Um
dos principais fatores capaz de levar um jovem a não experimentação e não envolvimento com as drogas, é o receio de decepcionar os seus pais e o poder do
elogio exerce um papel fundamental para conquistarmos esse respeito.
Exercer o papel de pais responsáveis e
preocupados com a educação dos filhos exige estabelecer limites e regras, exige
cobranças e até mesmo postura firme quando isso se fizer necessário e não há
mal algum nessas atitudes, pelo contrário, quando norteamos a conduta de nossos
filhos, estamos demonstrando nossa preocupação e nosso amor verdadeiro por
eles.
Assim como devemos ser atuantes e agir
prontamente mediante todo e qualquer comportamento que desaprovamos, também
precisamos agir nos momentos em que eles apresentam conduta correta,
valorizando e elogiando os seus atos e boas atitudes.
Com tantos recursos tecnológicos dentro de
casa, a família perdeu muito em termos de contatos e de convivências.
Parece-nos que falta tempo para um diálogo agradável entre os seus membros e cada
um está vivendo o seu mundo no seu canto, com os seus recursos. Apesar de tão
próximos, ao mesmo tempo parecem muito distantes.
Filhos absorvidos por computadores,
celulares, tablets e fone nos ouvidos não possuem mais tempo para ouvir os
pais. Por sua vez, os pais também estão muito atarefados e ocupados. A falta de
tempo para os filhos somados ao estresse dos nossos dias faz com que muitos só
se dirigem a eles aos berros, para dar brocas e criticar.
Reclamam que os filhos nada fazem, mas
ao contrário do que muitos acreditam, os filhos sentem prazer em auxiliar os
seus pais, no entanto, esse prazer vai sendo desconstruído na medida em que ao
fazerem juntos alguma tarefa, os filhos só recebem criticas: “você não faz nada
direito”; “Quantas vezes vou ter que repetir isso”; “Você não presta pra nada”.
Quando a crítica é constante e o
elogio inexistente, ocorre o favorecimento da baixa auto-estima, que é um dos
fatores de vulnerabilidade em relação à busca pelas drogas e outras armadilhas,
pois com um baixo valor de si mesmo, o jovem não se gosta e assim não se cuida,
não se preserva e não se protege. Se os pais desconhecem e não usam o poder do elogio para conquistar seus filhos, os traficantes conhecem muito bem e fazem uso dele intensivamente: - "Você é o cara".
Podemos nos apoderar do elogio até
mesmo nos momentos em que desaprovamos algum comportamento ou atitude de nossos
filhos e para isso precisamos separar o filho, como pessoa, do comportamento
que não aceitamos. Amamos nossos filhos, mas não amamos certas atitudes e
quando tivermos que corrigi-los devemos nos focar no comportamento que
desaprovamos e não nele como ser humano.
Para tanto, podemos utilizar a técnica
do PNP (positivo, negativo, positivo) para corrigi-los, por exemplo, começamos
com uma fala positiva: - “Filho amamos muito você e gostaríamos que soubesse o
quanto você é especial para nós”. Em seguida focamos no comportamento que
desaprovamos, ou seja, a fala negativa: - “no entanto, ontem recebemos uma
reclamação de sua escola que não nos agradou e nos deixou preocupados. Gostaríamos
que isso não se repetisse”. Finalmente, terminamos nosso contato com uma fala
positiva: - “Como sabemos o quanto você é inteligente e que podemos contar com
você, sabemos que se esforçará para corrigir o problema”.
Para a criança moderna, esse tipo de
abordagem possui grande funcionalidade. O elogio possui o poder da valorização
de suas capacidades, trazem os filhos para perto de nós e ganhamos em respeito,
mesmo nos momentos em que precisamos contrariá-los.
Quando a correção é feito com amor e o
elogio não é meloso, mas sincero, estamos favorecendo a construção de um relacionamento
de reciprocidade, melhorando o contato entre pais e filhos e mesmo quando não
estivermos junto deles fisicamente, nossa marca estará presente e falará por
nós.
Texto de Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho