Pais
e mães, quando surpreendidos pela dependência química de um filho, experimentam
sofrimentos profundos. Sentimentos de dor e tristeza os afetam intensamente, tirando lhes toda a alegria de viver. Sempre ouviram falar sobre as
drogas, porém nunca imaginavam que isso pudesse acontecer em sua casa.
Em
geral, imaginavam que isso acontecia com filhos negligenciados ou abandonados e, como sempre deram "de tudo" ao filho, muitos sentiam-se imunes ao problema. Criaram expectativas, as melhores possíveis, e
idealizaram um filho sem problemas graves.
Quando
o fato vem à tona, o primeiro sentimento experimentado é a
frustração: -“Como ele pôde fazer isso com a gente”? Sentem-se traídos pelo filho, principalmente porque o ouviu repetir inúmeras vezes que
podiam confiar nele.
Os sofrimentos vão se somando e o sentimento de culpa
também passa a dominar os pensamentos dos pais: - “Onde será que nós erramos”?
Não bastasse culparem a si próprios, também se culpam mutuamente. Os porquês
martelam em suas mentes em uma busca vã pelas respostas.
Os medos e as incertezas sobre aquilo que virá pela frente os deixam apavorados e muitos experimentam o pânico. As noites não são mais
donas de um sono tranquilo, quando o filho está fora, e basta um toque do
telefone ou a sirene de um carro de polícia para acordarem de sobressalto.
Sentimentos como amor e ódio se confundem. Ao mesmo tempo
em que amam o filho, também sentem raiva pela situação em que ele se meteu. Os
pais sentem como se todos os olhares se direcionassem a eles, como a condená-los, assim, enchem-se de vergonha e como consequência,
muitos paralisam e buscam o isolamento.
Outros, equivocadamente, fazem questão de escancarar o
sofrimento que estão vivenciando, numa insana ilusão de que o dependente se sensibilize e mude suas atitudes. Sem sucesso.
Sabemos que muitos pais de dependentes químicos se
identificarão com esses relatos, pois eles já experimentaram na pele sua cruel
força e seria hipocrisia, de minha parte, achar que isso poderia ser diferente. Precisamos
respeitar esse momento e o primeiro passo no cuidado dos familiares é pegá-los
no colo, dar esperança e fazê-los crer que há soluções.
Os sentimentos profundos são reflexos do problema
enfrentado mas, devagar precisam enfrentar suas dores e reagir. Sabemos que os
pais são afetados pelas atitudes dos filhos, mas precisam lutar com todas as
suas forças não permitindo que o problema os adoeçam a ponto de destruí-los.
Pais doentes não possuem forças suficientes para realizar aquilo que mais
desejam: ajudar o filho. Fragilizados e em desespero são
facilmente manipulados pelo dependente.
Pais, façam tudo o que for possível para ajudar seu filho a recuperar-se. Não meçam esforços e vão à luta. Busquem conhecimentos,
saiam do isolamento e enfrentem o desafio com coragem. Não tenham vergonha de
buscar ajuda, mas não esqueçam de que também são gente. Lutem bravamente contra o
sofrimento profundo, que em nada colabora para a solução do problema e
acredite: SOFRIMENTO DE PAIS NÃO SALVA FILHOS.
Amor-Exigente de
Sertãozinho SP
Sertãozinho SP