domingo, 30 de abril de 2017

PROBLEMAS SÃO OPORTUNIDADES

              “A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na capacidade de lidar com eles”.
                                                                                                          (Albert Einstein)

O palestrante, antes de iniciar sua fala, fez o seguinte pedido ao público: - Quem de vocês possui algum tipo de problema levante os braços. Todos os presentes ergueram as mãos, com exceção de um senhor que sentava na terceira fileira. O comunicador, admirado, dirigiu-se a ele e perguntou: O senhor não possui nenhum tipo de problema? – Claro que sim, disse ele. Tenho um problemão nos braços, que me impede de erguê-los.

            Nossa existência é recheada de desafios e aqueles que desejam resolver todos os seus problemas para serem felizes, viverão uma vida de tristezas e frustrações. O segredo é lidarmos com nossas angústias sem, no entanto, permitirmos que elas nos afetem de tal forma que destrua nossa vida e nossa felicidade.

            Cada um enfrenta suas intempéries a seu modo. Há quem possui grandes problemas e lidam com eles de forma assertiva e equilibrada, fazendo seu problemão parecer pequeno.  Vivem sorrindo, estão sempre de bem com a vida e não permitem que os seus desafios o dominem.

Há aqueles cujos transtornos enfrentados são mínimos, no entanto, fazem deles grandes dramas, criando dos pequenos problemas, um monstro. Vivem reclamando, lamentando e resmungando. Fazem-se de vítimas e assumem o papel de coitadinhos. Estes concentram tanta atenção aos pequenos problemas que esquecem de viver a vida.

Os desafios precisam ser encarados, sem perdermos o foco. Não adianta deixarmos de nos alimentar porque o filho está dando trabalho; não resolve ficarmos sem dormir, porque temos uma dívida. Quanto mais nos debilitamos, menor nossa capacidade de reunirmos forças para enfrentarmos o problema.

          É importante, também, cuidarmos para não transformarmos um problema em mais um monte de outros. Fugas através do uso de remédios, do abuso de álcool e ou de outras drogas, além de não solucionar o problema,  geram outros tantos.

       Não negamos que enfrentar um grande problema mexe conosco, no entanto, tristeza e sofrimento não são remédios que curam essa ferida. Nesse momento não podemos cometer o equívoco de nos isolarmos, pelo contrário, é hora de criarmos coragem, buscarmos apoio e nos fortalecermos espiritualmente, pois a fé é a força que nos possibilita enfrentar um grande problema, sem desespero.

      Por fim, problemas são, acima de tudo, oportunidades de aprendizado e de crescimento. E são muitos os exemplos de pessoas que fazem a diferença no mundo devido os desafios que tiveram de vencer. 





Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 23 de abril de 2017

PAIS OU AMIGOS DOS FILHOS

       
Em um passado recente a organização familiar era patriarcal. O pai mandava na casa a seu modo e ninguém ousava contrariá-lo. Era uma educação rígida, por vezes agressiva e autoritária. Um sistema bruto que não se encaixa mais na educação moderna e precisava ser modificado.

No entanto, a busca pela adequação aos novos tempos nos levou de um extremo a outro. Querendo parecer modernos demais passamos a nos relacionar com nossos filhos como se eles fossem nossos amiguinhos e esquecemos que, antes de sermos seus amigos, somos pais e precisamos exercer nosso papel de pais, de guia, de orientador, de norteador das condutas dos filhos.

Ao igualarmos essa relação muitos de nós fomos engolidos. Transformamos filhos e filhas como os reis e rainhas da casa, e assim, se no passado os filhos não tinham voz, nem vez, atualmente quem perdeu a voz e a vez foram os pais. Vivemos uma geração em que os filhos mandam e os pais obedecem, receita certa para a desordem e os caos familiar.
                                                             
Quando citamos que os pais não precisam se preocupar em ser amiguinhos dos filhos parece que causamos certo desconforto. Não vemos razões para isso, afinal, ser pais significa desempenharmos um papel muito superior ao de amigo. Amigos são descartáveis, pais e filhos não. Pais que querem ser apenas amiguinhos dos filhos diminui a importância do seu real papel de pais. Pais são capazes de dar a vida por um filho, amigos, raramente.  Pais são capazes de doar um dos seus rins para um filho, amigos, raramente.

Exercer o nosso papel de pais não significa sermos grossos, estúpidos, ranzinzas ou violentos, pelo contrário, significa que podemos ser agradáveis e abertos ao diálogo, que devemos criar uma relação de confiança e de fortes vínculos afetivos. Como pais podemos brincar com eles, divertir, curti-los, mas quando for preciso, que saibamos exercer nossa autoridade, com firmeza, cientes que nossos filhos são nossa responsabilidade e temos o dever de educá-los. Os filhos precisam saber quem está no comando e que não são eles.

Por fim, e para não restar dúvidas, aqueles que ainda desejam mostrar aos filhos que são seus amiguinhos, ainda poderão fazê-lo, desde que não deixem de exercer, em primeiro lugar, o seu papel de pais, assumindo as responsabilidades que lhe cabe, pois sem isso criamos tiranos prestes a nos engolir, sem pena, nem piedade.
   



