A dependência química e o
alcoolismo são reconhecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma
doença de característica progressiva e incurável, no entanto, plenamente
controlável. Um dos pontos fundamentais para o controle dessa doença é reconhecer o seu poder. Um deslize pode ser o bastante para acabar com um processo de recuperação de anos, por isso, em se tratando de dependência, não há espaço para testes.
Isso vale tanto para o dependente em recuperação como
também para seus familiares. Toda vez que o sóbrio cita ser um dependente em
recuperação costuma assustar a família, mas é pensando assim que ele reconhece
o poder da doença, não se colocando em situações de risco,
Ao
afirmarem que estão curados, enganam-se e ao mesmo tempo satisfazem aos anseios da
família, pois essa é a resposta que ela deseja ouvir, porém é exatamente aí que reside o perigo. Quando acreditam que já estão bons, muitos iniciam um processo de testes. Como se sentem curados, alguns acreditam que podem
frequentar os mesmos locais de antes, outros acham que
podem beber só um pouquinho, abandonar os grupos e afastar-se da sua religião.
Em relação à família, também precisam entender e aceitar essa realidade. Não se testa
dependente. Já vi muitos familiares oferecerem bebida ao alcoólatra argumentando que uma só não dá nada. Outros deixam dinheiro à vista para
testar se o recuperando está bom mesmo, e há aqueles que acreditam que, por
fazer tanto tempo em sobriedade, só um pouquinho não fará mal. Muitos desconhecem a relação perigosa do álcool e algumas drogas e sugerem
trocas. Sugestão danosa.
A
família também precisa parar de insistir para o recuperando fazer algo que ele não
deseja fazer. Se acontecer uma festa familiar e ele não deseja participar,
devido ao volume de bebidas que rodeiam esses eventos, precisamos respeitar seu
momento. Não somos nós que sabemos o quanto ele está preparado para isso, mas
ele próprio.
Em
festas, amigos verdadeiros são raridades. Contam-se aos dedos aqueles que compreenderão
sua luta, enquanto que o grande volume irá tentar manter o seu
copo cheio ou lidar com ironia, por exemplo, quando ele pede um suco em substituição
ao álcool.
Também
é preciso cuidado com sugestões e receitas de pessoas que adoram apresentar soluções para
tudo, mas nada conhecem sobre o assunto. Mais do que se testar ou testar o
dependente, a receita para a manutenção da sobriedade é a busca por informações,
é o contato permanente com os grupos de apoio e o alicerce espiritual. Alcoolismo e dependência química têm controle e esse controle não possui data de validade, portanto, só por hoje não vamos realizar teste algum.
Sertãozinho SP