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domingo, 23 de outubro de 2022

TENHA CALMA, O DESESPERO É UM GRANDE ENGANO


Muitas vezes nos vemos diante de uma situação tão complicada, que não enxergamos uma saída e entramos em desespero. A descoberta de que um filho está fazendo uso abusivo de drogas é um exemplo de drama que leva muitos pais a experimentarem essa terrível sensação.

Em estado de desespero os familiares sofrem um impacto paralisante, que os impedem de adotar qualquer tipo de ação, ou pior, pode leva-los agir no impulso do momento e adotar atitudes impensadas que, ao invés de produzir resultados positivos, agravam ainda mais uma situação que já é grave.

O pânico impede os familiares de enxergar o problema na medida certa. É comum super dimensionarem a situação, e com isso, não conseguem vislumbrar uma saída ou uma solução.  Os pensamentos não possuem uma lógica e são dominados pelo negativismo.

Nos raros momentos em que pensam em alguma medida, buscam o imediatismo, porém, nem sempre se resolve um problema instalado a longo tempo em um estalar de dedos e a frustração aumenta ainda mais o estado de desespero.

O primeiro passo é tentar manter a calma diante de um grande desafio. A calma nos permite lidarmos com um problema de alta complexidade com discernimento, controle e sabedoria. Ela nos permite agir ao invés de apenas reagir, conscientes de que manter a calma diante do caos não significa aceitar comportamentos que desaprovamos, mas lidar com eles com posicionamentos firmes e ações controladas e equilibradas.

Duas atitudes são fundamentais para mantermos a calma: fortalecer nossa espiritualidade e buscar ajuda, com a certeza de que são nos momentos mais difíceis que sentimos com maior intensidade a presença de Deus em nossa vida.

Por fim, o desespero é um grande engano, portanto, acalme-se, como sugere a canção de Leandro Borges: "Se eu pudesse conversar com sua alma, eu diria, fique calma, isso logo vai passar". 


Celso Garrefa

Pedagogo Social 

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sexta-feira, 1 de abril de 2022

VIVER É PRECISO

A dependência química é vista por muitos pais como algo distante, que acontece apenas na casa dos outros e de repente, muitos de nós somos surpreendidos pelo problema, que chega como uma verdadeira avalanche e da noite para o dia parece que tudo se transforma. 

A descoberta provoca em muitos familiares um choque paralisante, como se nada mais na vida fizesse sentido. É comum deixarmos de fazer coisas que estávamos acostumados no dia a dia. Abandonamos o lazer, paralisamos projetos e planos, procuramos o isolamento. É como se a vida pessoal parasse a partir da descoberta para vivermos tão somente em função do nosso desafio e com isso experienciamos um sofrimento profundo.

Abandonar os cuidados pessoais não é solução para o problema. Podemos fazer muito pelo outro, sem medir esforços na busca de soluções para o desafio, sem que para isso precisemos deixar de viver a nossa vida. Deixar de nos alimentar, não dormir a noite, abusar do uso de remédios ou buscar o isolamento apenas nos fragilizam e fragilizados reduzimos as nossas forças para lidarmos com tamanho desafio.

Desejamos imensamente ajudar o nosso familiar a se livrar do problema, mas em estado de choque, adoecemos e vamos precisar de apoio para nos livrarmos de sentimentos paralisantes, como o medo, o estado depressivo e a culpa etc., tão presentes nas famílias codependentes. 

A vida continua, e é urgente resgatá-la. Precisamos despertar do impacto paralisando que o problema provoca. Não precisamos desistir do outro, mas não podemos esquecer de nós. Se não formos capazes de cuidar da nossa vida, onde vamos encontrar forças para tentar ajudar o outro? 

Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 17 de abril de 2021

NEGAÇÃO: UMA ATITUDE QUE NOS PRENDE AO PROBLEMA


Costumamos ouvir, com certa frequência, uma fala popular que diz que o que os olhos não veem, o coração não sente, mas se recusamos a enxergar, como podemos corrigir?

