terça-feira, 11 de julho de 2017

PALAVRAS QUE FEREM

        Um certo dia, próximo ao final do ano, questionei um aluno dos anos iniciais, se seria aprovado, ele respondeu que não. – “Mas você não estudou, perguntei” e ele respondeu: - “Não adianta tio, meu pai falou que eu sou burro”.

Crianças possuem uma enorme capacidade de internalizar as mensagens que recebem. Aquilo que transmitimos aos pequenos durante essa fase da vida, eles absorvem com grande facilidade e podem carregar ao longo da sua existência. Isso nos lança um alerta sobre a maneira como nos dirigimos a eles.

Ao serem insistentemente rotulados como burros, eles podem interiorizar isso como verdadeiro e como consequência, apresentar reais dificuldades de aprendizagem.

O uso de ofensas verbais direcionadas a uma criança, mesmo não deixando marcas físicas, também é uma violência que deixa outras marcas, por vezes, muito mais profundas e doloridas. Elas atingem o fundo da alma e curar as feridas interiores nem sempre é possível.

Muitos crianças são atacadas dentro de casa: você é um burro, você não presta pra nada, você é um inútil, você não faz nada direito. Esses bombardeios dirigidos aos pequenos destroem sua autoestima e uma baixa autoestima é um dos fatores de risco em relação ao uso de drogas. O elogio que nunca recebem dentro de casa, muitos vezes é encontrado nas ruas, porém, na rua ele pode conter interesses escusos, e por detrás deles conter armadilhas e propostas perigosas.

Na medida em que crescem, começam a reagir. Podem apresentar problemas comportamentais e manifestar agressividades. Quando adultos tendem a reproduzir esse ciclo, repetindo com os filhos a mesma agressividade verbal que foi vítima.

Por outro lado, não significa que vamos assistir aos comportamentos inadequados dos pequenos de forma passiva, sem chamar-lhes a atenção, porém precisamos focar no comportamento que desejamos corrigir e tirar o foco da criança, como pessoa. Podemos e devemos adotar uma postura firme com os pequenos, diante de um comportamento que precisa ser corrigido, mas não precisamos atacá-los com palavras ofensivas e grotescas. Como sempre cita o programa Amor-Exigente, precisamos mostrar a eles que nós o amamos, mas não aceitamos aquilo que eles fazem de errado.


Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

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