sexta-feira, 28 de março de 2025

A CONFIANÇA PERDIDA E O PAPEL AMASSADO

Dois fatores são essenciais para resgatar uma confiança depois de perdida: o tempo e a constância. Comportamentos equilibrados e coerentes, somados ao compromisso de assumirmos aquilo que prometemos, fazem com que a confiança se solidifique, no entanto, quando repetidamente pisamos na bola, as relações se abalam e o descrédito se instala.

A desconfiança não é escolha, mas um sentimento que possui raízes profundas e dolorosas. Não escolhemos perder a confiança em alguém, assim como, não escolhemos voltar a confiar. 

Não se reconstrói uma confiança com a mesma velocidade com que a perdemos. É preciso de tempo e não é pouco, e ainda assim, alguns resquícios permanecem. É como pegarmos uma folha de papel nova, amassá-la e novamente tentar trazê-la ao estado inicial. Ela volta a ficar inteira, mas as marcas permanecem.

No resgate de uma confiança não há espaço para o imediatismo. É preciso dar tempo ao tempo, assumir, de fato, a correção dos problemas que causaram o descrédito, modificando atitudes e comportamentos, contudo, somente o tempo não é suficiente para consertar o estrago, é preciso constância nas mudanças comportamentais. Não adianta ficar semanas, meses, ou mesmo anos sem repetir o problema e novamente "pisar na bola". Muitos de nós somos especialistas em começar, prometer, mas sem constância não atingimos objetivo algum. 

O pedido de perdão é o primeiro passo nesse processo, mas o perdão só faz sentido se nos comprometermos a não repetir as mesmas falhas que culminaram na perda da confiança. Sem isso, o pedido de perdão não passa de mais uma enganação, mais uma manipulação.

A decisão de mudar, o compromisso com a mudança e a constância são os fatores que ao longo do tempo permitem que a confiança vagarosamente se reestabeleça. A retomada da confiança perdida não possui data de validade, é para a vida toda. 


Celso Garrefa
Pedagogo Social
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida"







sexta-feira, 21 de março de 2025

VOCÊ PRECISA CONFIAR EM MIM

Um dos desafios das pessoas em processo de recuperação da dependência do álcool ou de outras drogas é lidar com a falta de confiança da família. Eles queixam que, apesar dos seus esforços, a desconfiança ainda prevalece com muita força. Por outro lado, os familiares relatam que desejam intensamente confiar, mas não conseguem fazê-lo. Como lidar com isso?

Não precisamos de muita coisa para perdermos a confiança em alguém, mas recuperá-la é um desafio que exige muito esforço e mesmo assim, precisa de tempo, que não costuma ser pouco. Enquanto a pessoa estava no uso, os familiares conviveram com tantas mentiras e promessas não cumpridas, que cansaram de palavras. Conversas não convencem mais. A recuperação da confiança é um desafio a longo prazo, que precisa ser conquistada e não cobrada, e isso só é possível através de novas e permanentes atitudes e comportamentos.

A pessoa em recuperação ajuda muito quando, num exercício de humildade, posiciona os familiares em relação ao que pretende fazer, onde deseja ir, a que horas pretende voltar e consequentemente, cumpre rigorosamente com aquilo que foi combinado. Essas atitudes encurtam o processo de retomada da confiança.

Em relação à família, sabemos que não é fácil recuperar a confiança perdida depois de anos de problemas e recuperá-la dependerá muito das atitudes apresentadas pelo outro, contudo, devem adotar algumas posturas para lidar com isso.

Manter a atenção é necessário, mas não é produtivo fazer uma marcação cerrada, com cobranças exageradas, lembrando-o a todo instante sobre seu passado ou vasculhando os seus pertences. Também devem evitar falar com a pessoa como se ela fosse fazer uso, todas as vezes que sai de casa ou recebê-la como se ela tivesse feito uso no momento em que retornam. 

A pessoa em recuperação deve aceitar a ideia de que a desconfiança está enraizada na família e lidar com isso com naturalidade, sem utilizar desse fato para chutar o balde e colocar tudo a perder. O resgate da confiança perdida é um processo a ser construído ao longo do tempo. Se a perda da confiança é processo veloz como um guepardo, sua recuperação é lenta como uma tartaruga. É preciso muita paciência.


CELSO GARREFA
Pedagogo Social
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente
de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida"

sábado, 15 de março de 2025

CONFIANÇA PERDIDA, DIFÍCIL RESGATE

Quem convive com um dependente do álcool ou de outras drogas conhece muito bem algumas características marcantes presentes nessas pessoas, como a mentira, a chantagem, a manipulação e as promessas não cumpridas. Nunca estão onde dizem estar, raramente cumprem com os horários combinados, dizem que vão se cuidar, porém retornam para casa sobre efeito de álcool ou outras drogas. Prometem que vão melhorar, mas não mostram mudança alguma, com isso, a confiança é perdida, cedendo espaço para as desconfianças.

Como a dependência é um processo longo, uma doença progressiva, a desconfiança cresce, cresce e cresce. Quanto maior o tempo de envolvimento com as drogas, mais enraíza nos familiares o sentimento de desconfiança, descrença e desesperança.

Chega um momento em que o dependente decide abandonar as drogas. Para isso alguns buscam grupos de auto e mútua ajuda, outros fazem tratamento em clínicas ou comunidades terapeutas. A família, por sua vez, participa de reuniões do programa Amor-Exigente. Durante esse processo, a desconfiança continua: será que vai dar certo; como vai ser o seu retorno; e se ele voltar a fazer uso; e se sofrer uma recaída. Esses questionamentos perturbam e incomodam os familiares, afinal foram tantas as promessas não cumpridas que as desconfianças ainda prevalecem com muita força.

Espera-se que ao final de uma internação, o dependente viva um novo momento, busque a sua sobriedade, construa uma nova vida. Nessa fase eles buscam resgatar a confiança perdida, contudo precisam aprender a conviver com ela, pois esse sentimento está fortemente enraizado na família. Por mais que os familiares desejam confiar, isso não é tarefa tão simples assim. 

Não resolve cobrar confiança. Sua retomada é um processo muito lento que não se recupera com palavras ou promessas, mas através de atitudes e comportamentos adequados e equilibrados. Se precisamos de pouca coisa para perder a confiança, vamos precisar de muita para recuperá-la. 

PS: Próximo texto vamos apresentar algumas dicas para lidar com a confiança perdida.




Celso Garrefa
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida".






terça-feira, 4 de março de 2025

LIMITES NÃO SÃO FREIOS

Problemas complexos e de difíceis soluções costumam minar nossas energias, atingir nossos limites e, como consequência experimentamos, por vezes, a sensação de haver tentado de tudo, e não enxergamos uma saída.

É verdade que os nossos recursos são limitados, mas não devemos fazer disso uma barreira paralisante, que nos mantém estagnados, presos ao problema e incapazes de enfrentar o desafio, pelo contrário, significa que precisamos buscar meios de ampliar nossas potencialidades. 

O primeiro passo é resguardar os recursos já existentes, preservando nossas estruturas. Não resolve abandonar emprego porque estamos com um problema familiar, ou deixar de dormir à noite enquanto o filho não chega, ou ainda deixar de nos alimentar porque temos uma dívida etc. 

Essas são atitudes disfuncionais que minam nossos recursos materiais, físicos e emocionais e, quanto mais desrespeitamos esses limites, mais adoecemos, mais nos fragilizamos e, consequentemente, diminuímos nossas forças para lidarmos de forma assertiva com o problema.

Mais do que preservar os recursos já existentes, precisamos ampliá-los e para isso, é fundamental  buscarmos ajuda, orientação e apoio. Cada um de nós possui conhecimentos e experiências que são de extrema importância para a solução do desafio, no entanto, essas vivências são limitadas, mas não precisamos nos limitar a nós mesmos. 

Varias cabeças pensando juntas funcionam melhor que uma sozinha. Quando adotamos a coragem de buscar ajuda ampliamos de forma substancial os recursos necessários para enfrentarmos um grande desafio e passamos a enxergar novas possibilidades que até então não havíamos percebido. Em grupo ampliamos nossos recursos e assim deixamos de enxergar limites como freios para encará-los como alavancas. 



Celso Garrefa

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida"





SEM DISCIPLINA FAZEMOS O NOSSO MÍNIMO E NÃO CHEGAMOS A LUGAR ALGUM

Um dos objetivos da disciplina é ordenar e organizar a nossa vida e também a vida da nossa família. Para tanto, todos os membros da casa dev...