Um certo dia, próximo ao final do ano, questionei um aluno dos anos iniciais, se seria aprovado, ele respondeu que não. – “Mas você não estudou, perguntei” e ele respondeu: - “Não adianta tio, meu pai falou que eu sou burro”.
Crianças
possuem uma enorme capacidade de internalizar as mensagens que recebem. Aquilo
que transmitimos aos pequenos durante essa fase da vida, eles absorvem com
grande facilidade e podem carregar ao longo da sua existência. Isso nos lança
um alerta sobre a maneira como nos dirigimos a eles.
Ao
serem insistentemente rotulados como burros, eles podem interiorizar isso como
verdadeiro e como consequência, apresentar reais dificuldades de aprendizagem.
O
uso de ofensas verbais direcionadas a uma criança, mesmo não deixando marcas
físicas, também é uma violência que deixa outras marcas, por vezes, muito mais profundas e
doloridas. Elas atingem o fundo da alma e curar as feridas interiores nem
sempre é possível.
Muitos crianças são atacadas dentro de casa: você
é um burro, você não presta pra nada, você é um inútil, você não faz nada direito. Esses
bombardeios dirigidos aos pequenos destroem sua autoestima e uma baixa
autoestima é um dos fatores de risco em relação ao uso de drogas. O elogio que nunca recebem dentro de casa, muitos vezes é encontrado nas ruas, porém, na rua ele pode conter interesses escusos, e por detrás deles conter armadilhas e propostas perigosas.
Na medida em que crescem, começam a reagir. Podem apresentar problemas
comportamentais e manifestar agressividades. Quando adultos tendem a reproduzir
esse ciclo, repetindo com os filhos a mesma agressividade verbal que foi
vítima.
Por
outro lado, não significa que vamos assistir aos comportamentos inadequados dos
pequenos de forma passiva, sem chamar-lhes a atenção, porém precisamos focar no
comportamento que desejamos corrigir e tirar o foco da criança, como pessoa. Podemos
e devemos adotar uma postura firme com os pequenos, diante de um comportamento que
precisa ser corrigido, mas não precisamos atacá-los com palavras ofensivas e
grotescas. Como sempre cita o programa Amor-Exigente, precisamos mostrar a eles
que nós o amamos, mas não aceitamos aquilo que eles fazem de errado.
Texto
de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
de Sertãozinho SP