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terça-feira, 9 de julho de 2024

TOMADA DE ATITUDE: SEM AÇÃO NÃO EXISTE SOLUÇÃO

A dependência do álcool ou de outras drogas é um problema crescente, que tem afetado muitas famílias. Diante do desafio, muitas delas percebem a necessidade de fazer alguma coisa, tomar alguma atitude, visando a correção da situação incômoda e indesejada.

A primeiro atitude dos familiares é tentar convencer o dependente a mudar de vida, utilizando a tática do convencimento com palavras e conselhos, no entanto, estamos diante de um problema complexo, multifatorial e de difícil solução. Não é nada fácil convencer o dependente a mudar de vida apenas com palavras, se este não está disposto a nos ouvir e quem mais precisa de conselhos são aqueles que menos desejam recebê-los.

A busca da solução para o problema vai além das palavras. Exige ação, atitude. Enquanto apenas falamos a outra parte ouve, ou finge ouvir e nada acontece; quando tomamos algumas atitudes ela precisa se ajustar às nossas mudanças. 

Em primeiro lugar precisamos acabar com as ameaças vazias, que em nada colabora para a solução do problema. Cada ameaça não executada aumenta o descrédito em nossos posicionamentos. Quantas vezes ameaçamos não dar mais dinheiro, e basta uma insistência e cedemos, quantas vezes ameaçamos abandonar tudo e nada fazemos?

O primeiro passo é recuperar o crédito perdido. Podemos começar com atitudes simples, que estejam ao nosso alcance, e que temos condições de mantê-las. Eles devem perceber que a partir de agora aquilo que eu falo, eu faço. Na medida em que vamos recuperando o crédito, na medida em que eles começam a perceber que não estamos mais dispostos a recuar, podemos avançar e ousar nas atitudes tomadas. Mas é de extrema importância estabelecer apenas aquilo que estou disposto a manter. 

Não precisamos pensar em uma atitudes que por si só irá solucionar o problema, mas em um conjunto de ações e perseverar. Se nos sentirmos cansados, podemos até parar, por um instante, para descansar, mas nunca para desistir. O importante é agir, pois, sem ação não existe solução. 


Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


domingo, 6 de agosto de 2023

CRISE: OPORTUNIDADE DE MUDANÇA

As crises incomodam e causam desconforto e por essa razão lutamos bravamente para evitá-las. Com isso, acostumamos a ser desrespeitados para não contrariar, calamos para não entrar no embate, permitimos ser invadidos para parecer bonzinhos, minimizamos um problema para não o encarar.

Acontece que quanto mais calamos, mais somos invadidos; quanto mais minimizamos um problema, mais ele se intensifica; quanto mais cedemos, mais somos manipulados e explorados.

Facilmente o outro percebe que não suportamos encarar uma crise e com isso, ele as provoca para continuar obtendo vantagens para si próprio. Para tanto, utiliza de manipulações, chantagens, ameaças e até táticas de terrorismo familiar. Ele cria as crises e as administram para seu benefício.

Para encarar as crises é necessário tomarmos atitudes e nos posicionarmos e isso nos coloca diante de um dilema: Se estamos diante de uma crise, por que tomar atitudes sabendo que elas irão provocar novas crises? Acontece que vivenciamos as crises provocadas pelos comportamentos do outro e, portanto, ele a administra de acordo com o seu interesse, enquanto nós arcamos com as consequências.

A partir do momento em que nós tomamos atitudes em relação aos seus comportamentos, quem vai precisar se ajustar às nossas ações é ele. Porém, devemos ter ciência de que haverá reações. Acostumados com nossa postura de ceder, de permitir e facilitar, quando contrariado, certamente utilizará todas as armas possíveis para recuarmos e assim, continuar sendo beneficiado pela nossa boa fé.

Não é fácil reverter esse processo, mas é necessário encarar as crises e administrá-las com equilíbrio e tranquilidade. Com essa atitude retiramos o comando da nossa vida do outro e trazemos para o nosso domínio.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


sábado, 22 de julho de 2023

FALAR OU CALAR?

Tarde da noite, os pais angustiados esperam pelo filho que está na rua. Eles sabem que o jovem tem feito uso abusivo do álcool e está dependente de outros drogas. Enquanto não chega, eles vão se preparando para uma conversa: de hoje não passa, hoje ele vai ter que nos ouvir, do jeito que está não dá mais.

Já na madrugada, o filho chega cambaleante. – Filho, precisamos conversar. O jovem, não demonstrando qualquer interesse na fala do pai, reage de forma grotesca: - De novo esse papo, não estou a fim de conversa, não. Entra no quarto bate a porta e deixa os pais no vácuo.

É inegável que os pais devem e precisam falar com os filhos sobre o abuso do álcool ou consumo de outras drogas, porém, é preciso que isso aconteça de forma adequada e em uma melhor hora.

Quando um filho chega sob efeito de substâncias entorpecentes, qualquer tentativa de diálogo não produz efeito algum. Nesse momento, aquilo que é transmitido entra por um ouvido e sai pelo outro, ou ele pode se tornar agressivo e a tentativa de diálogo terminar em confronto.

Mas é importante não deixar cair no esquecimento. É comum no dia seguinte, quando o filho recuperou do porre da noitada, os pais se calarem, com receio de tocar no assunto e ele sair para rua novamente. Como uma forma de se protegerem dos sofrimentos resultantes da convivência com um dependente, os pais se iludem: quem sabe dessa vez ele para, e adotam o silêncio.

Não dá para calar diante do problema, mas também não precisamos exagerar com sermões e broncas intermináveis. É preciso ser breve e passar o recado, transmitindo nosso posicionamento contrário ao uso, de forma clara e firme, colocando-nos a disposição para ajudá-lo a sair do enrosco em que se meteu, porém, descartando qualquer tipo de ajuda que apenas favoreça a continuidade do problema e facilite o seu uso.

É preciso coragem para toca no assunto e jamais nos calar diante de um problema, pois, como diz um dito popular, quem cala, consente.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sábado, 19 de novembro de 2022

TENTE OUTRA VEZ

Às vezes, na vida, precisamos tentar de novo, quantas vezes for preciso. Nem sempre alcançamos nossos objetivos em uma primeira tentativa, e isso não deve ser motivo para desistirmos. A cada novo começo, devemos eliminar aquilo que não funcionou na primeira peleja, buscar novos jeitos de fazer, acrescentar o que ainda não foi feito e seguirmos firmes na busca do nosso propósito.
Nessa caminhada é importante comemorarmos cada conquista, por menor que seja, vibrar com cada pequena meta alcançada. Por vezes queremos atingir um grande objetivo e não valorizamos os pequenos sucessos. Sem valorizá-los, desistimos. Um grande objetivo é alcançado através de pequenas metas, que vão se somando e encorpando.
Quando a batalha é grande é natural cansarmos, afinal, somos gente, e na vida, vez ou outra precisamos de uma pausa. Podemos aproveitá-la para refletir, descartar velhos hábitos, corrigir o que for necessário, abandonar o que não serve mais, recarregar as energias e retomar a caminhada com muita força. Mas, tomemos cuidado: parar para descansar não significa parar para desistir.
Na vida, existem momentos em que precisamos mudar os rumos da nossa trajetória, com coragem. De nada adianta lamentar o passado, se nos acomodamos e nada fazemos para mudar o futuro.
A canção composta por Ney Azambuja, Tavito e Paulo Sérgio Valle nos leva a refletir, quando cita: “A vida tem sons que pra gente ouvir precisa aprender a começar de novo. É como tocar o mesmo violão e nele compor uma nova canção”. E como sugere o Programa Amor-Exigente, nada muda se eu não mudar. Existem momentos em que precisamos trocar a música que rege a nossa vida e abrir espaço para um nova canção.


Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


sábado, 17 de setembro de 2022

SEM DISCIPLINA OS COMEÇOS NÃO CONHECEM OS FINS

A perseverança é uma das atitudes que nos permite alcançarmos o êxito, sem isso, tornamo-nos especialistas em começar, porém, não saímos do início. Começar é, sem dúvidas, um passo essencial na busca dos objetivos ou da resolução de um grande problema, mas sem disciplina, esses começos não conhecem os fins.

As mudanças que tanto desejamos nem sempre acontece num estalar de dedos e a busca pelo imediatismo pode nos levar a desistir de caminhar e, desistindo, não chegamos a lugar algum.

