terça-feira, 28 de setembro de 2021

QUEM ACOSTUMA AO SOFRIMENTO NÃO BUSCA A CURA

Nem sempre compreendemos o porquê uma pessoa fortemente afetada pela dependência do álcool ou de outras drogas relutar tanto para buscar ajuda, mesmo quando o uso se tornou um grande problema, provocando, a nosso ver, um grande sofrimento.

Como seres humanos somos por natureza adaptáveis às situações vivenciadas. No caso do dependente, essas adaptações podem levá-lo a acomodação, naturalizando o problema de tal forma que não percebe o tamanho exato do seu sofrimento. Essa conformação às intempéries dificulta a percepção do quanto ele está sendo afetado, e como resultado, torna-se inerte ao problema, não busca ajuda, nem a cura.

O desenvolvimento da dependência é um processo extremamente lento, que ocorre em um período prolongado de tempo. Assim, o sujeito lentamente vai se acomodando ao sofrimento, que demora perceber o quanto está se debilitando física, mental e espiritualmente. Mesmo que outras pessoas tentem alertá-lo, é comum ele não perceber e negar o quanto está em queda livre.

A família, por sua vez, tenta fazer de tudo para amortecer a queda, sem perceber que essa atitude não impede a progressão da doença, apenas favorece o protelamento do pedido e aceite de ajuda.

Essa acomodação ao drama torna-se uma barreira para o tratamento. Quem vê de fora percebe claramente o quanto a pessoa está se debilitando, porém, nem sempre esta é a mesma visão do dependente.

Para tentar ajudá-lo precisamos fazê-lo perceber aquilo que recusa aceitar, precisamos fazê-lo enxergar aquilo que não consegue ver. É necessário que ele se inconforme com a situação, ou seja, deixe de se conformar com o sofrimento para descobrir o quanto é prazeroso viver em sobriedade.

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

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