domingo, 12 de agosto de 2018

ASSERTIVIDADE NA EDUCAÇÃO PREVENTIVA



“Eu amo você, mas não aceito o que você faz de errado”. Essa frase, muito difundida nas reuniões do Programa Amor-Exigente, exemplifica perfeitamente o que é um comportamento assertivo, ou seja, uma pessoa assertiva é aquela que...

Obs.: Em razão de regras contratuais este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de                                                           Celso Garrefa.


        



sábado, 16 de junho de 2018

À ESPERA DE UM MILAGRE

(Imagem da internet)
A dependência do álcool ou de outras drogas é um problema complexo que, além do dependente, afeta toda a família, no entanto, percebemos certa relutância de muitos familiares em participarem das reuniões de grupo.

    Isso ocorre por diversas razões, a começar pela preocupação em expor o problema, temendo pelo julgamento ou crítica das pessoas. Acreditam que sozinhos serão capazes de resolver a situação e demoram em procurar a ajuda do grupo. Quando procuram estão tão aflitos e desesperados que buscam uma solução mágica, uma receita pronta capaz de solucionar, em apenas um encontro, um problema de alta complexidade que se arrasta por anos.

     Muito pais não compreendem a importância de se trabalhar o grupo familiar do dependente, julgando que o problema é dele e assim, ele que resolva. 

         Há também os familiares disfuncionais, carregadas de comportamentos inadequados. Estes vivem condenando o dependente o tempo todo, no entanto, são incapazes de olharem para si mesmos e reconhecerem os seus próprios desajustes. Quando percebem que o programa também cobrará deles uma mudança de comportamento que não estão abertos, nem dispostos a fazê-lo, preferem se afastar.

           Outras famílias não têm coragem para abandonar sua zona de conforto. Acomodam-se em seu pequeno mundo, não se abrem para novos aprendizados e preferem buscar justificativas para tudo. Nada fazem para solucionar o problema e vivem a espera de um milagre.

       Aqueles que permanecem nos grupos são famílias que entendem a proposta do programa e compreendem que a recuperação do dependente é um desafio que envolve todo o grupo familiar, em um processo construído a cada encontro semanal.

Quando me perguntam se o Amor-Exigente é para quem tem problemas, costumo responder que não. Problemas todos nós temos. O Amor-Exigente é para pessoas perseverantes e determinadas em buscar soluções para os seus problemas, com a certeza de que quando fazemos a nossa parte, a providência divina se manifesta e então o milagre acontece.



Texto de Celso Garrefa 
Sertãozinho SP

sábado, 12 de maio de 2018

DIA DAS MÃES: APENAS UM POUCO DE PAZ

(Foto extraída da internet)
Ser mãe é colocar-se em segundo plano, é perdoar quantas vezes for preciso, aconselhar sem perder a fé. Mães não desistem, viram feras, enfrentam batalhões e de todos os amores, talvez não exista superior ao seu. O que desejam em troca? Nada. Quem sabe apenas um pouco de paz.

Nem sempre encontram. Nesta semana, as vésperas do dia das mães, atendi a Dona Maria, cujo olhar perdido buscava no vazio entender os motivos pelo qual a filha colocou veneno no alimento e lhe serviu. E o que dizer da Dona Joana, com marcas roxas provocadas pela fúria do filho adolescente, ou da Dona Cida, que acabara de comprar uma tevê nova com prestações a perder de vista e viu o filho dependente trocá-la por algumas pedras de crack antes da primeira mensalidade.

Como esquecer a Dona Sebastiana, morando sozinha com o filho dependente químico em uma pequena casa, composta apenas de paredes e teto. Todos os móveis, a porta do quarto e até o vaso sanitário trocados por drogas. Ou da Dona Ana que passa noites em claro a espera do filho e no dia seguinte às seis da manhã já está de pé para trabalhar. E o desespero da Dona Marta que já internou o filho alcoólatra por quinze vezes e ele sempre volta ao uso. E a tristeza da Dona Cleide por saber que a filha vive sem rumo pelas ruas da cidade, se prostituindo em troca de algumas carreirinhas.

Os nomes citados são fictícios, mas as histórias são reais. Apenas uma gota dos tantos e tantos dramas da vida real. Filhos que transformam a vida da mãe em um verdadeiro inferno. Filhos que na rua tratam todos muito bem, mas dentro de casa parecem monstros.


Neste dia das mães, essas guerreiras não querem presentes, nem abraços falsos. Não querem pedidos de desculpas que daqui a um, dois dias serão esquecidos, nem promessas de mudanças que nunca são colocadas em prática. O presente que desejam não custa dinheiro, nem se compra em lojas. O que essas e tantas outras Marias, Joanas, Cidas, Sebastianas, Anas, Martas, desejam é tão somente um pouco de paz. A cada uma meu caloroso abraço. Que Deus as iluminem.


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


terça-feira, 8 de maio de 2018

A CRIANÇA NO SUPERMERCADO


Dizem que levar crianças ao supermercado é prejuízo no bolso e que o melhor é deixá-las em casa, mas ao contrário disso, acredito que levá-las às compras são possibilidades educativas extraordinárias...



 Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.



                                                               Grato pela compreensão.  




sábado, 14 de abril de 2018

MUDAR É PRECISO

         
- No meu tempo, às dez da noite tínhamos que estar em casa, reclama a mãe para a filha que se prepara para sair. A filha faz uma breve pausa, como quem tenta compreender a queixa da mãe e se manifesta: - Nossa mãe, como seu tempo era chato, ainda bem que não sou da sua época!

            Atualmente as mudanças de mundo ocorrem a uma velocidade espantosa. A cada amanhecer nos deparamos com novas realidades e precisamos nos adequar, abandonando a síndrome de Gabriela - Eu nasci assim. Eu cresci assim. Eu sou mesmo assim. Vou ser sempre assim - e nos abrir a mudanças. Aquele tempo não existe mais.

        Hoje, os tempos são outros. Os perigos são outros. Os filhos não são iguais aquilo que fomos. Quando éramos crianças tínhamos medo do bicho papão, do homem do saco, da loira do banheiro. Qual criança nascida na geração tecnológica ainda preserva esses medos? O medo deles hoje é ficar sem seu celular, ou perder o sinal de wifi,

        Presos ao passado e alienados sobre as realidades presentes perdemos crédito, diante de uma geração que vive conectada. Precisamos estar antenados ao que nos rodeiam: Quais são as realidades de hoje? Quais os riscos iminentes? Como orientar de forma assertiva, sem simplismos? Como mostrar que possuímos conhecimento sobre o que desejamos transmitir? Como nos posicionar com firmeza, diante de uma geração questionadora e imediatista? 

Ao mesmo tempo em que mudanças são necessárias, visando nos adequarmos às realidades de hoje, os nossos princípios precisam continuar preservados. Não podemos aceitar atitudes e comportamentos que atualmente são vistos como comuns, como se tudo fosse normal. E isso nos coloca diante de um grande desafio, ou seja, acompanharmos as mudanças de mundo, porém sem perdermos nossa essência, como sugere uma frase de autor desconhecido: "Troque suas folhas, mas não perca suas raízes, mude suas opiniões, mas não perca seus princípios". 




Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


sábado, 13 de janeiro de 2018

NUNCA MAIS TE COMPRO MAIS NADA


Nunca mais te compro mais nada, grita a mãe logo após mais uma travessura do filho. É óbvio e evidente que ela não cumprirá sua ameaça. Nunca mais é tempo demais e, portanto...

 
Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.

 Grato pela compreensão.







domingo, 17 de dezembro de 2017

AMOR-EXIGENTE: QUE AMOR É ESSE?

(Imagem da internet)
Amor-Exigente é um jeito inteligente de amar. É um amor que educa, que orienta, que prepara, que mostra caminhos e que age ativamente na educação ou reeducação dos filhos.

É uma jeito de amar que valoriza mais o ser que o ter, que se preocupa mais com a presença, que com os presentes. É um amor comprometido, que assume as responsabilidades que lhe cabem, e que permite que seus entes querido assumam as responsabilidades que são deles.

É um amor que elogia quando existem méritos, mas que sabe ser firme diante dos comportamentos inadequados, visando sua correção. Que não economiza no sim, quando isso é possível, mas que possui a coragem necessária de se posicionar com um "não" quando a ocasião exige.

É um amor que não adota atitudes violentas, nem grotescas, muito menos estúpidas ou inflexíveis. Não é autoritário, mas que atua com autoridade, com firmeza, coerência e equilíbrio. É um amor que respeita ao mesmo tempo que exige e impõe respeito. 

Não é egoísta,  porque ama os seus com intensidade, mas também não é tolo, porque ama o outro sem esquecer de si mesmo, cuidando-se, valorizando-se e se permitindo viver.  É um amor que cuida dos próprios comportamentos, fazendo deles um exemplo e modelo a serem seguidos. 

É um amor que não se acovarda ou acomoda e não utiliza esse sentimento como desculpa para a permissividade, nem como desculpa para aceitar comportamentos inadequados. O amor exigente não vive em função do outro, mas proporciona condições para que vivam todos, de forma plena. 

Suas atitudes não são originadas por raiva, mágoa ou vingança, mas com um objetivo claro de educar ou reeducar, levar ao crescimento. Amor-Exigente é um jeito inteligente de amar, que não carrega no colo aquele que sabe caminhar. Venha conhecer esse amor verdadeiro.




Texto de Celso Garrefa
Prog. Amor-Exigente
Sertãozinho SP

domingo, 26 de novembro de 2017

FILHOS CONHECEM BEM OS PAIS QUE TÊM

(Imagem extraída da internet)
Para uma boa relação entre pais e filhos é importante que ambos se conheçam mutuamente, no entanto, os filhos, como bons observadores, conhecem muito bem os pais que têm, enquanto os pais, não costumam conhecê-los tão bem quanto imaginam.

            Em geral, os comportamentos dos pais são previsíveis demais, padronizados demais, e os filhos, observadores demais. Como bom observadores sabem de antemão quais as atitudes serão adotadas pelos pais. Sabem quantas vezes será preciso insistir para conseguirem o que buscam, sabem quando fazem muito barulho, mas que cedem quando pressionados.

            Os comportamentos padronizados e facilitadores dos pais induzem os filhos a se relacionarem com eles da mesma forma com que se relacionam com a tevê da sala. Sabem exatamente em quais teclas devem apertar para conquistarem o que desejam. 

            Mas, se por um lado os comportamentos previsíveis fazem dos pais presas fáceis para filhos manipuladores, por outro, também podem servir como um ponto positivo na educação deles. A diferença está na maneira como agimos. Os filhos, como bons observadores, sabem se os pais são facilitares ou exigentes, se são firmes em suas decisões ou se cedem com facilidade. 

Como os filhos conhecem muito bem os pais que têm, é importante que eles saibam que somos firmes na educação deles, coerentes em nossas decisões, que nossas regras são claras e que não cedemos diante das suas pressões.

É importante que saibam, por antecipação, que a postura dos pais não permite comportamentos indisciplinados, inadequados ou desrespeitosos. É fundamental que eles saibam, de antemão, que seus responsáveis não aceitam e não toleram, por exemplo, o uso ou abuso do álcool ou de outras drogas.

Normalmente, os filhos não se mostram por inteiro. Eles contam aos pais até onde os relatos não os comprometem, por isso, da mesma forma com que eles nos observam, também devemos observá-los atentamente. Essa prática ajuda-nos a agirmos diante dos pequenos desvios de conduta, pois, é corrigindo as pequenas falhas que prevenimos as grandes.

   Por fim, se os nossos posicionamentos são firmes e atuamos na educação dos filhos, é muito bom que eles conhecem muito bem os pais que têm.
           


Texto de Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 19 de novembro de 2017

O FANTÁSTICO PODER DA MESA DE JANTAR


Todos os pais que almejam uma convivência familiar harmônica, com fortes vínculos afetivos, tão importantes para uma educação assertiva e preventiva, devem começar fazendo suas refeições com a família reunida no entorno da mesa de jantar.

Infelizmente, percebo que essa não é uma prática comum nos nossos lares. Cada um se alimenta a seu modo e em seu tempo. Um no sofá da sala, assistindo televisão, com o prato nas mãos, outro no seu quarto, outro come qualquer coisa na rua e os membros da família se isolam, até mesmo no momento em que deveriam estar juntos.

Vivemos em uma época onde o tempo parece-nos curto demais. Os pais saem cedo para o trabalho, muitas mães também trabalham fora ou possuem seus afazeres. Os filhos estudam, participam de atividades e cursos, com isso, o tempo que sobra para a convivência familiar é muito reduzido.

Mas, ainda há uma certeza. Todos precisam se alimentar e podemos aproveitar e fazer desse momento, um momento familiar, realizando as refeições sentados à mesa, com a família reunida. Mas é importante que seja, de fato, um momento da família, sem a interferência de tevês ligadas ou de celulares postos ao lado dos pratos.

É importante, dentro dessa regra, estabelecermos um tempo definido para a alimentação, aonde as pessoas, mais do que engolir correndo aquilo que é servido, possam agradecer e saborear a alimentação oferecida.

Não é hora de sermões, reclamações ou críticas, mas de abertura ao diálogo, de troca de contatos familiares. É uma grande oportunidade de plantarmos valores capazes de conduzir nossos filhos no caminho do bem, de marcarmos presença, deixarmos a nossa marca, introduzirmos valores e princípios familiares e assim, fortalecermos os vínculos afetivos, que é, sem dúvidas, um dos principais fatores de proteção na formação dos filhos.

Essa prática também nos permite enxergarmos, acompanharmos e observarmos nossos filhos. Somente quem os conhecem muito bem e possuem contato direto com eles são capazes de  perceber pequenas nuances de mudanças comportamentais e assim, orientar, ensinar e agir se necessário.

           O alimento servido na mesa de jantar, com a família reunida, além de alimentar o corpo físico, se bem aproveitado, possui o fantástico poder de fortalecer as relações, que é a base para a construção de uma família saudável. Enquanto a tevê da sala, os celulares carregados de recursos e as redes sociais distanciam as pessoas que vivem juntas, a mesa de jantar possui um fantástico poder de unir, de agregar. 

               


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 4 de novembro de 2017

FACULDADE: UNS SAIRÃO FORMADOS, OUTROS ALCOÓLATRAS

Entrar para a faculdade é o sonho de muitos jovens e também de pais e mães que desejam ver um filho formado. A universidade é um período de vida decisivo, de preparação para um futuro promissor, mas também não deixa de ser um momento perigoso, tendo em vista que é uma época onde a oferta do álcool é marcante.

O ingresso na faculdade é um momento onde ocorre certo desligamento do convívio familiar, sobretudo, entre aqueles que se alojam em repúblicas para estudantes. O convívio com outros jovens, longe da supervisão dos pais, proporciona a esses alunos a liberdade para fazerem suas próprias escolhas, sem repreensões.

Em muitos casos a entrada para a faculdade costuma ser comemorada com excessivo consumo de bebidas alcoólicas. Um hábito que pode se prolongar durante todo o curso, nas festas com a turma, onde é comum uma prática perigosa, que são as competições entre estudantes para medir quem consome maior quantidade do álcool. Brincadeira que já resultou em morte de universitários.

A pressão exercida pela turma é também um fator que incentiva o hábito de beber. O jovem não deseja sentir-se excluído e para fazer parte do grupo, o consumo de bebidas é praticamente uma regra. Algumas repúblicas de estudantes, inclusive, não aceitam, em sua composição, alunos que sejam abstêmios.

O alcoolismo, reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença, se desenvolve ao longo do tempo, através do uso frequente e prolongado do hábito de beber. O desenvolvimento da doença não está sob o controle do bebedor. É engano acreditar que o sujeito é fraco para bebida, por isso tornou-se alcoólatra. Todos os jovens estudantes que consomem esses produtos correm riscos, que aumentam de acordo com o volume e frequência dessa atitude.

Além do risco de desenvolverem o alcoolismo, outro fator preocupante é uma modalidade de consumo, muito frequente entre os universitários, conhecida como beber em binge, ou seja, o consumo de grande quantidade de álcool em curto espaço de tempo. Nesse caso, mesmo não havendo, ainda, desenvolvido a doença, esse consumo apresenta riscos iminentes, pois podem induzir o estudante ao coma alcoólico, envolver-se em brigas ou dirigir sob o efeito da bebida.

