quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O AMOR TAMBÉM PRECISA SER SÁBIO



           

   
   O amor é um dos sentimentos mais belo e puro que o ser humano pode manifestar e talvez não haja sentimento maior que o amor de pais em relação aos filhos, entretanto somente amá-los não é suficiente para protegê-los das armadilhas da vida, por isso, além de belo, o amor também precisa ser sábio.


Quem ama um filho, cuida, protege, luta e batalha por ele. Por amor, verdadeiros pais se arriscam, viram feras e até são capazes de dar a vida por suas crias e isso é fabuloso, entretanto, no intuito de transmitir este sentimento aos filhos, muitos extrapolam os limites da normalidade adotando atitudes de extrema permissividade, tornando-se super-protetores e com isso ao invés de proteger, fragilizam; ao invés de levar ao crescimento, aniquilam; ao invés de desenvolver a autonomia, reprimem.

        Amar um filho é um desafio, um compromisso que deve nos conduzir a fazer aquilo que precisa ser feito, visando o próprio bem deles, preparando-os para o enfrentamento dos desafios do dia-a-dia. O verdadeiro amor educa, orienta, prepara.

      Não podemos criar uma ideia equivocada sobre o amor.  Amar não significa aceitar todo e qualquer comportamento inadequado e indevido dos filhos. Amar não pode e nem deve ser utilizado como desculpa para justificar o medo de dizer-lhes “não”, quando isso for necessário. Amar não significa aceitar passivamente ser maltratado, ofendido ou hostilizado por eles. Amar não é atender a todos os seus caprichos descabidos. Amar não significa deixá-los a mercê de suas próprias vontades. Amar não significa fazer pelos filhos aquilo que eles mesmos possuem condições de fazer.

Aqueles que confundem amar com agradar o tempo todo acabam se tornando vítimas de filhos folgados, manipuladores, que no fundo não estão nem aí para os seus pais. A ausência de limites, de regras, de cobranças e a passividade diante dos comportamentos inadequados dos filhos não são compreendidos como uma demonstração de amor nem mesmo na opinião deles próprios, pelo contrário, assimilam a ideia de que é obrigação dos pais satisfazê-los sempre, custe o que custar e quando não mais for possível atendê-los em suas crescentes exigências, a revolta torna-se dominante.

Não interferir em nada no direcionamento da educação dos filhos nada mais é que uma demonstração de falta de interesse e sem envolvimento não se desenvolve as afinidades tão importantes para o enraizamento do sentimento do amor recíproco.

Muitos pais, na ânsia de compensar as ausências e a falta de envolvimento, buscam conquistar o filho enchendo-os de coisas, objetos, presentes, festas, etc. e esquecem que a verdadeira essência do amor não está na quantidade de coisas que lhes proporcionamos, mas sim em pequenos gestos e atitudes. Um elogio, quando merecido, um fazer juntos, um diálogo agradável, um ouvir atentamente, uma demonstração de respeito, de carinho e de atenção nada custam.

Quando o nosso amor é transmitido através de gestos e atitudes equilibradas, favorecemos o desenvolvimento da empatia nos filhos, conquistando o respeito e até mesmo o amor deles, entretanto, quando esse sentimento é buscado apenas materialmente, o que prevalece é a frieza nos relacionamentos.

Em nosso papel de pais, por vezes, precisamos ser firmes, exercermos nossa autoridade, estabelecermos limites ou contrariá-los e isso também é uma grande demonstração de um amor verdadeiro, pois mostra o quanto nos preocupamos com o bem estar deles. Mostra que estamos presentes, que tomamos decisões e atitudes visando proporcionar-lhes uma vida plena.

O Programa Amor-Exigente utiliza em seus trabalhos, uma frase muito interessante que diz: “Eu amo você, mas eu não amo o seu comportamento inadequado". Essa colocação é fantástica, pois separa a pessoa do comportamento. Nossos filhos, como pessoa humana são queridos e plenamente amados com toda nossa força e intensidade, mas não somos obrigados e não precisamos amar aqueles comportamentos que desaprovamos.

Finalizo este texto com outra citação muito presente nas nossas reuniões de grupo:
                       
    "O seu amor sem exigência me humilha;
     A sua exigência sem amor me revolta;
                          O seu amor exigente me engrandece".

         
  
Texto de Celso Garrefa

Baseado no 12º princípio do
Programa Amor-Exigente



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