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domingo, 9 de julho de 2023

POR QUE COMIGO?

Manter um sorriso no rosto, mesmo diante de um grande problema, não é uma atitude fácil de adotarmos, mas, ainda assim, devemos lutar bravamente para consegui-lo, não com o objetivo de mantermos as aparências, ou fingir que tudo está bem, mas como uma força impulsionadora capaz de nos fortalecer no enfrentamento do desafio.

Por vezes, diante dos percalços da vida, inconscientemente, queremos mostrar o quanto estamos sofrendo e externalizamos esse momento através do autoabandono, do isolamento, da tristeza profunda estampada no rosto. Isso significa potencializar um desafio que já é grande.

Manter a cabeça erguida, colocar um sorriso no rosto e abandonar o casulo no qual nos fechamos são os primeiros passos na direção de uma atitude interior positiva que nos permite enxergar o nosso desafio na medida certa, sem minimizá-lo, mas também sem o maximizar.

Rejeitar o muro das lamentações, parar de resmungar, abandonar o papel de coitadinho e buscar ajuda nos permitem um novo olhar sobre o desafio enfrentado, e assim, podemos parar de questionar: “por que comigo?”, “por que na minha casa?”, e compreender que muitas coisas que acontecem conosco possui um propósito que talvez ainda não sabemos, portanto, mudemos o questionamento: “para que isto aconteceu comigo?” “para que isto aconteceu na minha casa?"

As maiores pessoas que conheço e admiro nesta vida são pessoas que tiveram de vencer grandes desafios, e como tenho dito e repetido: sofrimento não é remédio que soluciona problemas, portanto, coloquemos um sorriso no rosto, abandonemos o sofrimento profundo e vamos à luta. 




Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 30 de abril de 2023

DEPENDÊNCIA QUÍMICA, É POSSÍVEL VENCÊ-LA

Muitos dependentes do álcool ou de outras drogas, após anos de problemas, perdas e sofrimentos, decidem abandonar o vício, porém, percebemos que são poucos que conseguem sucesso nesta batalha. A grande maioria para por dias ou semanas, mas não sustenta a sobriedade. Mesmo aqueles que internam em comunidades ou clínicas por meses, ao retornarem para o convívio em sociedade, parte deles sofrem as recaídas e voltam ao consumo da substância. 

Sabemos que não existe cura para a dependência, porém, é plenamente possível controlar a doença e para tanto é preciso contar com um conjunto de fatores capazes de sustentar uma vida sem drogas. Para obter o máximo de recursos necessários para a recuperação e manutenção da sobriedade são necessárias duas atitudes conjuntas: contar com uma rede de apoio e fazer a sua parte no processo de recuperação.

Quanto maior a rede de apoio, maiores as possibilidades de recuperação. Comunidades terapêuticas, clínicas, Caps-ad, grupos de apoio, o fortalecimento da espiritualidade, o apoio seletivo da família, etc., são recursos disponíveis que podem ser buscados. Contudo, nenhuma ajuda, nenhum serviço, nada será capaz de produzir resultados positivos se o dependente não está disposto a fazer o movimento que somente ele pode fazer na construção da sobriedade. 

Não é possível ajudar quem não deseja ser ajudado ou quem espera que os outros resolvam o seu problema, sem que nada precisem fazer. Recuperação é um processo a ser construído, que exige perseverança e muita determinação. 

Por fim, precisam também compreender que a recuperação é construída por etapas, em uma busca contínua e permanente. Mesmo quando se sentem bem e sem fazer uso, precisam continuar seu tratamento. O auge da recuperação é atingido quando desenvolvem a interdependência, ou seja, receber apoio ao mesmo tempo em que oferece apoio para quem precisa. 

Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 30 de janeiro de 2022

O CONHECIMENTO SEM A PRÁTICA, DE NADA SERVE

O conhecimento é um dos maiores recursos que o ser humano pode adquirir. Ele não ocupa espaço, não se gasta e ninguém pode roubá-lo, no entanto, o saber apenas faz sentido se utilizado. Um conhecimento, por maior que seja, se não colocado em prática, não possui valor algum.

Também não podemos confundir conhecimento com informação. Atualmente, com a evolução tecnológica, o volume de informações que chegam até nós é estrondoso, porém, nem sempre confiável. É evidente que o saber começa pela informação, mas ela precisa ser filtrada, refletida, analisada, questiona e avaliada, para depois ser absorvida de acordo com nossas convicções. Buscar fontes confiáveis é importante, pois tem muita ignorância travestida de especialidade. 

Uma vez adquirido, o conhecimento precisa ser colocado em prática. Não adianta saber que precisamos controlar a alimentação, se não a controlamos. De nada vale reconhecer que o álcool é um problema se continuamos fazendo uso abusivo dele. Não adianta participar de infinitas reuniões de grupo, mas não modificarmos em nada a nossa vida. Não possui produtividade assistir a uma palestra maravilhosa, mas não absorver nada para o nosso dia a dia. Perdemos tempo lendo um bom livro, sem que dele nada tiramos proveito. 

Além de colocarmos os nossos conhecimentos em prática, também devemos repassá-los. O saber, diferente das coisas, não se gasta, pelo contrário, quanto mais utilizamos, quanto mais repassamos, mais ele se intensifica, por isso, podemos usá-lo sem egoísmo e sem moderação.

O domínio do conhecimento, sem a prática, não modifica, não transforma e não serve para nada, portanto, que sejamos sábios e façamos dos nossos saberes instrumentos de crescimento e evolução e assim, que possamos ficar cada vez melhores. 


Celso Garrefa

domingo, 7 de novembro de 2021

POSICIONAMENTOS FRÁGEIS, MANIPULAÇÕES FORTES

Quando ele quer, não tem jeito, tem que dar, senão ninguém aguenta, reclama a mãe, após a insistência perturbadora do filho de apenas cinco anos. Oras, se não aguentamos a pressão de uma criança...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  




segunda-feira, 16 de março de 2020

LIMITES: SUPERAR OU FREAR?

(Foto da internet)
Limites muitas vezes são vistos como uma barreiras paralisantes, no entanto, dependendo do contexto, devemos analisar nossos limites sob dois pontos de vista. Há momentos em que o objetivo será superá-los, com garra e determinação, e existem situações em que devemos tomar atitudes para interromper um processo antes de atingirmos nossos extremos e a consciência sobre os limites dos nossos recursos é o fator que delimita os momentos em que precisamos frear e os momentos em que é possível superá-los com determinação. 
Em relação a determinadas situações, limites não devem ser vistos como um ponto final, nem utilizados como justificativa para a acomodação, mas sim, como possibilidades de crescimento, de evolução. Essa busca pela superação deve relacionar-se as situações positivas, ou seja, aquelas que são saudáveis e que sua superação tende a nos fazer bem, a nos melhorar.
Como exemplos, podemos ampliar nossa busca por mais conhecimento, melhorar nosso desempenho no trabalho, lutar por melhores condições de vida, encarar situações novas, experimentar novos desafios, abandonar nossa zona de conforto, etc.
Por outro lado, existem momentos que vivenciamos sérios problemas, que exigem ação rápida. Em relação a esses momentos não precisamos esperar atingir nossos extremos para tomarmos atitudes, mas antecipar nossas ações. Empurrar o problema com a barriga, numa crença cega de que as coisas se resolverão por si só apenas faz aumentar nossos dramas e nos expõe a alto grau de risco.
Como exemplo, observemos os dependentes do álcool ou de outras drogas. A cada dia o problema cresce, ganha intensidade, causa danos severos e a resistência em buscar ajuda é enorme. Muitos, somente aderem ao tratamento quando atingem a degradação total, o limite, que alguns preferem chamar de fundo do poço, outros de fundo da fossa. Na família não é diferente. Vivem um drama crescente a cada dia, minam todos os seus recursos e nutrem uma ilusão de que as coisas mudarão por si só. Seguem procrastinando até os limites das suas forças e só buscam ajuda quando não aguentam mais.
Nessas situações, a grande sacada é despertar antes do colapso total, agindo o mais rápido possível para solucionar o problema. Caso seja necessário, podemos buscar ajudar e nos mover, pois esperar até o último segundo para tomarmos uma atitude poderá ser tarde demais. Existem momentos em que precisamos ser sábios, pois, como sugere um velho ditado, sábio é aquele que dá valor ao que tem, antes de perder.
Celso Garrefa
Sertãozinho SP

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

NADA MUDA SE VOCÊ NÃO MUDAR - FELIZ 2019

Chegamos ao final de mais um ano, e como um ciclo que se completa, é a oportunidade para refletirmos sobre este que agora se encerra e nos prepararmos para a entrada do novo período. Momento oportuno para  traçarmos novos planos e alçarmos novos voos.

Período em que manifestamos, com maior intensidade, o desejo de mudanças, mas mudanças somente acontecem a partir das ações. Muitos são aqueles que, ano após ano repetem o discurso de que precisam mudar, mas não entram no campo da ação, restando, futuramente, a lamentação: eu deveria ter mudado.

Mas, nada muda se eu não mudar. Não adianta pular ondinhas no mar, comer lentilhas na virada ou se vestir de branco ou amarelo, se não nos propormos a modificar comportamentos, abandonar a falação e entrar no campo da ação. 

          Também precisamos nos conscientizar de que as mudanças que tanto desejamos não é algo que alcançamos num instalo ou impulso. A busca pelo imediatismo gera frustrações e como consequência, muitos abandonam os seus projetos. As mudanças tão desejadas não devem se limitar às promessas feitas no último dia do ano, mas um processo em construção contínua e permanente.

Todo plano exige ação, disciplina e perseverança, pois dificilmente alcançamos objetivos, sem traçarmos metas. Sem atitudes novas, o novo ano não passará de uma mudança de data no calendário.

E nesta oportunidade desejo a todos um ano de 2019 de muita paz e realizações. Força, fé e alegria.

            Celso Garrefa
            Sertãozinho SP

sábado, 16 de junho de 2018

À ESPERA DE UM MILAGRE

(Imagem da internet)
A dependência do álcool ou de outras drogas é um problema complexo que, além do dependente, afeta toda a família, no entanto, percebemos certa relutância de muitos familiares em participarem das reuniões de grupo.

    Isso ocorre por diversas razões, a começar pela preocupação em expor o problema, temendo pelo julgamento ou crítica das pessoas. Acreditam que sozinhos serão capazes de resolver a situação e demoram em procurar a ajuda do grupo. Quando procuram estão tão aflitos e desesperados que buscam uma solução mágica, uma receita pronta capaz de solucionar, em apenas um encontro, um problema de alta complexidade que se arrasta por anos.

     Muito pais não compreendem a importância de se trabalhar o grupo familiar do dependente, julgando que o problema é dele e assim, ele que resolva. 

         Há também os familiares disfuncionais, carregadas de comportamentos inadequados. Estes vivem condenando o dependente o tempo todo, no entanto, são incapazes de olharem para si mesmos e reconhecerem os seus próprios desajustes. Quando percebem que o programa também cobrará deles uma mudança de comportamento que não estão abertos, nem dispostos a fazê-lo, preferem se afastar.

           Outras famílias não têm coragem para abandonar sua zona de conforto. Acomodam-se em seu pequeno mundo, não se abrem para novos aprendizados e preferem buscar justificativas para tudo. Nada fazem para solucionar o problema e vivem a espera de um milagre.

