sexta-feira, 31 de maio de 2013

FILHO, VOCÊ ESTÁ USANDO DROGAS?





          Muitos pais, por não possuírem conhecimento sobre a problemática das drogas, acreditam, erroneamente, que tão logo um filho entre em contato com estas substâncias, isto se tornará visível para eles, mas na realidade não é assim que acontece.

         Em geral, um pai ou uma mãe só consegue perceber que o filho está fazendo uso de substâncias entorpecentes depois de aproximadamente dois a três anos de uso, ou seja, quando ele já está mergulhado na dependência.

Quando surge alguma desconfiança, costumam questionar os filhos, entretanto o medo da resposta é tão grande que eles fazem a pergunta quase que respondendo para o jovem: "Você não está usando drogas não, né"? É óbvio que a resposta será “não”. Isso satisfaz plenamente os pais, pois é exatamente aquilo que eles desejam ouvir.

            Uma das características do dependente é a sua capacidade de mentir e manipular e num processo de uso, o seu objetivo é esconder a verdade, fazer com que os pais não saibam, pois sabem que ao tomarem conhecimento da realidade, obviamente começarão a pegar no pé, a colocar obstáculos e a não aceitar tal situação.

          Quando surgem os primeiros sinais de uso, os pais são afetados pela negação, que os deixam "cegos". Negam o óbvio e continuam acreditando nos filhos, desenvolvendo, inconscientemente, um mecanismo de defesa contra as dores e os sofrimentos que a descoberta podem causar-lhes.

Quando alertados por colegas, parentes ou vizinhos, eles preferem se chatear com os alertas, virar a cara com quem está tentando abrir-lhes os olhos e continuam acreditando no filho. Quando o garoto chega diferente em casa, preferem acreditar que só exagerou um pouquinho na bebida, como se isso fosse pouco. Mesmo quando encontram droga escondida no quarto do menino, aceitam com facilidade o argumento de que ela não é dele e sim de um amigo que pediu para que ele a guardasse.

Muitos desconhecem que o desenvolvimento da dependência acontece de forma progressiva. Inicia-se na experimentação, passando para uso esporádico, evoluindo para uso frequente e, consequentemente o desencadeamento da dependência. No primeiro momento, os filhos conseguem disfarçar com facilidade. Eles não retornam para casa aos pedaços, muito menos doidões. Isso só começa acontecer quando atingem níveis de uso severo.

Iniciado o uso, buscam o prazer proporcionado pelo consumo e precisam obter sempre mais para conseguir o mesmo efeito, de tal forma que o problema se agrava. Com o passar dos tempos, não conseguem mais esconder o problema e começam evidenciar os sinais do uso. Objetos desaparecem da casa, eles somem por horas ou até dias, dormem o dia todo, pois estão acabados pela noitada. Nunca são encontrados nos locais onde dizem que frequentam.  É nesse momento que vem à tona a triste realidade que a família não queria e nem desejava conhecer, porém torna-se tão visível que não dá mais para negar.

Esperar que os filhos apresentem sinais visíveis do uso de drogas para começar a agir pode levar tempo demais, portanto as ações precisam acontecer muito antes deles externizarem os sinais do consumo.

Ninguém está a salvo do problema e acreditar que em nossa casa não vai acontecer, em nada ajuda. Achar que estamos isentos do problema não é suficiente para evitá-lo, pelo contrário, somente faz com que não adotamos nenhuma medida de prevenção, deixando os filhos a mercê da própria sorte. Precisamos nos conscientizar que vivemos uma geração onde todas as crianças e jovens de nosso tempo, em algum momento de sua vida, terão acesso ao álcool e outras drogas, independente de condição financeira, nível intelectual, classe social ou crença e isso não é diferente em nossa casa, com nossos filhos.

As ações de prevenção precisam acontecer desde o mais cedo possível. Necessitamos desenvolver a capacidade de observar com atenção nossos filhos, procurando conhecê-los o máximo possível, pois é prestando atenção que notaremos as primeiras mudanças em suas condutas, o que possibilita corrigir todo e qualquer comportamento inadequado que eles apresentem. Corrigindo os pequenos desvios de comportamento, estamos prevenindo para que não cheguem aos grandes desvios que podem levá-los até às drogas.

