terça-feira, 11 de novembro de 2025

SEM DISCIPLINA FAZEMOS O NOSSO MÍNIMO E NÃO CHEGAMOS A LUGAR ALGUM

Um dos objetivos da disciplina é ordenar e organizar a nossa vida e também a vida da nossa família. Para tanto, todos os membros da casa devem assumir suas responsabilidades, visando essa organização; porém, não é nada fácil cobrar disciplina de quem não a tem.

Na tentativa de mantermos a ordem e a organização familiar, acabamos por fazer aquilo que é dever do outro e quanto mais fazemos por ele, mais ele se torna indisciplinado e folgado. Não dá para esperar disciplina sendo permissivos com toda espécie de maus comportamentos; não conseguimos organizar nada com ausência de regras e falta de planejamento na casa, não conquistamos cooperação sem permitir que cada um assuma as suas funções. 

O ato de exigir do outro é cobrar dele, com autoridade, aquilo que é sua obrigação, seu dever. É obrigação dos filhos tratar os seus pais com respeito, e assim sendo, temos o direito de exigir que nos respeitem. E para exigir com autoridade precisamos, primeiro, cuidar dos nossos comportamentos e fazer deles um modelo a ser seguido, caso contrário, tornamo-nos autoritários. 

Devemos, ainda, ter claro que não é necessário utilizarmos de gritos, ameaças ou escândalos para disciplinar. Quando buscamos esse objetivo através do medo, ele possui data de validade e termina quando as forças se equiparam. O ideal é conquistá-la com comportamentos equilibrados, coerentes e responsáveis, transmitindo e incentivando a disciplina como meio de alcançar objetivos, de organizar nossa vida, de realizar sonhos, conscientes de que sem disciplina fazermos o nosso mínimo e não chegamos a lugar algum.  


Celso Garrefa




quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Entre folgados e sufocados

- Você não presta para nada, reclama a mãe para a filha durante a realização de uma tarefa em conjunto. A filha abaixa a cabeça, para o que está fazendo e se retira. Com essa atitude, a mãe perde uma preciosa oportunidade de estreitar os laços e estabelecer o diálogo, atitudes fundamentais para o fortalecimento dos vínculos afetivos. 

Outras vezes queremos poupar os filhos de realizar quaisquer tarefas dentro de casa, preferindo fazer sozinhos aquilo que podemos realizar em parceria.

A cooperação exerce uma função determinante na aproximação entre pais e filhos, desenvolve a empatia e transmite a ideia de pertencimento, no entanto, para que haja essa construção não basta fazer juntos, é preciso aproveitar o momento.

Dependendo da maneira como nos comportamentos podemos colher resultados opostos. Ninguém se sente valorizado e incentivado a cooperar se, durante as atividades estamos despejando broncas, externando nosso mau humor, resmungando e reclamando de tudo.

Por sua vez, se valorizamos o apoio recebido, realizando as tarefas de forma prazerosa, incentivando e elogiando quando há merecimento, criamos uma via de mão dupla, dar e receber, eu preciso de você, assim como você precisa de mim. Isso favorece o respeito mútuo.

Nossa casa pertence a todos que nela habita e uma convivência familiar sadia exige que a cooperação seja valorizada nas relações, pois sem ela, os seus membros transitarão entre dois extremos: os folgados e os sufocados.

 


Celso Garrefa

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida".

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

NÃO ACEITO, NÃO CONCORDO, NÃO ADMITO

Quantos "nãos" dizemos para nós mesmos, para continuar dizendo sim ao outro? Por que quando é para mim tudo é não, mas quando é para a outra pessoa tudo precisa ser sim? Por que temos sempre que servir, mas nunca o outro está disponível para nos servir? Quantas vezes nos calamos diante de uma ofensa para evitar um conflito, mesmo quando temos a certeza de que estamos com a razão?

Precisamos aprender a nos posicionar: não, isso eu não aceito, com isso eu não concordo, isso eu não admito. Se não estabelecermos os limites do aceitável corremos sério risco de sermos tratados sem nenhuma consideração e respeito.

Devemos tomar cuidado com o que muitos chamam de zona de conforto. Muitas vezes ela não passa de uma zona de acomodação. Como seres humanos, vamos nos adaptando e nos ajustando às circunstâncias, mesmo que, por vezes, isso não está nos fazendo bem. Acomodamos ao grito nos ouvidos, para não contrariar, permitimos uma estupidez com medo de perder, aceitamos um comportamento insano, sob a justificativa do amor. 

Mudar esse processo é urgente, e para tanto, não é preciso diminuir o tamanho e importância do outro, mas reconhecer também a nossa importância, as nossas qualidades, os nossos valores, e também sentir merecedores do respeito, do cuidado. Merecedores, em primeiro lugar, do amor-próprio, pois sem ele nos sujeitamos a toda espécie de abusos. 

Nesse processo de cura é fundamental trocarmos a acomodação pela incomodação. Enquanto nos acomodamos não corrigimos o que precisa ser melhorado, e o que é pior, a tendência é de que as coisas se agravem até atingir proporções insustentáveis e perigosas.

Também é necessário coragem para agir, para encarar ou mesmo provocar um conflito, conscientes de que um conflito não significa provocar uma guerra, mas abrir a possibilidade da reflexão, onde a outra parte tem vez e voz, mas isso não pode aniquilar a minha vez, nem calar a minha voz. 



Celso Garrefa

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida". 






terça-feira, 22 de julho de 2025

PARENTES E AFINS - RESPEITO E FRATERNIDADE

O sétimo princípio ético familiar do Programa Amor-Exigente cita que    devemos agir com respeito e fraternidade no relacionamento com nossos  parentes e afins e isso nos leva a refletir sobre como estamos nos relacionando com esse grupo de pessoas.

Sabemos que é comum haver um distanciamento familiar, quando nos deparamos com a dependência do álcool ou outras drogas na família, seja por parte dos próprios familiares, por vergonha, ou por não quererem expor o problema, preferindo o isolamento; seja por parte de alguns parentes que se afastam, por preconceito, por medo, por receio de que as atitudes do dependente possam influenciar algum membro da sua família.

Em relação aos contatos familiares devemos adotar alguns cuidados. Muitos parentes são compreensivos, são parceiros e podem ser um ponto importante de suporte e de apoio para nos ajudar a lidar com o desafio que enfrentamos. Em relação a esses, podemos tê-los conosco, aproveitar esse apoio para nos fortalecer em relação a batalha enfrentada.


Entretanto existe uma parcela de parentes que não têm nada a nos oferecer de suporte e de apoio em relação ao que estamos vivenciando, mas ainda assim, querem falar sobre o problema. Uma parcela que não respeita sequer a ética do sigilo, e só se interessa pelo assunto para fazer fofoca, despejar comentários indesejados ou preconceituosos e, consequentemente, causam aborrecimentos e em nada contribuem para a solução do problema.

Mesmo em relação a essas pessoas, podemos, ainda, preservar o relacionamento com respeito e fraternidade, porém, adotando, em relação a elas, um posicionamento claro e transparente: - "Desculpe-me, mas não gostaria de falar sobre isso, tudo bem?

Devemos compreender, e que também compreendam, que um relacionamento respeitoso e fraterno não nos obriga a falar sobre questões que não queremos ou não devemos, sem necessariamente precisarmos cortar as relações. 


Celso Garrefa


Pedagogo Social
Autor dos livros "Assertividade, um jeito
inteligente de educar" e "O primeiro dia da
minha nova vida". 




sábado, 12 de julho de 2025

QUEM ESTÁ NO COMANDO DO MEU "EU"

O sétimo princípio básico do Programa Amor-Exigente cita que "tomar atitude precipita uma crise". Mas, crises incomodam, causam desconforto e insegurança, e muitos de nós não queremos abandonar nossa zona de acomodação.

No entanto, existem momentos na vida em que nos deparamos com grandes desafios, que nos colocam diante de uma enorme crise e para enfrentá-la não existe outro caminho que não seja por meio da ação, da atitude.

E isso nos coloca diante de um dilema: se já estamos vivenciando uma grande crise, por que tomar atitudes para provocar novas crises? 

Acontece que as crises que vivenciamos muitas vezes foram provocadas pelos comportamentos do outro e, portanto, ele a administra de acordo com os seus interesses, enquanto nós arcamos com as consequências. Uma criança provoca uma crise de birra para desestabilizar os pais e eles cederem, atendendo o desejo dela; um jovem dependente químico ameaça abandonar a família, se ela dificultar seu acesso às drogas, para convencê-la  a bancar seu vício etc.

A partir do momento em que começamos a agir, a tomar atitudes em relação aos comportamentos alheios, que desaprovamos, quem vão precisar se ajustar às nossas ações são eles. 

Devemos, ainda, compreender que tomadas de atitudes são ações concretas, que possuem um objetivo a ser alcançado. Devem ser ações que se sustentam, que temos condições de mantê-las com firmeza, caso contrário, caímos nas ameaças vazias e perdemos o crédito.

Enquanto nos sujeitamos aos comportamentos inadequados do outro, sofremos as consequências das crises por ele estabelecida, mas quando nós tomamos atitudes, quem vai precisar se ajustar às nossas mudanças é ele. Tomar uma atitude significa, portanto, retirar o comando da nossa vida das mãos de outra pessoa e trazê-la para o nosso domínio, esse é o segredo da mudança positiva que tanto desejamos. 

Celso Garrefa

Autor dos livros: "Assertividade, um jeito inteligente

de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida". 




 





quarta-feira, 9 de julho de 2025

GRATIDÃO, GRATIDÃO, GRATIDÃO

Ultrapassamos a marca de meio milhão de visualizações em nosso blog. Um número para comemorar e agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para ele chegar até aqui, seja através de comentários, interações, ou divulgações nos seus grupos e contatos. 

Um dia, algumas linhas escritas, um blog simples, e eu começava a transformar em textos minhas vivências, minhas experiências e meus conhecimentos do Programa Amor-Exigente. 

Sempre evitei criar polémicas, e tudo o que transmito, através dos textos, é com muito cuidado e respeito, com o objetivo de levar um mínimo de conhecimento e de conforto para as famílias que tanto sofrem com o problema da dependência do álcool e outras drogas e despertar nelas a importância de buscar ajuda, com a certeza de que é possível vencer esse flagelo.

Não tinha a dimensão do quanto isso se expandiria, do tanto de retorno que recebo de pessoas através de mensagens de gratidão, de agradecimento, de reconhecimento. 

O que começou pequeno, hoje ultrapassou a marca de meio milhão de visualizações no blog, mais de 230 textos publicado, cinco anos de matéria para o encarte da revistAE, artigos em diversos sites, jornais e revistas, palestras em inúmeras cidades e dois livros lançados: "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR" e "O PRIMEIRO DIA DA MINHA VIDA VIDA" 

Só posso terminar esse texto com três palavras: GRATIDÃO, GRATIDÃO, GRATIDÃO. Contem sempre comigo.

Celso Garrefa

sexta-feira, 27 de junho de 2025

SERÁ QUE O MEU FILHO ESTÁ USANDO DROGAS? COMO SABER?

Não é nada fá
cil perceber quando  um filho começa a faser uso de drogas. Em média, a família só consegue identificar os primeiros sinais de uso após um a três anos do início, ou seja, quando a pessoa já está perdendo o controle sobre a substância de consumo.

Além disso, quando a família começa a desconfiar, até como um mecanismo de defesa, em um processo inconsciente, ela atravessa a fase da negação. O primeiro caminho é aceitar o óbvio, mesmo que isso cause decepções e desconfortos. Até que negamos o problema, nada fazemos para tentar corrigi-lo.

A percepção do uso depende muito da pessoa e do tipo de substância que ela está consumindo. Segue abaixo alguns indícios de que algo possa estar acontecendo e que servem de alerta para os pais:

1 – Mudança repentina de humor e comportamento;

2 – Mudança no quadro de amizades (distanciamento dos considerados “bons amigos”, para aproximar de um grupo de amigos suspeitos;

3 – Dificuldade para dormir (noite toda acordado), quando dorme atravessa longo período no sono;

4 – Gastos elevados de dinheiro, sem que não se identifiquem onde foi gasto;

5 – Endividamento;

6 – Pedido de dinheiro em sequência e com insistência (no mesmo dia, pede dinheiro duas, três, quatro vezes);

7 – Em estágio avançado, desaparecimento de pertences da casa (podem estar sendo trocados por substâncias);

8 – Irritabilidade, ansiedade;

9 – Mudança de humor, em curto espaço de tempo, exemplo: está irritado, inquieto, incomodado, sai para a rua e retorna pouco depois com comportamento totalmente diferente, quieto, tranquilo, calmo ou vice-versa.

10 – Mudanças físicas: olhos vermelhos, irritados, fungação de nariz (parece que está sempre com gripe), dilatação da pupila, falta de apetite (no caso da cocaína), muito apetite (no caso da maconha), descuido da aparência, relaxo com a higiene pessoal;

11 – Distanciamento familiar;

12 – Evita conversa, evita olho no olho, cabeça baixa e qualquer tentativa de diálogo é recebida com incômodo e irritabilidade;

13 – Muito tempo ausente de casa, até mesmo em dias do meio da semana, inclusive atravessando a noite e retornando tarde no outro dia, com desculpas de que estava em churrasco ou festas com amigos,

14 – Fala em desacordo com sua normalidade (rápido demais ou devagar demais);

15 – Perda de dias de trabalho, sem motivos aparentes;

16 – Mentiras frequentes, chantagens, manipulações;

17 – Não despreze o consumo abusivo do álcool, ele também é droga e assim deve ser encarado, sem minimização, sem glamorização;

18 – Não ignore o alerta de outras pessoas, se estão abordando sobre o problema é porque algo está acontecendo e o objetivo é tentar ajudar, pois o quanto antes a família tomar conhecimento do problema, mais rápido ela pode começar a agir;

19 – Não perca tempo em perguntar para ele se está fazendo uso, ele vai negar, inclusive jurando que não faz.

Obs.: O fato de eles enquadrarem em um ou outro fator descrito acima não significa que estão fazendo uso das drogas, no entanto, quanto mais itens se enquadram maiores são as probabilidades de que algo está acontecendo e isso exige atenção e urgência.

Havendo qualquer indício de uso, ou suspeita, não fique sozinho, procure o Programa Amor-Exigente em sua cidade ou o mais próximo.

Celso Garrefa


sexta-feira, 2 de maio de 2025

LIBERTE-SE DA CULPA QUE TE PRENDE AO PASSADO

"Culpas, desculpas e culpados são pesos desnecessários que travam os passos, correm os laços e dificultam o caminhar"

Toda vez que nos vemos diante de um grande problema costumamos olhar para trás, tentando identificar em nós as suas causas. Essa busca dos porquês, em doses homeopáticas, pode ser útil para identificarmos suas raízes e corrigir os rumos daquilo que precisa ser melhorado, mas, em doses elevadas e cobrança desmedida sobre nós mesmos pode resultar num forte sentimento de culpa, e consequentemente, causando-nos sofrimentos internos e intensos.

As causas de um problema, geralmente, não estão associadas apenas a um fator, mas a um conjunto de circunstâncias que atuam na vida de uma pessoa; no entanto, costumamos ignorar essa realidade, assumimos para nós a culpa pelo contratempo e menosprezamos todo o resto.

Afetados pelo sentimento de culpa nos autocondenamos e, consequentemente, paralisamos qualquer tentativa de ação, isso porque esse sentimento está relacionado ao passado e não há como modificarmos o que passou. 

Para seguirmos em frente, vamos precisar nos libertar do peso causado pelo sentimento de culpa, soltar as correntes que nos prendem ao passado e assumir responsabilidades no presente, como citado pela frase, de autor desconhecido: "Culpas, desculpas e culpados são pesos desnecessários que travam os passos, corroem os laços e dificultam o caminhar. Portanto, assuma as responsabilidades que lhe cabe, repare o que for possível e avance, sem olhar para traz". 


Celso Garrefa

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida"




quinta-feira, 17 de abril de 2025

CONSTRUINDO UMA AUTORIDADE SÓLIDA

(Imagem gerada por IA)
O exercício da autoridade é necessário e legítimo e sua ausência é desastrosa na educação dos filhos, no entanto, a conquista da autoridade não é algo que recebemos pronto, mas uma construção que exige atitudes e comportamentos adequados. 

O primeiro equívoco é tentar conquistá-la através de comportamentos hostis, grotescos ou violentos, ou através de gritos histéricos e atitudes agressivas. Não construímos uma autoridade sólida através da violência, e sim através de comportamentos equilibrados, de posicionamentos claros e firmes, onde o sim possui valor de sim, no entanto, quando o não é a resposta necessária, ele precisa prevalecer.

Posicionamentos frágeis e atitudes que não se sustentam, além de minar qualquer possibilidade de sucesso na construção de uma autoridade sólida, ainda nos tornam presas fáceis para filhos manipuladores, que são experts na arte de insistir, de incomodar, de manipular, até conquistarem aquilo que desejam.

O relacionamento do casal exerce um papel determinante no fortalecimento ou na fragilização da autoridade. Falar a mesma língua, em relação à educação dos filhos, é um fator positivo nessa construção, mas quando um vive desautorizando o outro, desconstruindo um combinado, são fatores negativos que enfraquecem essa conquista.

Por fim, não dá para falar em autoridade sem abordar um fator essencial para essa construção, que é o poder do exemplo. Sem sermos exemplos acabamos adotando atitudes nada funcionais: ou nos tornamos autoritários - faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço - ou nos tornamos permissivos e fechamos os olhos para os comportamentos que desaprovamos. E relembrando, mais uma vez, um dos lemas do Programa Amor-Exigente: Eu amo você, mas não aceito aquilo que você faz de errado.



Celso Garrefa

Pedagogo Social

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida"

 





terça-feira, 8 de abril de 2025

QUAL É O SEU PAPEL?


Percebemos, nos dias atuais, uma confusão em relação aos papéis que cada um ocupa no contexto familiar. Pais deixando de exercer seu papel, para se tornarem apenas amiguinhos dos filhos, outras vezes tratando filhos adultos como se esses fossem crianças incapazes. Esposas assumindo o papel de mães do companheiro, avós anulando o papel dos pais e assumindo para si a responsabilidade pelos netos, pais transferindo suas responsabilidades para professores etc. 

Sem uma clareza nos papéis que cada um desempenha no ambiente familiar, a casa pode se tornar disfuncional. Não se constrói um ambiente familiar adequado e equilibrado, se deixarmos de assumir ou reassumir as nossas funções de acordo com a posição hierárquica que ocupamos.

Além das diferenças nos papéis que pais e filhos ocupam no contexto familiar, também devemos considerar outras diferenças, como, por exemplo, o fato de que cada um deles viverem momentos diferentes. Os pais, hoje adultos, já foram adolescentes, enquanto muitos filhos ainda não amadureceram e essa diferença pode gerar conflitos geracionais.

É necessário buscarmos o equilíbrio nessa relação, compreendendo as mudanças de mundo. Dialogar com a atual geração, da mesma forma com que lidávamos no passado, significa não respeitar as mudanças ocorridas ao longo do tempo, tornando nossa missão menos eficiente. 

Os filhos da atual geração exigem novas formas de abordagens. Isso não significa igualar os papéis. Os pais continuam sendo pais e os filhos continuam sendo filhos; isso não muda e precisa ser preservado. Se o autoritarismo do passado não se encaixa na educação moderna, a autoridade dos pais é legítima, é necessária e deve ser exercida com firmeza, de forma responsável, consciente e coerente. 

Se deixarmos de exercer uma função que nos é de direito, abrimos espaço para outros assumirem. Agindo assim, perdemos o controle da nossa vida e passamos a viver sob os domínios dos outros, inclusive por quem ainda não está preparado para isso ou por quem não gostaríamos que estivesse no comando.



Celso Garrefa 

Pedagogo Social

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida"


sexta-feira, 28 de março de 2025

A CONFIANÇA PERDIDA E O PAPEL AMASSADO

Dois fatores são essenciais para resgatar uma confiança depois de perdida: o tempo e a constância. Comportamentos equilibrados e coerentes, somados ao compromisso de assumirmos aquilo que prometemos, fazem com que a confiança se solidifique, no entanto, quando repetidamente pisamos na bola, as relações se abalam e o descrédito se instala.

A desconfiança não é escolha, mas um sentimento que possui raízes profundas e dolorosas. Não escolhemos perder a confiança em alguém, assim como, não escolhemos voltar a confiar. 

Não se reconstrói uma confiança com a mesma velocidade com que a perdemos. É preciso de tempo e não é pouco, e ainda assim, alguns resquícios permanecem. É como pegarmos uma folha de papel nova, amassá-la e novamente tentar trazê-la ao estado inicial. Ela volta a ficar inteira, mas as marcas permanecem.

No resgate de uma confiança não há espaço para o imediatismo. É preciso dar tempo ao tempo, assumir, de fato, a correção dos problemas que causaram o descrédito, modificando atitudes e comportamentos, contudo, somente o tempo não é suficiente para consertar o estrago, é preciso constância nas mudanças comportamentais. Não adianta ficar semanas, meses, ou mesmo anos sem repetir o problema e novamente "pisar na bola". Muitos de nós somos especialistas em começar, prometer, mas sem constância não atingimos objetivo algum. 

O pedido de perdão é o primeiro passo nesse processo, mas o perdão só faz sentido se nos comprometermos a não repetir as mesmas falhas que culminaram na perda da confiança. Sem isso, o pedido de perdão não passa de mais uma enganação, mais uma manipulação.

A decisão de mudar, o compromisso com a mudança e a constância são os fatores que ao longo do tempo permitem que a confiança vagarosamente se reestabeleça. A retomada da confiança perdida não possui data de validade, é para a vida toda. 


Celso Garrefa
Pedagogo Social
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida"







sexta-feira, 21 de março de 2025

VOCÊ PRECISA CONFIAR EM MIM

Um dos desafios das pessoas em processo de recuperação da dependência do álcool ou de outras drogas é lidar com a falta de confiança da família. Eles queixam que, apesar dos seus esforços, a desconfiança ainda prevalece com muita força. Por outro lado, os familiares relatam que desejam intensamente confiar, mas não conseguem fazê-lo. Como lidar com isso?

Não precisamos de muita coisa para perdermos a confiança em alguém, mas recuperá-la é um desafio que exige muito esforço e mesmo assim, precisa de tempo, que não costuma ser pouco. Enquanto a pessoa estava no uso, os familiares conviveram com tantas mentiras e promessas não cumpridas, que cansaram de palavras. Conversas não convencem mais. A recuperação da confiança é um desafio a longo prazo, que precisa ser conquistada e não cobrada, e isso só é possível através de novas e permanentes atitudes e comportamentos.

A pessoa em recuperação ajuda muito quando, num exercício de humildade, posiciona os familiares em relação ao que pretende fazer, onde deseja ir, a que horas pretende voltar e consequentemente, cumpre rigorosamente com aquilo que foi combinado. Essas atitudes encurtam o processo de retomada da confiança.

Em relação à família, sabemos que não é fácil recuperar a confiança perdida depois de anos de problemas e recuperá-la dependerá muito das atitudes apresentadas pelo outro, contudo, devem adotar algumas posturas para lidar com isso.

Manter a atenção é necessário, mas não é produtivo fazer uma marcação cerrada, com cobranças exageradas, lembrando-o a todo instante sobre seu passado ou vasculhando os seus pertences. Também devem evitar falar com a pessoa como se ela fosse fazer uso, todas as vezes que sai de casa ou recebê-la como se ela tivesse feito uso no momento em que retornam. 

A pessoa em recuperação deve aceitar a ideia de que a desconfiança está enraizada na família e lidar com isso com naturalidade, sem utilizar desse fato para chutar o balde e colocar tudo a perder. O resgate da confiança perdida é um processo a ser construído ao longo do tempo. Se a perda da confiança é processo veloz como um guepardo, sua recuperação é lenta como uma tartaruga. É preciso muita paciência.


CELSO GARREFA
Pedagogo Social
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente
de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida"

sábado, 15 de março de 2025

CONFIANÇA PERDIDA, DIFÍCIL RESGATE

Quem convive com um dependente do álcool ou de outras drogas conhece muito bem algumas características marcantes presentes nessas pessoas, como a mentira, a chantagem, a manipulação e as promessas não cumpridas. Nunca estão onde dizem estar, raramente cumprem com os horários combinados, dizem que vão se cuidar, porém retornam para casa sobre efeito de álcool ou outras drogas. Prometem que vão melhorar, mas não mostram mudança alguma, com isso, a confiança é perdida, cedendo espaço para as desconfianças.

Como a dependência é um processo longo, uma doença progressiva, a desconfiança cresce, cresce e cresce. Quanto maior o tempo de envolvimento com as drogas, mais enraíza nos familiares o sentimento de desconfiança, descrença e desesperança.

Chega um momento em que o dependente decide abandonar as drogas. Para isso alguns buscam grupos de auto e mútua ajuda, outros fazem tratamento em clínicas ou comunidades terapeutas. A família, por sua vez, participa de reuniões do programa Amor-Exigente. Durante esse processo, a desconfiança continua: será que vai dar certo; como vai ser o seu retorno; e se ele voltar a fazer uso; e se sofrer uma recaída. Esses questionamentos perturbam e incomodam os familiares, afinal foram tantas as promessas não cumpridas que as desconfianças ainda prevalecem com muita força.

Espera-se que ao final de uma internação, o dependente viva um novo momento, busque a sua sobriedade, construa uma nova vida. Nessa fase eles buscam resgatar a confiança perdida, contudo precisam aprender a conviver com ela, pois esse sentimento está fortemente enraizado na família. Por mais que os familiares desejam confiar, isso não é tarefa tão simples assim. 

Não resolve cobrar confiança. Sua retomada é um processo muito lento que não se recupera com palavras ou promessas, mas através de atitudes e comportamentos adequados e equilibrados. Se precisamos de pouca coisa para perder a confiança, vamos precisar de muita para recuperá-la. 

PS: Próximo texto vamos apresentar algumas dicas para lidar com a confiança perdida.




Celso Garrefa
Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida".






terça-feira, 4 de março de 2025

LIMITES NÃO SÃO FREIOS

Problemas complexos e de difíceis soluções costumam minar nossas energias, atingir nossos limites e, como consequência experimentamos, por vezes, a sensação de haver tentado de tudo, e não enxergamos uma saída.

É verdade que os nossos recursos são limitados, mas não devemos fazer disso uma barreira paralisante, que nos mantém estagnados, presos ao problema e incapazes de enfrentar o desafio, pelo contrário, significa que precisamos buscar meios de ampliar nossas potencialidades. 

O primeiro passo é resguardar os recursos já existentes, preservando nossas estruturas. Não resolve abandonar emprego porque estamos com um problema familiar, ou deixar de dormir à noite enquanto o filho não chega, ou ainda deixar de nos alimentar porque temos uma dívida etc. 

Essas são atitudes disfuncionais que minam nossos recursos materiais, físicos e emocionais e, quanto mais desrespeitamos esses limites, mais adoecemos, mais nos fragilizamos e, consequentemente, diminuímos nossas forças para lidarmos de forma assertiva com o problema.

Mais do que preservar os recursos já existentes, precisamos ampliá-los e para isso, é fundamental  buscarmos ajuda, orientação e apoio. Cada um de nós possui conhecimentos e experiências que são de extrema importância para a solução do desafio, no entanto, essas vivências são limitadas, mas não precisamos nos limitar a nós mesmos. 

Varias cabeças pensando juntas funcionam melhor que uma sozinha. Quando adotamos a coragem de buscar ajuda ampliamos de forma substancial os recursos necessários para enfrentarmos um grande desafio e passamos a enxergar novas possibilidades que até então não havíamos percebido. Em grupo ampliamos nossos recursos e assim deixamos de enxergar limites como freios para encará-los como alavancas. 



Celso Garrefa

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida"





sábado, 22 de fevereiro de 2025

MAIS "GENTE", MENOS "COISA"

Parece-nos que o ser humano está perdendo sua humanidade. As relações entre as pessoas estão cada vez mais frias, ausentes de sensibilidade e pouco empáticas e isso nos deixa um questionamento: será que estamos perdendo nossa essência humana e nos tornando mais "coisa" e menos "gente"?

As evoluções tecnológicas fizeram com que os seres humanos se distanciassem e com isso, estamos vivendo cada vez mais as relações virtuais e menos as presencias. A frieza das redes sociais, de certa forma, fez com que muitos de nós esquecêssemos que somos seres humanos. Nas redes, desejamos mostrar o sucesso, as conquistas e escondemos nossos desafios e dificuldades. Ignoramos que somos gente e que o outro também o é. 

Quantas vezes nos deparamos com postagens nas redes sociais e, mesmo sem conhecer a fonte e a veracidade, friamente, compartilhamos ou fazemos comentários inapropriados e esquecemos que existe uma vida humana do outro lado da tela, uma pessoa que possui sentimentos e sofre as consequências de um ataque desnecessário e gratuito?

