Nossos filhos não nascem prontos para a vida. Para sobreviver eles precisam do amparo, do cuidado e da proteção dos pais. Além da proteção básica, como alimentação, cuidados com a saúde, higiene etc., também precisam ser protegidos de qualquer tipo de violência, de maltrato, de exposição a conteúdos inadequados, de exploração sexual etc.
Os pequenos precisam de pais presentes que guiem os seus passos, que os preparem para a vida, e esse é um detalhe importante: preparar para a vida.
Muitas crianças não têm a sorte de nascer em famílias cuidadoras e sofrem vários tipos de abandonos, afetivos, materiais, espirituais etc., muitos convivem diariamente com a violência, seja ela direta ou indireta e são machucadas por aqueles que deveriam protegê-las.
Essa exposição a fatores negativos as colocam em alto grau de vulnerabilidade, ainda que parte delas, apesar de toda adversidade, ainda consigam mudar os rumos da sua vida e construir a própria história.
Por outro lado, no anseio de proteger, muitos pais extrapolam os limites da normalidade e adotam atitudes de extrema proteção, ou suja, a superproteção. E há que refletirmos também e diferenciar a proteção necessária, da superproteção.
E para tanto costumo sugerir uma regra básica e essencial na educação dos filhos: façam tudo o que forem capazes de fazer para proteger, para preservar, para ajudar os seus filhos, mas não façam nada, absolutamente nada, do que eles são capazes de fazer por si mesmos.
Permitam que eles carreguem o material escolar que é deles, permitam que eles levantem do sofá e se sirvam sozinhos de um copo de água, permitam que eles cooperam com o grupo familiar, permitam que eles assumam responsabilidades etc.
Mostre a eles que para tudo há limites, cuidado com os excessos de presentes, de festas, de sins. Ensinem a esperar, a conquistar, a lutar para conseguir. Não premiem comportamentos inadequados e aprenda a importância deles aprenderem o significado da palavra "não" dentro de casa.
Pode parecer loucura, mas continuo afirmando, sem nenhum medo de errar, quando mais facilitamos, quanto mais resolvemos, quanto mais enchemos os filhos de coisas, presentes e sins, sem deles nada exigir em troca, mais estes crescem insatisfeitos e revoltados com os pais. Sem noções de limites eles crescem sentindo o todo poderoso e exigindo cada vez mais.
Pode até parecer absurdo, mas a desproteção e a superproteção colocam os filhos praticamente ao mesmo nível de vulnerabilidade, por isso, volta a repetir: o excesso de tudo faz tão mal quanto a falta de tudo.
Celso Garrefa

