Não
é tarefa fácil lidar com um filho dependente químico. Os pais aconselham,
imploram, gritam, oferecem ajuda, porém eles parecem não ouvir. Algumas vezes
prometem mudanças, mas na prática nada acontece. Continuam mentindo,
manipulando e usando substâncias ilícitas. Os pais esgotam todos os seus
recursos e chega um momento em que pensam até em desistir.
Compreendemos
o quão é difícil vivenciar essa situação, mas não podemos desistir dos nossos
filhos. Por vezes, dá vontade de jogar tudo para o alto, lavar as mãos e
deixá-los a própria sorte, no entanto, essa opção em nada colabora para a solução do problema. Eles precisam da ajuda dos pais, mesmo que não
demonstrem ou a recusem.
No
entanto, não podemos confundir ajuda e apoio com facilitação e aceitação do
uso. Por vezes, vamos precisar tomar atitudes concretas, estabelecer regras na
casa e nos posicionar diante dos seus comportamentos. Cortar mordomias e
regalias, ou seja, deixá-los perceber que sua opção pelas drogas causam-lhes
prejuízos.
As drogas proporcionam prazer e esse é um dos fatores que dificulta a decisão por deixá-las. Um dependente só começa a pensar em abandoná-las quando os prejuízos pelo uso forem maiores que os prazeres. Não existe possibilidade de sucesso enquanto eles continuarem usufruindo dos prazeres, enquanto os pais arcam com os prejuízos.
Por isso precisamos de posicionamento firme e tomadas de atitudes concretas, mas que não sejam movidas por sentimentos de raiva ou vingança, e sim visando atingir
objetivos para solucionar o problema. Devem ser
fundamentadas pelo amor, mas um amor sábio - "É porque eu te amo que eu não
aceito que você continue usando drogas, e por te amar tanto não posso
assisti-lo se destruir a cada dia, sem nada
fazer".
Nem
sempre eles estão dispostos a nos ouvir ou a seguir as regras da casa. Desejam
continuar usando drogas e, mesmo assim, continuar a usufruir de facilidades e mordomias. Muitos destes não trabalham e são bancados pelos pais. Quando percebem que não terão mais
facilitação para o uso, alguns preferem sair de casa e continuar usando drogas a aceitar
nosso apoio.
Essa
é uma escolha deles, mas, mesmo assim, não
devemos desistir e transmitir-lhes, com muita clareza que, caso aceitem nossa
ajuda para abandonar a dependência, podem contar sempre conosco, só não estamos
dispostos a aceitar as drogas que eles consomem, como cita o Programa Amor-Exigente: Eu amo você, mas não aceito as coisas que você faz de errado".
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP