domingo, 30 de julho de 2017

PAIS ALIENADOS, FILHOS ANTENADOS

Imagem da Internet

Se olharmos para os dias atuais, quem possui maior poder de influenciar nossas crianças e jovens? Somos nós ou são as poderosas campanhas de mídia; são os pais ou os youtubers de internet? Quem nossos filhos ouvem com maior atenção? Somos nós ou o seu grupo de amigos?

Em um passado recente, as crianças e jovens recebiam as orientações dos pais e não havia concorrência. Aquilo que eles transmitiam, por mais simples que parecia, era aceito como uma verdade. Quantos anos foram necessários para descobrirmos que não existe bicho-papão? Ou que brincar com fogo não tem nada a ver com fazer xixi na cama? 

Com os avanços tecnológicos nossas crianças e jovens desenvolveram a capacidade de questionar. Atualmente as nossas verdades confrontam com muitos outros pontos de vista, por vezes, muito mais atraentes e convincentes, porém nem sempre eles indicam a melhor escolha.

Mesmo assim, não podemos nos omitir em relação às orientações e posicionamentos referentes à educação dos nossos filhos, mas dificilmente conseguiremos convencer alguém se não dominamos o assunto.

Precisamos ser ouvidos mesmo em uma época onde as tecnologias consomem todo o tempo de interação familiar.  Mais que sermos ouvidos, precisamos ser respeitados em relação ao que transmitimos. Para tanto, não podemos alienar do momento atual, das realidades presentes, das mudanças de mundo. Se os filhos perceberem que os pais estão “por fora” dificilmente suas orientações serão ouvidas e assimiladas.

Não vamos conseguir sucesso nesta difícil missão com mentalidade retrograda, sem abertura ao diálogo e com a mente presa no velho discurso “no meu tempo era assim”, em uma época onde enfrentamos concorrências poderosas. 

A tarefa de educar a atual geração exige dos pais uma busca constante pelo conhecimento e pelo aperfeiçoamento. Nossos ensinamentos somente ganharão créditos quando um filho for capaz de nos ouvir com a certeza absoluta que sabemos perfeitamente sobre o que estamos falando, portanto, capacitemo-nos, pois educar exige saber. 



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 22 de julho de 2017

DAS PEQUENAS ÀS GRANDES FALHAS

(Imagem da Internet)
Muitos pais, equivocadamente, acreditam que se um filho fizer uso das drogas eles perceberão a tempo de tomarem providências para que ele não seja arrastado por elas. Enganam-se. Como a dependência é um processo lento, que se instala ao longo do tempo, quando eles tomam conhecimento é provável que o filho já faça uso prolongado e severo delas.

Como demoramos para perceber que um filho iniciou o uso das drogas, precisamos focar nossas atenções aos outros comportamentos. Por vezes, preocupamo-nos tanto com o uso de substâncias ilícitas e nos esquecemos de corrigir os pequenos desvios de conduta que vão se somando, ganhando volume até atingir níveis perigosos.

É preciso atenção permanente sobre as condutas dos pequenos, sem minimizar suas falhas e tomar atitudes para corrigi-las. Não podemos tapar os olhos para as pequenos deslizes, que pode começar com uma simples birra infantil, que se não corrigida ganha intensidade e rapidamente a família pode se tornar refém do poder infantil. 

Com absurda capacidade de prestar atenção e assimilar o que vivenciam em seu dia a dia, os filhos percebem facilmente que os pais são permissivos e a permissividade é um dos comportamentos facilitador dos desvios de conduta. Pais sem autoridade é um caminho aberto às transgressões de regras.

Nós adultos não podemos tudo e os pequenos também não. É dentro de casa que precisam conhecer noções de limites. É no lar que precisam entender que existe o sim e também o não. São os pais que devem ensiná-los que eles não são os donos do mundo e que para cada falha existe uma consequência.

Mas isso precisa começar o mais cedo possível, pois as pequenas falhas crescem e se multiplicam. Se não conseguimos controlar e exercer nossa autoridade em relação à criança, certamente não será aos quatorze ou quinze anos que atingiremos esse objetivo. 

A adolescência é a fase onde buscam a própria identidade e o conhecimento dos seus limites. Esse momento exige dos pais maior atenção e um posicionamento claro em relação às condutas dos filhos. É a fase onde eles vivem com maior intensidade as relações de grupo, se testam e nos testam o tempo todo. Atitudes permissivas nessa travessia significa colocá-los em alto grau de risco.

        A liberdade que os filhos buscam precisa estar intimamente ligada à responsabilidade. Todo grande desajuste comportamental começa pelos pequenos e quando nos posicionamos com firmeza diante das falhas menores, estamos educando para que eles não mergulhem nos grandes problemas. Isso é atuar na prevenção.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
de Sertãozinho



terça-feira, 11 de julho de 2017

PALAVRAS QUE FEREM

        Um certo dia, próximo ao final do ano, questionei um aluno dos anos iniciais, se seria aprovado, ele respondeu que não. – “Mas você não estudou, perguntei” e ele respondeu: - “Não adianta tio, meu pai falou que eu sou burro”.