       Aqueles que permanecem nos grupos são famílias que entendem a proposta do programa e compreendem que a recuperação do dependente é um desafio que envolve todo o grupo familiar, em um processo construído a cada encontro semanal.

Quando me perguntam se o Amor-Exigente é para quem tem problemas, costumo responder que não. Problemas todos nós temos. O Amor-Exigente é para pessoas perseverantes e determinadas em buscar soluções para os seus problemas, com a certeza de que quando fazemos a nossa parte, a providência divina se manifesta e então o milagre acontece.



Texto de Celso Garrefa 
Sertãozinho SP

domingo, 25 de junho de 2017

DIA INTERNACIONAL DE COMBATE ÀS DROGAS - ESTAMOS PERDENDO ESSA GUERRA

Criado pela ONU em 1987, o Dia Internacional de Combate às Drogas completou mais de trinta anos e ao longo deste tempo não vemos motivos para comemorarmos. As estatísticas apresentam número crescente de usuários, com iniciação cada vez mais cedo. O tráfico está cada vez mais ousado e nossas cidades possuem pontos de venda em cada esquina. O que está dando errado?

Acredito que só vamos conseguir resultados significativos e redução do consumo das drogas quando atuarmos nos dois eixos. Um deles é o combate ao tráfico, que envolve o papel da polícia, da inteligência, dos legisladores.  O outro é tirarmos o foco das drogas, que é uma substância inanimada e investirmos no sujeito.

O segundo eixo merece extrema importância, pois, não é a droga que vai até o sujeito, mas o sujeito que vai até ela e como todo comércio, existe a lei da procura, onde o tráfico se sustenta. Infelizmente, quase nada vemos nesse sentido. Estamos em plena semana internacional de combate às drogas e o que você viu de campanha nestes dias?

As drogas ilícitas e outras lícitas consumidas abusivamente, como o álcool, são um dos maiores desafios que assolam a humanidade e parece-nos que estamos todos cochilando quando o assunto é esse. Vemos campanhas maravilhosas e necessárias, como o outubro rosa ou a campanha de preservação do meio ambiente. Nas escolas, a campanha sobre dengue é fantástica.  Mas quando o assunto é drogas, pouco se vê.

Estamos perdendo essa guerra porque menosprezamos o inimigo. As drogas é um perigo iminente e todas as nossas crianças correm riscos. Os pais têm medo de falar com seus filhos sobre o assunto, poder público é ineficiente no tratamento aos dependentes do álcool e outras drogas e não se interessa pela prevenção. Não disponibilizam recursos para trabalhos preventivos, cujo custo é barato, enquanto isso os problemas instalados sugam, sem piedade, recursos públicos na área da saúde, segurança, previdência e social. Faltam espaços públicos onde os jovens possam se identificar com outros prazeres, que não sejam os ilusórios das drogas.

Muitas de nossas escolas estão omissas em relação ao assunto. É preciso trazer o tema ao debate em sala de aula. Orientar nossas crianças e jovens, trazendo informações de qualidade. Não adianta ensinar um aluno sobre o que aconteceu na época do império se não discutirmos com eles sobre os perigos atuais. Não adianta formarmos doutores, sem formarmos cidadãos.

O combate às drogas somente colherão resultados positivos quando pensarmos em estratégias de curto, médio e longo prazo. Quando intensificarmos o foco no sujeito, que é o agente da ação e quando a cegueira familiar, social e pública retirar o véu do preconceito, da acomodação e do medo, e acordar para essa triste realidade, que cada vez mais destroem nossas crianças e jovens e consequentemente, toda a família.

Precisamos parar de enxergar esse problema como algo distante. Ele bate a nossa porta e todos nós, direta ou indiretamente, sofremos as consequências do consumo abusivo das drogas. Precisamos nos mover, caso contrário, mais trinta anos se passarão, sem enxergamos resultados positivos.

