Criado pela ONU em
1987, o Dia Internacional de Combate às Drogas completou mais de trinta anos e ao longo deste tempo não vemos motivos para
comemorarmos. As estatísticas apresentam número crescente de usuários, com
iniciação cada vez mais cedo. O tráfico está cada vez mais ousado e nossas
cidades possuem pontos de venda em cada esquina. O que está dando errado?
Acredito que só
vamos conseguir resultados significativos e redução do consumo das drogas
quando atuarmos nos dois eixos. Um deles é o combate ao tráfico, que envolve o
papel da polícia, da inteligência, dos legisladores. O outro é tirarmos o foco das drogas, que é
uma substância inanimada e investirmos no sujeito.
O segundo eixo
merece extrema importância, pois, não é a droga que vai até o sujeito, mas o
sujeito que vai até ela e como todo comércio, existe a lei da procura, onde o
tráfico se sustenta. Infelizmente, quase nada vemos nesse sentido. Estamos em
plena semana internacional de combate às drogas e o que você viu de campanha
nestes dias?
As drogas ilícitas
e outras lícitas consumidas abusivamente, como o álcool, são um dos maiores
desafios que assolam a humanidade e parece-nos que estamos todos cochilando quando o
assunto é esse. Vemos campanhas maravilhosas e necessárias, como o outubro rosa
ou a campanha de preservação do meio ambiente. Nas escolas, a campanha sobre
dengue é fantástica. Mas quando o
assunto é drogas, pouco se vê.
Estamos perdendo
essa guerra porque menosprezamos o inimigo. As drogas é um perigo
iminente e todas as nossas crianças correm riscos. Os pais têm medo de falar
com seus filhos sobre o assunto, poder público é
ineficiente no tratamento aos dependentes do álcool e outras drogas e não se
interessa pela prevenção. Não disponibilizam recursos para trabalhos preventivos,
cujo custo é barato, enquanto isso os problemas
instalados sugam, sem piedade, recursos públicos na área da saúde, segurança,
previdência e social. Faltam espaços públicos onde os jovens possam se
identificar com outros prazeres, que não sejam os ilusórios das drogas.
Muitas de nossas
escolas estão omissas em relação ao assunto. É preciso trazer o tema ao debate
em sala de aula. Orientar nossas crianças e jovens, trazendo informações de
qualidade. Não adianta ensinar um aluno sobre o que aconteceu na época do
império se não discutirmos com eles sobre os perigos atuais. Não adianta formarmos doutores, sem formarmos cidadãos.
O combate às drogas
somente colherão resultados positivos quando pensarmos em estratégias de curto,
médio e longo prazo. Quando intensificarmos o foco no sujeito, que é o agente
da ação e quando a cegueira familiar, social e pública retirar o véu do preconceito,
da acomodação e do medo, e acordar para essa triste realidade, que cada vez
mais destroem nossas crianças e jovens e consequentemente, toda a família.
Precisamos parar de
enxergar esse problema como algo distante. Ele bate a nossa porta e todos nós,
direta ou indiretamente, sofremos as consequências do consumo abusivo das
drogas. Precisamos nos mover, caso contrário, mais trinta anos se passarão, sem enxergamos resultados positivos.
Programa Amor-Exigente
de Sertãozinho SP