“Se você não sabe para onde ir,
qualquer caminho serve” (Lewis Carroll)
Ao refletirmos sobre nossas raízes culturais devemos
analisá-las sob dois aspectos. Um deles está relacionado ao passado, ou seja, o
que somos hoje é o reflexo do que recebemos durante toda nossa vida, ou seja, nossas
relações familiares, as interações com nossos grupos de amizades, as influências recebidas dos diversos tipos de mídias, e das nossas escolhas, em relação ao que nos foram apresentados.
Sob esse ponto de vista
olhamos para o meu eu através das nossas raízes culturais herdadas ou
adquiridas ao longo da vida para identificarmos o que nos fizeram ser aquilo
que hoje somos. É um olhar sobre o passado.
Mas, se o que somos hoje é
reflexo da maneira como recebemos, assimilamos e formamos os nossos juízos, valores
e princípios, o que seremos amanhã será o reflexo das nossas interações e
escolhas de hoje. Sob esse ponto de vista,
raízes culturais nos remetem a ideia de futuro. O que queremos ser? Para onde
desejamos caminhar? O que precisamos corrigir?
Raízes culturais são,
portanto, um processo dinâmico, que interliga passado e futuro. Dos valores, princípios
e comportamentos que herdamos do passado, o que vale a pena preservarmos? O que
podemos resgatar? O que devemos descartar? E quais deles estamos dispostos a
adquirir?
Antoine de Saint-Exupéry
citou, certa vez, que “Aqueles que chegam até nós não vão sós, não nos deixam
sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Se por um lado somos
influenciados e fazemos nossas escolhas, de acordo com o juízo que fazemos
diante do que nos é apresentado, por outro, também somos influenciadores, e
isso nos alerta para nossa responsabilidade em relação as nossas condutas
diárias.
Talvez fosse mais cômodo
seguir a receita da música cantada pelo Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar,
vida leva eu”. Mas a vida é uma construção que depende das nossas ações. Para
isso precisamos saber: Quem eu sou? Onde eu estou? Para onde eu vou? Pois, como
uma fala citada no filme Alice no País das Maravilhas, se você não sabe para
onde ir, qualquer caminho serve.
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP