sexta-feira, 4 de agosto de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E FALÊNCIA FAMILIAR

(Imagem extraída da internet)
Muitos familiares, movidos pelo desespero, cometem algumas loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por impulso e sem uma base orientadora, além de não produzir o efeito esperado, ainda podem minar todos os recursos da família. 

Ouço com frequência algumas ideias equivocadas em relação à solução do problema. Muitos idealizam mudar para outra cidade, de preferência o mais longe possível, acreditando que, ao tirar o filho do atual ambiente, tudo se resolve. Enganam-se. O problema está na pessoa e não no local. Como ele possui enorme capacidade para identificar os seus iguais, rapidamente está novamente na ativa. 

Outros pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Há mães que abandonam um emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais alto que a sua capacidade de contê-lo. Tem familiares que vendem a própria casa, destroem suas estruturas, casais se separam, outros se enchem de dívidas e o problema permanece.

Muitos gastam absurdos em clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde ele, apesar de todo dano causado, é premiado com piscinas de água quente, saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao tratamento. 

Existem, ainda, muitos familiares que gastam horrores bancando a dependência do filho, imaginando, enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo. Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o dependente continua fazendo uso descontrolado com apoio da família. 

É óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Mantê-lo em uma internação também tem seu preço, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com pessoas que exploram o momento difícil que está vivenciando. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos e seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou, inclusive os gastos no tratamento.

Por tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, que é, sem dúvidas, o pior dos nossos enganos.



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


Um comentário:

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...