Texto de Celso Garrefa             
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sexta-feira, 21 de abril de 2017

BALEIA AZUL: SUICÍDIO OU PEDIDO DE SOCORRO?

Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas sobre postagens referentes à baleia azul, um jogo que consiste em estimular, principalmente crianças e jovens, a uma série de desafios, cujo objetivo final é colocar fim a própria vida. Isso tem preocupado as autoridades e aterrorizado muitos pais, tendo em vista que no mundo todo e também no Brasil, já existem relatos de suicídios, cuja origem está relacionada a esse tipo de brincadeira.

Não há como negar que crianças e adolescentes são mais facilmente influenciáveis, além disso, atravessam um momento de transição e da busca da própria identidade, gostam de desafios e não temem a morte, no entanto, por detrás de um jovem capaz de tirar a própria vida, existem outras questões que vão muito além desse desafio.

Nossas crianças e jovens vivenciam as novas tecnologias com muita intensidade, conectados durante todo o tempo, estão sempre com fones nos ouvidos e ligados às redes sociais. Juntam-se a grupos e seguem perfis que se assemelham aos seus interesses. Vivem tão intensamente o mundo virtual que ele já se confunde com o mundo real. As novas tecnologias é o mundo do jovem, mas precisamos mostrar-lhes que existe vida fora da internet.

Uma das características de um jovem capaz de cometer um suicídio é a sua baixa autoestima, que contribui para o desencadeamento da depressão. Baixa autoestima, somada a depressão e estimulada por desafios como o da baleia azul podem potencializar o desejo de colocar fim à própria existência.

Como abordamos no texto “O Poder do Elogio”, os pais podem contribuir para a construção de uma boa autoestima dos filhos. Muitos só se dirigem a eles para darem broncas e reclamarem, porém nunca fazem um elogio quando existem méritos. Precisamos ser firmes quando necessário, mas precisamos elogiá-los quando acertam nas atitudes.

A ausência de limites na educação da criança também é um dos fatores contribuintes para aceitarem desafios, muitos deles macabros, como esse da nossa baleia. Crianças e jovens que não são testadas em casa podem buscar lá fora o conhecimento de si mesmos. Até onde posso ir? Qual é meu limite? E nada melhor que um jogo com cinquenta desafios para testá-los.

A invisibilidade dentro do lar também é um fator a ser combatido. Vivemos uma geração de filhos órfãos de pais vivos, ou seja, possuem pai e mãe, mas parece não tê-los, já que estes não assumem nenhuma responsabilidade sobre as crianças, deixando-as a mercê de si mesmas. O mundo moderno isolou a família. Cada um no seu canto, em seu mundo e os relacionamentos característicos de uma família praticamente não existe mais.

Essa invisibilidade citada é agravada quando não permitimos a participação da criança ou do jovem dentro do lar. O vazio existencial, o sentir-se inútil, também é agravante para o problema. Muitos pais, com o objetivo de demonstrarem amor aos filhos, não permitem que eles nada façam, nem mesmo aquilo que é obrigação deles. Como superprotetores, são muitos os que exageram nos cuidados e roubam a oportunidade de crescimento e desenvolvimento dos filhos. Quando carregamos a mochila escolar deles, quando recolhemos os brinquedos e calçados que eles vão espalhando pela casa, quando não permitimos que eles se sirvam sozinhos de um copo de água, não demonstramos amor, pelo contrário, transmitimos em linguagem não verbal, que eles são tão inúteis e incapazes que precisamos fazer por eles aquilo que eles possuem plenas condições de fazerem.

Por fim, devemos desenvolver a capacidade de prestar atenção aos nossos filhos e abrir nossos ouvidos àquilo que eles têm para nos dizer. Não podemos permitir que a televisão, celulares e internets emudeçam a família. A abertura ao diálogo dentro do lar é fundamental para conhecermos nossos filhos, orientá-los e prepará-los para a vida, sem que eles sejam dominados por desafios capazes de destruí-los.

Os jovens que praticam esses desafios não desejam acabar com a própria vida, mas estão pedindo para serem vistos, ouvidos, valorizados. Estão pedindo por atenção e nós, pais, devemos trabalhar na construção dos vínculos afetivos, fundamentais para uma educação assertiva e preventiva.



sexta-feira, 14 de abril de 2017

NOSSO DESTINO É INFLUENCIADO PELAS NOSSAS ESCOLHAS

Praticamente todas as crianças e jovens da nossa geração, em alguma fase de suas vidas, serão convidados a experimentar algum tipo de droga. Esse será um momento decisivo, onde eles farão suas próprias escolhas.

Fechar os olhos e negar essa realidade não é uma postura capaz de proteger nossos filhos dos perigos que essas substâncias representam, pelo contrário, precisamos reconhecer o risco e prepará-los para que nesse encontro eles possam tomar a melhor decisão.

Ao contrário do que muitos acreditam esse convite inicial raramente vem de um traficante. Quem apresenta as drogas aos nossos filhos são pessoas que se apresentam como seus melhores amigos e que ganham inclusive a nossa confiança. Sabendo disso torna-se importante conhecermos quem são os amigos dos nossos filhos.

