Precisamos aprender a nos posicionar: não, isso eu não aceito, com isso eu não concordo, isso eu não admito. Se não estabelecermos os limites do aceitável corremos sério risco de sermos tratados sem nenhuma consideração e respeito.
Devemos tomar cuidado com o que muitos chamam de zona de conforto. Muitas vezes ela não passa de uma zona de acomodação. Como seres humanos, vamos nos adaptando e nos ajustando às circunstâncias, mesmo que, por vezes, isso não está nos fazendo bem. Acomodamos ao grito nos ouvidos, para não contrariar, permitimos uma estupidez com medo de perder, aceitamos um comportamento insano, sob a justificativa do amor.
Mudar esse processo é urgente, e para tanto, não é preciso diminuir o tamanho e importância do outro, mas reconhecer também a nossa importância, as nossas qualidades, os nossos valores, e também sentir merecedores do respeito, do cuidado. Merecedores, em primeiro lugar, do amor-próprio, pois sem ele nos sujeitamos a toda espécie de abusos.
Nesse processo de cura é fundamental trocarmos a acomodação pela incomodação. Enquanto nos acomodamos não corrigimos o que precisa ser melhorado, e o que é pior, a tendência é de que as coisas se agravem até atingir proporções insustentáveis e perigosas.
Também é necessário coragem para agir, para encarar ou mesmo provocar um conflito, conscientes de que um conflito não significa provocar uma guerra, mas abrir a possibilidade da reflexão, onde a outra parte tem vez e voz, mas isso não pode aniquilar a minha vez, nem calar a minha voz.
Celso Garrefa
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida".

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