Também é importante observar a situação com que o jovem retorna para casa. Não ser tolerante em relação ao consumo do álcool, que também é droga, causa dependência e pode servir de porta de entrada para outras. Observar seu rendimento escolar, conhecer os seus amigos, seus gostos, seus estilos. Procurar sempre o contato olho no olho, pois o dependente possui, como característica, não encarar as pessoas de frente. Eles desviam o olhar, não gostam de falar sobre o assunto e se isolam com frequência.

Aceitar a realidade pode ser muito duro e difícil para os pais, pois a descoberta desencadeia sofrimentos profundos, porém é o primeiro passo na busca da solução para o problema. Mais do que acreditar em palavras, precisamos observar comportamentos e atitudes e na dúvida devemos procurar por ajuda, auxílio e orientação e os grupos de Amor-Exigente espalhados pelo país estão de portas abertas para acolher quem procura.


                                                                Texto de Celso Garrefa
                                                Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

domingo, 26 de maio de 2013

EQUILÍBRIO COMPORTAMENTAL


O Amor-Exigente é um programa comportamental que parte do seguinte princípio: “NADA MUDA SE VOCÊ NÃO MUDAR”. Essa colocação, num primeiro momento, gera certa desconfiança nos familiares que buscam ajuda, pois o motivo da procura quase sempre é o desejo de modificar o comportamento de um familiar que se tornou dependente do álcool ou de outras drogas.

Participando das reuniões, logo percebem uma realidade: Deus não nos deu o poder de modificarmos ninguém, porém, deu a cada um de nós o poder de mudarmos a nós mesmos e esse é o segredo: quando mudamos, aqueles que estão a nossa volta precisam se adaptar às nossas mudanças.

Isso não significa que estamos errados ou que somos culpados pelas falhas do outro, mas nos convida a avaliar as nossas atitudes, a abandonar comportamentos previsíveis e repetitivos. Muitos filhos enxergam seus pais da mesma forma que assistem a tevê da casa, com o controle remoto em mãos; sabem exatamente em qual tecla apertar para conseguirem o que desejam.

Assim como os comportamentos dos nossos filhos nos afetam, os nossos também são capazes de afetá-los, portanto, precisamos aprender a cuidar dos nossas atitudes e fazer delas exemplos a serem seguidos, assim ganhamos em autoridade para cobrá-los. É complicado desejar filhos equilibrados se vivemos em estado de loucura. É missão dificílima desejar que eles fiquem livres do abuso do álcool, se assistem ao consumo abusivo dos pais. É tarefa complicada colocar Deus na vida dos filhos, se não vivemos uma espiritualidade. É difícil fazer com que eles respeitem os pais, se os próprios não se respeitam.

A violência e agressividade, as agressões verbais, as comparações e acusações, as gritarias, os maus exemplos, a permissividade, o abuso no consumo de medicamentos, do álcool, das drogas, o mau humor, a ausência de Deus em nossa vida, etc., são exemplos de comportamentos que afetam de forma negativa, e devemos corrigi-los.

Por outro lado, a coerência em relação aquilo que falamos e fazemos, o uso da verdade, a correção com firmeza, mas também com amor, o elogio quando merecido, o diálogo, a presença na vida deles, a vivência de uma espiritualidade, entre outros tantos, são exemplos de atitudes e comportamentos capazes de influenciá-los positivamente.

Adotar comportamentos coerentes, tranquilos e equilibrados significa cuidar da nossa saúde comportamental. Se não cuidado, o comportamento também adoece, contagiando aqueles que estão a nossa volta. Por outro lado, um comportamento sadio possui o poder de influenciar positivamente aqueles que amamos e isso pode ser decisivo, seja para uma educação preventiva ou na busca de soluções para problemas já instalados.


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Imediatismo e insatisfação


       
  
     Queremos dar aos nossos filhos tudo aquilo que não tivemos e na ânsia de agradá-los transformamos os seus desejos em direitos e estamos colhendo resultado contrário. Quanto  mais proporcionamos,  mais insatisfeitos ficam.

       É para hoje. Eu quero agora. Na recusa, um choro, uma birra, um escândalo e cedemos. Não estamos conseguindo fazê-los esperar. - “Quando ele quer, tem que dar logo, senão ele não sossega”, reclama uma mãe, e assim, eles vão se acostumando ao imediatismo e na mesma velocidade com que ganham, abandonam, deixam num canto, não curtem e nem valorizam e estão prontos para manifestarem outros desejos.

Quando éramos crianças não era assim. Lembro-me dos dias natalinos, onde aguardávamos pelo nosso presente com grande ansiedade, mesmo que fosse algo bem simples, e com um detalhe: ele só vinha mesmo naquele dia. Havia um ritual de espera, e criávamos grande expectativa. Ao recebê-lo a satisfação e alegria eram imensas. Atualmente nossas crianças ganham tantos agrados nos dias que antecedem o natal, que o presente ganho no dia da festa é recebido com frieza e indiferença.

            Outro fator interessante é o merecimento. Nem sempre a criança merece ganhar o presente. Não estudou como deveria, gritou com a mãe, bateu a porta do quarto, demorou duas horas para ir ao banho, agrediu o irmãozinho e no final do dia ganhou presente? Isso se chama injustiça.

        Na mesma proporção em que crescem acostumados ao imediatismo, também crescem as exigências. Muitos filhos chegam a adolescência com todos os seus desejos atendidos e prontamente. Presentes de todos os tipos, as melhores roupas, viagens aos montes, festas as melhores. Chegam à juventude e agora o que ganham são motos, são carros e quando esses agrados são recebidos sem esforço algum, sem merecimento nenhum, não curtem, não cuidam, não valorizam e assim, muitos pais vivem para consertar carros amassados e pagar multas de transito dos filhos.

            Acostumados ao imediatismo, interiorizam a ideia de que todos os seus desejos e vontades são direitos. Desejam tudo para já, querem tudo pronto e possuem grande dificuldade em esperar por algo ou em receber um não como resposta.  Ao crescerem desejam sucesso rápido, buscam pelo prazer imediato e sem esforços, querem se dar bem, sem demora. Nessa busca muitos se perdem. Não conseguem se firmar em nenhum emprego, porque não possuem paciência para buscar seu espaço. Já querem começar por cima. Na busca pelo prazer imediato, muitos encontram as drogas que, infelizmente, têm esse poder, e a busca pelo dinheiro fácil e rápido podem levá-los ao tráfico.  

Com todos os desejos atendidos de forma imediata e sem esforços muitos chegam à adolescência e juventude sem que nada mais lhes seduzem. A vida perdeu a graça. Tem tudo, o que mais podem ganhar? Nesse processo pode surgir a busca por algo novo, novas experiências, novas aventuras. Nessa busca, muitos encontram armadilhas que poderão custar-lhes muito caro.

Resguardadas as devidas proporções, em parte, isso justifica tantos jovens que tudo têm, sem que nada lhes faltem, criados com tudo de bom e de repente passam a apresentar grandes desvios de comportamento e conduta. 

Contudo, sempre é bom e conveniente frisarmos que cada um dá ou proporciona ao filho aquilo que pode, mas independente dos recursos disponíveis é importante aprendermos a dosar, a buscar um equilíbrio em relação ao que proporcionamos. Precisamos ensiná-los dentro de casa que existe um limite.

       Independente dos nossos recursos financeiros, devemos ensiná-los a esperar por algo, a cobrar algo em troca, fazê-los sentirem-se responsáveis pela conquista e se não houver merecimento, não devem ser presenteados.

        Existe algo melhor que o próprio presente que é a satisfação por tê-lo recebido e o mérito por havê-lo conquistado e quando atendemos imediatamente a todos os pedidos dos pequenos, estamos roubando-lhes essa alegria. Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que quanto mais proporcionamos algo aos filhos, sem nada deles cobrarmos em troca, mais eles viverão em estado de insatisfação total.


         

Texto de Celso Garrefa
           Amor-Exigente de 
           Sertãozinho SP
                                  

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...