terça-feira, 26 de julho de 2016

SOFRIMENTO DE PAIS NÃO SALVA FILHOS

Pais e mães, quando surpreendidos pela dependência química de um filho, experimentam sofrimentos profundos. Sentimentos de dor e tristeza os afetam intensamente, tirando lhes toda a alegria de viver. Sempre ouviram falar sobre as drogas, porém nunca imaginavam que isso pudesse acontecer em sua casa.

Em geral, imaginavam que isso acontecia com filhos negligenciados ou abandonados e, como sempre deram "de tudo" ao filho, muitos sentiam-se imunes ao problema. Criaram expectativas, as melhores possíveis, e idealizaram um filho sem problemas graves.

Quando o fato vem à tona, o primeiro sentimento experimentado é a frustração: -“Como ele pôde fazer isso com a gente”? Sentem-se traídos pelo filho, principalmente porque o ouviu repetir inúmeras vezes que podiam confiar nele.

            Os sofrimentos vão se somando e o sentimento de culpa também passa a dominar os pensamentos dos pais: - “Onde será que nós erramos”? Não bastasse culparem a si próprios, também se culpam mutuamente. Os porquês martelam em suas mentes em uma busca vã pelas respostas.

            Os medos e as incertezas sobre aquilo que virá pela frente os deixam apavorados e muitos experimentam o pânico. As noites não são mais donas de um sono tranquilo, quando o filho está fora, e basta um toque do telefone ou a sirene de um carro de polícia para acordarem de sobressalto.

            Sentimentos como amor e ódio se confundem. Ao mesmo tempo em que amam o filho, também sentem raiva pela situação em que ele se meteu. Os pais sentem como se todos os olhares se direcionassem a eles, como a condená-los, assim, enchem-se de vergonha e como consequência, muitos paralisam e buscam o isolamento.

            Outros, equivocadamente, fazem questão de escancarar o sofrimento que estão vivenciando, numa insana ilusão de que o dependente se sensibilize e mude suas atitudes. Sem sucesso.

            Sabemos que muitos pais de dependentes químicos se identificarão com esses relatos, pois eles já experimentaram na pele sua cruel força e seria hipocrisia, de minha parte, achar que isso poderia ser diferente. Precisamos respeitar esse momento e o primeiro passo no cuidado dos familiares é pegá-los no colo, dar esperança e fazê-los crer que há soluções.

            Os sentimentos profundos são reflexos do problema enfrentado mas, devagar precisam enfrentar suas dores e reagir. Sabemos que os pais são afetados pelas atitudes dos filhos, mas precisam lutar com todas as suas forças não permitindo que o problema os adoeçam a ponto de destruí-los. Pais doentes não possuem forças suficientes para realizar aquilo que mais desejam: ajudar o filho. Fragilizados e em desespero são facilmente manipulados pelo dependente.

            Pais, façam tudo o que for possível para ajudar seu filho a recuperar-se. Não meçam esforços e vão à luta. Busquem conhecimentos, saiam do isolamento e enfrentem o desafio com coragem. Não tenham vergonha de buscar ajuda, mas não esqueçam de que também são gente. Lutem bravamente contra o sofrimento profundo, que em nada colabora para a solução do problema e acredite: SOFRIMENTO DE PAIS NÃO SALVA FILHOS.
                                  
                                   


Texto de Celso Garrefa                     
Amor-Exigente de 
Sertãozinho SP

sábado, 23 de julho de 2016

VOCÊ SABE O QUE É BINGE DRINKING

Sempre que falamos sobre os problemas relacionados ao consumo do álcool costumamos nos focar nos problemas gerados pelo alcoolismo, que afeta parte significativa da população, causando danos imensuráveis, porém existe outra forma de beber, conhecida como “binge drinking” ou “beber em binge” cujos danos à saúde e riscos pessoais ou a terceiros equiparam-se ou, por vezes, até superam os problemas relacionamos ao alcoolismo.

"Beber em binge" é uma modalidade que se caracteriza pelo consumo esporádico de bebidas alcoólicas, porém em quantidade elevada de álcool em um curto espaço de tempo. Essa maneira de consumir bebidas alcoólicas é bastante comum entre os mais jovens e ocorre principalmente em finais de semana ou em baladas.

