domingo, 4 de novembro de 2012

SIM, SE POSSÍVEL; NÃO, SE NECESSÁRIO


     
       Um dos maiores desafios enfrentado pelos pais, na educação dos filhos, é a coragem para dizer-lhes um “não”, como resposta, dentro de casa.

Isso acontece por razões variadas. Há aqueles que, equivocadamente, acreditam que devem ser sempre “bonzinhos”, e assim serão respeitados e valorizados, com isso, criam no ambiente familiar a trágica regra do proibido proibir; outros não possuem personalidade suficiente para resistir às pressões dos pequenos e cedem facilmente no primeiro grito ou birras das crianças. Há aqueles que conviveram com regras muito duras, passaram por grandes dificuldades e lutam para reverter isso em relação aos filhos, tornando-se extremamente permissivos. Também existem os passivos, que não querem trabalho e fazem o máximo para evitar conflitos. Lutam para não contrariá-los e assim, conseguem o que buscam: a paz momentânea.

Nossos filhos são nossa responsabilidade e é no ambiente familiar que eles precisam aprender a conviver também com os “nãos”. Poupá-los de toda e qualquer frustração não os protegem dos desafios da vida, pelo contrário, fragilizam.

Ao pouparmos os filhos dos "nãos" apresentamos a eles um mundo irreal, um mundo de fantasias, em que todos os seus desejos são  atendidos e ninguém pode contrariá-los, com isso, eles assimilam a ideia da onipotência, acreditando que tudo podem, entretanto o mundo real não é assim. Os desafios no decorrer da existência são muitos e a sociedade não terá o menor pudor em dizer-lhes um "não".

Quando desacostumados aos “nãos" é possível que se percam, se descontrolem ou se compliquem no primeiro revês da vida real. Não raro, assistimos através da mídia, notícias de jovens atentarem contra a própria vida ou mesmo contra a vida de outros pelo simples fato de não estarem preparados para suportar uma frustração. 

Acostumados a somente ganhar, a tudo ter, a tudo poder e tudo fazer, convivendo com a permissividade excessiva e sem que nada em troca lhes sejam cobrados, os filhos assimilam a ideia de que seus desejos são direitos e portanto, devem ser atendidos prontamente. Não aceitam um "não" como resposta e as exigências crescem como uma bola de neve, até atingir limites inimagináveis. Quando o "não" chega tarde demais, não é compreendido e gera revolta.

    Consideremos, ainda, que, quem não aprende o que é um "não" dentro de casa poderá encontrar dificuldades para se posicionar diante das pressões exercidas pelos grupos fora do ambiente familiar. Como ele não aprendeu o que é um "não", poderá enfrentar problemas para se posicionar, para fazer boas escolhas e para recusar o que não lhe serve, tornando-se alvo de fácil manipulação para a malandragem ou grupos mal intencionados.

Uma boa educação exige atitude e posicionamento. Não é assertivo dizer sim, como responta, quando o desejo e vontade era dizer um "não". O "sim" pode e deve prevalecer sempre que for possível, entretanto, o “não” precisa acontecer com firmeza e coragem, sempre que  necessário. No futuro os filhos agradecerão.

               Texto de Celso Garrefa
               Sertãozinho SP

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