próprio domínio, necessitando de intervenção através da internação compulsória ou involuntária.

                Um tipo de tratamento não deve excluir outros, dessa forma, o dependente pode contar com o auxílio médico e profissional, ao mesmo tempo, juntar-se a um grupo de auto e mútua ajuda, como os Narcóticos Anônimos, os Alcoólicos Anônimos, o Grupo de Sobriedade do Programa Amor-Exigente e ainda trabalhar sua espiritualidade através da religião de sua referência.

                É equivocado acreditar que o dependente só consegue se recuperar, por exemplo, se ele passar por uma internação. O importante é que ele busque, junto com seus familiares, o método que ele melhor se adapta e, se por acaso, a abordagem não estiver atingindo o resultado esperado, que possam buscar outras formas de tratamento.

                Qualquer que seja o tratamento, é importante se certificar sobre as competências daqueles que desenvolvem os trabalhos. Não basta encaminhá-lo a um psicólogo ou psiquiatra; é precisa saber se esses profissionais possuem especialização em dependência química. Não basta interná-lo em uma Comunidade Terapêutica ou Clínica para Tratamento, é importante pesquisar sobre a qualidade dos trabalhos, a seriedade dos profissionais, coordenadores ou monitores envolvidos no tratamento e conhecer o local para saber se ele possui adequadas condições de alojamento.

                Para o sucesso do tratamento é muito importante que a família do dependente conscientize que eles fazem parte do processo de recuperação do adicto, portanto, também precisam de acompanhamento, seja ele profissional e/ou através de grupos para familiares como o Amor-Exigente ou o Al-Anon, pois não basta apenas o desejo de ajudar um dependente, é preciso saber ajudar, aprender a lidar com a co-dependência, livrar-se da manipulação, das promessas vazias, do sofrimento profundo e entrar em ação e posicionar-se, tornando, assim, um ponto de apoio real e concreto. 

                Por fim, o que de fato não funciona de forma alguma é cruzar os braços, esconder-se ou isolar-se e esperar para ver o que acontece. Dependência química têm soluções, vamos à luta.

                                                               Celso Garrefa
                                                               Amor-Exigente de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...