Crianças possuem uma enorme capacidade de internalizar as mensagens que recebem. Aquilo que transmitimos aos pequenos durante essa fase da vida, eles absorvem com grande facilidade e podem carregar ao longo da sua existência. Isso nos lança um alerta sobre a maneira como nos dirigimos a eles.

Ao serem insistentemente rotulados como burros, eles podem interiorizar isso como verdadeiro e como consequência, apresentar reais dificuldades de aprendizagem.

O uso de ofensas verbais direcionadas a uma criança, mesmo não deixando marcas físicas, também é uma violência que deixa outras marcas, por vezes, muito mais profundas e doloridas. Elas atingem o fundo da alma e curar as feridas interiores nem sempre é possível.

Muitos crianças são atacadas dentro de casa: você é um burro, você não presta pra nada, você é um inútil, você não faz nada direito. Esses bombardeios dirigidos aos pequenos destroem sua autoestima e uma baixa autoestima é um dos fatores de risco em relação ao uso de drogas. O elogio que nunca recebem dentro de casa, muitos vezes é encontrado nas ruas, porém, na rua ele pode conter interesses escusos, e por detrás deles conter armadilhas e propostas perigosas.

Na medida em que crescem, começam a reagir. Podem apresentar problemas comportamentais e manifestar agressividades. Quando adultos tendem a reproduzir esse ciclo, repetindo com os filhos a mesma agressividade verbal que foi vítima.

Por outro lado, não significa que vamos assistir aos comportamentos inadequados dos pequenos de forma passiva, sem chamar-lhes a atenção, porém precisamos focar no comportamento que desejamos corrigir e tirar o foco da criança, como pessoa. Podemos e devemos adotar uma postura firme com os pequenos, diante de um comportamento que precisa ser corrigido, mas não precisamos atacá-los com palavras ofensivas e grotescas. Como sempre cita o programa Amor-Exigente, precisamos mostrar a eles que nós o amamos, mas não aceitamos aquilo que eles fazem de errado.


Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 8 de julho de 2017

CUIDADO COM O BICHO PAPÃO


Júnior, apesar da forte inflamação de garganta, recusava tomar o medicamento. A mãe, como forma de convencê-lo, utilizou como argumento, uma pequena mentirinha. – “Toma filho, esse remédio é gostoso e docinho”. A criança, ao colocar o...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Luís Garrefa, com lançamento previsto para 03/02/2024. 


           






domingo, 2 de julho de 2017

DEPENDÊNCIA: ENGANADOS PELO NOSSO CÉREBRO

Foto da Internet (Pinterest)
O desenvolvimento da dependência do álcool ou de outras drogas é um processo que se instala ao longo do tempo. A pessoa, por curiosidade, influência do grupo ou por razões diversificadas  tem o seu primeiro contato com essas substâncias através da experimentação. A busca contínua pela sensação do prazer faz com que ele volte a consumi-las, e assim, passa da experimentação ao uso esporádico e ocasional.

Nessa fase, nosso cérebro reconhece o prazer, mas não as consequências e começa a trabalhar como nosso inimigo, nos enganando. Iludimos, achamos que possuímos o comando e paramos no momento em que bem desejarmos, sem dificuldades.

No entanto, haverá um momento em que atravessamos a fase do uso ocasional ou esporádico e desenvolvemos a dependência. Não é possível identificarmos a linha que separa essas etapas e, mesmo dominado pelo vício, nosso cérebro, mas uma vez, trabalha como nosso inimigo e continua nos enganando, transmitido a mensagem de que ainda possuímos o controle.

Grande engano. Fomos vítimas de nossas escolhas, traídos pelo nosso cérebro e estamos presos nas armadilhas do alcoolismo ou da dependência química. Como fazer, se toda a nossa vida é comandada pelo nosso cérebro? 

Já com a dependência instalada nosso cérebro não dá trégua e continua nos enganando e assim, seguimos negando o problema, não aceitando nossas dificuldades, diminuindo o tamanho do desafio, sem perceber que estamos em queda livre. Como saímos dessa enrascada?  

Só há um caminho. Colocarmos nosso cérebro em guerra com ele mesmo. Mesmo com a dependência instalada, ainda resta um espaço reservado nele que podemos chamá-lo de consciência, no entanto, numa dependência ela é minoria absoluta e terá que lutar contra um gigante que nos domina.

Primeiro, precisamos despertar o último resquício de consciência e colocá-la em ação. Como ela está em terrível desvantagem, necessitamos fortalecê-la, caso contrário é derrota certa. Para fortalecê-la vamos precisar de toda a ajuda possível. Quanto mais fortalecermos a nossa consciência, maiores as possibilidades de vitória. Para fortalecê-la vamos precisar dos grupos de apoio e de orientação, de muita espiritualidade e de tratamento.

Não existem outros caminhos. Ou fortalecemos a fragilizada consciência para lutar contra um poderoso que insiste nos ludibriar ou cada vez mais nos enganamos, afundamos, adoecemos e sofremos. Vamos à luta, enquanto ainda é tempo, pois sábio é aquele que dá valor ao que tem antes de perder. 


Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...