sábado, 22 de julho de 2023

FALAR OU CALAR?

Tarde da noite, os pais angustiados esperam pelo filho que está na rua. Eles sabem que o jovem tem feito uso abusivo do álcool e está dependente de outros drogas. Enquanto não chega, eles vão se preparando para uma conversa: de hoje não passa, hoje ele vai ter que nos ouvir, do jeito que está não dá mais.

Já na madrugada, o filho chega cambaleante. – Filho, precisamos conversar. O jovem, não demonstrando qualquer interesse na fala do pai, reage de forma grotesca: - De novo esse papo, não estou a fim de conversa, não. Entra no quarto bate a porta e deixa os pais no vácuo.

É inegável que os pais devem e precisam falar com os filhos sobre o abuso do álcool ou consumo de outras drogas, porém, é preciso que isso aconteça de forma adequada e em uma melhor hora.

Quando um filho chega sob efeito de substâncias entorpecentes, qualquer tentativa de diálogo não produz efeito algum. Nesse momento, aquilo que é transmitido entra por um ouvido e sai pelo outro, ou ele pode se tornar agressivo e a tentativa de diálogo terminar em confronto.

Mas é importante não deixar cair no esquecimento. É comum no dia seguinte, quando o filho recuperou do porre da noitada, os pais se calarem, com receio de tocar no assunto e ele sair para rua novamente. Como uma forma de se protegerem dos sofrimentos resultantes da convivência com um dependente, os pais se iludem: quem sabe dessa vez ele para, e adotam o silêncio.

Não dá para calar diante do problema, mas também não precisamos exagerar com sermões e broncas intermináveis. É preciso ser breve e passar o recado, transmitindo nosso posicionamento contrário ao uso, de forma clara e firme, colocando-nos a disposição para ajudá-lo a sair do enrosco em que se meteu, porém, descartando qualquer tipo de ajuda que apenas favoreça a continuidade do problema e facilite o seu uso.

É preciso coragem para toca no assunto e jamais nos calar diante de um problema, pois, como diz um dito popular, quem cala, consente.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 9 de julho de 2023

POR QUE COMIGO?

Manter um sorriso no rosto, mesmo diante de um grande problema, não é uma atitude fácil de adotarmos, mas, ainda assim, devemos lutar bravamente para consegui-lo, não com o objetivo de mantermos as aparências, ou fingir que tudo está bem, mas como uma força impulsionadora capaz de nos fortalecer no enfrentamento do desafio.

Por vezes, diante dos percalços da vida, inconscientemente, queremos mostrar o quanto estamos sofrendo e externalizamos esse momento através do autoabandono, do isolamento, da tristeza profunda estampada no rosto. Isso significa potencializar um desafio que já é grande.

Manter a cabeça erguida, colocar um sorriso no rosto e abandonar o casulo no qual nos fechamos são os primeiros passos na direção de uma atitude interior positiva que nos permite enxergar o nosso desafio na medida certa, sem minimizá-lo, mas também sem o maximizar.

Rejeitar o muro das lamentações, parar de resmungar, abandonar o papel de coitadinho e buscar ajuda nos permitem um novo olhar sobre o desafio enfrentado, e assim, podemos parar de questionar: “por que comigo?”, “por que na minha casa?”, e compreender que muitas coisas que acontecem conosco possui um propósito que talvez ainda não sabemos, portanto, mudemos o questionamento: “para que isto aconteceu comigo?” “para que isto aconteceu na minha casa?"

As maiores pessoas que conheço e admiro nesta vida são pessoas que tiveram de vencer grandes desafios, e como tenho dito e repetido: sofrimento não é remédio que soluciona problemas, portanto, coloquemos um sorriso no rosto, abandonemos o sofrimento profundo e vamos à luta. 




Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...