Durante
a semana de combate às drogas praticamente nada se viu, em termos de reportagem
sobre o assunto em nossos canais televisivos. Apenas campanhas isoladas,
normalmente produzidas por entidades ou grupos ligados ao tema, porém sem o
apoio da grande mídia, seu alcance é limitado.
Na
contramão do que esperávamos da grande mídia, ao acompanharmos uma reportagem
de um grande canal aberto tivemos o desprazer de assistir uma cena patética,
protagonizado por uma repórter de competência inquestionável. Na cena, ela fuma
um cachimbo gigante de maconha e justifica "recusar nem pensar", pois segundo
ela, seria um sinal de desrespeito.
Desrespeito? E o
respeito aos próprios princípios? E o respeito a nossas crianças e jovens tão
carentes de informações de qualidade sobre os perigos que as drogas
representam? Se lá na Jamaica a maconha é utilizada em ritos religiosos, aqui
no Brasil é utilizada como entorpecente, inclusive por muitas crianças a partir
dos dez ou onze anos de idade.
Como fica difícil convencer um jovem de que ele não
precisa de droga nenhuma para ser feliz se ele assiste nossa repórter brisar em
rede nacional. Como dificulta nossa tarefa de informar ao jovem que a maconha
aumenta consideravelmente a probabilidade dele desenvolver a esquizofrenia se a
maconha é apresentada como algo inofensivo.
Vou além deste fato envolvendo a maconha. Sabemos, por
estatísticas, que o uso abusivo e a dependência do álcool afetam uma parcela
acima de 10% da população brasileira. Assistimos diariamente motoristas
embriagados matarem no trânsito e mais, uma pesquisa da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e
outras Drogas) apontou que nossos adolescentes consomem 6% de todo o
álcool produzido no país, mesmo sendo proibida a venda e a distribuição para
menores de 18 anos.
Apesar de todas as
estatísticas apresentarem números alarmantes sobre o abuso ou a dependência da
droga “álcool”, não notamos a mesma comoção das pessoas ao assistirem nossas
celebridades consumirem este produto livremente nos nossos canais de tevê,
associando-o diretamente ao sucesso, ao prazer e à felicidade. Aplaudimos as músicas que fazem apologia ao seu consumo e achamos graça quando assistimos bêbados
em situações vexatórias.
Não estou justificando
a cena da maconha, muito menos fazendo sua defesa. Não faço essa comparação com
o objetivo de diminuir o impacto da reportagem, mas como um alerta em relação
ao álcool que, apesar de lícito, também é droga, causa dependência e danos
imensuráveis, no entanto sua propaganda é veiculada diariamente nos diversos
canais de mídia sem nos chocar.
Não possuímos o poder
das grandes mídias, porém não vamos desanimar, como cita Edward Everett Hale: “Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso
fazer tudo, mas ainda assim posso fazer alguma coisa. E não é porque não poder
fazer tudo, que vou deixar de fazer aquilo que posso”.
Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
(Sertãozinho SP)
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