Em um processo de mudança pessoal é fundamental percebermos e valorizarmos cada pequeno progresso, por mais sutil que seja. Chegamos ao final de um livro grosso lendo página por página; construímos grandes casas assentando tijolo por tijolo. Nestes casos é fácil percebermos o avanço. Como pessoas humanas nem sempre fica nítido o quanto estamos evoluindo.

A falta de percepção do progresso, que muitas vezes acontece a conta gotas, faz com que muitos de nós abandonemos os objetivos, paramos pelo caminho e assim, não chegamos a lugar algum.

Costumo comparar o nosso crescimento pessoal à fase de crescimento físico dos nossos filhos, quando ainda pequenos. Quem convive com eles diariamente não consegue perceber o quanto estão crescendo de um dia para o outro, no entanto, basta chegar alguém que não os vê a meses para externar em tom admirado: - Nossa, quanto eles cresceram!

Portanto, para atingir um objetivo, comece, sem se prender ao imediatismo. Insista, perceba e valorize cada pequeno avanço, porque os resultados finais certamente serão evidentes e extraordinários.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


domingo, 16 de janeiro de 2022

A VIDA NÃO TEM PENA DA GENTE

Por vezes, reclamamos da vida, culpamos as circunstâncias, justificamos as dificuldades e queixamos que conosco, nada dá certo. Mas, somos nós mesmos os construtores da nossa vida. Aquilo que somos é o resultado dos nossos comportamentos, das nossas atitudes e das escolhas que fazemos todos os dias. E as nossas escolhas produzem consequências, que tanto podem ser positivas como negativas. 

As consequências positivas ou negativas das nossas decisões nem sempre se manifestam imediatamente, mas ao longo do tempo, por isso, as nossas escolhas não devem ser pensadas apenas no efeito imediato, mas refletida sobre o seu resultado ao longo do tempo.

Um profissional competente e valorizado, por exemplo, é o resultado de anos de escolhas positivas. Escolha de levantar cedo e estudar, de abdicar de alguns prazeres em função do objetivo, de dormir tarde, mesmo estando cansado. Escolha de não desistir, de insistir, de acreditar, de olhar para o futuro.

Da mesma forma, escolhas negativas também trazem prejuízos ao longo do tempo. Se pensarmos em uma pessoa dependente de quaisquer substâncias entorpecentes, vamos ver que tudo começou com a escolha de experimentar, e essa atitude pode ter produzido uma consequência imediata de sensação de prazer que a agradou, fazendo com que ela escolhesse repetir o uso. 

A sensação prazerosa do imediato pode impedir uma reflexão mais profunda daquela atitude ao longo do tempo. Por vezes, o prazer é tão intenso que a pessoa não enxerga ou não acredita nos prejuízos futuros decorrentes daquela atitude. Mas a lei da consequência não perdoa e cobra caro, trazendo prejuízos e sofrimentos profundos, afetando, inclusive, aqueles que a amam. 

Mas, sempre é tempo de fazermos novas escolhas a partir do agora. Escolher mudarmos aquilo que não está bom, que adoece, que machuca, que afeta quem amamos. Sempre é tempo de recomeçarmos, de nos reconstruirmos, de rever  nossos conceitos.

O Programa Amor-Exigente cita que nada muda se não mudarmos, nem mesmo as consequências de nossas escolhas. Por isso, podemos escolher parar de justificar, de culpabilizar e de reclamar e adotar atitudes capazes de nos elevar, de nos melhorar e de produzir consequências positivas. Se não o fizermos, não tenham dúvida, a vida não terá pena de nós. 

   
Celso Garrefa
Sertãozinho SP








segunda-feira, 16 de março de 2020

LIMITES: SUPERAR OU FREAR?

(Foto da internet)
Limites muitas vezes são vistos como uma barreiras paralisantes, no entanto, dependendo do contexto, devemos analisar nossos limites sob dois pontos de vista. Há momentos em que o objetivo será superá-los, com garra e determinação, e existem situações em que devemos tomar atitudes para interromper um processo antes de atingirmos nossos extremos e a consciência sobre os limites dos nossos recursos é o fator que delimita os momentos em que precisamos frear e os momentos em que é possível superá-los com determinação. 
Em relação a determinadas situações, limites não devem ser vistos como um ponto final, nem utilizados como justificativa para a acomodação, mas sim, como possibilidades de crescimento, de evolução. Essa busca pela superação deve relacionar-se as situações positivas, ou seja, aquelas que são saudáveis e que sua superação tende a nos fazer bem, a nos melhorar.
Como exemplos, podemos ampliar nossa busca por mais conhecimento, melhorar nosso desempenho no trabalho, lutar por melhores condições de vida, encarar situações novas, experimentar novos desafios, abandonar nossa zona de conforto, etc.
Por outro lado, existem momentos que vivenciamos sérios problemas, que exigem ação rápida. Em relação a esses momentos não precisamos esperar atingir nossos extremos para tomarmos atitudes, mas antecipar nossas ações. Empurrar o problema com a barriga, numa crença cega de que as coisas se resolverão por si só apenas faz aumentar nossos dramas e nos expõe a alto grau de risco.
Como exemplo, observemos os dependentes do álcool ou de outras drogas. A cada dia o problema cresce, ganha intensidade, causa danos severos e a resistência em buscar ajuda é enorme. Muitos, somente aderem ao tratamento quando atingem a degradação total, o limite, que alguns preferem chamar de fundo do poço, outros de fundo da fossa. Na família não é diferente. Vivem um drama crescente a cada dia, minam todos os seus recursos e nutrem uma ilusão de que as coisas mudarão por si só. Seguem procrastinando até os limites das suas forças e só buscam ajuda quando não aguentam mais.
Nessas situações, a grande sacada é despertar antes do colapso total, agindo o mais rápido possível para solucionar o problema. Caso seja necessário, podemos buscar ajudar e nos mover, pois esperar até o último segundo para tomarmos uma atitude poderá ser tarde demais. Existem momentos em que precisamos ser sábios, pois, como sugere um velho ditado, sábio é aquele que dá valor ao que tem, antes de perder.
Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 28 de setembro de 2019

PROBLEMAS INCOMPATÍVEIS COM NOSSA PROPOSTA DE VIDA


(Imagem da Internet)
O nono princípio ético do Programa Amor-Exigente cita que devemos partilhar no grupo familiar eventuais problemas incompatíveis com a nossa proposta de vida. Para vivenciarmos este princípio na prática diária, em primeiro lugar, devemos agregar a família, pois não dá para partilharmos nada em uma família cujos membros não se relacionam, onde cada um vive a seu modo, em seu canto.

Outro fator que devemos nos atentar é sobre nossa proposta de vida. Como podemos corrigir problemas se não temos uma proposta? Para isso é importante identificarmos com clareza quais são nossos princípios de vida e quais são os valores que estamos dispostos a solidificar nas relações familiares. Nessa preparação, mais uma vez, faz-se fundamental as partilhas do grupo, visando a construção de uma proposta sadia, equilibrada e coerente.

Com uma proposta de vida bem definida, torna-se fácil identificarmos quaisquer problemas não compatíveis com elas, e assim, podemos agir rapidamente, com serenidade, clareza e posicionamento firme, visando sua correção. Não podemos cair na ilusão de que as coisas mudem sem que nada façamos. Como muito bem cita o Programa Amor-Exigente: nada muda se você não mudar.

Um posicionamento firme é fundamental para estabelecermos os limites aceitáveis na relação familiar - Não, isso eu não aceito. Com isso, eu não concordo. Isso eu não admito. Para tanto, atitudes são necessárias. De nada adianta ter claro uma proposta se nos calamos quando assistimos comportamentos incompatíveis com ela.

O medo de criar conflitos é um desastre para solidificarmos nossa proposta de vida. Não devemos fazer dos conflitos uma guerra, mas não podemos temê-los. Uma família feliz e funcional não é uma família sem conflitos, mas sim aquela que sabe administrá-los.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 29 de setembro de 2018

ABSTINÊNCIA X SOBRIEDADE


(Crédito Foto: Shutterstok.com)
Abolir por completo o consumo da substância causadora da dependência é um passo gigantesco na busca da sobriedade, porém, estar abstêmio nem sempre significa viver em sobriedade.

Enquanto a abstinência limita-se ao ato de eliminar completamente o consumo da substância causadora da dependência, decidir viver em sobriedade é uma atitude muito maior, que exige do dependente, em recuperação, o compromisso de mudança em todas as áreas da sua vida.

Pouco adianta parar de consumir drogas, mas continuar externando comportamentos desajustados e desequilibrados. É pouco produtivo abandonar o uso, mas continuar culpando os outros pelo problema. Pouco resolve deixar de beber, mas reproduzir a mesma agressividade com a família.

A busca pela sobriedade é uma atitude comportamental que vai além do se manter afastado do consumo da substância de uso. Trabalhar a sobriedade plena significa resgatar os domínios da própria vida, assumindo responsabilidades, corrigindo os defeitos de caráter, abandonando as manipulações e mentiras, etc.

Mais do que parar de usar, o dependente em recuperação, também precisa resgatar o respeito e a confiança das pessoas próximas, e isso não se conquista com palavras ou promessas, nem deixando de fazer uso, mas com atitudes e comportamentos equilibrados e muita perseverança. 

Aqueles, cujo objetivo visa apenas se manterem abstêmios, mas não se preocupam com a sobriedade comportamental, estão na iminência de uma recaída. Sem modificar e reorganizar o modo de viver, o dependente em recuperação coloca-se em constante situação de vulnerabilidade em relação à substância de escolha. E isso é de alto risco.

Alertamos, também, que a sobriedade comportamental não se limita à pessoa usuária de substâncias causadoras de dependência. Existem muitos por aí que jamais fizeram uso de qualquer tipo de droga, mas não possui a mínima sobriedade comportamental. Vivem intoxicados por condutas inadequadas, despejando críticas nos outros, mas são incapazes de olharem para si mesmos. Sobriedade comportamental é, acima de tudo, uma questão ética, que vale para todos.

           

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

terça-feira, 21 de agosto de 2018

DEPENDÊNCIA - INTERNAÇÃO: QUANDO? ONDE?

(Imagem da internet)

A ansiedade em solucionar rapidamente o problema leva muitos familiares a buscarem uma internação para o dependente em clínicas ou comunidades terapêuticas, mas será essa a medida mais adequada? E que cuidados devemos tomar antes de optar pela internação?

Clínicas e Comunidades Terapêuticas se alastram pelo país, oferecendo tratamento para dependentes do álcool e de outras drogas e cresce, na mesma proporção, notícias de irregularidades e problemas relacionados a essas instituições. Que cuidados devem ser tomados antes de encaminhá-lo a esses locais?

Inicialmente, devemos compreender que não são todos os casos de dependência que necessitam de internação. Existem outras formas de intervenção que podem ser buscados como, por exemplo, os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), os grupos de apoio, os profissionais especializados em dependência química. A busca por uma internação deve ser tomada após contato com pessoas e profissionais experientes no assunto, e não pelo desespero ou por indicação de leigos.

Após o entendimento de que a internação é de fato necessária, devemos tomar os cuidados para escolher um local adequado, que ofereça boas condições de tratamento. Caso o dependente compartilhe com o mesmo desejo da família, as comunidades terapêuticas são uma boa opção. Nesse caso é importante procurar saber sobre os métodos utilizados no tratamento e também conversar com pessoas que se trataram na instituição com a finalidade de buscar referências. Também é fundamental verificar se ela possui registro na FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas).

Quando o dependente perde o domínio sobre si mesmo, mas não reconhece que precisa de ajuda, a família poderá optar pela internação involuntária, uma modalidade de tratamento realizado mesmo contra a vontade do adicto. Nesse caso as clínicas são as indicadas, tendo em vista que as comunidades terapêuticas não trabalham com esse perfil. Cuidados também são necessários. Conhecer o local, conversar com quem já se tratou na instituição e prestar atenção aos valores. O dependente deverá ser encaminhado para um tratamento, e não para clínicas que mais parecem hotéis cinco estrelas, onde ele apenas tira férias.

Seja qual for a medida a ser adotada é preciso cautela para não agir no impulso. Nada de sair no meio da noite procurando local para enfiar o dependente. As piores besteiras que fazemos na vida acontecem nos momentos de desespero, portanto é preciso calma, equilíbrio e busca de informações e orientações adequadas, pois uma internação realizada fora do contexto ou em locais inidôneos, além de não produzir resultados satisfatórios, podem acarretar outros danos.

Por fim, não podemos esquecer que a atenção aos familiares faz parte do tratamento. Instituições sérias sabem disso e também trabalham a família, cobrando, inclusive, a participação dela em grupos de apoio e orientação, como os oferecidos pelo Programa Amor-Exigente.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 22 de outubro de 2017

EDUCANDO, SEM PERDER O EQUILÍBRIO

           
(Imagem da internet)
Um comportamento equilibrado é uma arma poderosa na educação dos filhos, no entanto, é uma atitude pouco explorada. Erroneamente muitos acreditam que é necessário gritar, bater, fazer um escândalo para educar as crianças, e assim, agem de forma histérica, numa demonstração clara de desequilíbrio comportamental.

 Agir com equilíbrio, mas com posicionamento claro e firme significa cobrar, exigir, direcionar, conduzir e nortear as condutas dos filhos, sem precisarmos assumir comportamentos grosseiros, rudes, estúpidos ou violentos. Como cita aquele velho ditado, a carroça, quanto mais vazia, mais barulho faz.

            O equilíbrio permite lidarmos com os desafios de forma consciente. Isso nos ajuda a raciocinar sobre a melhor conduta a ser adotada diante daquilo que desaprovamos. O equilíbrio nos direciona a agir, enquanto a falta dele nos conduz a reação. Quando agimos com equilíbrio somos donos da razão e ganhamos em respeito.

            Só precisamos tomar cuidado para não confundirmos uma atitude equilibrada com a falta de atitude ou a passividade na educação dos filhos. Mesmo com atitude equilibrada, por vezes, precisamos falar mais alto, dar uma bronca, subir na mesa.

            Existem momentos na educação das crianças que elas precisam receber não como resposta. Sem um comportamento equilibrado, facilmente perdemos o controle, gritamos, fazemos barulhos, mas o próprio desequilíbrio emocional não nos permite suportarmos as pressões dos pequenos e cedemos. Não adianta gritar, depois permitir; não adianta bater, depois se arrepender e agradar com presentinhos.

            Por outro lado, quando falamos um não com atitude equilibrada, significa nos posicionarmos com clareza e firmeza sem, no entanto, cedermos para o jogo da pressão, das chantagens ou manipulações. Quando minha filha, ainda pequena, começava o jogo da insistência, eu me abaixava e dizia com muita clareza: - Pode insistir quanto quiser, a resposta é não e já está decidido, você não vai conseguir me convencer do contrário. Foi muito fácil fazê-la entender que suas birras não eram suficientes para me tirar do equilíbrio e me fazer mudar de atitude.

            Os filhos, sabendo que os pais perdem o equilíbrio com facilidade, utilizam isso para benefício próprio. Eles sabem, como ninguém, a agir para perdermos a paciência e cedermos. Insistem, imploram, fazem birras, até nos tirar do sério. Quando eles conseguem irritar os pais, estes costumam ceder e os pequenos sabem disso.

            O comportamento equilibrado nos permite tomarmos atitudes firmes, sem perdermos nosso controle emocional e ao mesmo tempo, transmitimos segurança e domínio sobre a situação, enquanto os comportamentos desequilibrados é uma demonstração clara de insegurança.

           


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CASTIGO NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA

(Imagem da internet)
O uso do castigo é uma atitude adotada por muitos pais como forma de educação dos filhos, mas quais os limites dessa prática? Até onde a utilização desse método pode produzir resultados positivos e até onde ele pode ser prejudicial?

Todo comportamento inadequado apresentado pelas crianças deve ser corrigido e cabe aos pais, como responsáveis pelos filhos, nortear suas condutas, exercendo sua autoridade, sem abuso. Muitas vezes o uso do diálogo é o suficiente, no entanto, existem certas ocasiões em que somente na base da conversa não surte efeito. É hora da ação.

            É nesse momento que muitos adotam os castigos. A palavra castigo, por vezes, soa pesado. Parece que cometeram um crime e por isso, devem ser castigados, mas essa atitude é uma forma deles assimilarem que tudo aquilo que fazem de errado, resulta, como consequência, em uma perda e quando utilizado de forma adequada, pode ser sim uma ferramenta importante na educação dos pequenos.

            No entanto, essa prática deve possuir um objetivo claro de educar. O castigo educativo é aquele que levam as crianças à reflexão, a repensar as suas falhas, a corrigir os seus erros e isso não se consegue com abuso da autoridade, com castigos físicos ou humilhantes.

Não há nada mais grotesco e arcaico que o uso da violência na educação das crianças. Esse tipo de castigo não tem nada a ver com educação. É apenas uma demonstração do desequilíbrio emocional de quem a pratica e ou a falta de recursos para educar. A essa carência costumo chamar de analfabetismo educacional, ou seja, pessoas que só possuem, como recurso educativo, a prática de atos agressivos. Como justificativa, alegam que também apanharam quando criança.

Por outro lado, os pequenos devem conhecer a força da autoridade dos pais, sem necessariamente, precisar agredi-los. Eles devem saber quem está no comando e que não são eles. Tem hora que não basta mandar tomar banho, é preciso pegá-los firme pelos braços, falar grosso e levá-los ao banheiro.

Ao utilizarmos o recurso do castigo, não devemos fazê-lo porque estamos nervosos, zangados ou estressados. O castigo educativo é aquele que atuamos sem perder o nosso controle e o fazemos por amor e com objetivo claro de nortear uma conduta. Ele deve ser criativo, breve, não violento e, de preferência, estar associado à prática da atitude que desaprovamos. Além disso, as crianças devem saber o porquê estão recebendo uma punição.

            Uma tarde sem tevê, algumas horas sem internet, um período sem vídeo game, a perda de um passeio, uns minutos sentados para repensar as atitudes, um pedido de desculpas são mais eficientes que simplesmente provocar dor.

Cobrar para que eles limpem aquilo que sujaram ou exigir que guardem o que eles espalharam são exemplos de atitudes que não causam danos ou prejuízos a sua formação, e quase sempre é suficiente para perceberem o porquê do castigo e a refletirem sobre o que fizeram.

O castigo, quando provoca dor ou é humilhante, gera revolta, mas quando ele é estabelecido de forma equilibrada e coerente, acompanhado de uma boa conversa sobre o assunto é um recurso poderoso na construção de uma educação assertiva e funcional. 




Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho - SP

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO

                
(Imagem extraída da internet)
Neste dia 29 de agosto comemoramos o dia nacional de combate ao tabagismo, criado em 1986 com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso de cigarros, que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é a principal causa de morte evitável no planeta.

Não faltam alertas sobre os riscos decorrentes do consumo deste produto e em pleno século XXI não podemos acreditar que alguém inicie o uso do fumo por pura inocência. Todos sabem dos danos que eles representam à saúde, inclusive as embalagens trazem fotos e alertas sobre estes perigos. Então por que as pessoas continuam ingressando nesse vício?

A lei antifumo de 2011, que proíbe o uso em locais fechados ou mesmo parcialmente fechado, e também a proibição de propagandas de cigarros, somados a outros esforços de conscientização, tem apresentado, segundo algumas pesquisas, uma significativa redução do número de fumantes. Mas ainda é grande a parcela de pessoas ingressando no consumo deste produto.
           
A negação do problema talvez explique isso. Muitos enxergam os riscos nos outros, mas não conseguem reconhecer que poderão se tornar as próximas vítimas. No início acreditam possuir o controle sobre o fumo e quando já dependentes, mesmo reconhecendo que poderão sofrer as consequências do uso, ainda nutrem a ilusão da imunidade.

Não posso terminar esse texto sem recordar meu pai, um fumante compulsivo desde muito cedo. Mais uma vítima do tabaco. Todas as vezes que o cobrávamos, ele sempre dizia: “Eu fumo desde criança e meus pulmões são mais limpos do que de qualquer menino novo”. Até o dia em que descobriu um câncer de pulmão. A partir disso viveu apenas por mais três meses, pesando na última semana antes do seu falecimento apenas 37 quilos.

 Esta semana ouvi uma colocação interessante sobre a conscientização em relação ao tabaco, que dizia: “Você vai parar antes ou depois de ficar doente? – Faça sua escolha”. Quando meu pai descobriu a doença, parou de fumar. Tarde demais.

Reconheço o quão deve ser difícil abandonar esse vício, mas, plagiando o filme “Soul Surfer – Coragem de Viver”, finalizo esse texto com uma frase nele citada: “Não precisa ser fácil, basta ser possível”. Possível é, vamos à luta.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP
          
             

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E FALÊNCIA FAMILIAR

(Imagem extraída da internet)
Muitos familiares, movidos pelo desespero, cometem algumas loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por impulso e sem uma base orientadora, além de não produzir o efeito esperado, ainda podem minar todos os recursos da família. 

Ouço com frequência algumas ideias equivocadas em relação à solução do problema. Muitos idealizam mudar para outra cidade, de preferência o mais longe possível, acreditando que, ao tirar o filho do atual ambiente, tudo se resolve. Enganam-se. O problema está na pessoa e não no local. Como ele possui enorme capacidade para identificar os seus iguais, rapidamente está novamente na ativa. 

Outros pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Há mães que abandonam um emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais alto que a sua capacidade de contê-lo. Tem familiares que vendem a própria casa, destroem suas estruturas, casais se separam, outros se enchem de dívidas e o problema permanece.

Muitos gastam absurdos em clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde ele, apesar de todo dano causado, é premiado com piscinas de água quente, saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao tratamento. 

Existem, ainda, muitos familiares que gastam horrores bancando a dependência do filho, imaginando, enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo. Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o dependente continua fazendo uso descontrolado com apoio da família. 

É óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Mantê-lo em uma internação também tem seu preço, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com pessoas que exploram o momento difícil que está vivenciando. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos e seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou, inclusive os gastos no tratamento.

Por tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, que é, sem dúvidas, o pior dos nossos enganos.



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


sábado, 8 de julho de 2017

CUIDADO COM O BICHO PAPÃO


Júnior, apesar da forte inflamação de garganta, recusava tomar o medicamento. A mãe, como forma de convencê-lo, utilizou como argumento, uma pequena mentirinha. – “Toma filho, esse remédio é gostoso e docinho”. A criança, ao colocar o...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Luís Garrefa, com lançamento previsto para 03/02/2024. 


           






domingo, 2 de julho de 2017

DEPENDÊNCIA: ENGANADOS PELO NOSSO CÉREBRO

Foto da Internet (Pinterest)
O desenvolvimento da dependência do álcool ou de outras drogas é um processo que se instala ao longo do tempo. A pessoa, por curiosidade, influência do grupo ou por razões diversificadas  tem o seu primeiro contato com essas substâncias através da experimentação. A busca contínua pela sensação do prazer faz com que ele volte a consumi-las, e assim, passa da experimentação ao uso esporádico e ocasional.

Nessa fase, nosso cérebro reconhece o prazer, mas não as consequências e começa a trabalhar como nosso inimigo, nos enganando. Iludimos, achamos que possuímos o comando e paramos no momento em que bem desejarmos, sem dificuldades.

No entanto, haverá um momento em que atravessamos a fase do uso ocasional ou esporádico e desenvolvemos a dependência. Não é possível identificarmos a linha que separa essas etapas e, mesmo dominado pelo vício, nosso cérebro, mas uma vez, trabalha como nosso inimigo e continua nos enganando, transmitido a mensagem de que ainda possuímos o controle.

Grande engano. Fomos vítimas de nossas escolhas, traídos pelo nosso cérebro e estamos presos nas armadilhas do alcoolismo ou da dependência química. Como fazer, se toda a nossa vida é comandada pelo nosso cérebro? 

Já com a dependência instalada nosso cérebro não dá trégua e continua nos enganando e assim, seguimos negando o problema, não aceitando nossas dificuldades, diminuindo o tamanho do desafio, sem perceber que estamos em queda livre. Como saímos dessa enrascada?  

Só há um caminho. Colocarmos nosso cérebro em guerra com ele mesmo. Mesmo com a dependência instalada, ainda resta um espaço reservado nele que podemos chamá-lo de consciência, no entanto, numa dependência ela é minoria absoluta e terá que lutar contra um gigante que nos domina.

Primeiro, precisamos despertar o último resquício de consciência e colocá-la em ação. Como ela está em terrível desvantagem, necessitamos fortalecê-la, caso contrário é derrota certa. Para fortalecê-la vamos precisar de toda a ajuda possível. Quanto mais fortalecermos a nossa consciência, maiores as possibilidades de vitória. Para fortalecê-la vamos precisar dos grupos de apoio e de orientação, de muita espiritualidade e de tratamento.

Não existem outros caminhos. Ou fortalecemos a fragilizada consciência para lutar contra um poderoso que insiste nos ludibriar ou cada vez mais nos enganamos, afundamos, adoecemos e sofremos. Vamos à luta, enquanto ainda é tempo, pois sábio é aquele que dá valor ao que tem antes de perder. 


Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho SP

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