Quem de nós nunca assistiu uma cena corriqueira em supermercados, onde a criança, após receber a recusa da mãe para pegar mais um docinho, se joga no chão, esperneia, grita, puxa os próprios cabelos, chora escandalosamente, enquanto a coitada, observada por todos, não sabe o que fazer. Chamamos isso de crise ou conflito, ou seja, uma situação difícil e embaraçosa, na qual não sabemos bem como lidar. Algo que incomoda e nos deixa meio perdidos.
Ninguém gosta de se sentir incomodado
ou de ser alvo de observações e comentários alheios e exatamente por isso, o
objetivo é livrar-se do transtorno instalado. Para tanto, a primeira atitude é tentar
se livrar da crise estabelecida. No caso citado, basta satisfazer mais uma vez
a vontade da criança, atendendo aos seus berros e proporcionando aquilo que ela
deseja e tudo se acalma. Tudo resolvido. Tudo resolvido? Não exatamente.
Toda vez que, diante de uma birra ou
choro histérico de uma criança, nós cedemos, nossa conquista limita-se a paz
momentânea, no entanto, precisamos enxergar a educação da criança como um todo
e nossa ação não deve se limitar a solucionar o problema apenas
momentaneamente. Devemos levar em consideração a interferência de nossa atitude
ao longo do tempo e analisar sua influência na educação futura dos nossos filhos.
No livro “Mostrar Caminhos”, o professor Neube José Brigagão, sabiamente cita que
“Crianças são um investimento a médio e
longo prazo e nós pais, buscamos a paz momentânea”.
Ao atendermos prontamente os escândalos apresentados
pelos pequenos estimulamos, de forma negativa, que continuem fazendo
barulhos. Eles interiorizam rapidamente que no grito são capazes de conquistar
aquilo que buscam e assim tendem a intensificar o que desejam através da
desestabilização dos pais.
No entanto, não devemos enxergar os
momentos de crise apenas pelo lado negativo, como algo desagradável e
perturbador, mas também como possibilidades educacionais e tirar proveito
desses momentos de conflitos. Para tanto, é fundamental buscarmos um equilíbrio
suficiente para não permitir que a histeria apresentada pelos pequenos nos tire
do nosso domínio, pois isso é o que eles buscam.
A maior dificuldade para lidarmos com as birras e as
pressões exercidas pelos filhos é a falta de paciência. Quando não a
possuímos, cedemos e toda vez que cedemos perdemos forças para o poder
do grito infantil.
É fundamental estabelecermos regras e dentre
elas, transmitir à criança que, na medida do possível, atendemos os seus
pedidos, mas não estamos dispostos a atender aos seus gritos. Também precisamos
mostrar a elas que o seu choro descontrolado e seus berros não nos
desestabilizam e não irão nos convencer. Mesmo que sejam pequenos, quando a
nossa decisão contrariar os seus interesses, devemos transmitir-lhes com
clareza, olho no olho, que nossa resposta é “não” e nos mantermos firmes na
decisão.
Outro fator que dificulta a correção das birras acontece quando os pais não possuem entendimento em relação à educação dos filhos. Sem unidade na decisão, cada um se posiciona de uma forma e a criança busca pelo facilitador. Falar a mesma língua é fundamental para corrigir as birras infantis, mesmo que o casal estejam separados.
Outro fator que dificulta a correção das birras acontece quando os pais não possuem entendimento em relação à educação dos filhos. Sem unidade na decisão, cada um se posiciona de uma forma e a criança busca pelo facilitador. Falar a mesma língua é fundamental para corrigir as birras infantis, mesmo que o casal estejam separados.
Não podemos nos esquecer da vovó boazinha que, com
toda a boa vontade do mundo, está sempre disposta a ceder para os pequenos.
Precisamos conversar com ela e expor nossa tentativa de acabar com as birras e
que esperamos contar com o apoio dela para o bem da criança.
Por fim, não devemos e não podemos esperar que os
filhos cresçam para nos posicionarmos em relação as suas manhas e birras. A cada
dia que postergamos atitudes, alimentamos a força dominadora e
manipuladora dos pequenos. Se não conseguirmos controlar uma criança de três ou quatro anos,
não será com quinze ou dezesseis que atingiremos o objetivo. Devemos
administrar as pequenas crises com coragem, paciência e sem fugas, cientes da nossa responsabilidade na formação dos nossos filhos e no futuro, certamente, colheremos os resultados de nossas ações.
Texto
de Celso Garrefa
(Amor-Exigente
de Sertãozinho)