(Foto extraída da internet) |
Ser mãe é colocar-se em segundo plano, é perdoar quantas vezes for
preciso, aconselhar sem perder a fé. Mães não desistem, viram feras, enfrentam
batalhões e de todos os amores, talvez não exista superior ao seu. O que
desejam em troca? Nada. Quem sabe apenas um pouco de paz.
Nem sempre encontram. Nesta semana, as vésperas do dia das mães, atendi
a Dona Maria, cujo olhar perdido buscava no vazio entender os motivos pelo qual
a filha colocou veneno no alimento e lhe serviu. E o que dizer da Dona Joana, com
marcas roxas provocadas pela fúria do filho adolescente, ou da Dona Cida,
que acabara de comprar uma tevê nova com prestações a perder de vista e viu o
filho dependente trocá-la por algumas pedras de crack antes da primeira mensalidade.
Como esquecer a Dona Sebastiana, morando sozinha com o filho dependente
químico em uma pequena casa, composta apenas de paredes e teto. Todos os
móveis, a porta do quarto e até o vaso sanitário trocados por drogas. Ou da
Dona Ana que passa noites em claro a espera do filho e no dia seguinte às seis
da manhã já está de pé para trabalhar. E o desespero da Dona Marta que já
internou o filho alcoólatra por quinze vezes e ele sempre volta ao uso. E a tristeza
da Dona Cleide por saber que a filha vive sem rumo pelas ruas da cidade, se
prostituindo em troca de algumas carreirinhas.
Os nomes citados são fictícios, mas as histórias são reais. Apenas uma
gota dos tantos e tantos dramas da vida real. Filhos que transformam a vida da
mãe em um verdadeiro inferno. Filhos que na rua tratam todos muito bem, mas
dentro de casa parecem monstros.
Neste dia das mães, essas guerreiras não querem presentes, nem abraços
falsos. Não querem pedidos de desculpas que daqui a um, dois dias serão esquecidos,
nem promessas de mudanças que nunca são colocadas em prática. O presente que
desejam não custa dinheiro, nem se compra em lojas. O que essas e tantas outras
Marias, Joanas, Cidas, Sebastianas, Anas, Martas, desejam é tão
somente um pouco de paz. A cada uma meu caloroso abraço. Que Deus as iluminem.
Texto
de Celso Garrefa
Sertãozinho
SP