Em relação ao uso de drogas, possuímos uma grande preocupação em relação aos filhos, mas ao mesmo tempo, por falta de conhecimentos,  acreditamos que isso acontece na casa do outro, do vizinho, com filhos negligenciados, de periferias. Esse pensamento negacionista em nada contribui para evitarmos o problema, pois, ao não nos sentirmos ameaçados pelo perigo, não adotamos medidas de proteção.

Quando o filho começa a externar alguns comportamentos sugerindo que algo está acontecendo, a negação torna-se ainda mais intensa. A primeira atitude é perguntarmos para ele se está fazendo uso, no entanto, o medo da resposta é tão grande que formulamos a pergunta induzindo-o para a resposta que gostaríamos de ouvir: – filho, você não está usando drogas não, né?

Nenhum de nós queremos enfrentar um problema dessa magnitude e como ninguém deseja sofrer, recusamos, num primeiro momento, a aceitar a realidade. Essa negação é uma atitude inconsciente, utilizada como uma autodefesa das dores e dos sofrimentos oriundos desse drama.

 Inicialmente essa negação é total, ou seja, negamos totalmente aquilo que parece óbvio, mas haverá um momento em que o uso se torna tão escancarado e evidente que não conseguiremos mais negá-lo, no entanto, o pensamento negacionista ainda prevalece, mas de outra forma. Nesse novo momento tendemos a diminuir o tamanho do desafio. É comum, nessa fase, o uso de palavras no diminutivo: é só uma cervejinha, é só um peguinha, é só um cigarrinho, ou buscarmos justificativas: todo mundo usa; ele usa, mas é tão bonzinho; isso é coisa da idade.

 Precisamos abandonar a negação, reconhecer que estamos diante de um grande problema, mesmo sabendo do tamanho do desafio que iremos enfrentar. Esse é um momento extremamente complexo, pois ao abandonarmos a negação, outros sentimentos irão aflorar, como a culpa, a vergonha, a decepção, a tristeza, o medo, a incerteza, etc.

 Para lidarmos com tudo isso, vamos precisar abandonar outras negações, como por exemplo, a ideia de que sozinhos conseguiremos resolver o problema, de que não precisamos de ajuda, de que o problema é só dele, de que surgirá uma solução mágica capaz de solucionar o desafio.

 Por mais difícil que isso possa parecer, precisamos abrir os olhos, para enxergar o problema na medida exata, mesmo que o coração sinta. E para aliviar os sentimentos do coração existe remédio: grupos de apoio, que nos ajudarão a negar outras crenças: de que não damos conta, de que não exista soluções, de que não vamos aguentar, de que não somos capazes.

Celso Garrefa 

Sertãozinho SP

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E FALÊNCIA FAMILIAR

(Imagem extraída da internet)
Muitos familiares, movidos pelo desespero, cometem algumas loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por impulso e sem uma base orientadora, além de não produzir o efeito esperado, ainda podem minar todos os recursos da família. 

Ouço com frequência algumas ideias equivocadas em relação à solução do problema. Muitos idealizam mudar para outra cidade, de preferência o mais longe possível, acreditando que, ao tirar o filho do atual ambiente, tudo se resolve. Enganam-se. O problema está na pessoa e não no local. Como ele possui enorme capacidade para identificar os seus iguais, rapidamente está novamente na ativa. 

Outros pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Há mães que abandonam um emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais alto que a sua capacidade de contê-lo. Tem familiares que vendem a própria casa, destroem suas estruturas, casais se separam, outros se enchem de dívidas e o problema permanece.

Muitos gastam absurdos em clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde ele, apesar de todo dano causado, é premiado com piscinas de água quente, saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao tratamento. 

Existem, ainda, muitos familiares que gastam horrores bancando a dependência do filho, imaginando, enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo. Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o dependente continua fazendo uso descontrolado com apoio da família. 

É óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Mantê-lo em uma internação também tem seu preço, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com pessoas que exploram o momento difícil que está vivenciando. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos e seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou, inclusive os gastos no tratamento.

Por tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, que é, sem dúvidas, o pior dos nossos enganos.



