O amor é um dos sentimentos mais belo e puro que o ser humano pode manifestar e talvez não haja sentimento maior que o amor de pais em relação aos filhos, entretanto somente amá-los não é suficiente para protegê-los das armadilhas da vida, por isso, além de belo, o amor também precisa ser sábio.
Quem ama
um filho, cuida, protege, luta e batalha por ele. Por amor,
verdadeiros pais se arriscam, viram feras e até são capazes de dar a vida por
suas crias e isso é fabuloso, entretanto, no intuito de transmitir este
sentimento aos filhos, muitos extrapolam os limites da normalidade adotando
atitudes de extrema permissividade, tornando-se super-protetores e com
isso ao invés de proteger, fragilizam; ao invés de levar ao crescimento,
aniquilam; ao invés de desenvolver a autonomia, reprimem.
Amar
um filho é um desafio, um compromisso que deve nos conduzir a fazer aquilo que
precisa ser feito, visando o próprio bem deles, preparando-os para o enfrentamento
dos desafios do dia-a-dia. O verdadeiro amor educa, orienta, prepara.
Não
podemos criar uma ideia equivocada sobre o amor. Amar não significa
aceitar todo e qualquer comportamento inadequado e indevido dos filhos. Amar
não pode e nem deve ser utilizado como desculpa para justificar o medo de
dizer-lhes “não”, quando isso for necessário. Amar não significa aceitar
passivamente ser maltratado, ofendido ou hostilizado por eles. Amar não é
atender a todos os seus caprichos descabidos. Amar não significa deixá-los a
mercê de suas próprias vontades. Amar não significa fazer pelos filhos aquilo
que eles mesmos possuem condições de fazer.
Aqueles
que confundem amar com agradar o tempo todo acabam se tornando vítimas de
filhos folgados, manipuladores, que no fundo não estão nem aí para os seus pais. A
ausência de limites, de regras, de cobranças e a passividade diante dos
comportamentos inadequados dos filhos não são compreendidos como uma
demonstração de amor nem mesmo na opinião deles próprios, pelo contrário,
assimilam a ideia de que é obrigação dos pais satisfazê-los sempre, custe o que
custar e quando não mais for possível atendê-los em suas crescentes exigências,
a revolta torna-se dominante.
Não interferir em nada no
direcionamento da educação dos filhos nada mais é que uma demonstração de falta
de interesse e sem envolvimento não se desenvolve as afinidades tão importantes
para o enraizamento do sentimento do amor recíproco.
Muitos pais, na ânsia de compensar as ausências e a falta de envolvimento,
buscam conquistar o filho enchendo-os de coisas, objetos, presentes, festas,
etc. e esquecem que a verdadeira essência do amor não está na quantidade de
coisas que lhes proporcionamos, mas sim em pequenos gestos e atitudes. Um
elogio, quando merecido, um fazer juntos, um diálogo agradável, um ouvir atentamente,
uma demonstração de respeito, de carinho e de atenção nada custam.
Quando o
nosso amor é transmitido através de gestos e atitudes equilibradas, favorecemos
o desenvolvimento da empatia nos filhos, conquistando o respeito e até mesmo o
amor deles, entretanto, quando esse sentimento é buscado apenas materialmente,
o que prevalece é a frieza nos relacionamentos.
Em nosso
papel de pais, por vezes, precisamos ser firmes, exercermos nossa autoridade,
estabelecermos limites ou contrariá-los e isso também é uma grande demonstração de um amor
verdadeiro, pois mostra o quanto nos preocupamos com o bem estar deles. Mostra que
estamos presentes, que tomamos decisões e atitudes visando proporcionar-lhes
uma vida plena.
O
Programa Amor-Exigente utiliza em seus trabalhos, uma frase muito interessante
que diz: “Eu amo você, mas eu
não amo o seu comportamento inadequado". Essa
colocação é fantástica, pois separa a pessoa do comportamento. Nossos filhos, como pessoa
humana são queridos e plenamente amados com toda nossa força e intensidade, mas
não somos obrigados e não precisamos amar aqueles comportamentos que
desaprovamos.
Finalizo este texto com outra citação muito presente nas nossas reuniões de grupo:
"O seu amor sem exigência me humilha;
A sua exigência sem amor me revolta;
A sua exigência sem amor me revolta;
O seu amor exigente me engrandece".