Já na madrugada, o filho chega
cambaleante. – Filho, precisamos conversar. O jovem, não demonstrando qualquer
interesse na fala do pai, reage de forma grotesca: - De novo esse papo, não
estou a fim de conversa, não. Entra no quarto bate a porta e deixa os pais no vácuo.
É inegável que os pais devem e
precisam falar com os filhos sobre o abuso do álcool ou consumo de outras
drogas, porém, é preciso que isso aconteça de forma adequada e em uma melhor hora.
Quando um filho chega sob efeito
de substâncias entorpecentes, qualquer tentativa de diálogo não produz efeito
algum. Nesse momento, aquilo que é transmitido entra por um ouvido e sai pelo
outro, ou ele pode se tornar agressivo e a tentativa de diálogo terminar em confronto.
Mas é importante não deixar cair
no esquecimento. É comum no dia seguinte, quando o filho recuperou do porre da
noitada, os pais se calarem, com receio de tocar no assunto e ele sair para rua
novamente. Como uma forma de se protegerem dos sofrimentos resultantes da convivência
com um dependente, os pais se iludem: quem sabe dessa vez ele para, e adotam o
silêncio.
Não dá para calar diante do
problema, mas também não precisamos exagerar com sermões e broncas
intermináveis. É preciso ser breve e passar o recado, transmitindo nosso posicionamento
contrário ao uso, de forma clara e firme, colocando-nos a disposição para ajudá-lo
a sair do enrosco em que se meteu, porém, descartando qualquer tipo de ajuda
que apenas favoreça a continuidade do problema e facilite o seu uso.
É preciso coragem para toca no assunto e jamais nos calar diante
de um problema, pois, como diz um dito popular, quem cala, consente.
Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP