domingo, 17 de maio de 2015

CULPA E PERDÃO

    
Certa vez, convidados pela Fundação Casa, participamos de uma reunião com pais e mães dos internos. Quando falávamos sobre o sentimento de culpa, uma das mães nos relatou que se sentia culpada por seu filho adolescente estar internado naquela instituição. Segundo ela, quando ele era pequeno, ela bebia muito, usava drogas, vivia em casas de prostituição, não cuidava dele, etc.
                                    
      É inegável que os comportamentos desajustados dos pais exercem influências negativas na formação dos filhos. Crianças normalmente aprendem aquilo que vivenciam e os maus exemplos exercem influências negativas, no entanto, não nos cabe julgá-la ou condená-la por suas falhas no passado. Provavelmente ela também teve uma infância prejudicada e apenas reproduziu um ciclo de problemas. Precisamos ajudá-la a quebrar esse ciclo negativo, apresentando-lhe a possibilidade de um futuro diferente, sem permitir que a culpa a engesse no passado.

   Toda vez que nos julgamos culpados por algo, o primeiro passo para descarregarmos esse peso começa no reconhecimento das nossas falhas e, consequentemente, na busca do perdão em todos os níveis. Devemos buscar e aceitar, em primeiro lugar, o perdão Divino. Devemos também pedir perdão para aquele que sentimos havê-lo prejudicado e, finalmente, precisamos do perdão mais difícil, que é nos perdoarmos, com sinceridade. Só assim estaremos libertos para começar as mudanças necessárias.

     Não há como modificarmos aquilo que passou, mas é plenamente possível trabalharmos para um futuro diferente e melhor. O passado deve servir de lição, mas não podemos ficar presos a ele e para isso precisamos nos libertar do sentimento de culpa que nos corrói e paralisa e nos comprometermos com as mudanças necessárias para a construção de uma nova vida.

     Neste novo momento a culpa deve ceder espaço para a responsabilidade e isso exige de nós o compromisso com a busca da transformação e da mudança, pois de nada adianta reconhecermos um erro, buscarmos o perdão e continuarmos apresentando os mesmos comportamentos desajustados, repetindo as mesmas falhas do passado. Isso se chama enganação.

        Assumir o compromisso com as mudanças não é um processo fácil e por isso não devemos fazê-lo sozinhos. Um grupo de apoio e orientação, como o Programa Amor-Exigente, ajuda-nos a enfrentarmos esse desafio sem críticas, sem condenações e com um apoio seletivo e orientado, que somados a uma espiritualidade fortalecida, aproxima-nos de Deus e nos conduz ao caminho da transformação para uma vida nova e plena. 

                       

Texto de Celso Garrefa
                        
Programa Amor-Exigente 
Sertãozinho SP

terça-feira, 5 de maio de 2015

RESPONSABILIDADE SEM CULPA


Se nos deixarmos influenciar por uma sociedade que cobra de nós pais uma perfeição, que não está ao nosso alcance, corremos sério risco de nos tornarmos mais uma vítima do sentimento de culpa.
          
Esse sentimento não está ligado apenas a fatos ocorridos no passado, em que a pessoa se auto-condena por algo que já aconteceu. Ele também pode nos remeter ao futuro, ou seja, a pessoa se sente culpada antes mesmo de agir.
Muitos pais sabem que existem momentos em que precisam ser firmes, mas paralisam com receio de contrariar os filhos ou por medo da rejeição da criança e amolecem. Existem momentos em que o não é necessário, mas sentem-se culpados por não atender aos apelos da criança e facilitam.

É nossa responsabilidade, como pais, exercer uma educação preventiva e assertiva e isso exige a adoção de atitudes firmes que visem corrigir todo e quaisquer comportamentos que desaprovamos. Nossas ações, por vezes, contrariam os interesses dos pequenos, mas não precisamos agradar o tempo todo. A responsabilidade nos convida a agir; a culpa por antecipação engessa e paralisa nossas ações.
Os filhos, espertos como são, aproveitam e utilizam as armas que possuem: o choro, a birra, o rostinho emburrado. Nesse momento é preciso muita consciência para fazermos aquilo que precisa ser feito, sem autopunição, sem autopiedade, sem culpa. 
É fácil identificarmos os pais que se culpam por antecipação. Eles possuem o hábito de fazer o uso do “e se” diante de tudo aquilo que precisam fazer. – E se eu não permitir que ele coma mais um doce depois de secar uma caixa inteira de chocolates e ele ficar doente? - E se eu não comprar mais um brinquedinho depois de centenas e mais centenas que ele possui e ele não gostar mais de mim? 
A responsabilidade, diferente da culpa, é a consciência de que o verdadeiro amor é aquele que nos leva a fazermos o que precisa ser feito,  sem nos omitirmos, sem receios de estabelecermos limites. Precisamos parar de tratar filhos como coitadinhos, pois isso diminui suas potencialidades e capacidades. Mais do que agradar o tempo todo, nossa responsabilidade é a de educar, de preparar para a vida. 

Texto de Celso Garrefa
           Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...