É preciso conscientizar-se de que a dependência química não
tem cura, mas é plenamente controlável, por isso exige atenção permanente. Basta um pequeno deslize para ela manifestar toda a sua força destruidora. É preciso dar continuidade ao tratamento aqui fora, através da ajuda de profissionais, de grupos de mútua ajuda e
ainda, trabalhar a espiritualidade.
Será necessário mudar
hábitos antigos. Aqueles que desejam parar de usar drogas, mas não estão dispostos a mudar sua rotina de vida, estão se enganando. Precisam aprender a viver diferente, buscar outras formas de prazer que sejam saudáveis
e que não possuam ligação direta com as substâncias de uso. Não dá para ficar
longe do consumo do álcool voltando a frequentar o mesmo barzinho de antes da
internação. Não dá para viver sem drogas, frequentando as mesmas baladas com a
antiga turma de uso. É preciso afastar-se de tudo que remete ao passado de
consumo.
Precisam aprender a conviver com
as desconfianças, sem utilizar delas como desculpas para voltar à ativa. A
família do dependente, após anos de sofrimentos, convivendo com manipulações,
mentiras e promessas não cumpridas, carrega a desconfiança fortemente enraizada. Será preciso abandonar o discurso “ninguém confia em mim” e entender que o
processo de recuperação da confiança perdida será uma conquista construída a cada dia,
através de atitudes e comportamentos adequados e equilibrados e não com
palavras e promessas.
A ociosidade também é um vazio a ser combatido. No retorno nem sempre há um trabalho à espera e
agora é hora de retomar os rumos da própria vida, assumindo responsabilidades.
Muitos abandonaram os estudos, que neste momento podem ser retomados.
Momentos complicados e difíceis surgirão. Isso faz parte da vida e todos nós possuímos dias
bons e dias ruins, todos nós enfrentamos momentos difíceis e complicados e não
será diferente com o recuperando. Grandes desafios vão surgir na caminhada,
momentos em que dará vontade de jogar tudo para o alto e abandonar tudo, mas é
preciso resistência. Os momentos difíceis também passam. Cuidado para não
gritar a palavra trágica “foda-se”, que em segundos põe todo o trabalho e
esforço a perder, jogando-o de volta ao abismo da dependência.
É importante viver um dia de cada vez, cientes de que a cada dia conquistado a carga vai perdendo o peso. Permita
que Deus ilumine seu caminho e saboreie o quanto é bom viver em sobriedade.
Texto
de Celso Garrefa
Amor-Exigente
de Sertãozinho