           


Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 10 de junho de 2017

AÇÃO OU REAÇÃO (SOFRIMENTO NÃO É REMÉDIO QUE CURA DEPENDÊNCIA)

               
Conviver com um dependente do álcool ou de outras drogas dentro de casa é uma situação insana que leva muitos familiares ao desespero.  Como muitos não estão preparados para enfrentar esse desafio, não sabem como agir e numa tentativa desesperada de solucionar o problema apenas reagem às atitudes do outro. Essas reações, além de não solucionar o problema, são combustíveis para os conflitos.

            Criar conflitos é uma especialidade de muitos adictos. Enquanto na ativa são verdadeiros mestres na arte das chantagens, das manipulações, das ameaças. Sabem perfeitamente bem quando é hora de fazer barulhos e quando é hora de se fingirem de coitadinhos.
                                                                      
            Precisamos buscar o equilíbrio necessário para não abraçarmos uma loucura que não nos pertence. Aquele que está alterado pelos efeitos das substâncias entorpecentes é ele, não nós. Se chegarem gritando, não adianta gritarmos mais alto. Se estiverem buscando o conflito, nada resolve entrarmos no embate. Não é o momento de confrontarmos enquanto estão sob o efeito das drogas.

            Não é esse o momento de tentarmos o diálogo, pois eles não estão em condições de nos ouvir. Não é hora que atacá-los com palavras ofensivas, ameaçá-los ou agredi-los. Nada disso resolve. O mundo do conflito é o mundo deles, não pode ser o nosso. Entrar nesse jogo é derrota certa. As reações não possuem um propósito. São motivadas pelo desespero, seja porque perdemos a paciência ou porque estouramos nossos limites emocionais. Seja porque estamos com raiva ou porque não sabemos o que fazer.

            Outra forma de reação, e isso é uma característica marcante da codependência, é anularmos nossa existência, entregando-a por completo para o domínio do adicto, ou seja, paralisamos todas as nossas ações e apenas reagimos de acordo com os comportamentos deles. Só conseguimos ficar bem se ele estiver bem. Só conseguimos dormir à noite, se ele estiver em casa.         Só vamos às reuniões se ele também for. Tudo o que ele deseja, atendemos prontamente. Em geral, deixamos de viver a nossa vida para viver a dele, transformando-o no centro do universo da casa.

            Precisamos trocar as reações por ações. Isso exigirá, de nós, a busca de um equilíbrio emocional e comportamental adequados para lidarmos com uma situação de grande complexidade, sem, no entanto, entrarmos no desespero e na loucura do outro. Abandonar as reações não significa aceitarmos tudo aquilo que o outro faz de errado e se calar, pelo contrário, significa parar de reagir para agir de acordo com nossa personalidade. Significa tomarmos atitudes e nos posicionarmos com muita firmeza e clareza.

            Quando trocamos nossas reações por ações assumimos o nosso domínio, sem transferir o controle da nossa vida a uma pessoa adoecida pela dependência. Isso significa que devemos fazer tudo aquilo que precisa ser feito, sem medir esforços na busca da solução do desafio, mas cuidando para que o problema não nos adoeça mais que o próprio dependente, pois um doente não tem forças para ajudar o outro e, como tenho dito, sofrimento de pais não é remédio capaz de salvar nossos filhos.
           



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
 de Sertãozinho SP


sábado, 3 de junho de 2017

INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA, INVOLUNTÁRIA OU COMPULSÓRIA

Nos últimos dias, em razão da ação realizada naquela região central de São Paulo, conhecida popularmente como cracolândia, muito tem se falado sobre internações de dependentes químicos e sobre a legalidade ou não de interná-los contra a própria vontade.

Primeiro, faz-se necessário esclarecermos as diferenças relacionadas aos três tipos de internação: voluntária, involuntária e compulsória. A internação voluntária é aquela que se dá a partir da decisão do próprio dependente, que aceita ou pede por ajuda. A internação involuntária não depende da aceitação do dependente. Essa modalidade de tratamento é realizada por iniciativa dos familiares do usuário. Já a internação compulsória ocorre por determinação judicial, fundamentada por lado médico.

Diante destas possibilidades devemos refletir sobre qual o tratamento mais adequado para cada situação, pois uma escolha mal feita poderá resultar em desfecho adverso ao esperado.  Os tratamentos para dependência química são subjetivos e, assim sendo, devemos levar em consideração as diferenças e individualidades de cada um.

O primeiro questionamento a nos fazermos é sobre se existe mesmo a necessidade da internação, pois existem outras modalidades de tratamento sem que, necessariamente, seja preciso retirar a pessoa do convívio familiar. É indicado para dependentes que já admitiram a dependência e que se dispõe a buscar por ajuda, que pode ser através de tratamento ambulatorial, junto aos Caps, através de profissionais qualificados, ou por meio de grupos de auto e mútua ajuda como AA, NA, Grupos de Sobriedade do Programa Amor-Exigente, Pastorais da Sobriedade, etc.

A internação voluntária é indicada para o dependente que não consegue manter-se na sobriedade e pede para ser internado. Antes da internação é importante saber se essa decisão é concreta ou ele está buscando uma fuga porque está carregado de dívidas, ameaçado ou se é uma decisão por impulso. Se assim for, a estadia na clínica ou comunidade terapêutica será breve, pois, assim como a internação acontece pela própria vontade do dependente, o abandono do tratamento também só dependerá dele.

A internação involuntária é indicada para o usuário que atravessa uma fase crítica de dependência, porém não reconhece a necessidade de se tratar, recusa qualquer tipo de abordagem e não aceita ser internado. Neste caso, os familiares poderão tomar a decisão por ele, internando-o em clínicas para tratamento. Como a internação acontece por decisão dos familiares, a interrupção do tratamento precisará também do aval deles e o término da internação acontecerá por alta médica.

Já a internação compulsória é indicada para o dependente que perdeu por completo o domínio de si mesmo. Muitos destes já apresentam comorbidades, ou seja, outras doenças associadas à dependência, como por exemplo, transtorno psicótico. Essa modalidade de internação ocorre por determinação judicial, fundamentada em laudo médico.

Há quem, justificando questões éticas, defenda a ideia da ilegalidade em se internar alguém contra a própria vontade, porém, precisamos ter claro que muitos dependentes químicos, em grau avançado, perderam o domínio de sua própria vontade. Em um comparativo, se assistirmos alguém se afogando, sem forças para pedir por ajuda, o que fazemos? Precisamos intervir.

Aos familiares de dependentes químicos, não tomem decisões por impulso. Busquem por ajuda, apoio e orientação. Procurem se informar, conhecer sobre cada modalidade de tratamento, discuta qual a melhor forma de tratamento para o dependente. Se possível, ouça-o. Lembrem-se sempre: familiares de dependentes também adoecem e precisam de cuidados. Contem sempre com os grupos do Programa Amor-Exigente.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 18 de março de 2017

NÃO DESISTA DO SEU FILHO

Não é tarefa fácil lidar com um filho dependente químico. Os pais aconselham, imploram, gritam, oferecem ajuda, porém eles parecem não ouvir. Algumas vezes prometem mudanças, mas na prática nada acontece. Continuam mentindo, manipulando e usando substâncias ilícitas. Os pais esgotam todos os seus recursos e chega um momento em que pensam até em desistir.

Compreendemos o quão é difícil vivenciar essa situação, mas não podemos desistir dos nossos filhos. Por vezes, dá vontade de jogar tudo para o alto, lavar as mãos e deixá-los a própria sorte, no entanto, essa opção em nada colabora para a solução do problema. Eles precisam da ajuda dos pais, mesmo que não demonstrem ou a recusem.

