sábado, 30 de setembro de 2017

A CRIANÇA E O HOMEM NU: ARTE OU CRIME?

         
        
        Uma performance de um homem nu interagindo com uma criança no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), nesta semana, gerou revolta nas redes sociais. Para muitos, o ato é crime por envolver criança, inclusive com pena prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), porém para muitos críticos de arte, a manifestação é livre e deve estar isenta de censuras.

O episódio amplamente compartilhado e comentado nas redes sociais não chocou pelo nu masculino, mas pelo contato direto do homem nu com uma criança que é convidada a tocar seu corpo e isso nos lança um questionamento: Deve a arte ser livre e isenta de censura a ponto de não respeitar uma criança? Pode a arte, a pretexto de livre expressão extrapolar as leis de proteção à infância?

Quem de nós ao assistir aquela patética cena conseguiu enxergá-la como arte? Quem não se revoltou ao ver aquilo?

Talvez os defensores da arte argumentem que ela serve para chocar. Mas o que vimos nos comentários, muitos deles exaltados, é uma revolta pelo desrespeito à infância e uma manifestação coletiva em defesa da criança, que, aliás, segundo consta, era supervisionada pela mãe. Mãe? O que é ser mãe? Qual o papel de mãe?

Ser mãe é muito mais que dar a luz. Significa assumir suas responsabilidades de mãe, agindo e norteando as condutas dos filhos. Significa exercer seu instinto maternal de proteção, não os expondo a situações inadequadas. Mãe presente fisicamente, mas ausente em atitudes cria filhos órfãos de pais vivos.

O ECA protege a identidade de menores de dezoito anos, no entanto, a pretexto de uma arte, mesmo acompanhada da mãe, essa criança está nesta semana com o rosto estampado em todas as redes sociais do país.

Já imaginaram como vai ser para essa menina quando voltar à escola depois de toda essa repercussão?

Eu trabalho com crianças a longa data, muitas delas vítimas de abusos de toda espécie, inclusive sexual. Os números são alarmantes e, mais uma vez, a pretexto de uma liberdade da arte, a cena tenta mostrar como normal aquilo que não é normal. Banaliza aquilo que não podemos aceitar como banal.

Quem quiser chamar de arte qualquer bobagem que se apresente, que chamem, mas respeitem nossas crianças, já tão expostas e erotizadas. Na cena não vi arte, vi crime e para crime, punição, inclusive para uma mãe que se mostrou incapaz de exercer seu instinto maternal, que é proteger sua cria.



Texto de Celso Garrefa

sábado, 23 de setembro de 2017

SUICÍDIO: O DIÁLOGO É A MAIOR PREVENÇÃO

O Setembro Amarelo é uma campanha mundial que ocorre durante todo este mês de setembro e tem por objetivo a prevenção ao suicídio. Os números são alarmantes. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) por ano aproximadamente 800 mil pessoas cometem o autoextermínio no mundo. Ainda, segundo a OMS, o Brasil ocupa a oitava posição neste ranking e estima-se que para cada morte há entre 10 e 20 tentativas não concretizadas.

Entre os principais fatores de risco para a prática do autoextermínio estão a depressão e a dependência de substâncias entorpecentes. Neste texto não vou aprofundar em relação à depressão, limitando-me a abordar o tema em relação à dependência química.

O dependente químico, ao longo do tempo de uso constante e severo das drogas, pode atingir um estágio muito perigoso, em que já não se sente bem fazendo o uso e também não consegue ficar bem sem consumir sua droga de abuso.

Ele pode alternar momentos de euforia intensa provocada pelo uso, seguido de profunda depressão e forte arrependimento pós uso. Isso produz um grande sofrimento e imensa dor interna. Mesmo diante deste estágio, o desejo do dependente não é tirar a própria vida, mas matar essa dor que o incomoda além do normal e com a qual não consegue mais lidar. A decisão pelo suicídio raramente é um ato realizado por uma impulsividade. Antes da sua concretização o suicida costuma apresentar sinais sutis da sua ideação.

Segundo uma ideia filosófica, citada numa entrevista pelo professor Mário Sérgio Cortella, suicídio é uma solução permanente para um problema temporário. Ao analisarmos essa definição precisamos pensar sobre a visão que o sujeito possui em relação ao seu problema, sua temporalidade e sua resiliência, ou seja, a capacidade que a pessoa possui de enfrentar grandes problemas e a retomar ao seu estado normal, porém nem todos a possui. O suicida em potencial nem sempre consegue enxergar que existem soluções para os seus desafios.
 
Segundo os especialistas o melhor instrumento de prevenção para o suicídio chama-se escuta, portanto devemos emprestar ouvidos a quem precisa falar e mais que isso, ajudá-lo a compreender que por maior que seja o seu desafio sempre existirão saídas e que podemos ajudá-lo a encontrá-las. 

        Texto de Celso Garrefa    
        Sertãozinho SP

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

RESPONSABILIDADE SOCIAL (ÚNICOS, MAS PARTE DE UM TODO)

(Imagem da internet)
Nenhum de nós vive isolado. Nascemos em uma família e desde cedo nos juntamos a outros grupos. Somos parte de uma comunidade e vivemos em sociedade. Sofremos os reflexos dos problemas que nos rodeiam e não há como nos colocarmos a margem destes desafios. Adotar uma postura egoísta ou egocentrista é puro engano e não nos imuniza das crises.

A responsabilidade social nos convida a sairmos de nós mesmos e assumirmos nosso papel em sociedade, sem o velho discurso do levar vantagem em tudo. Nós somos a própria sociedade e fechar os olhos para isso significa trabalharmos contra nós mesmos.

O Amor-Exigente nos ajuda a assumirmos nossas responsabilidades sociais fundamentado em seus princípios básicos e éticos. Na terceira semana de cada mês o foco do programa é a nossa comunidade e assim, nos apoderamos dos princípios, discutindo, refletindo e assumindo metas em relação ao nosso papel em sociedade.

Em tempos modernos onde criticar, condenar e buscar culpados são comportamentos rotineiros a nossa volta, o Programa Amor-Exigente, em suas ações de responsabilidade social, acolhe, orienta, assume posições claras e busca soluções, visando a transformação do eu, da família e da comunidade, sem preconceitos ou egoísmos.

Richard Whately citou, certa vez, que “Um homem é chamado de egoísta não por seguir seu próprio bem, mas por negligenciar o bem do seu próximo”. Somos únicos, porém, como uma engrenagem, somos parte de um todo. Responsabilidade social significa ampliarmos nossa visão e nossas ações para além de nós mesmos.

É exagerado engano imaginarmos que ao fazermos algo ao outro apenas ele será beneficiado.  As boas ações também brotam. Ganha o individuo, ganha a sociedade, ganham todos. E não tenho nenhuma dúvida em afirmar que o maior beneficiado de uma ação de responsabilidade social é próprio agente da ação.


De Celso Garrefa
(Texto publicado na revistae - agosto/17 - Ano IX - edição 215)


PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...