(Imagem extraída da internet) |
Muitos
familiares, movidos pelo desespero, cometem algumas
loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por
impulso e sem uma base orientadora, além de não produzir o efeito esperado, ainda podem minar todos os recursos da família.
Ouço com frequência algumas ideias equivocadas em relação à solução do
problema. Muitos idealizam mudar para outra cidade, de preferência
o mais longe possível, acreditando que, ao tirar o filho do atual ambiente, tudo
se resolve. Enganam-se. O problema está na pessoa e não no local. Como
ele possui enorme capacidade para identificar os seus iguais, rapidamente está novamente na ativa.
Outros
pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Há mães que abandonam um emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá
controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais
alto que a sua capacidade de contê-lo. Tem familiares que vendem a própria casa, destroem suas estruturas, casais se separam, outros se enchem de dívidas e o problema
permanece.
Muitos
gastam absurdos em clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde
ele, apesar de todo dano causado, é premiado com piscinas de água quente,
saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao
tratamento.
Existem,
ainda, muitos familiares que gastam horrores bancando a
dependência do filho, imaginando, enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo.
Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o
dependente continua fazendo uso descontrolado com apoio da família.
É
óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Mantê-lo em uma internação também tem seu preço, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar
sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com pessoas que exploram o momento difícil que está vivenciando. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos
e seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou, inclusive os gastos no tratamento.
Por
tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as
trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos
limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir
no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, que é, sem dúvidas, o pior
dos nossos enganos.
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP