sábado, 11 de março de 2017

DEVEMOS PAGAR PELAS DROGAS QUE OS FILHOS CONSOMEM?

Os pais devem ou não pagar pelas dívidas que os filhos fazem para consumirem drogas? Esta é uma pergunta que nos chega com frequência e que provoca muitos questionamentos e dúvidas, colocando-nos diante de um dilema: paramos de pagá-las e corremos o risco de colocá-los em situação perigosa ou continuamos pagando e assim, financiamos a continuidade de sua dependência?

Pagarem pelas drogas que os filhos consomem é um ato comum em muitas famílias. Os pais, por medo, por falta de informações e como instinto de proteção, acreditam que, ao bancarem as dívidas dos filhos, estão protegendo-os de danos maiores. Acreditam que, caso não o façam, o filho poderá roubar, ser preso ou mesmo perder a vida.

Por outro lado, os filhos se acostumam com isso e, ao serem bancados pelos seus genitores, têm sua vida na ativa facilitada. A dependência química fala mais alto e sob o efeito das drogas perdem a compaixão e sugam o podem. Na recusa, uma chantagem emocional é suficiente para conseguirem o que buscam: - Vai dar o dinheiro ou preferem me ver morto? Essa tática, que não deixa de ser um ato de terrorismo contra os pais, é suficiente para colocá-los em pânico e eles cedem.

A dependência química é, sabidamente, uma doença progressiva, que pode conduzir o usuário a desenvolver a tolerância pela substância de uso, ou seja, cada vez mais ele precisará de maior quantidade na busca do efeito desejado. Na medida em que eles se prolongam no uso, os valores aumentam na mesma proporção.

Devemos compreender e aceitar que os pais possuem recursos limitados e, mesmo que eles desejem continuar custeando a dependência dos filhos, não vão conseguir. Conheço e juro que não estou aumentando, nem exagerando, dependentes químicos que chegam a gastar, em uma única noite, valores acima de dois mil reais. Qual é o pai capaz de bancar isso?

Pagando as contas oriundas das dívidas de drogas estamos financiando a dependência química dos filhos, facilitamos seu uso e com isso prolongamos o problema. Eles ficam com os prazeres que elas proporcionam e aos pais sobram os prejuízos. É preciso coragem, atitude e posicionamento diante das drogas, aprender a dizer não e transmitir, com clareza, que não aceitamos o uso e não podemos financiar aquilo que não concordamos.

Não vamos negar que dívidas de drogas geram cobranças que nem sempre são amigáveis, porém, o medo dos pais é muito maior que o perigo real, e por outro lado, os dependentes não são bobos e sabem muito bem até onde podem se arriscar. É preciso dar um basta no financiamento da dependência que não aceitamos e isso precisa acontecer o quanto antes possível.

Não ajudamos ou protegemos um dependente pagando suas dívidas, pelo contrário, colaboramos para que se afundem ainda mais no problema. O verdadeiro apoio é aquele que ajudará o dependente a sair do mundo obscuro das drogas e não aquele que financia seu vício.

Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

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