O alcoolismo define-se como o consumo excessivo, duradouro e compulsivo de bebidas alcoólicas. Considerado pelo OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença que se instala ao longo do tempo. O bebedor em "binge", em geral, ainda não é um alcoólatra. É um abusador do consumo do álcool.

Normalmente, ele critica o alcoólatra, julgando-o como um fraco para beber e não acredita que ele próprio caminha para o alcoolismo. Adora se vangloriar do consumo pesado do álcool, exibindo-se aos amigos. Faz piadas com aqueles que não bebem e adora postar o consumo excessivo em sua rede social. Acredita que precisa mostrar aos outros o quanto bebe, como se isso fosse um grande feito e julga-se como alguém que bebe socialmente.

Mesmo não sendo, ainda, um alcoólatra, o bebedor em “binge” frequentemente se envolve em problemas. Após consumir grande quantidade de álcool, muitos pegam a direção do carro colocando em risco a própria vida, de seus familiares e de terceiros. Também se envolvem frequentemente em conflitos familiares, violências domésticas, acidentes pessoais, afogamentos e até homicídios.

O “beber em binge”, apesar de muitas vezes passar despercebido, merece grande atenção, pois, além de todos os prejuízos já citados, é uma modalidade de consumo que arrasta o bebedor a passos largos rumo ao alcoolismo. Só há uma forma de barrar esse processo desastroso: “Conscientização”. Infelizmente, uma atitude que está distante do “bebedor em binge”, pois em geral, ele não acredita nas consequências e prefere pagar para ver, pena que o preço será caro demais.

            Texto de Celso Garrefa

            Amor-Exigente de Sertãozinho

sábado, 16 de julho de 2016

MAIS AÇÃO, MENOS FALAÇÃO

(Imagem da internet)
Não são poucas as famílias que convivem com um dependente do álcool ou de outras drogas dentro de casa. Em geral, elas tentam ajudá-los a abandonar o vício e a primeira tentativa que utilizam é a conversa, mas para lidar com um problema tão complexo como este não bastam apenas palavras. Não se consegue avanços significativos com um dependente apenas na base do diálogo. 

Por vezes, é preciso mais, é preciso ação e atitude. No entanto, por razões diversas, os familiares relutam em entrar em ação e tomar atitudes e assim, o problema vai se arrastando ao longo do tempo. Na base da conversa, o dependente costuma reagir de duas formas: ou não está a fim de papo, manifestando toda uma reação com certa agressividade, ou ele ouve, promete mudanças, mas suas promessas não se sustentam.

Nesse ritmo, o dependente se acostuma com muito blá, blá, blá e acomoda, sabendo que nada acontece. Por vezes, promete melhoras e a família dá uma relaxada, no entanto, esta tranquilidade não dura mais que alguns dias, tornando-se um ciclo repetitivo. Ele usa, a família reclama; ele promete mudanças, a família acredita; ele para por alguns dias e de novo volta a usar.

Outra razão que faz a família demorar a agir é o medo. Medo de tudo. Medo das reações do dependente, medo de que ele possa piorar, medo de que ele saia de casa, medo de perder. Alguns desses medos são justificados, outros são enganos. Uma análise crítica é importante para diferenciarmos os riscos reais dos imaginários e buscarmos apoio para encará-los.

Nem sempre dá para esperarmos o dependente tomar uma atitude. Nem sempre ele está ou tem condições de fazê-la. Cabe aos familiares entrar em ação, mover-se. Não precisamos virar a mesa da noite para o dia, mas dentro das nossas capacidades, precisamos abandonar a falação e começar a agir, caso contrário, o problema se perpetua e gera frutos, como citou, brilhantemente, a Sra. Liane Castrillon, em uma das edições da “RevistAE:

     "Não basta pôr uma pedra em cima, deixar no freezer à espera do tempo para solucionar. Geralmente, o compasso da espera degringola em problemas filhotes... e aí, o elenco aumenta”.

     Para mudarmos os rumos daquilo que não está dando certo é necessário abandonarmos a falação, que empurra o problema com a barriga e entrarmos em ação. Quando apenas falamos, o outro apenas ouve, quando agimos ele precisa se adaptar e se enquadrar às nossas ações. Este é o segredo.


                        Texto de Celso Garrefa
                        Amor-Exigente de Sertãozinho SP

quarta-feira, 13 de julho de 2016

TOMA FILHO, ESSE REMÉDIO É DOCINHO!

Certo dia, enquanto visitávamos um casal de amigos, pais de uma criança de quatro anos de idade, a mãe lembrou que era hora de medicar o filho em razão de uma forte inflamação de garganta. A criança, como é natural, ao vê-la apanhar o remédio tentou esquivar-se. A mãe, então, para convencer o filho utilizou, como argumento...

                                                        Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa, com previsão de lançamento em 03/02/2024. 

sábado, 9 de julho de 2016

A REPÓRTER E A MACONHA

No último dia 26 de junho comemoramos o dia mundial de combate às drogas e na ocasião postei um texto sobre a data, onde, entre outras coisas, citei que temos a sensação de que estamos perdendo a guerra contra as drogas. Parece que corremos atrás de uma Ferrari montados em uma bicicleta.

Durante a semana de combate às drogas praticamente nada se viu, em termos de reportagem sobre o assunto em nossos canais televisivos. Apenas campanhas isoladas, normalmente produzidas por entidades ou grupos ligados ao tema, porém sem o apoio da grande mídia, seu alcance é limitado.

Na contramão do que esperávamos da grande mídia, ao acompanharmos uma reportagem de um grande canal aberto tivemos o desprazer de assistir uma cena patética, protagonizado por uma repórter de competência inquestionável. Na cena, ela fuma um cachimbo gigante de maconha e justifica "recusar nem pensar", pois segundo ela, seria um sinal de desrespeito.

            Desrespeito?  E o respeito aos próprios princípios? E o respeito a nossas crianças e jovens tão carentes de informações de qualidade sobre os perigos que as drogas representam? Se lá na Jamaica a maconha é utilizada em ritos religiosos, aqui no Brasil é utilizada como entorpecente, inclusive por muitas crianças a partir dos dez ou onze anos de idade.

            Como fica difícil convencer um jovem de que ele não precisa de droga nenhuma para ser feliz se ele assiste nossa repórter brisar em rede nacional. Como dificulta nossa tarefa de informar ao jovem que a maconha aumenta consideravelmente a probabilidade dele desenvolver a esquizofrenia se a maconha é apresentada como algo inofensivo.

            Vou além deste fato envolvendo a maconha. Sabemos, por estatísticas, que o uso abusivo e a dependência do álcool afetam uma parcela acima de 10% da população brasileira. Assistimos diariamente motoristas embriagados matarem no trânsito e mais, uma pesquisa da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas) apontou que nossos adolescentes consomem 6% de todo o álcool produzido no país, mesmo sendo proibida a venda e a distribuição para menores de 18 anos.

            Apesar de todas as estatísticas apresentarem números alarmantes sobre o abuso ou a dependência da droga “álcool”, não notamos a mesma comoção das pessoas ao assistirem nossas celebridades consumirem este produto livremente nos nossos canais de tevê, associando-o diretamente ao sucesso, ao prazer e à felicidade. Aplaudimos as músicas que fazem apologia ao seu consumo e achamos graça quando assistimos bêbados em situações vexatórias.

            Não estou justificando a cena da maconha, muito menos fazendo sua defesa. Não faço essa comparação com o objetivo de diminuir o impacto da reportagem, mas como um alerta em relação ao álcool que, apesar de lícito, também é droga, causa dependência e danos imensuráveis, no entanto sua propaganda é veiculada diariamente nos diversos canais de mídia sem nos chocar.

            Não possuímos o poder das grandes mídias, porém não vamos desanimar, como cita Edward Everett Hale: Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas ainda assim posso fazer alguma coisa. E não é porque não poder fazer tudo, que vou deixar de fazer aquilo que posso”.

            Texto de Celso Garrefa

            Programa Amor-Exigente (Sertãozinho SP)

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...