Queremos dar aos nossos filhos tudo aquilo que não tivemos e na ânsia de agradá-los transformamos os seus desejos em direitos e estamos colhendo resultado contrário. Quanto mais proporcionamos, mais insatisfeitos ficam.
É para hoje. Eu quero agora. Na recusa, um choro, uma birra, um escândalo e cedemos. Não estamos conseguindo fazê-los esperar. - “Quando ele quer, tem que dar logo, senão ele não sossega”, reclama uma mãe, e assim, eles vão se acostumando ao imediatismo e na mesma velocidade com que ganham, abandonam, deixam num canto, não curtem e nem valorizam e estão prontos para manifestarem outros desejos.
Quando éramos crianças não era assim. Lembro-me dos
dias natalinos, onde aguardávamos pelo nosso presente com grande ansiedade,
mesmo que fosse algo bem simples, e com um detalhe: ele só vinha mesmo naquele
dia. Havia um ritual de espera, e criávamos grande expectativa. Ao recebê-lo a satisfação e
alegria eram imensas. Atualmente nossas crianças ganham tantos agrados nos dias
que antecedem o natal, que o presente ganho no dia da festa é recebido com frieza e indiferença.
Outro fator interessante é o
merecimento. Nem sempre a criança merece ganhar o presente. Não estudou como
deveria, gritou com a mãe, bateu a porta do quarto, demorou duas horas para ir
ao banho, agrediu o irmãozinho e no final do dia ganhou presente? Isso se chama
injustiça.
Na mesma proporção em que crescem acostumados ao imediatismo, também crescem as exigências. Muitos filhos chegam a adolescência com todos os seus desejos atendidos e prontamente. Presentes de todos os tipos, as melhores roupas, viagens aos montes, festas as melhores. Chegam à juventude e
agora o que ganham são motos, são carros e quando esses agrados são recebidos sem esforço algum, sem
merecimento nenhum, não curtem, não cuidam, não valorizam e assim, muitos pais vivem para consertar carros amassados e pagar multas de transito dos
filhos.
Acostumados ao imediatismo, interiorizam a ideia de que todos os seus desejos e vontades são direitos. Desejam tudo para já, querem tudo pronto e possuem
grande dificuldade em esperar por algo ou em receber um não como resposta. Ao crescerem desejam sucesso rápido,
buscam pelo prazer imediato e sem esforços, querem se dar bem, sem demora. Nessa
busca muitos se perdem. Não conseguem se firmar em nenhum emprego, porque não possuem paciência para buscar seu espaço. Já querem começar por cima. Na busca
pelo prazer imediato, muitos encontram as drogas que, infelizmente, têm esse
poder, e a busca pelo dinheiro fácil e rápido podem levá-los ao tráfico.
Com todos os desejos atendidos de forma imediata e sem esforços muitos chegam à adolescência e
juventude sem que nada mais lhes seduzem. A vida perdeu a graça. Tem tudo, o
que mais podem ganhar? Nesse processo pode surgir a busca por algo novo, novas
experiências, novas aventuras. Nessa busca, muitos encontram armadilhas que poderão custar-lhes muito caro.
Resguardadas as devidas proporções, em parte, isso justifica tantos jovens que tudo têm,
sem que nada lhes faltem, criados com tudo de bom e de repente passam a
apresentar grandes desvios de comportamento e conduta.
Contudo, sempre é bom e conveniente frisarmos que cada
um dá ou proporciona ao filho aquilo que pode, mas independente dos recursos disponíveis é importante aprendermos a dosar, a buscar um equilíbrio em relação ao que proporcionamos. Precisamos ensiná-los dentro de casa que existe um limite.
Independente dos nossos recursos financeiros, devemos ensiná-los a esperar por algo, a cobrar algo em troca, fazê-los sentirem-se responsáveis pela conquista e se não houver merecimento, não devem ser presenteados.
Existe algo melhor que o próprio presente que é a satisfação por tê-lo recebido e o mérito por havê-lo conquistado e quando atendemos imediatamente a todos os pedidos dos pequenos, estamos roubando-lhes essa alegria. Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que quanto mais proporcionamos algo aos filhos, sem nada deles cobrarmos em troca, mais eles viverão em estado de insatisfação total.
Independente dos nossos recursos financeiros, devemos ensiná-los a esperar por algo, a cobrar algo em troca, fazê-los sentirem-se responsáveis pela conquista e se não houver merecimento, não devem ser presenteados.
Existe algo melhor que o próprio presente que é a satisfação por tê-lo recebido e o mérito por havê-lo conquistado e quando atendemos imediatamente a todos os pedidos dos pequenos, estamos roubando-lhes essa alegria. Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que quanto mais proporcionamos algo aos filhos, sem nada deles cobrarmos em troca, mais eles viverão em estado de insatisfação total.
Texto de Celso Garrefa
Amor-Exigente de
Sertãozinho SP
Sertãozinho SP
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