No início do uso, quando ele atravessa as
fases de experimentação ou uso esporádico, esse prazer ocupa muito espaço e os prejuízos são pequenos. A busca contínua pela manutenção dessa sensação faz com que ele prolongue o
uso ao longo do tempo, podendo desenvolver tolerância à droga de consumo, ou
seja, para obter o mesmo prazer, ele precisa consumir doses cada vez maiores, e
como consequência, os prejuízos crescem na mesma proporção.
A abertura e aceitação do
tratamento ocorre quando o dependente começa a sentir que os
prejuízos decorrentes do uso são maiores do que os prazeres proporcionados pelo
consumo. Nesse momento a família, quando preparada para lidar com o seu
desafio, pode fazer toda a diferença.
Sem preparo ocorre o inverso, ou
seja, a família movida por pena, medo ou insegurança agem na contramão, adotando
toda atitude possível para evitar que o seu dependente confronte com os
prejuízos resultantes do consumo abusivo ou da dependência.
Toda vez que os familiares poupam o dependente dos prejuízos resultantes do seu consumo, pagando suas dívidas, sendo
permissivos e tolerantes em relação às suas atitudes, assumindo suas responsabilidades,
bancando-o em todas as suas exigências, proporcionam um amortecimento dos
prejuízos que ele possa sofrer, ou seja, o adicto continua saboreando os prazeres do uso e a
família é quem arca com os prejuízos e as consequências.
Ninguém muda ninguém e é muito difícil convencer alguém a
mudar quando o próprio não deseja mudanças, mas a família do dependente pode
sim ser o diferencial capaz de levá-lo a assumir uma atitude de recuperação.
Para tanto, é preciso coragem para tomar atitudes, firmeza para se posicionar e
sabedoria para permitir que o adicto confronte com os prejuízos decorrentes da sua dependência. A verdadeira ajuda não é fazermos aquilo que o dependente deseja que façamos, mas sim, fazermos aquilo
que precisa ser feito, mesmo contrariando aos seus interesses.
Permitir
ou mesmo proporcionar situações onde o adicto sofra e perceba as consequências
e prejuízos oriundos da sua dependência não significa fechar-lhe as portas e
deixá-lo ao abandono, pelo contrário, deve ser uma ação consciente, com o objetivo de conduzi-lo a um tratamento, para tanto, devemos transmitir com muita
clareza, que ele pode contar sempre com nossa ajuda e apoio para se tratar, mas que não estamos
dispostos a arcar com os prejuízos causados pelo seu uso e nem possuímos condições de
protegê-lo das consequências da sua dependência.
Sertãozinho SP