Todo cuidado é pouco. O consumo abusivo de substâncias alcoólicas, tão comum entre universitários, pode transformar sonhos em pesadelos e, ao invés de finalizarem os estudos como profissionais qualificados, podem deixar a faculdade como meros doentes alcoolistas. Tudo é uma questão de escolha e consciência.




Texto de Celso Garrefa
           Sertãozinho SP











quinta-feira, 26 de outubro de 2017

BULLYING, COMO PREVENIR?

O trágico fato ocorrido no Colégio Goyases em Goiânia, onde um aluno matou dois colegas de classe e feriu outros quatro, mais uma vez, traz à tona a discussão sobre o bullying, um problema recorrente em nossas unidades escolares, públicas ou privadas.

A pretensão deste texto não é julgar o ocorrido, nem mesmo apontar os motivos da tragédia, mas refletir sobre a prática do bullying, amplamente comentado sempre que fatos semelhantes acontecem, até mesmo para justificá-los.

Apelidos e brincadeiras são comportamentos comuns dentro das escolas, no entanto, há um momento em que essas atitudes ultrapassam a normalidade, onde o provocador exerce uma pressão desmedida e recorrente sobre o provocado, zombando, criticando, ou mesmo agredindo, sem que a vítima reúna forças suficientes para se autoproteger. Isso é o bullying, palavra de origem inglesa, derivada de bully, que significa tirano, valentão, brigão.

Esse problema ganha reforço de aceitação influenciado por programas humorísticos que fazem piadas apelando para brincadeiras e pegadinhas, muitas delas de mau gosto, humilhando, zombando ou provocando pessoas em vias públicas.

Em geral, as escolas são os locais de maior ocorrência do bullying, mas a atenção a esse problema deve começar dentro de casa. Os pais precisam ficar atentos aos comportamentos dos filhos, que podem ocupar tanto o papel do provocador, como o de vítima.  

Em muitos lares impera a cultura machista, onde desde pequenas, as crianças são incentivadas a mostrar sua força, a exercer sua valentia. Se provocarem brigas e saírem aplaudidos, ganham força e esse é o incentivo que precisam para se tornarem potenciais provocadores do bullying. Normalmente ele não é o mais forte da turma, assim, ele escolhe como vítimas, aqueles que ele consegue dominar e amedrontar.

Se por um lado não devemos incentivar brigas ou discussões com os colegas, por outro, precisamos prepará-los para uma autodefesa e elevar sua autoestima. Quem conhece bem um ambiente escolar sabe que se trata de ambiente hostil. A autodefesa não está ligada a revidar, entrar na briga, mas saber se proteger, com atitude e coragem de buscar ajuda.

            Algumas atitudes em casa são importantes para identificarmos se o filho está sendo vítima desse problema. Um deles é o diálogo, mas precisamos entender que diálogo não é bronca. O bom diálogo é aquele que estamos dispostos a ouvir o que eles têm a nos dizer, sem condená-los ou criticá-los. Por vezes, damos broncas ou ameaçamos e assim eles tendem a se afastar.

            Outra atitude importante é a proximidade entre pais e filhos, sem permitir que os recursos tecnológicos ocupem todo o tempo livre da família. É através da convivência que ganhamos capacidade de notar sutis mudanças comportamentais e agir.

            A escola também deve estar atenta aos seus alunos, não somente em sala de aula, mas também fora dela, durante o recreio ou mesmo no portão de saída e percebendo quaisquer problemas, devem adotar medidas para coibir. Sinto que no anseio de mostrar autoridade, muitos dirigentes escolares relutam em aceitar a ideia de mudança do aluno para outra sala, ou troca do turno escolar.

            Por vezes sinto que a escola e a família não se conversam. A escola reclama que os pais não aparecem e os pais criticam a escola porque só os chamam para reclamar dos filhos. Isso não ajuda. Só vamos conseguir avanços em relação à prevenção do bullying quando olhamos com atenção nossos filhos ou alunos e quando a família e escola tornarem-se parceiros nesse desafio.


            Texto de Celso Garrefa

domingo, 22 de outubro de 2017

EDUCANDO, SEM PERDER O EQUILÍBRIO

           
(Imagem da internet)
Um comportamento equilibrado é uma arma poderosa na educação dos filhos, no entanto, é uma atitude pouco explorada. Erroneamente muitos acreditam que é necessário gritar, bater, fazer um escândalo para educar as crianças, e assim, agem de forma histérica, numa demonstração clara de desequilíbrio comportamental.