Também devemos conversar com eles sobre “drogas”, antes que outros o façam, mas isso somente terá efeito positivo se buscarmos conhecimento sobre o assunto para não falarmos idiotices que não convencem ninguém, muito menos os jovens que são questionadores e possuem acesso a muita informação sobre essas substâncias, muitas vezes de fontes duvidosas. 

O fortalecimento da autoestima é outro fator importante para prepará-los, visando uma escolha assertiva, e uma das formas de ajudá-los no desenvolvimento do valor que fazem de si mesmos é utilizarmos o poder do elogio. É óbvio que devemos corrigi-los sempre que apresentam atitudes que desaprovamos, mas não podemos perder a oportunidade de elogiá-los quando existirem méritos. 

A personalidade também é determinante para as escolhas e cabe a nós ajudá-los no seu desenvolvimento. Para isso, precisamos ensiná-los a também dizer “não” como resposta. O sim e o não se aprendem em casa e os filhos que nunca recebem um “não” dos pais dentro do lar, mais tarde, na rua, encontrarão dificuldades enormes para recusar ou resistir a uma pressão do grupo.

Também é importante ajudá-los a desenvolverem o senso crítico, onde, futuramente, consigam se posicionar com firmeza, não entrando de bobeira em conversas mal intencionadas. Podemos prepará-los, chamando-os a reflexão sobre temas do dia-a-dia. Ao invés de fazermos longos discursos, podemos abrir um diálogo sadio para conhecermos suas opiniões e posicionamentos.

Para que optem por boas escolhas, eles precisam aprender em casa que toda decisão mal tomada resulta, como consequência, um prejuízo. Caso ele escolheu agredir o irmãozinho menor, os pais devem proporcionar-lhes um prejuízo, como por exemplo, uma tarde sem internet ou um dia sem vídeo game.

Não vamos estar ao lado dos nossos filhos quando alguém lhes ofertar qualquer tipo de droga, mas como também fazemos nossas escolhas, podemos optar por prepará-los para esse encontro e assim, mesmo não presentes fisicamente, nossa atuação preventiva deixa nossa marca e isso poderá fazer toda a diferença. 


Celso Garrefa - Pedagogo Social
Sertãozinho SP

sábado, 8 de abril de 2017

PREVENÇÃO: FAMÍLIA, ESCOLA E IGREJA

          “Eduquem os meninos e não será preciso castigar os homens”. Essa frase citada por Pitágoras, há aproximadamente 500 anos antes de Cristo, continua tão atual e verdadeira que parece dita ontem. Naquela época, Pitágoras já tinha razão. Se não investirmos, hoje, em nossas crianças, como podemos esperar que no futuro se tornem pessoas de bem?

 Não dá para falarmos em formação e educação dos pequeninos, sem abordarmos sobre três instituições que são os pilares nessa construção: a família, a escola e a igreja.

Dentre elas, a família é a primeira referência na vida das crianças. Os pais devem assumir suas responsabilidades enquanto pais, agindo ativamente na educação dos filhos, sem transferir responsabilidades. Infelizmente, o mundo moderno tem prejudicado os contatos familiares. Como já citei em outros textos, estamos assistindo, em nossos dias, uma formação familiar trágica, que chamamos de família de desconhecidos, isto é, pessoas que vivem na mesma casa e nada mais. Cada um em seu canto, assistindo a sua tevê, usando seu celular ou absorvidos pelas redes sociais. Não sobra tempo para as interações familiares.

Outras famílias são tão ausentes ou permissivas que transformam seus filhos em crianças órfãs de pais vivos, ou seja, não assumem as responsabilidades que são suas e deixam os pequenos a mercê de si mesmos. Não tomam atitude alguma diante dos comportamentos inadequados dos filhos, são permissivos, facilitadores e tentam compensar a sua passividade com presentes e brinquedos.

            O outro pilar e, não menos importante, são nossas unidades escolares. É óbvio que educar é missão dos pais, mas a escola não deve colocar-se a margem disso, limitando seu papel em ensinar seus alunos, pelo contrário, também é dever da escola atuar ativamente na construção do sujeito, complementando aquilo que é dever da família começar em casa. Sabemos que muitas de nossas crianças chegam nas salas de aula sem noção alguma de regras ou limites e a escola é a segunda chance de inserirmos essas princípios na vida dos pequenos.

            O terceiro pilar são as igrejas, independente de suas denominações. Cabe aos pais introduzir seus filhos nos ensinamentos religiosos e é missão das igrejas cativá-los com a essência do Ser Superior. Tenho contato com várias comunidades terapêuticas e já ouvi muito dependente químico confessar que seu maior problema não eram as drogas, mas a falta de Deus em sua existência. As drogas, uma consequência.

            A ausência ou a falha destas instituições na educação da criança poderá acarretar prejuízos a sua formação. Isso nos sinaliza sobre a importância que cada um delas exerce na construção do sujeito. Sem referências educativas, restam, aos meninos, a rua e sem um norte que os guiem, se tornam adultos e se falharem, não têm perdão: julgamos, condenamos e punimos.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...