sábado, 22 de fevereiro de 2014

LIMITES: O EXCESSO DE TUDO FAZ TÃO MAL QUANTO A FALTA DE TUDO


Muitos pais da atual geração tiveram uma infância difícil, em que precisaram conviver com recursos escassos. Ao longo do tempo, com dedicação, trabalho e esforço, muitos conquistaram melhores condições de vida e assim, começaram a trabalhar forte para que os filhos não passassem pelas mesmas dificuldades pelas quais passaram.

Com isso, muitas crianças cresceram condicionadas a ganhar fácil, atendidas em seus desejos de forma imediata, mesmo sem merecimento algum. Chegaram à adolescência com todos os seus desejos atendidos: presentes em excesso, roupas aos montes, viagens sem limites, etc. 

Muitos chegaram a essa fase da vida e já experimentaram de tudo. Ironicamente, mesmo com todos os desejos atendidos vivem um processo de insatisfação total. Buscam por mais, novos desejos, novas experiências, novas aventuras. Nessa busca muitos perdem os rumos e se complicam.

Acostumados aos excessos, sem noções de limites, interiorizam a ideia de que todas as suas vontades devem ser atendidas imediatamente. Desejam tudo para já e possuem uma grande dificuldade em receber um não como resposta. Ao crescerem almejam sucesso rápido, buscam pelo prazer imediato e sem esforços. Nessa busca muitos se perdem. Na busca pelo prazer imediato muitos encontram as drogas que, infelizmente, possuem esse poder, e a obsessão pelo dinheiro fácil e rápido pode levá-los a buscar isso de forma ilícita

Contudo, cada um proporciona ao filho aquilo que pode. Quem possui condições financeiras privilegiadas podem sim proporcionar-lhes boas condições de vida. Não há nenhum problema nisso. O problema está no desequilíbrio, nos excessos de tudo, na ausência dos "nãos", quando necessário. 

Aqueles que não aprendem noções de limites dentro de casa, costumam se testar fora dela. Para tanto, muitos bebem até perder a consciência, outros dirigem em alta velocidade. Há aqueles que buscam os seus limites nas drogas, etc.

Precisamos ter claro que os excessos não são mecanismos que trazem felicidade, e não devemos enxergar limites como barreiras paralisantes que limitam as ações ou a vida dos nossos filhos. Instruindo-os dentro de casa sobre noções e respeito aos limites, estamos educando para que sigam em frente, conquistem, superem os seus desafios com determinação, mas também com segurança. Educamos para que busquem seus objetivos, conquistem o seu espaço, porém sem se destruírem.

Portanto, das muitas coisas que planejamos proporcionar aos nossos filhos, não podemos deixar de fora noções claras de limites, pois, limites são,  acima de tudo, uma proteção e o excesso de tudo faz tão mal quanto a falta de tudo. 

 Celso Garrefa

Assoc. AE Sertãozinho SP

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

OS PAIS TAMBÉM SÃO GENTE




"Pra mim, qualquer coisa serve". Essa é uma frase desastrosa repetida por muitos pais e ela possui um poder fantástico de transformá-los em "qualquer coisa", em algo sem valor, que aceita tudo e não merece respeito, mas, somos gente e não "qualquer coisa".

O nascimento dos filhos é um momento único, no entanto, não podemos permitir que esse dia tão especial anule a nossa vida, para vivermos única e exclusivamente em função deles.

É óbvio que os filhos precisam de toda a nossa atenção, de todo nosso cuidado, de toda a nossa proteção, e não devemos medir esforços para proporcionar-lhes uma vida plena. Também não vou defender, aqui, aquele discurso de que precisamos nos amar em primeiro lugar, pois o amor de verdadeiros pais em relação aos filhos é maior do que a si mesmos e não vejo qualquer problema nisso. O equívoco ocorre quando, em detrimento do amor que sentimos pelos nossos queridos, esquecemos de nós mesmos e nos abandonamos.

Por que viver em função dos filhos se podemos viver todos? Aqueles que decidem viver em função dos filhos, futuramente, quando suas crias tomarem seu rumo, constituírem sua família e desligarem do contato familiar, o que lhes restarão? 

Se não nos valorizamos como pessoa humana merecedora de respeito, facilmente seremos esquecidos e tratados de qualquer jeito. Quando os pais esquecem que são gente, muitos filhos passam a enxergá-los como máquinas que precisam trabalhar vinte e quatro horas para satisfazer-lhes todos os desejos. Veem os pais como coisas e se relacionam com eles com frieza absurda.  Sem compaixão, acreditam que seus responsáveis não têm vez. Querem tudo para si, não aceitam receber não como resposta, reclamam de que não pediram para nascer e de tudo que recebem, nada valorizam.

Na educação de nossos filhos devemos assumir nossas responsabilidades de pais, buscando fazer sempre o nosso melhor, sem, no entanto, vestir a máscara do todo poderoso, do super herói, do inatingível; pelo contrário, devemos deixar que eles percebam que somos humanos e como gente merecemos e temos o direito de sermos tratados com consideração e respeito. Como gente, possuímos sentimentos e não podemos permitir que se dirigem a nós de forma estúpida, com palavras ofensivas, desrespeitosas ou grosseiras.

   O amor e o respeito que tanto desejamos não se cobra, não se exige, não se compra, mas que podemos conquistar a partir do momento em que nós mesmos nos enxergamos e agimos como pessoa humana, como gente que aprendeu a se valorizar, a se respeitar e amar a si próprio, e os filhos respeitam aqueles que eles admiram. 




Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho
                                                                                               
       

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...