domingo, 8 de outubro de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NÃO SE TESTA

         
    A dependência química e o alcoolismo são reconhecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença de característica progressiva e incurável, no entanto, plenamente controlável. 
Um dos pontos fundamentais para o controle dessa doença é reconhecer o seu poder. Um deslize pode ser o bastante para acabar com um processo de recuperação de anos, por isso, em se tratando de dependência, não há espaço para testes.

            Isso vale tanto para o dependente em recuperação como também para seus familiares. Toda vez que o sóbrio cita ser um dependente em recuperação costuma assustar a família, mas é pensando assim que ele reconhece o poder da doença, não se colocando em situações de risco,

Ao afirmarem que estão curados, enganam-se e ao mesmo tempo satisfazem aos anseios da família, pois essa é a resposta que ela deseja ouvir, porém é exatamente aí que reside o perigo.  Quando acreditam que já estão bons, muitos iniciam um processo de testes. Como se sentem curados, alguns acreditam que podem frequentar os mesmos locais de antes, outros acham que podem beber só um pouquinho, abandonar os grupos e afastar-se da sua religião. 

Em relação à família, também precisam entender e aceitar essa realidade. Não se testa dependente. Já vi muitos familiares oferecerem bebida ao alcoólatra argumentando que uma só não dá nada. Outros deixam dinheiro à vista para testar se o recuperando está bom mesmo, e há aqueles que acreditam que, por fazer tanto tempo em sobriedade, só um pouquinho não fará mal. Muitos desconhecem a relação perigosa do álcool e algumas drogas e sugerem trocas. Sugestão danosa. 

A família também precisa parar de insistir para o recuperando fazer algo que ele não deseja fazer. Se acontecer uma festa familiar e ele não deseja participar, devido ao volume de bebidas que rodeiam esses eventos, precisamos respeitar seu momento. Não somos nós que sabemos o quanto ele está preparado para isso, mas ele próprio.

Em festas, amigos verdadeiros são raridades. Contam-se aos dedos aqueles que compreenderão sua luta, enquanto que o grande volume irá tentar manter o seu copo cheio ou lidar com ironia, por exemplo, quando ele pede um suco em substituição ao álcool.

Também é preciso cuidado com sugestões e receitas de pessoas que adoram apresentar soluções para tudo, mas nada conhecem sobre o assunto. Mais do que se testar ou testar o dependente, a receita para a manutenção da sobriedade é a busca por informações, é o contato permanente com os grupos de apoio e o alicerce espiritual. Alcoolismo e dependência química têm controle e esse controle não possui data de validade, portanto, só por hoje não vamos realizar teste algum.
           


Texto de Celso Garrefa

 Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

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