 Agir com equilíbrio, mas com posicionamento claro e firme significa cobrar, exigir, direcionar, conduzir e nortear as condutas dos filhos, sem precisarmos assumir comportamentos grosseiros, rudes, estúpidos ou violentos. Como cita aquele velho ditado, a carroça, quanto mais vazia, mais barulho faz.

            O equilíbrio permite lidarmos com os desafios de forma consciente. Isso nos ajuda a raciocinar sobre a melhor conduta a ser adotada diante daquilo que desaprovamos. O equilíbrio nos direciona a agir, enquanto a falta dele nos conduz a reação. Quando agimos com equilíbrio somos donos da razão e ganhamos em respeito.

            Só precisamos tomar cuidado para não confundirmos uma atitude equilibrada com a falta de atitude ou a passividade na educação dos filhos. Mesmo com atitude equilibrada, por vezes, precisamos falar mais alto, dar uma bronca, subir na mesa.

            Existem momentos na educação das crianças que elas precisam receber não como resposta. Sem um comportamento equilibrado, facilmente perdemos o controle, gritamos, fazemos barulhos, mas o próprio desequilíbrio emocional não nos permite suportarmos as pressões dos pequenos e cedemos. Não adianta gritar, depois permitir; não adianta bater, depois se arrepender e agradar com presentinhos.

            Por outro lado, quando falamos um não com atitude equilibrada, significa nos posicionarmos com clareza e firmeza sem, no entanto, cedermos para o jogo da pressão, das chantagens ou manipulações. Quando minha filha, ainda pequena, começava o jogo da insistência, eu me abaixava e dizia com muita clareza: - Pode insistir quanto quiser, a resposta é não e já está decidido, você não vai conseguir me convencer do contrário. Foi muito fácil fazê-la entender que suas birras não eram suficientes para me tirar do equilíbrio e me fazer mudar de atitude.

            Os filhos, sabendo que os pais perdem o equilíbrio com facilidade, utilizam isso para benefício próprio. Eles sabem, como ninguém, a agir para perdermos a paciência e cedermos. Insistem, imploram, fazem birras, até nos tirar do sério. Quando eles conseguem irritar os pais, estes costumam ceder e os pequenos sabem disso.

            O comportamento equilibrado nos permite tomarmos atitudes firmes, sem perdermos nosso controle emocional e ao mesmo tempo, transmitimos segurança e domínio sobre a situação, enquanto os comportamentos desequilibrados é uma demonstração clara de insegurança.

           


Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CASTIGO NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA

(Imagem da internet)
O uso do castigo é uma atitude adotada por muitos pais como forma de educação dos filhos, mas quais os limites dessa prática? Até onde a utilização desse método pode produzir resultados positivos e até onde ele pode ser prejudicial?

Todo comportamento inadequado apresentado pelas crianças deve ser corrigido e cabe aos pais, como responsáveis pelos filhos, nortear suas condutas, exercendo sua autoridade, sem abuso. Muitas vezes o uso do diálogo é o suficiente, no entanto, existem certas ocasiões em que somente na base da conversa não surte efeito. É hora da ação.

            É nesse momento que muitos adotam os castigos. A palavra castigo, por vezes, soa pesado. Parece que cometeram um crime e por isso, devem ser castigados, mas essa atitude é uma forma deles assimilarem que tudo aquilo que fazem de errado, resulta, como consequência, em uma perda e quando utilizado de forma adequada, pode ser sim uma ferramenta importante na educação dos pequenos.

            No entanto, essa prática deve possuir um objetivo claro de educar. O castigo educativo é aquele que levam as crianças à reflexão, a repensar as suas falhas, a corrigir os seus erros e isso não se consegue com abuso da autoridade, com castigos físicos ou humilhantes.

Não há nada mais grotesco e arcaico que o uso da violência na educação das crianças. Esse tipo de castigo não tem nada a ver com educação. É apenas uma demonstração do desequilíbrio emocional de quem a pratica e ou a falta de recursos para educar. A essa carência costumo chamar de analfabetismo educacional, ou seja, pessoas que só possuem, como recurso educativo, a prática de atos agressivos. Como justificativa, alegam que também apanharam quando criança.

Por outro lado, os pequenos devem conhecer a força da autoridade dos pais, sem necessariamente, precisar agredi-los. Eles devem saber quem está no comando e que não são eles. Tem hora que não basta mandar tomar banho, é preciso pegá-los firme pelos braços, falar grosso e levá-los ao banheiro.

Ao utilizarmos o recurso do castigo, não devemos fazê-lo porque estamos nervosos, zangados ou estressados. O castigo educativo é aquele que atuamos sem perder o nosso controle e o fazemos por amor e com objetivo claro de nortear uma conduta. Ele deve ser criativo, breve, não violento e, de preferência, estar associado à prática da atitude que desaprovamos. Além disso, as crianças devem saber o porquê estão recebendo uma punição.

            Uma tarde sem tevê, algumas horas sem internet, um período sem vídeo game, a perda de um passeio, uns minutos sentados para repensar as atitudes, um pedido de desculpas são mais eficientes que simplesmente provocar dor.

Cobrar para que eles limpem aquilo que sujaram ou exigir que guardem o que eles espalharam são exemplos de atitudes que não causam danos ou prejuízos a sua formação, e quase sempre é suficiente para perceberem o porquê do castigo e a refletirem sobre o que fizeram.

O castigo, quando provoca dor ou é humilhante, gera revolta, mas quando ele é estabelecido de forma equilibrada e coerente, acompanhado de uma boa conversa sobre o assunto é um recurso poderoso na construção de uma educação assertiva e funcional. 




Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho - SP

domingo, 8 de outubro de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NÃO SE TESTA

         
    A dependência química e o alcoolismo são reconhecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença de característica progressiva e incurável, no entanto, plenamente controlável. 
Um dos pontos fundamentais para o controle dessa doença é reconhecer o seu poder. Um deslize pode ser o bastante para acabar com um processo de recuperação de anos, por isso, em se tratando de dependência, não há espaço para testes.

            Isso vale tanto para o dependente em recuperação como também para seus familiares. Toda vez que o sóbrio cita ser um dependente em recuperação costuma assustar a família, mas é pensando assim que ele reconhece o poder da doença, não se colocando em situações de risco,

Ao afirmarem que estão curados, enganam-se e ao mesmo tempo satisfazem aos anseios da família, pois essa é a resposta que ela deseja ouvir, porém é exatamente aí que reside o perigo.  Quando acreditam que já estão bons, muitos iniciam um processo de testes. Como se sentem curados, alguns acreditam que podem frequentar os mesmos locais de antes, outros acham que podem beber só um pouquinho, abandonar os grupos e afastar-se da sua religião. 

Em relação à família, também precisam entender e aceitar essa realidade. Não se testa dependente. Já vi muitos familiares oferecerem bebida ao alcoólatra argumentando que uma só não dá nada. Outros deixam dinheiro à vista para testar se o recuperando está bom mesmo, e há aqueles que acreditam que, por fazer tanto tempo em sobriedade, só um pouquinho não fará mal. Muitos desconhecem a relação perigosa do álcool e algumas drogas e sugerem trocas. Sugestão danosa. 

A família também precisa parar de insistir para o recuperando fazer algo que ele não deseja fazer. Se acontecer uma festa familiar e ele não deseja participar, devido ao volume de bebidas que rodeiam esses eventos, precisamos respeitar seu momento. Não somos nós que sabemos o quanto ele está preparado para isso, mas ele próprio.

Em festas, amigos verdadeiros são raridades. Contam-se aos dedos aqueles que compreenderão sua luta, enquanto que o grande volume irá tentar manter o seu copo cheio ou lidar com ironia, por exemplo, quando ele pede um suco em substituição ao álcool.

Também é preciso cuidado com sugestões e receitas de pessoas que adoram apresentar soluções para tudo, mas nada conhecem sobre o assunto. Mais do que se testar ou testar o dependente, a receita para a manutenção da sobriedade é a busca por informações, é o contato permanente com os grupos de apoio e o alicerce espiritual. Alcoolismo e dependência química têm controle e esse controle não possui data de validade, portanto, só por hoje não vamos realizar teste algum.
           


Texto de Celso Garrefa

 Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...