Pergunta enviada por A.M.P.S. (Uberlândia
MG)
A
dependência química é de fato considerada como uma doença incurável, mas nem
por isso devemos nos assustar ou nos desesperar, acreditando que não exista
soluções. Mesmo incurável, ela é perfeitamente tratável e seu tratamento
baseia-se no controle e domínio da sobriedade.
O desenvolvimento da dependência química é um processo
lento, onde o sujeito inicia o contato com a droga através da experimentação,
passando depois ao uso esporádico e em seguida, ao uso frequente. O usuário
busca no álcool ou outras drogas a manutenção do prazer inicial, podendo desenvolver a tolerância em relação a substância de referência, ou seja, necessita
aumentar cada vez mais a quantidade de consumo para obter o mesmo prazer, podendo desencadear
o desenvolvimento da doença.
O tempo entre a experimentação e instalação da doença depende
do tipo de droga de escolha, além de outras variáveis, como a resistência do
sujeito ao uso, a frequência com que as utilizam, etc., mas não acontece da
noite para o dia. A concretização da doença ocorre depois de um período de uso
frequente e prolongado.
Mesmo com a doença instalada, ele pode viver em
sobriedade, mantendo-a adormecida pelo restante de sua vida. Isso exigirá que
se mantenha afastado da substância causadora do seu problema, pois mesmo após
muitos anos no controle, basta uma nova experimentação para despertá-la e
trazê-la à tona e, diferentemente do que acontece no desenvolvimento da doença,
o período entre uma nova experimentação e a perda do controle sobre a droga de
uso é imediata.
Reconhecer a dependência como uma doença incurável, porém
controlável, é fundamental para que o dependente em recuperação conscientize-se
que sua batalha contra o vício será pelo restante de sua existência. Como isso
pode parecer tempo demais, é comum adotarem o famoso discurso do “só por hoje”
e isso funciona.
Também é importante para os familiares do dependente
aceitar essa realidade sem desespero ou dramas. As pessoas que convivem com o
doente, reconhecendo a incurabilidade da doença, podem adotar atitudes de apoio
verdadeiro, não o expondo desnecessariamente à situações de risco e não o
testando para ver se realmente ele está bem.
Facilita muito, para a família do adicto em recuperação, também
utilizar o discurso do “só por hoje”, ou seja, se hoje ele está bem, mantendo-se
na sobriedade, não vamos ficar sofrendo por antecipação, imaginando o que pode
dar errado amanhã, ou daqui uma semana, ou daqui um mês. Viva bem hoje.
(Sertãozinho SP)
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