Uma
performance de um homem nu interagindo com uma criança no MAM (Museu de Arte
Moderna de São Paulo), nesta semana, gerou revolta nas redes sociais. Para
muitos, o ato é crime por envolver criança, inclusive com pena prevista no ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente), porém para muitos críticos de arte, a
manifestação é livre e deve estar isenta de censuras.
O
episódio amplamente compartilhado e comentado nas redes sociais não chocou pelo
nu masculino, mas pelo contato direto do homem nu com uma criança que é
convidada a tocar seu corpo e isso nos lança um questionamento: Deve a arte ser
livre e isenta de censura a ponto de não respeitar uma criança? Pode a arte, a
pretexto de livre expressão extrapolar as leis de proteção à infância?
Quem
de nós ao assistir aquela patética cena conseguiu enxergá-la como arte? Quem
não se revoltou ao ver aquilo?
Talvez
os defensores da arte argumentem que ela serve para chocar. Mas o que vimos nos
comentários, muitos deles exaltados, é uma revolta pelo desrespeito à infância
e uma manifestação coletiva em defesa da criança, que, aliás, segundo consta,
era supervisionada pela mãe. Mãe? O que é ser mãe? Qual o papel de mãe?
Ser
mãe é muito mais que dar a luz. Significa assumir suas responsabilidades de
mãe, agindo e norteando as condutas dos filhos. Significa exercer seu instinto
maternal de proteção, não os expondo a situações inadequadas. Mãe presente fisicamente,
mas ausente em atitudes cria filhos órfãos de pais vivos.
O
ECA protege a identidade de menores de dezoito anos, no entanto, a pretexto de
uma arte, mesmo acompanhada da mãe, essa criança está nesta semana com o rosto
estampado em todas as redes sociais do país.
Já
imaginaram como vai ser para essa menina quando voltar à escola depois de toda
essa repercussão?
Eu
trabalho com crianças a longa data, muitas delas vítimas de abusos de toda
espécie, inclusive sexual. Os números são alarmantes e, mais uma vez, a
pretexto de uma liberdade da arte, a cena tenta mostrar como normal aquilo que
não é normal. Banaliza aquilo que não podemos aceitar como banal.
Quem
quiser chamar de arte qualquer bobagem que se apresente, que chamem, mas
respeitem nossas crianças, já tão expostas e erotizadas. Na cena não vi arte,
vi crime e para crime, punição, inclusive para uma mãe que se mostrou incapaz de
exercer seu instinto maternal, que é proteger sua cria.
Texto
de Celso Garrefa