No entanto, não podemos confundir ajuda e apoio com facilitação e aceitação do uso. Por vezes, vamos precisar tomar atitudes concretas, estabelecer regras na casa e nos posicionar diante dos seus comportamentos. Cortar mordomias e regalias, ou seja, deixá-los perceber que sua opção pelas drogas causam-lhes prejuízos. 

As drogas proporcionam prazer e esse é um dos fatores que dificulta a decisão por deixá-las. Um dependente só começa a pensar em abandoná-las quando os prejuízos pelo uso forem maiores que os prazeres. Não existe possibilidade de sucesso enquanto eles continuarem usufruindo dos prazeres, enquanto os pais arcam com os prejuízos.

Por isso precisamos de posicionamento firme e tomadas de atitudes concretas, mas que não sejam movidas por sentimentos de raiva ou vingança, e sim visando atingir objetivos para solucionar o problema. Devem ser fundamentadas pelo amor, mas um amor sábio - "É porque eu te amo que eu não aceito que você continue usando drogas, e por te amar tanto não posso assisti-lo se destruir a cada dia, sem nada fazer".

Nem sempre eles estão dispostos a nos ouvir ou a seguir as regras da casa. Desejam continuar usando drogas e, mesmo assim, continuar a usufruir de facilidades e mordomias. Muitos destes não trabalham e são bancados pelos pais. Quando percebem que não terão mais facilitação para o uso, alguns preferem sair de casa e continuar usando drogas a aceitar nosso apoio.

Essa é uma escolha deles, mas, mesmo assim, não devemos desistir e transmitir-lhes, com muita clareza que, caso aceitem nossa ajuda para abandonar a dependência, podem contar sempre conosco, só não estamos dispostos a aceitar as drogas que eles consomem, como cita o Programa Amor-Exigente: Eu amo você, mas não aceito as coisas que você faz de errado".

           Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 16 de julho de 2016

MAIS AÇÃO, MENOS FALAÇÃO

(Imagem da internet)
Não são poucas as famílias que convivem com um dependente do álcool ou de outras drogas dentro de casa. Em geral, elas tentam ajudá-los a abandonar o vício e a primeira tentativa que utilizam é a conversa, mas para lidar com um problema tão complexo como este não bastam apenas palavras. Não se consegue avanços significativos com um dependente apenas na base do diálogo. 

Por vezes, é preciso mais, é preciso ação e atitude. No entanto, por razões diversas, os familiares relutam em entrar em ação e tomar atitudes e assim, o problema vai se arrastando ao longo do tempo. Na base da conversa, o dependente costuma reagir de duas formas: ou não está a fim de papo, manifestando toda uma reação com certa agressividade, ou ele ouve, promete mudanças, mas suas promessas não se sustentam.

Nesse ritmo, o dependente se acostuma com muito blá, blá, blá e acomoda, sabendo que nada acontece. Por vezes, promete melhoras e a família dá uma relaxada, no entanto, esta tranquilidade não dura mais que alguns dias, tornando-se um ciclo repetitivo. Ele usa, a família reclama; ele promete mudanças, a família acredita; ele para por alguns dias e de novo volta a usar.

Outra razão que faz a família demorar a agir é o medo. Medo de tudo. Medo das reações do dependente, medo de que ele possa piorar, medo de que ele saia de casa, medo de perder. Alguns desses medos são justificados, outros são enganos. Uma análise crítica é importante para diferenciarmos os riscos reais dos imaginários e buscarmos apoio para encará-los.

Nem sempre dá para esperarmos o dependente tomar uma atitude. Nem sempre ele está ou tem condições de fazê-la. Cabe aos familiares entrar em ação, mover-se. Não precisamos virar a mesa da noite para o dia, mas dentro das nossas capacidades, precisamos abandonar a falação e começar a agir, caso contrário, o problema se perpetua e gera frutos, como citou, brilhantemente, a Sra. Liane Castrillon, em uma das edições da “RevistAE:

     "Não basta pôr uma pedra em cima, deixar no freezer à espera do tempo para solucionar. Geralmente, o compasso da espera degringola em problemas filhotes... e aí, o elenco aumenta”.

     Para mudarmos os rumos daquilo que não está dando certo é necessário abandonarmos a falação, que empurra o problema com a barriga e entrarmos em ação. Quando apenas falamos, o outro apenas ouve, quando agimos ele precisa se adaptar e se enquadrar às nossas ações. Este é o segredo.


                        Texto de Celso Garrefa
                        Amor-Exigente de Sertãozinho SP

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EU AMO VOCÊ, MAS NÃO SUAS ATITUDES

Conviver com pessoas dependentes do álcool ou de outras drogas é um desafio para muitos familiares. Sem uma base orientadora, muitos desviam do foco do problema, dificultando a busca da solução para o desafio enfrentado.

Existem várias formas de desviar do foco. Uma delas é atacar o dependente, sem critério algum. O sujeito dependente do álcool costuma ser massacrado pelos familiares, muitas vezes taxando-o como vagabundo, sem vergonha ou traste, no entanto, são muitos que possuem problemas com o uso do álcool, mas não são vagabundos. Buscar o foco significa desaprovar o comportamento inadequado e não a pessoa em si - “Eu amo você, mas isso não me obriga a amar as suas atitudes que desaprovo"

            Outra forma de desviar do foco é diminuir o tamanho do problema, buscando justificativas constantes para minimizar a dependência do outro. – “Ele usa drogas, mas é tão carinhoso”. Mesmo na dependência, muitos ainda preservam pontos positivos que devem ser valorizados, mas é preciso cuidado para, em função do ponto positivo, não nos tornarmos passivos diante dos pontos negativos. O foco é valorizar os pontos positivos, sem fazer deles desculpas para aceitar os comportamentos negativos que precisam ser trabalhados e corrigidos.

            A maximização do problema enfrentado também nos tira do foco. Essa atitude causa nos familiares sofrimentos gigantescos, tendo em vista que enxergam o problema com uma dose exagerada da realidade. Acreditam, por exemplo, que devido ao uso das drogas, alguém vai matá-lo, ou que vai morrer a qualquer momento. Essa visão exagerada e negativista só traz pânico aos familiares e em estado de desespero, paralisam.

           A negação também desvia do foco. Negar a existência da dependência é característico do próprio dependente e os familiares precisam cuidar para não entrarem nesse jogo. Negar o óbvio pode servir  como uma forma inconsciente de se proteger do sofrimento advindo do convívio com o adicto, mas em nada contribui para o enfrentamento do desafio. Quando negamos um problema, estamos nos enganando e assim, acomodamos. Por mais doloroso que seja, precisamos aceitar a realidade e assim, visualizar com clareza e coragem a atual e real situação.

            Outra forma importante de desviar-se do foco acontece com os familiares em relação a sua própria vida. Afetados pela codependência, muitos pais e mães, equivocadamente, abandonam a própria existência e assim param de se olhar, de se cuidar. Abandonam a vida social, preferindo se esconder. Propositadamente ou de forma inconsciente muitos exteriorizam um sofrimento profundo numa doce ilusão de que o dependente perceba que está causando sofrimentos alheios e assim possa escolher mudar sua condição.  Ficar sem se alimentar, sem dormir direito, abandonar o emprego ou se culpar não é o foco, não possui nenhuma relação direta com a dependência do outro e em nada ajuda no enfrentamento do problema. Costumo citar, com frequência, que sofrimento de pais não salva filhos.

            Direcionar nossas atenções ao foco do problema significa agir com assertividade, assim, sofremos menos, ganhamos tempo e equilíbrio. Conviver e lidar com pessoas dependentes exige objetividade e quando concentramos nossos esforços no âmago do problema, chegamos mais perto de solucioná-lo. 
           
                        Texto de Celso Garrefa
                        Amor-Exigente de Sertãozinho

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...