Onde será que eu errei? Essa pergunta, dirigida a nós mesmos, marca o ponto inicial do jogo da culpa, um sentimento paralisante capaz de nos afetar intensamente, causando-nos grande sofrimento. Em geral, ela se instala a partir do momento
em que atravessamos a fase da negação e reconhecemos que um filho está fazendo uso de drogas.
Ao nos questionarmos onde erramos, iniciamos uma tentativa vã de descobrir os porquês. Se somos separados, atribuímos a culpa à separação. Se moramos juntos, acreditamos que somos culpados porque a mãe precisou trabalhar fora, ou porque o mimamos demais ou fomos rígidos demais. A busca continua até encontrarmos algum ponto que justifique o fato indesejado.
Ao nos questionarmos onde erramos, iniciamos uma tentativa vã de descobrir os porquês. Se somos separados, atribuímos a culpa à separação. Se moramos juntos, acreditamos que somos culpados porque a mãe precisou trabalhar fora, ou porque o mimamos demais ou fomos rígidos demais. A busca continua até encontrarmos algum ponto que justifique o fato indesejado.
Num segundo
momento, os pais culpam um ao outro. Segundo o pai, a culpa é
da mãe, porque era ela quem ficava em casa com o filho e deveria ter percebido
que algo estava acontecendo. Por sua vez, a mãe culpa o pai, porque ele também
deveria se responsabilizar e só pensava no trabalho. Não raro, ofendem-se,
discutem e brigam.
Este jogo da culpa
vai se expandindo e começamos a buscar os culpados fora da casa. Por vezes culpamos os primos julgando que foram eles que levaram o garoto para o mau caminho, culpamos os amigos julgando serem eles péssima influência para o filho. Não bastasse tudo isso, culpamos, ainda, a escola, as leis, os traficantes, o sistema, a polícia, os
políticos, etc.
A culpa nos faz olhar para o passado, porém, não é possível modificarmos aquilo que já passou, deixando-nos sem ação, carregados de lamentações: - Se eu tivesse feito assim; se eu
não tivesse feito isso; se eu tivesse feito diferente. Essas lamentações causam sofrimento, adoecem e paralisam.
Por vezes chegamos a
reconhecer que é preciso agir, tomar alguma atitude para
resolver o problema, mas como estamos adoecidos pelo sentimento de culpa, começamos a nos culpar também por algo que ainda nem aconteceu e assim, tudo que planejamos fazer esbarra no “E SE”: - E se eu não der dinheiro e ele for roubar; e se eu
endurecer e ele fugir de casa; E se eu não pagar a dívida e alguém o matar.
Como só pensamos negativo, mais uma vez ficamos sem ação.
Dá para perceber
que a culpa tira de nós a capacidade de vivermos o momento presente: ou buscamos as causas no passado ou projetamos o que poderá dar errado no
futuro. Acontece que para mudar os rumos das coisas é preciso agir, fazer
algo, tomar alguma atitude e isso só pode ser feito no presente, para tanto precisamos lutar contra o sentimento de culpa, sair desse jogo onde, ora nos culpamos, ora procuramos os culpados.
Para modificarmos
este processo doentio precisamos acabar com culpas, desculpas e culpados, parar
de nos fazer de vítimas e enxergarmos o foco do problema, sem buscar causas
fora dele para justificá-lo e sozinho é tarefa difícil, portanto, é fundamental
buscarmos ajuda e os grupos de apoio do Programa Amor-Exigente são de extrema
importância nesse momento, pois nos capacita a enfrentarmos um problema de
alta complexidade de forma assertiva, direcionada, norteada por princípios
básicos e éticos, ajudando-nos a nos libertar desse sentimento que provoca tanto
sofrimento, conscientes de que sofrimento de pais não é remédio que cura filhos.
Texto de Celso
Garrefa
Sertãozinho SP