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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

"A" DE ABELHA, "E" DE ELEFANTE, "Z" DE ZABUMBA

Recentemente fomos convidados a apresentar o Amor-Exigente para um grupo de pessoas interessadas em implantar o programa em uma cidade vizinha, cuja identidade prefiro preservar. No dia e horário combinados deslocamos até o local e fomos muito bem recebidos por uma equipe de pessoas dispostas e interessadas.

Era uma escola dos anos iniciais e reservaram uma sala de aula para a apresentação. As cadeiras estavam enfileiradas em frente a um quadro negro, onde se via, logo acima, um varal feito com barbante, com muito capricho, onde penduraram as letras do alfabeto acompanhadas de figuras para ajudar as crianças a memorizarem cada letrinha.

Até aí, tudo muito bem, mas o que chamou a nossa atenção foi a figura escolhida para representar a letra “K: uma lata de cerveja cuja marca inicia com “K”.

O varal me fez relembrar da minha escola na infância, da primeira professora, dos colegas de classe, e da cartilha “Caminho Suave”.  Ainda preservo na memória cada figura correspondente a cada letra do alfabeto, desde o “A” de abelha, o “E” de elefante, até o “Z” da zabumba.

A cena vista hoje retrata o quanto vivemos em uma sociedade em que o álcool é culturalmente aceito e glamourizado. As empresas investem alto em campanhas publicitárias, ligando a marca ao prazer, ao sucesso, à alegria e o primeiro contato da criança com a substância costuma acontecer dentro de casa, com anuência dos pais.

Ignora-se que o álcool também é droga, mesmo que lícita para maiores, de alto poder destrutivo para aqueles que se tornam dependentes dele, e não são poucos. Segundo estimativas, uma parcela superior a 10% da população possui problemas relacionados a esse produto.

Infelizmente, a conscientização dos riscos que o consumo do álcool representa é quase nulo. Se é desesperador ver pais mergulharem a chupeta do bebê no copo de cerveja, não menos desesperador é ver uma escola utilizar a imagem de uma substância alcoólica na alfabetização de crianças.

Não consegui sair do local, sem alertar sobre a cena. Trocar a imagem é urgente, mas não basta: precisamos mudar mentalidades. Consciência começa com “C”, mas bem que poderia começar com “K”, assim poderíamos trocar a figura da cerveja por “Konsciência”.


Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 19 de janeiro de 2020

QUEM EU SOU, ONDE ESTOU, PARA ONDE VOU?


“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve” (Lewis Carroll)

 Ao refletirmos sobre nossas raízes culturais devemos analisá-las sob dois aspectos. Um deles está relacionado ao passado, ou seja, o que somos hoje é o reflexo do que recebemos durante toda nossa vida, ou seja, nossas relações familiares, as interações com nossos grupos de amizades, as influências recebidas dos diversos tipos de mídias, e das nossas escolhas, em relação ao que nos foram apresentados.

Sob esse ponto de vista olhamos para o meu eu através das nossas raízes culturais herdadas ou adquiridas ao longo da vida para identificarmos o que nos fizeram ser aquilo que hoje somos. É um olhar sobre o passado.

Mas, se o que somos hoje é reflexo da maneira como recebemos, assimilamos e formamos os nossos juízos, valores e princípios, o que seremos amanhã será o reflexo das nossas interações e escolhas de hoje. Sob esse ponto de vista, raízes culturais nos remetem a ideia de futuro. O que queremos ser? Para onde desejamos caminhar? O que precisamos corrigir?

Raízes culturais são, portanto, um processo dinâmico, que interliga passado e futuro. Dos valores, princípios e comportamentos que herdamos do passado, o que vale a pena preservarmos? O que podemos resgatar? O que devemos descartar? E quais deles estamos dispostos a adquirir?

Antoine de Saint-Exupéry citou, certa vez, que “Aqueles que chegam até nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Se por um lado somos influenciados e fazemos nossas escolhas, de acordo com o juízo que fazemos diante do que nos é apresentado, por outro, também somos influenciadores, e isso nos alerta para nossa responsabilidade em relação as nossas condutas diárias.

Talvez fosse mais cômodo seguir a receita da música cantada pelo Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar, vida leva eu”. Mas a vida é uma construção que depende das nossas ações. Para isso precisamos saber: Quem eu sou? Onde eu estou? Para onde eu vou? Pois, como uma fala citada no filme Alice no País das Maravilhas, se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

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