Mesmo diante de toda a tecnologia que nos cerca, ainda continuamos a ser gente e como gente possuímos sentimentos que precisamos proteger, com posicionamentos firmes, não permitindo ser invadidos, explorados, manipulados, massacrados, inclusive dentro da nossa própria casa. Todo grande abuso começa com pequenos ataques, que se ignorados ganham em intensidade ao longo do tempo.

O primeiro passo é aceitarmos o óbvio, somos gente, e reconhecendo isso, não aceitar e não permitir sermos tratados como qualquer coisa, como algo sem valor, que não merece respeito e assim, que possamos ser cada vez mais "gente" e menos "coisa".


Celso Garrefa

Pedagogo Social

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O Primeiro dia da minha nova vida"

sábado, 15 de fevereiro de 2025

AMOR-EXIGENTE, UM PROGRAMA QUE SALVA VIDAS

Um questionamento que nos chega com frequência é o porquê os pais devem participar de reuniões de grupo, sendo que é o filho quem está fazendo uso de drogas. Acontece que a dependência química não atinge apenas a pessoa que faz uso de substâncias entorpecentes, mas também afeta todos aqueles que convivem com ele.

É comum os familiares chegarem aos grupos mais adoecidos que o próprio dependente. Chegam com o relato de que desejam intensamente ajudá-lo, mas, afetados pela codependência, carregam uma mistura de sentimentos e um sofrimento profundo.

Sentimentos como culpa, medo, tristeza, desespero, entre outros, os fazem paralisar. A vontade de ajudar é imensa, mas estão tão fragilizados que não sabem como agir, por onde começar.

Sem uma base orientadora e sem conhecimento da problemática que envolve a dependência, as tentativas de ajuda, além de não solucionar o problema, podem agravar ainda mais a situação. Cego guiando cego corre-se o risco dos dois caírem no buraco.

Nos grupos de apoio a família começa a despertar do impacto paralisante provocado pela descoberta do problema e a se libertar de sentimentos negativos que travam suas ações. São nos grupos de apoio que as famílias se fortalecem e quando fortes, deixam de ser alvo de fácil manipulação. Aprendem a lidar com um problema de alta complexidade de forma assertiva e orientada.

Enfim, a família deve participar de um grupo de apoio porque, mesmo não fazendo uso de drogas, adoece tanto quanto o dependente e quando enfrentam os desafios juntos, estatisticamente, as possibilidades de sucesso do tratamento aumentam de forma extraordinária, portanto, venham se capacitar com o Amor-Exigente, um programa que salva vidas.


Celso Garrefa

Pedagogo Social

Autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "O primeiro dia da minha nova vida"

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

PARENTALIDADE DISTRAÍDA

 

- "Saia um pouco deste celular, menino!", costumamos nos queixas com os filhos. Mas, olhando para nós mesmos, será que também não estamos gastando tempo excessivo com nossos aparelhos celulares? Muitos pais atualmente estão presentes fisicamente, mas ocupados demais com seus dispositivos eletrônicos. A isso chamamos parentalidade distraída.

Os vínculos afetivos são um dos principais fatores de prevenção e proteção na educação dos filhos e não se constroem vínculos com distanciamento, seja ele físico ou mesmo aquele em que os pais estão presentes fisicamente, porém absorvidos pelas telas não enxergam as pessoas que convivem no mesmo espaço.  Falta diálogo, falta atenção, falta comunicação, falta demonstração de afeto. 

Pais ocupamos excessivamente com suas redes sociais não encontram tempo para exercer o seu principal papel em relação aos filhos, que é prepará-los para o mundo em que vivem. Na ausência de uma referência familiar que norteiem sua vida eles buscam fora do núcleo parental as suas referências, que nem sempre são as mais adequadas.

Grandes desvios comportamentais não acontecem da noite para o dia. É um processo que se instala ao longo do tempo e precisamos de muita atenção para identificar e corrigir os pequenos  deslizes, caso contrário, as consequências poderão ser desastrosas, no entanto, só vamos perceber tais mudanças se não estivermos tão distraídos com as telas.

Outro problema do uso excessivo das redes são as comunicações interrompidas, conversas cortados pelos sons das mensagens dos celulares, como se aquilo que nos chega seja mais importante que o nosso diálogo. 

Precisamos tirar um pouco nossos filhos das telas e o primeiro passo começa por nós, fazendo uso equilibrado e consciente dessas tecnologias, caso contrário, são eles que poderão nos cobrar: - Pai, sai um pouco desse celular e me enxerga!



Celso Garrefa é pedagogo social, autor dos livros "Assertividade, um jeito inteligente de educar" e "Primeiro dia da minha nova vida".







domingo, 26 de janeiro de 2025

TEM LINGUIÇA COMENDO CACHORRO

Se apresentarmos uma linguiça para um cachorro, certamente ele a comerá. Essa é a logica, tendo em vista que o cão tem fome e precisa saciá-la. Na nossa vida não é muito diferente, mas como seres pensantes, diferente do animal, somos nós que definimos os objetivos pelos quais estamos dispostos a lutar e quais os caminhos a serem adotados visando sua concretização. 

Em uma visão ampla, se pensarmos institucionalmente, cada empresa, cada setor, cada organização também costuma definir seus objetivos, estampando-os em local visível, estabelecendo sua missão, sua visão e seu valor, para que todos tenham conhecimento e sejam membros cooperadores nessa empreitada.

Essas ferramentas ajudam a construir uma base sólida para o sucesso da organização, e havendo clareza nessas definições busca-se pessoas as mais qualificadas possíveis para tornar tudo isso uma realidade. 

Porém, entretanto, todavia, e por incrível que pareça, existem organizações, cujos envolvidos, por motivos incertos, duvidosos, por desconhecimento das funções daquele seguimento ou mesmo para atender a interesses escusos trabalham na contramão daquilo que se espera daquele setor.

E isto posto, quanto pior, melhor. E para dar "certo" é preciso utilizar de quem entra no jogo. Nesses casos, não se busca pelo melhor, pela capacidade, pelo conhecimento, mas por quem está disposto a entrar no esquema. 

Infelizmente, essa prática não é tão rara assim, e temos assistido essa realidade a nossa volta, no dia a dia, principalmente no meio político. Isso significa caminhar na contramão do esperado, sem medir as consequências e sem se importar com aqueles que serão prejudicados. É a velha inversão de papeis para agradar uma parcela privilegiada em detrimento dos reais interessados. É a linguiça comendo o cachorro e isso caminha na contramão da lógica. 


Celso Garrefa

Pedagogo social

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

TEORIAS NÃO SUBSTITUEM ABRAÇOS

A grande maioria das pessoas que procura por um grupo do programa Amor-Exigente chega adoecida, trazendo na bagagem sofrimentos profundos em razão do desafio enfrentado. Muitos já experimentaram a força cruel do preconceito e foram vítimas de críticas, de julgamentos e de condenações, e o que podemos oferecer, em primeiro lugar, ao acolhê-las na reunião é o respeito.

Respeito em relação à sua história de vida, respeito à sua fragilidade, respeito ao seu momento, ao seu tempo, respeito a sua realidade, respeito às suas individualidades como pessoa humana. Trabalhar o respeito exige cuidado.

Cuidado com receitas simplistas para problemas complexos, cuidado para não comparar quem está chegando agora com o nosso momento atual, cuidado com cobranças excessivas, que estão aquém das capacidades alheias, cuidado para não bombardear com teorias quem, inicialmente, só precisa de um abraço.

Um dos comportamentos essenciais para trabalharmos o respeito chama-se empatia. Reconhecer que um dia também chegamos precisando de colo, de abraço. É fundamental que quem nos procura perceba que o grupo somos nós, de forma igualitária, sem diferenciação de qualquer natureza e que se sinta respeitado em sua integralidade. Empatia não significa apresentar uma receita pronta, como se fôssemos os donos da verdade, sabedor da solução, mas assumir o compromisso de caminhar juntos, estar do lado, fazer-se presente. Isso é o que cativa.



Celso Garrefa

Pedagogo Social 


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

"VOCÊ NÃO É TODO MUNDO

A atual estruturação da sociedade nos impõe padrões comportamentais que muitas vezes copiamos sem refletir, como por exemplo, consumir determinada marca para parecer modernos, usar aquela grife porque está na moda, beber aquele produto para nos sentir inseridos em um grupo, adotar certos comportamentos porque atualmente todos agem assim.

Somos diariamente pressionados a nos enquadrar em padrões pré-estabelecidos por essa sociedade marcadamente excludente, consumista e permissiva, que valoriza mais o ter que o ser, mais as coisas que as pessoas e que não possui nenhum pudor em descartar aqueles que não se encaixam em suas regras. Além disso, a explosão tecnológica dos últimos anos trouxe os chamados influenciadores digitais.

No entanto, aquilo que nos tornamos não é resultado dessas influências, mas sim das nossas próprias escolhas. Possuímos o livre-arbítrio para decidir, escolher e nos posicionar. Personalidade não é seguir e copiar cegamente o que os outros nos impõem, mas traçar o nosso caminho a partir de nós mesmos e de acordo com nossas crenças pessoais.

Como dizia minha mãe, quando eu era pequeno – você não é todo mundo. Diante destes valores superficiais precisamos nos posicionar e assim podemos viver o nosso eu, focados em nossos objetivos, balizados por valores éticos, morais e espirituais e não apenas viver em função dos outros, visando agradar a massa.

Celso Garrefa


 

SEM DISCIPLINA FAZEMOS O NOSSO MÍNIMO E NÃO CHEGAMOS A LUGAR ALGUM

Um dos objetivos da disciplina é ordenar e organizar a nossa vida e também a vida da nossa família. Para tanto, todos os membros da casa dev...