- No meu tempo, às dez da noite tínhamos
que estar em casa, reclama a mãe para a filha que se prepara para sair. A filha
faz uma breve pausa, como quem tenta compreender a queixa da mãe e se manifesta: - Nossa mãe, como seu tempo era chato, ainda bem que não sou da sua
época!
Atualmente as mudanças de mundo ocorrem a uma velocidade espantosa. A cada amanhecer nos deparamos com novas realidades e precisamos nos adequar, abandonando a síndrome de Gabriela - Eu nasci assim. Eu cresci assim. Eu sou mesmo
assim. Vou ser sempre assim - e nos abrir a mudanças. Aquele tempo não existe mais.
Hoje, os tempos são outros. Os perigos são outros. Os filhos não são iguais aquilo que fomos. Quando éramos crianças tínhamos
medo do bicho papão, do homem do saco, da loira do banheiro. Qual criança nascida na geração tecnológica ainda preserva esses medos? O medo deles hoje é ficar sem seu celular, ou perder o sinal de wifi,
Presos
ao passado e alienados sobre as realidades presentes perdemos crédito, diante de uma
geração que vive conectada. Precisamos estar antenados ao que nos rodeiam: Quais são as realidades de hoje? Quais os riscos iminentes? Como
orientar de forma assertiva, sem simplismos? Como mostrar que possuímos conhecimento sobre o que desejamos transmitir? Como nos posicionar com firmeza, diante de uma geração questionadora e imediatista?
Ao
mesmo tempo em que mudanças são necessárias, visando nos adequarmos às realidades de hoje, os nossos princípios precisam continuar preservados. Não podemos aceitar atitudes e comportamentos que atualmente são vistos como comuns, como se tudo fosse normal. E isso nos coloca diante de um grande desafio, ou seja, acompanharmos as mudanças de mundo, porém sem perdermos nossa essência, como sugere uma frase de autor desconhecido: "Troque suas folhas, mas não perca suas raízes, mude suas opiniões, mas não perca seus princípios".
Texto
de Celso Garrefa
Sertãozinho
SP