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


sábado, 10 de junho de 2017

AÇÃO OU REAÇÃO (SOFRIMENTO NÃO É REMÉDIO QUE CURA DEPENDÊNCIA)

               
Conviver com um dependente do álcool ou de outras drogas dentro de casa é uma situação insana que leva muitos familiares ao desespero.  Como muitos não estão preparados para enfrentar esse desafio, não sabem como agir e numa tentativa desesperada de solucionar o problema apenas reagem às atitudes do outro. Essas reações, além de não solucionar o problema, são combustíveis para os conflitos.

            Criar conflitos é uma especialidade de muitos adictos. Enquanto na ativa são verdadeiros mestres na arte das chantagens, das manipulações, das ameaças. Sabem perfeitamente bem quando é hora de fazer barulhos e quando é hora de se fingirem de coitadinhos.
                                                                      
            Precisamos buscar o equilíbrio necessário para não abraçarmos uma loucura que não nos pertence. Aquele que está alterado pelos efeitos das substâncias entorpecentes é ele, não nós. Se chegarem gritando, não adianta gritarmos mais alto. Se estiverem buscando o conflito, nada resolve entrarmos no embate. Não é o momento de confrontarmos enquanto estão sob o efeito das drogas.

            Não é esse o momento de tentarmos o diálogo, pois eles não estão em condições de nos ouvir. Não é hora que atacá-los com palavras ofensivas, ameaçá-los ou agredi-los. Nada disso resolve. O mundo do conflito é o mundo deles, não pode ser o nosso. Entrar nesse jogo é derrota certa. As reações não possuem um propósito. São motivadas pelo desespero, seja porque perdemos a paciência ou porque estouramos nossos limites emocionais. Seja porque estamos com raiva ou porque não sabemos o que fazer.

            Outra forma de reação, e isso é uma característica marcante da codependência, é anularmos nossa existência, entregando-a por completo para o domínio do adicto, ou seja, paralisamos todas as nossas ações e apenas reagimos de acordo com os comportamentos deles. Só conseguimos ficar bem se ele estiver bem. Só conseguimos dormir à noite, se ele estiver em casa.         Só vamos às reuniões se ele também for. Tudo o que ele deseja, atendemos prontamente. Em geral, deixamos de viver a nossa vida para viver a dele, transformando-o no centro do universo da casa.

            Precisamos trocar as reações por ações. Isso exigirá, de nós, a busca de um equilíbrio emocional e comportamental adequados para lidarmos com uma situação de grande complexidade, sem, no entanto, entrarmos no desespero e na loucura do outro. Abandonar as reações não significa aceitarmos tudo aquilo que o outro faz de errado e se calar, pelo contrário, significa parar de reagir para agir de acordo com nossa personalidade. Significa tomarmos atitudes e nos posicionarmos com muita firmeza e clareza.

            Quando trocamos nossas reações por ações assumimos o nosso domínio, sem transferir o controle da nossa vida a uma pessoa adoecida pela dependência. Isso significa que devemos fazer tudo aquilo que precisa ser feito, sem medir esforços na busca da solução do desafio, mas cuidando para que o problema não nos adoeça mais que o próprio dependente, pois um doente não tem forças para ajudar o outro e, como tenho dito, sofrimento de pais não é remédio capaz de salvar nossos filhos.
           



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
 de Sertãozinho SP


domingo, 30 de abril de 2017

PROBLEMAS SÃO OPORTUNIDADES

              “A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na capacidade de lidar com eles”.
                                                                                                          (Albert Einstein)

O palestrante, antes de iniciar sua fala, fez o seguinte pedido ao público: - Quem de vocês possui algum tipo de problema levante os braços. Todos os presentes ergueram as mãos, com exceção de um senhor que sentava na terceira fileira. O comunicador, admirado, dirigiu-se a ele e perguntou: O senhor não possui nenhum tipo de problema? – Claro que sim, disse ele. Tenho um problemão nos braços, que me impede de erguê-los.

            Nossa existência é recheada de desafios e aqueles que desejam resolver todos os seus problemas para serem felizes, viverão uma vida de tristezas e frustrações. O segredo é lidarmos com nossas angústias sem, no entanto, permitirmos que elas nos afetem de tal forma que destrua nossa vida e nossa felicidade.

            Cada um enfrenta suas intempéries a seu modo. Há quem possui grandes problemas e lidam com eles de forma assertiva e equilibrada, fazendo seu problemão parecer pequeno.  Vivem sorrindo, estão sempre de bem com a vida e não permitem que os seus desafios o dominem.

Há aqueles cujos transtornos enfrentados são mínimos, no entanto, fazem deles grandes dramas, criando dos pequenos problemas, um monstro. Vivem reclamando, lamentando e resmungando. Fazem-se de vítimas e assumem o papel de coitadinhos. Estes concentram tanta atenção aos pequenos problemas que esquecem de viver a vida.

Os desafios precisam ser encarados, sem perdermos o foco. Não adianta deixarmos de nos alimentar porque o filho está dando trabalho; não resolve ficarmos sem dormir, porque temos uma dívida. Quanto mais nos debilitamos, menor nossa capacidade de reunirmos forças para enfrentarmos o problema.

          É importante, também, cuidarmos para não transformarmos um problema em mais um monte de outros. Fugas através do uso de remédios, do abuso de álcool e ou de outras drogas, além de não solucionar o problema,  geram outros tantos.

       Não negamos que enfrentar um grande problema mexe conosco, no entanto, tristeza e sofrimento não são remédios que curam essa ferida. Nesse momento não podemos cometer o equívoco de nos isolarmos, pelo contrário, é hora de criarmos coragem, buscarmos apoio e nos fortalecermos espiritualmente, pois a fé é a força que nos possibilita enfrentar um grande problema, sem desespero.

      Por fim, problemas são, acima de tudo, oportunidades de aprendizado e de crescimento. E são muitos os exemplos de pessoas que fazem a diferença no mundo devido os desafios que tiveram de vencer. 





Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

terça-feira, 26 de julho de 2016

SOFRIMENTO DE PAIS NÃO SALVA FILHOS

Pais e mães, quando surpreendidos pela dependência química de um filho, experimentam sofrimentos profundos. Sentimentos de dor e tristeza os afetam intensamente, tirando lhes toda a alegria de viver. Sempre ouviram falar sobre as drogas, porém nunca imaginavam que isso pudesse acontecer em sua casa.

Em geral, imaginavam que isso acontecia com filhos negligenciados ou abandonados e, como sempre deram "de tudo" ao filho, muitos sentiam-se imunes ao problema. Criaram expectativas, as melhores possíveis, e idealizaram um filho sem problemas graves.

Quando o fato vem à tona, o primeiro sentimento experimentado é a frustração: -“Como ele pôde fazer isso com a gente”? Sentem-se traídos pelo filho, principalmente porque o ouviu repetir inúmeras vezes que podiam confiar nele.

            Os sofrimentos vão se somando e o sentimento de culpa também passa a dominar os pensamentos dos pais: - “Onde será que nós erramos”? Não bastasse culparem a si próprios, também se culpam mutuamente. Os porquês martelam em suas mentes em uma busca vã pelas respostas.

            Os medos e as incertezas sobre aquilo que virá pela frente os deixam apavorados e muitos experimentam o pânico. As noites não são mais donas de um sono tranquilo, quando o filho está fora, e basta um toque do telefone ou a sirene de um carro de polícia para acordarem de sobressalto.

            Sentimentos como amor e ódio se confundem. Ao mesmo tempo em que amam o filho, também sentem raiva pela situação em que ele se meteu. Os pais sentem como se todos os olhares se direcionassem a eles, como a condená-los, assim, enchem-se de vergonha e como consequência, muitos paralisam e buscam o isolamento.

            Outros, equivocadamente, fazem questão de escancarar o sofrimento que estão vivenciando, numa insana ilusão de que o dependente se sensibilize e mude suas atitudes. Sem sucesso.

            Sabemos que muitos pais de dependentes químicos se identificarão com esses relatos, pois eles já experimentaram na pele sua cruel força e seria hipocrisia, de minha parte, achar que isso poderia ser diferente. Precisamos respeitar esse momento e o primeiro passo no cuidado dos familiares é pegá-los no colo, dar esperança e fazê-los crer que há soluções.

            Os sentimentos profundos são reflexos do problema enfrentado mas, devagar precisam enfrentar suas dores e reagir. Sabemos que os pais são afetados pelas atitudes dos filhos, mas precisam lutar com todas as suas forças não permitindo que o problema os adoeçam a ponto de destruí-los. Pais doentes não possuem forças suficientes para realizar aquilo que mais desejam: ajudar o filho. Fragilizados e em desespero são facilmente manipulados pelo dependente.

            Pais, façam tudo o que for possível para ajudar seu filho a recuperar-se. Não meçam esforços e vão à luta. Busquem conhecimentos, saiam do isolamento e enfrentem o desafio com coragem. Não tenham vergonha de buscar ajuda, mas não esqueçam de que também são gente. Lutem bravamente contra o sofrimento profundo, que em nada colabora para a solução do problema e acredite: SOFRIMENTO DE PAIS NÃO SALVA FILHOS.
                                  
                                   


Texto de Celso Garrefa                     
Amor-Exigente de 
Sertãozinho SP

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EU AMO VOCÊ, MAS NÃO SUAS ATITUDES

Conviver com pessoas dependentes do álcool ou de outras drogas é um desafio para muitos familiares. Sem uma base orientadora, muitos desviam do foco do problema, dificultando a busca da solução para o desafio enfrentado.

Existem várias formas de desviar do foco. Uma delas é atacar o dependente, sem critério algum. O sujeito dependente do álcool costuma ser massacrado pelos familiares, muitas vezes taxando-o como vagabundo, sem vergonha ou traste, no entanto, são muitos que possuem problemas com o uso do álcool, mas não são vagabundos. Buscar o foco significa desaprovar o comportamento inadequado e não a pessoa em si - “Eu amo você, mas isso não me obriga a amar as suas atitudes que desaprovo"

            Outra forma de desviar do foco é diminuir o tamanho do problema, buscando justificativas constantes para minimizar a dependência do outro. – “Ele usa drogas, mas é tão carinhoso”. Mesmo na dependência, muitos ainda preservam pontos positivos que devem ser valorizados, mas é preciso cuidado para, em função do ponto positivo, não nos tornarmos passivos diante dos pontos negativos. O foco é valorizar os pontos positivos, sem fazer deles desculpas para aceitar os comportamentos negativos que precisam ser trabalhados e corrigidos.

            A maximização do problema enfrentado também nos tira do foco. Essa atitude causa nos familiares sofrimentos gigantescos, tendo em vista que enxergam o problema com uma dose exagerada da realidade. Acreditam, por exemplo, que devido ao uso das drogas, alguém vai matá-lo, ou que vai morrer a qualquer momento. Essa visão exagerada e negativista só traz pânico aos familiares e em estado de desespero, paralisam.

           A negação também desvia do foco. Negar a existência da dependência é característico do próprio dependente e os familiares precisam cuidar para não entrarem nesse jogo. Negar o óbvio pode servir  como uma forma inconsciente de se proteger do sofrimento advindo do convívio com o adicto, mas em nada contribui para o enfrentamento do desafio. Quando negamos um problema, estamos nos enganando e assim, acomodamos. Por mais doloroso que seja, precisamos aceitar a realidade e assim, visualizar com clareza e coragem a atual e real situação.

            Outra forma importante de desviar-se do foco acontece com os familiares em relação a sua própria vida. Afetados pela codependência, muitos pais e mães, equivocadamente, abandonam a própria existência e assim param de se olhar, de se cuidar. Abandonam a vida social, preferindo se esconder. Propositadamente ou de forma inconsciente muitos exteriorizam um sofrimento profundo numa doce ilusão de que o dependente perceba que está causando sofrimentos alheios e assim possa escolher mudar sua condição.  Ficar sem se alimentar, sem dormir direito, abandonar o emprego ou se culpar não é o foco, não possui nenhuma relação direta com a dependência do outro e em nada ajuda no enfrentamento do problema. Costumo citar, com frequência, que sofrimento de pais não salva filhos.

            Direcionar nossas atenções ao foco do problema significa agir com assertividade, assim, sofremos menos, ganhamos tempo e equilíbrio. Conviver e lidar com pessoas dependentes exige objetividade e quando concentramos nossos esforços no âmago do problema, chegamos mais perto de solucioná-lo. 
           
                        Texto de Celso Garrefa
                        Amor-Exigente de Sertãozinho

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...